À procura de Alguém

Um passeio pela floresta


Depois que o Spider teve que ir embora, eu ainda fiquei admirando a bela vista de lá de cima da montanha. Até que eu me deitei para observar as belas estrelas que iluminavam a noite.

(...)

Um facho de luz atingiu minhas pálpebras. Acabei dormindo. Ainda bem que nessas bandas não se encontram muitos humanos.

Lembrei-me que não tinha encontrado o Creeper quando saí da caverna... é melhor ver se está tudo bem...

Me levantei e fui em direção à caverna. Adentrei nela e fui à procura do Pequeno. Logo o vi deitado no chão já dormindo. Cheguei mais perto e sentei na sua frente. Reparei que ele estava segurando uma das maçãs que eu havia dado a ele e as outras estavam um pouco longe de seu corpo. Ele não havia comido nada...

Fiquei ali sentada por um tempo. Quando ele se mexeu tive um susto e me teletransportei para longe dele, mas era alarme falso: o Pequeno só havia se virado para a parede. Tem vezes que acho que sou muito medrosa, se aparecesse o Herobrine na minha frente, eu aposto que morreria de ataque cardíaco antes que ele chegasse a me encostar.

O chão está meio gelado, me aproximei novamente para o Creeper para ver sua temperatura. Botei a minha mão em sua testa e logo me lembrei do que aconteceu algum tempo atrás... Mas isso não vem ao caso agora, ele estava realmente gelado. Fiquei com medo que ele pudesse estar doente, ainda mais porque ele não tinha se alimentado.

Tirei a mão de sua testa e reparei que ele estava um pouco sujo, precisava de um banho. Endermans não se sujam, mas também se ferem ao encostarem na água. Tirei uma mecha de cabelo que estava caindo em seu olho e botei em sua orelha, nesse instante ele acordou e eu paralisei. O Pequeno se virou para mim esfregando os olhos ainda deitado e eu ainda me encontrava naquele estado. Minha pele provavelmente estava mais pálida do que o normal. Ele se sentou e continuou a esfregar os olhos. Parecia que ele estava esperando que eu falasse algo, mas eu não tinha nada em mente.

— ... — O Creeper parou de esfregar os olhos e olhou para mim. De pálida eu passei para rubra.

— B-Bo-Bom dia.

Me levantei rapidamente e fui para fora tropeçando quase caindo, quando um porco se mete na minha frente e eu caio levando o mesmo junto. O pobre bichinho começou a correr em círculos. Tapei minha boca com a mão prendendo o riso, admito que aquilo foi engraçado.

Quando percebi, tinha uma mão estendida na minha frente, me oferecendo ajuda para levantar. Olhei para quem queria me ajuda e era o Creeper. Aceitei a ajuda e me levantei. Dei uns tapas na minha roupa para tirar a poeira e percebi que meu cachecol estava no chão: quando fui me levantar, eu havia pisado na ponta do cachecol e ele havia caído.

O Pequeno Creeper pegou-o do chão e me entregou sem dizer nada. Peguei o mesmo e me lembrei que o Pequeno estava gelado, então envolvi meu cachecol nele. Dei várias voltas no pescoço, para que o pano não arrastasse no chão e acabasse sujo. Ele continuou sem dizer nada, então entrei na caverna e procurei se tinha sobrado algum cookie para comer. Ainda restaram 3 biscoitos.

Sentei em um canto e comecei a beliscar o biscoito. Observei que o Creeper continuava parado lá fora, quando escuto alguém vindo. Levanto-me e fico olhando atentamente para a profundeza da caverna sem fazer barulho. Até que surge a silhueta de alguém... Aperto os olhos para que pudesse identificar quem era.

— Bom dia, Ender! — Era só o Spider. Me sentei novamente, aliviada. Pensei que fosse alguma ameaça.

— Calma, calma. — Ele disse e riu da minha reação sentando se ao meu lado.

— Quer um cookie?

Ofereci, o Spider parecia com fome. Peguei um biscoito e entreguei a ele. Pude ver o Creeper entrando na caverna.

— Está sem o seu cachecol...

— Sim, eu emprestei para o Creeper, ele está um pouco gelado. — Dobrei meus joelhos e botei as mãos no pescoço. Aquele pano velho faz falta, é meio estranho ficar sem ele...

— Não se preocupe, você fica linda do mesmo jeito...

Olhei para o Spider que se encontrava com um sorriso bobo no rosto e com a mão na cabeça. Lancei um pequeno sorriso... Eu não sei reagir a elogios. Virei me rápido para frente e literalmente engoli o biscoito, queria mudar o assunto.

— Não vai comer o seu biscoito?

— Ah, sim.

Ele ficou mordiscando o biscoito, enquanto eu ficava olhando disfarçadamente o Creeper. Ele parecia meio triste...

O Spider se levantou, acabando de comer o cookie e falou:

— Quer andar um pouco?

— Claro.

Me levantei e fomos em direção à saída da caverna., mas antes, perguntei um pouco envergonhada:

— Ahn... Creeper... Quer vir junto?

Ele não respondeu nada, só virou os olhos para minha direção. Ele não tinha pronunciado uma palavra hoje nem ontem.

— Eu não quero te deixar aí sozinho. Você pode vir, por favor? — Pedi.

O Pequeno se levantou e veio atrás. Por que será que ele está assim? Bom, acho que sei a resposta, mas não é pra tanto...

Fiquei conversando com o Spider enquanto o Creeper nos seguia atrás. De um tempo em tempo eu me virava para ver se ele continuava lá... Eu estava preocupada com aquilo tudo.

Continuávamos a andar, passamos por várias montanhas, de vez em quando eu pegava um bloco do chão, isso sempre fazia o Spider rir.

— Ender, por que você do nada pega os blocos? Eu sempre quis saber isso dos Endermans.

— Bem... Não sei direito. Acho que nós fazemos isso, porque somos solitários e precisamos de algo para abraçar, para não se sentir tão só...

— Nossa... eu nunca... eu nunca pensei que seria algo assim...

— Por quê?

— Porque vocês parecem ser tão... hum... não sei explicar direito... — O Spider ficou um pouco desajeitado ao falar isso. Dei um riso baixo só para não ficar aquele clima meio tenso de quando alguém fala besteira.

Ficamos calados e continuamos a andar. Fomos até um campo com ovelhas e logo após, em um pequeno riacho. Depois o Spider quis ir ver as dunas de um deserto que ele encontrou um dia, só que não entramos lá.

Olhei para o céu e já estava ficando tarde.

— Spider...

— Já está ficando tarde, não é?

— Sim... é melhor nós voltarmos...

Demos meia volta. A floresta estava estranhamente quieta, até que encontramos um zumbi que parecia estar com fome.

— Não temos comida não, sinhô. — Disse o Spider.

O zumbi apareceu não ligar para o que o Spider disse e veio em nossa direção. Fui para frente do Zombie.

— O quê quer? — Falei, já impaciente.

— Aaarh...

— Isso explica muita coisa. — Disse irritada.

Dei um soco na cara daquele Zombie e ele caiu no chão.

— Vamos. — Fui empurrando os dois enquanto iluminava o caminho com a minha áurea roxa. Senti alguém pegar a minha mão. Apertei mais forte e continuei correndo.

Chegamos na caverna e o Spider se despediu com um sorriso meio torto, não entendi direito a causa disso, até que percebo que ainda tinha algo segurando a minha mão.

Era o Pequeno Creeper.