POV's Ender

Cheguei aonde supostamente aquele humano estava, mas não havia ninguém alí. Andei um pouco na área para ver se achava algum sinal dele, mas como não achei nada, guardei minha espada e me virei para voltar para a caverna. Percebi que todos me olhavam estranhamente... Me teleportei o mais rápido possível para dentro da entrada da caverna.

Me sentei ao lado de Alfred e fiquei observando meus amigos, eles agora estavam fazendo anjos na neve (a pessoa deita na neve e começa a mexer os braços e pernas, fica parecendo um anjo se olhar bem), pelo menos eu acho que era isso. Veio um vento gelado de repente, então resolvi ir para um canto mais protegido da caverna, levei Alfred comigo e me sentei novamente, abaixei a cabeça e fiquei pensando sobre aquele "humano" de um tempinho atrás... Como ele pôde ter sumido assim? Foi muito rápido... Talvez tenha sido minha imaginação, eu não ando dormindo muito bem, então deve ser por isso, mas... foi muito real, eu consegui sentir a presença dele alí, será que... Não! Isso é apenas uma lenda Ender, com certeza deve haver uma explicação lógica para isso! Mas... os olhos brancos, a picareta de diamante e o corpo de um humano... olhando de longe as criaturas... Argh! Pare com esses pensamentos idiotas sua Enderman sem noção! Isso tudo é falta de uma noite bem dormida, oras! Porém... aqueles olhos olhando fixamente para meu amigos...

*Rooonc* Minha barriga roncando me acordou daqueles pensamentos horríveis.. Saí da caverna e respirei fundo. Os quatro ainda estavam brincando na neve. Agora já caia pequeninos flocos no céu.

Me transportei sorrateiramente para longe deles, indo sempre para debaixo de alguma árvore. Fui seguindo reto até chegar em um lugar que não caía mais neve. Comecei a andar e olhar para os galhos das árvores para tentar encontrar algum tipo de fruto, mas não consegui encontrar nenhum. Felizmente encontrei um pequeno vale com o chão coberto de relva bem verde sem nenhuma mancha branca gelada. Nele, pode-se encontrar várias árvores, mas todas somente com folhas nos galhos ou pequenos animais. Também tem várias pedras em torno do lago. Atrás deste lago, tem um morro que possui uma grande árvore em seu topo, com frutas de cores alaranjadas e avermelhadas. Resolvi ir até lá. Subi andando para poder sentir a brisa e escutar os pássaros cantando.

Chegando ao topo, pude ver o vale e depois mais floresta ao fundo. Virei-me e vi as árvores que eu cruzei e uma clareira para o leste. Bem no fundo, pude ver o lençol branco sobre as plantas.

— Aqui é bem bonito, não?

Me assustei ao escutar essa voz. Quase que eu gritei, mas eu fui mais valente.

— Quem é você? — Falei.

Dei a volta na árvore para encontrar o dono da voz. Encontrei um... Humano? Ele se encontrava sentado de baixo da árvore e usava um capuz que cobria o rosto e estava segurando uma laranja. Saquei a minha espada.

— Calma... — Ele se virou, assim eu pude ver o seu rosto — não precisa me atacar, eu não vou fazer nada, senhorita Enderman.

— Eu não confio em humanos... — Falei com a minha voz mais rígida, segurando firmemente a espada.

Olhei para o rosto dele. Ele é um humano comum... Com olhos pretos.

— Eu não pedi para que você confie em mim... — Verbalizou ele, calmamente.

Eu não sei por que, mas eu não tenho muita vontade de matá-lo...

— Eu não vou atrapalhar em nada, pode fazer o que você iria fazer — Ele falou, se virando para frente.

Eu continuei parada naquela posição para ver se ele fazia alguma coisa. Porém ele não fez nada. Me virei bem devagar, entretanto escutei um barulho, que me fez virar de volta para aonde ele estava. Ele me olhou e estendeu a fruta que estava em suas mãos.

— Aceita essa laranja? As mangas desta árvore não estão tão maduras assim — Ele explicou seu ato.

Ele jogou a manga para mim e eu a peguei. Até parece que eu vou comer isso, dever estar envenenada ou algo do tipo. Dei um sorriso e cortei a fruta com a minha espada.

— Então coma o outro pedaço — Falei, jogando para ele a outra parte. Ele segurou-a e botou a mão no bolso, tirando de lá uma pequena faca. Fiquei em alerta e levantei a minha espada. — Calma, — Ele falou rindo, com tranquilidade — eu não vou comer com casca, né? — E então ele descascou a fruta. Ele cravou os dentes no alimento e se encostou melhor na árvore.

Eu observei a laranja e resolvi mesmo assim não comer, mesmo que eu esteja com fome é melhor eu pegar uma manga para mim.

— Ah, me perdoe pela minha educação... — Ele se levantou e foi andando devagar até a minha direção — deixa que eu corto para você.

Dei um passo para trás e o olhei desconfiada.

— Tudo bem, tudo bem. Você não confia em mim, então está bem... — Ele tirou o capuz, botou as mãos no bolso e as tirou, mostrando que não tinha nada, e arregaçou as mangas, mostrando as mãos — Viu? Eu não tenho nada aqui.

Continuei com o mesmo olhar sobre ele, igualmente calada.

— Quer que eu lave as mãos? — Ele foi até aonde estava sentado e puxou um cantil de água da mochila. — Para mostrar que isso é água, vou beber — então ele bebeu alguns goles do cantil me fitando pelo canto do olho. — Agora... — Ele jogou água nas mãos e deixou o cantil no chão. — Posso cortar a laranja?

Eu estendi o braço lentamente e ele pegou a fruta cuidadosamente da minha mão. O Humano tirou o caroço e descascou rapidamente e me entregou, com um sorriso estampado no rosto. Então se sentou novamente debaixo da árvore.

Eu como ou não como a fruta? Não sei se devo confiar nele, mesmo mostrando que não tem nada no alimento. Mas também desperdiçar comida é pecado.

Bufei e comi a metade da laranja. Pelo angulo que estou, pude perceber que ele deu um breve sorriso.

— Então... O que você faz aqui? — Ele perguntou.

— Acho que isso não é da sua conta — Respondi, botando a minha espada dentro do casaco.

Parei de pegar as mangas quando os bolsos encheram. Subi até o topo da árvore para observar melhor se ainda nevava naquela área, mas acabei pisando em falso e o galho quebrou. Serrei a minha boca para não fazer nenhum barulho. Quase que eu caio no chão, se não fosse pelos galhos que eu acabei presa. O grande problema não foi esse, foi na verdade estar de cabeça para baixo e meu rosto estar na mesma altura do Humano, que estava parado na minha frente.

— Quer ajuda? — Perguntou de um jeito sarcástico.

— Não — Falei ríspida.

Algumas mangas caíram dos meus bolsos. Desprendi-me dos galhos e fui para o chão. Bati na minha roupa para tirar alguns pedaços de galhos e folhas presas. Olhei para o Humano. Ele estava pegando as frutas que tinham caído no chão.

— Aqui está — Falou ele, com um sorriso.

Peguei as frutas da mão dele e botei no meu casaco. Tirei uma folha do meu cabelo e falei:

— O que você faz aqui?

— Acho que isso não é da sua conta — Falou ele, se sentando com um sorriso irônico no rosto.

Eu me pergunto quem é esse Humano. Ele é diferente dos outro que eu encontrei. Geralmente os humanos fogem, ficam nervosos, tentam me atacar ou simplesmente não olham para mim.

— Então... Por que não me atacou quando me viu? — Perguntei. Pelo menos eu tenho que saber sobre isso.

— Nessa área não existem muitos Endermans, ver um é bem raro. E também... Você se parece com um Enderman que eu já vi faz muito tempo.

Um Enderman... parecido comigo?

— E... Como ele era? — Perguntei curiosa. Bem, não custa tentar.

— Na época ele tinha mais ou menos a sua idade, e o rosto era bem parecido com o seu.

— Quando tempo mais ou menos você viu esse Enderman?

— Uns... 5 ou 6 anos atrás.