À procura de Alguém

Em busca da fugitiva


POV's Creeper

Eu não aguento mais!

Me virei para a Ender e segurei seu rosto com minhas duas mãos. Seu rosto está sereno como sempre... E-Eu não posso fazer isso... Botei-a lentamente no chão, para que ela não despertasse, porém ela se mexeu. Sentei-me rapidamente ao lado dela. Mas eu não precisava me preocupar, ela continua dormindo.

Como a Ender não estava acordada, eu resolvi procurar alguma coisa para fazer. Fiquei andando em círculos, dei biscoito para o porcos, tentei dormir — mas não consegui — e mexi na mochila dos humanos. Até que eu desisti de tentar fazer alguma coisa. Fui até a entrada da caverna, senti uma brisa passar e o meu corpo gelou. Comecei a tossir... que droga, não quero ficar doente de novo...

Voltei para dentro e lembrei-me que tinha sobrado alguns pedaços de bolo da última vez que a Ender e a Cupa fizeram. Peguei um pedaço e sentei-me novamente ao lado dela. Comi o pedaço todo e peguei outro só por ser gulosice. Mordisquei o doce, até que escuto alguns passos. Olhei para o lado e era o Spider.

— Ahm... Oi. — Falou o Spider. Engoli o pedaço de bolo e falei:

— Olá. — Mordi o último pedaço do bolo olhando para o Spider.

Este ficou em silêncio, olhou para o chão, depois para a Ender e novamente para o chão. Limpei a minha boca com as mãos.

— A Cupa... foi para algum lugar? — Spider perguntou, depois de constatar que a Cupa não está presente.

— Sssim, mass a gente não ssabe para onde ela foi.

— Como assim? — Perguntou o Spider, sentando perto de mim.

— Eu não entendi direito, mass acho que foi por ciúmess.

— O quê? — O Spider perguntou confuso.

— Eu não ssei te resssponder direito, vamos ter que achar a Cupa para essclarecer melhor esssa pergunta. — Respondi. Acho que nós deveríamos ter falado mais baixo, porque a Ender acabou acordando. Ela se espreguiçou e abriu os olhos lentamente, se sentando.

— Creeper, por quanto tempo eu dormi? — Falou a Ender, esfregando os olhos com a manga do casaco.

— Algumass horass...

— Ah, desculpe, Creeper. Você deve ter ficado entediado por minha causa. — Ela parou de esfregar os olhos e percebeu o Spider.

— Ah! Oi, Spider! — Falou a Ender, sorrindo.

— Bom dia. — Falou o Spider, também sorrindo.

O mesmo botou a mão na cabeça da Ender e ajeitou seu cabelo, botando uma mecha de cabelo atrás de sua orelha. Agora sei o porquê da Cupa sair correndo. Virei o rosto para não ter que ficar vendo aquilo, porém a Ender tocou o meu ombro.

— Vamos procurar a Cupa? — Assenti com a cabeça e me levantei, limpando as migalhas de bolo que ficaram em minha roupa. Não tinha como negar com aquele sorriso amigável me dizendo para fazer companhia.

— Você vem Spider? — Ender perguntou já saindo da caverna.

— Acho que serei uma boa ajuda, só não sei porque... — Respondeu o Spider, já se levantando e indo junto a Ender. Pff, convencido.

Não fiquei para trás. Cheguei perto da Ender e segurei sua mão, é tão confortável ela estar do meu lado... Argh! No que eu estou pensando! Balancei a cabeça, rangendo os dentes para tentar esquecer disso.

Parece que a Ender e o Spider ficaram confusos com meu ato.

— Estava apenas acordando direito. — Disse antes mesmo de algum deles perguntarem sobre o ocorrido. Caminhamos um pouco até a Ender parar e colocar a mão do queixo.

— Talvez a Cupa tenha ido até a casa do Zazu... Qual é mesmo a direção da casa dele? — Ela disse se virando e olhando para mim e para o Spider. Eu não fazia ideia, então fiquei quieto.

— Se bem me lembro é para lá. — Spider respondeu, apontando para a possível direção da ravina onde o Zazu mora.

— Ok! Vamos para lá. Porém... deve ser mais rápido nós procurarmos ela separados. Então é melhor marcar um ponto de encontro. Eu reparei da última vez uma cachoeira dupla de lava. é fácil de reparar ela.

— Boa ideia.

(...)

Caminhamos mais um pouco (pouco o caramba) até chegarmos na caverna. Começamos a ir mais fundo.

— Será que ela está com o Zazu? — Perguntou a Ender.

Olhei ao fundo e vi uma parte de um estabelecimento, a outra parte tinha uma parede de pedra na frente, então eu não consegui ver. Acho que é a taberna do pai do Zombie.

— Talvez... é melhor entrar para ver. — Falei apontando para a taberna.

Logo depois que eu disse, escutei alguns passos corridos... Estranho. Nós paramos em frente ao bar.

— É melhor nos separamos aqui. Eu verifico no bar, vocês podem ver mais adiante. — A Ender assentiu firmemente e saiu andando, eu balancei a cabeça meio desajeitado e corri atrás da Ender.

Eu esqueci de pegar um caminho diferente. Acabei seguindo a Ender. Chegamos na casa do Zombie, as poças d'água continuavam lá, um belo de um problema para a Ender. Na verdade ela se teleportou para a porta... Eu tinha me esquecido que ela podia se teleportar, afinal, é uma Enderman. Eu passei tranquilamente.

Ender bateu na porta e foi recebida rapidamente pela mãe do Zazu, que abriu um sorriso assim que nos viu.

— Por favor, entrem! — Entramos, mas só eu sentei. Percebi isso e fiquei meio vermelho... será que eu fui muito preguiçoso agora?

— A Cupa está aqui? — Ender foi direto ao assunto.

— Então vocês estão procurando por ela? Bem que eu tinha achado estranho ela ter vindo aqui só com o Zazu.

— Ela veio com o Zazu? Mas a Cupa não gosta muito dele, não é mesmo? — Ender perguntou, olhando para mim.

Percebi que a mãe do Zazu fez uma careta, acho que foi por causa do comentário ''a Cupa não gosta muito dele''.

— Bem, ela jantou aqui, depois foi com o meu filho para algum lugar. Eu fui dormir logo depois que eles saíram, então não sei quando eles chegaram, só sei que ele dormiu no sofá e a Cupa no quarto, pelo que parece. Ela tinha acordado, tomou café e saiu. Acho que foi para a taberna, um pouco depois do Zazu ter ido para lá.

Eu não acreditei quando ela disse isso, será que a Cupa e o Zombie estão juntos?! Bem, pelo menos sabemos que ela provavelmente foi para o bar do pai do Zazu.

— Já estamos indo para lá. Obrigada pela informação! — Ender agradeceu e já estava saindo, estava com um pouco de pressa, talvez por conta de não termos encontrado a Cupa em frente ao bar.

Eu me despedi da mãe do Zombie. Saímos da casa e resolvermos procurar na ravina.

Fiquei chamando pelo nome da Cupa, mas depois me toquei que ela tinha fugido, então ela provavelmente iria se afastar ainda mais se me ouvisse chamando por ela. Comecei a procurar em silêncio. Nenhum sinal. Fiquei lá por uns vinte minutos, ela não podia ter ido tão longe, resolvi voltar para o ponto de encontro.

A Ender estava na minha frente, pedi para ela esperar e consegui chegar mais perto dela, dei um sorriso, ela retribuiu.

— Algum sssinal da Cupa? — Perguntei.

— Nada. — Ender respondeu, dando um suspiro.

— Talvez o Sspider tenha a achado. — Dei outro sorriso, e segurei a mão da Ender outra vez.

— Quem sabe. — Ender olhou para meu rosto e apertou minha mão, e sorriu novamente.

Chegamos em frente ao bar, mas o Spider não estava lá. Ouvi algumas vozes que vinham da parte de cima da ravina.

— Está escutando essas vozes? — Perguntou a Ender.

— Essstou. Quer dar uma olhada? — Ela balançou a cabeça.

Me aproximei junto com a Ender lentamente e para a minha surpresa, a Cupa estava abraçada com o Spider, e o mesmo com a mão em cima da cabeça da Cupa.

Olhei para a Ender e ela estava com uma cara meio sem reação, na minha opinião ela estava com uma cara de paisagem.

— P-Pelo visto você encontrou ela. — Percebi que a voz da Ender saiu trêmula.

— Ssssim, ele me convenceu a voltar... não é, Ssspider? — A Cupa olhou para o Spider, ainda agarrada a ele.

— Ahm... é, eu acho... — Falou o Spider com uma certa dúvida.

— Então vamos logo subir. — Agora a Ender falou com mais firmeza.

A mesma se virou e eu a segui. No caminho todo, a Ender andou rápido, tinha vezes que ela se teleportava e eu tinha que sair correndo, mas ela me esperava. Nós passamos em frente ao bar. O Zazu estava em frente ao bar, olhando em volta e com uma reação confusa, mas logo ele entrou no estabelecimento. Cruzamos a floresta, está fazendo um dia muito bonito, tem até pássaros cantando, mas parece que a Ender não está percebendo nada disso... Eu sei que ela gosta do Spider, mas o que eu posso fazer? A gente não escolhe por quem se apaixonar... Mas pelo menos eu quero vê-la feliz. Não vou deixar o Spider e nem ninguém deixá-la triste.

Quando nós chegamos na nossa caverna, ela foi direto sentar perto do cubo de terra dela. Ela se debruçou nele e ficou em silêncio. Agora que eu percebi que... tem duas flores nesse cubo de terra, será que o Spider deu essa flor para ela?

Depois de longos minutos, o Spider e a Cupa apareceram. O Spider foi indo para a mina dele, mas a Cupa o parou e o abraçou. Esta, está bem saltitante.

— Tchau, Spider! — A Cupa falou agitadamente.

Eu olhei para a Ender que nem estava ligando, ela continuava debruçada no bloco de terra, olhando para o nada.

A tarde toda a Cupa ficou tagarelando. Para a infelicidade dos meus ouvidos, ela ficou falando comigo. A Ender ficou com a mão nos ouvidos, deduzo que estava com dor de cabeça. Eu sugeri que saíssemos ao ar livre, para ver se ela parava de falar um pouco.

Fomos só eu e a Cupa. Demos algumas voltas na montanha e na floresta, fomos até uma clareira com uma relva bem verde e depois entramos dentro de um rio perto dali. Voltamos quando estava escurecendo. Chegando de volta à caverna, encontramos a Ender passando os dedos na espada dela. Quando a mesma nos notou, guardou a espada no casaco, a Cupa ficou um pouco aflita.

— D-Desculpa por... — A Cupa parou de falar, quando a Ender a fitou.

— Não precisa pedir desculpas. — A Ender se levantou e deu dois tapinhas de leve na cabeça da Cupa.

— Está tudo bem.

Depois de dizer isso, ela se sentou novamente. A Cupa voltou a falar comigo. Depois de um tempo ela ficou com sono e resolveu ir dormir. Obrigado, Notch!

Fui até a Ender e estendi a minha mão.

— Quer ir lá fora andar? Você essstá muito tempo sssentada.

Ela pegou a minha mão e subiu. Eu queria ir para a montanha em que nós nos conhecemos, então eu levei-a até lá. Nos sentamos perto da beirada da montanha e ficamos vendo a paisagem de cima.

— A Cupa fala muito, né? — Eu falei meio sem assunto.

— Sim... — Ela falou soltando ar pela boca.

Eu fiquei calado, pensando no que dizer. Mas não consegui. Reuni toda a coragem que disse e falei:

— Ender... Eu não gossto de te ver assim...

— Como?

— Assim. Você está triste, eu percebi. Não deixe que... que...— Suspirei olhando para baixo e continuei. — Não deixe que aquele imbecil do Ssspider te deixe asssim. Eu... Eu gossto de te ver ssorrindo. Você me tirou da ssolidão depois que os meus pais...

Não consegui falar mais nada. As lágrimas já escorrem nos meus olhos. Que droga, seja homem, Creeper!

Senti dois braços me envolverem.

— Obrigada, Creeper.

A Ender falou em um sussurro e me apertou mais ainda. Eu me soltei dela e sequei as minhas lágrimas com a manga do casaco. Dei um sorriso para a Ender, para ver se ela melhorava o ânimo. A mesma chegou mais perto e beijou a minha testa. Bem... é melhor do que nada.

Eu comecei a ficar com sono e minha visão foi escurecendo...

— Creeper... — Ouvi uma voz tranquila e calma no meu ouvido.

— Creeper... — Ouvi novamente. Abri os olhos e me deparei com a Ender.

— Que foi? — Falei esfregando os olhos.

— Vamos voltar, você está quase dormindo.

Mas que porcaria de sono. Eu poderia ficar mais tempo com ela. Eu balancei a cabeça e fomos voltar. Chegando lá, eu deitei no chão e a Ender se sentou do meu lado, encostando-se na parede.

Eu não sei por quê, mas me senti bem com a presença dela. Eu estava quase dormindo, quando a Ender passou a mão no meu cabelo.

— Boa noite... — Ela sussurrou. Logo depois ela se aproximou do meu rosto, senti a sua respiração batendo na minha bochecha. Ela ia fazer alguma coisa, mas hesitou...