Rey fechou os olhos com irritação, sentindo o braço estranho no meio de seu torso a impedindo de se mexer, segurando-a e impedindo-a de se mover. Ainda assim, ela torceu o corpo e tentou identificar quem estava na cama dela – espera, essa era a cama dela? - com uma carranca rabugenta, congelando quando seus olhos finalmente caíram no rosto pacífico e muito bem conhecido que já fazia parte de sua vida há anos.

Ben?

Puta que pariu. Ben?

Ben Solo?

De repente, a noite inteira de eventos veio à sua cabeça. As bebidas, o fato de uma experiência aleatória no trabalho a ter deixando ainda mais carente do que o habitual, e os dois competindo para ver quem conseguia beber mais. Quando ela se ofereceu para “ajudar Ben a ir para a cama”, eles estavam tão bêbados que Rey nem sabia como eles estavam de pé - o que não fazia sentido, porque Ben deveria ter a resistência alcoólica de um cavalo com o tamanho que tinha, mas praticamente não sabia beber — e os dois simplesmente caíram ali mesmo, começaram a se despir e uma coisa levou à outra.

E foi bom. Não foi a melhor noite de sua vida, mas até bêbado Ben era atencioso e carinhoso.

E, como sempre, ele não se lembraria de nada. Então, ela deveria apenas se recompor antes que ele acordasse, e foi o que ela fez, ficando em pé sobre as pernas bambas e procurando qualquer coisa que indicasse que ela havia estado lá, antes de andar na ponta dos pés até o próprio quarto no apartamento que os dois dividiam.

Rey morava com Ben desde que os dois eram colegas na faculdade de medicina, tendo se conhecido quando eram adolescentes, mesmo quando se mudaram do apartamento minúsculo em que moravam antes para onde estavam agora, e ela sempre havia tido uma queda por ele. Não que ele soubesse, claro; Ben Solo era o homem mais desligado que ela já conhecera na vida e, em casos como esse, aquilo era uma bênção.

Eles não tinham que trabalhar hoje, mas ela ainda acordara cedo como de costume porque Rose havia decidido que era uma boa ideia aparecer lá na hora do café da manhã.

Em um dia de folga.

Durante o fim de semana.

Claro, uma maravilha.

— Bom dia. — Ben murmurou assim que ela entrou na cozinha, praticamente se afogando em sua xícara de café.

— Bom dia. — Rey cobriu os olhos, tentando ao máximo agir da forma mais normal e inocentemente possível. — Café?

Ben não respondeu verbalmente, mas apontou para o balcão, onde uma panela nova estava esperando, e ela bagunçou o cabelo dele enquanto passava ao seu lado, fazendo-o grunhir.

— O que aconteceu ontem? — Ele perguntou, claramente confuso. — Nós realmente bebemos o tanto que eu acho que bebemos?

— Sim. — Ela moveu a mão livre para fechar as cortinas da pequena janela em frente à pia. — Eu nem sei como fui dormir na noite passada. Tudo depois da 5ª tequila está uma bagunça.

Ben ficou em silêncio, e ela prendeu a respiração, esperando para ver o que ele diria.

— Espera... Nós bebemos tequila? — ele finalmente perguntou, parecendo confuso.

Antes que Rey pudesse responder, uma batida na porta ecoou pelo apartamento, e a médico ficou de pé.

Salva pelo gongo.

— Deve ser a Rose. Eu vou abrir.