love.

Chapter 6: Thinking Of You


♫…And yes I do regret

How I could let myself

Let you go

Now, now the lesson's learned

I touched it I was burned ♪

[...♥...]

Magali sentiu que perdeu noção de tempo e espaço. Todas aquelas pessoas que estavam à sua volta sumiram de repente, assim como seus pensamentos. Estava zonza, sem saber o que estava acontecendo de fato. Aquele beijo era diferente de todos que já havia dado na sua vida. E quanto mais forte a chuva caia, mas intenso ele ficava. Achou que estivesse perdido completamente os seus cinco sentidos, pois não conseguia fazer outra coisa a não ser permanecer com olhos fechados e retribuir.

Seu coração batia em uma velocidade inacreditável, sua cabeça girava, esquecendo absolutamente de tudo que havia acontecido minutos atrás. Esqueceu de Quinzinho, esqueceu do beijo, esqueceu do show, inclusive até das consequências quem viriam depois que eles se afastassem.

Aquele momento foi tão único, que sem pensar duas vezes colocou as mãos sobre o rosto do garoto. Ela sentia mil sensações ao mesmo tempo, queria perguntar tantas coisas para si mesma, principalmente do porque está acontecendo aquilo justamente com seu melhor amigo, e o por que dela não conseguir empurra-lo e sair correndo.

Do Contra não tinha ideia do motivo de ter feito isso, mas procurar por respostas seria a ultima coisa que ele faria naquele momento. Segurava a morena pela cintura, e no momento em que percebeu que ela se rendeu completamente à ele, a beijou de tal forma como se fosse a sua única missão na terra. Estavam encharcados e no meio de muita gente, mas pareciam ser coisas irrelevantes para eles.

O som do trovão forte fez Magali despertar, recuperando os seus sentidos de volta aos poucos. A música finalmente voltou a tocar em seus ouvidos. Ela já bastante ofegante, se afastou dele ainda com os olhos fechados. Ele já havia aberto os seus assim que pararam. Tomando consciência do que acabou de ocorrer, deu um passo para trás, olhando pra o amigo como se quisesse dizer que aquilo não era jamais pra ter acontecido.

— Magali?! – uma voz conhecida fez eles olharem ao mesmo tempo para o lado.

Quim estava parado, olhando para eles com uma cara assustada. Provavelmente assistiu tudo de longe, e só agora tomou coragem para ir até lá. Magali então voltou a se lembrar de tudo. Do motivo de estarem ali, da discussão, das lágrimas, da dor..

— O que vocês...? – o padeiro estava indignado, tinha a mesma expressão que Magali fez ao vê-lo com outra.

A comilona voltou a olhar para Do Contra que ainda estava calado, também meio em choque. Sem dizer nada, saiu correndo dali o mais rápido que pôde. Do Contra ia abrir a boca para chama-la mas desistiu no mesmo momento. Quim começou a se aproximar do garoto enquanto a chuva começava a enfraquecer.

— Você pode me explicar o que estava acontecendo aqui?

Do Contra continuou assistindo a garota ir embora.

— DC!

Ele finalmente pareceu acordar e se virou para o padeiro.

— Eu vi direito? Você e a Magali estavam...?

— O que você tem a ver com isso?

— Como é? – levantou as sobrancelhas não entendendo aquela atitude. – Você ainda pergunta? A Magali é minha na...

— Era. Era sua namorada, Quim. Você mesmo terminou com ela, esqueceu?

— Perai... C-como você sabe? Ela te contou?

— Isso não interessa... – Do Contra se virou para ir embora, já querendo dar por encerrado aquela conversa. Também não estava mais no clima de continuar naquele show.

— Claro que me interessa DC! – o gordinho puxou o seu braço com força para voltar a olhar pra ele. – Não sei o que ela te contou, mas não terminamos, demos um tempo! Mas isso não te dá o direito de...

— Olha só Quim – disse Do Contra começando a se irritar – Você é meu amigo, mas não faz nem meia hora que você estava se agarrando com outra mina lá na frente. Se quer mesmo saber, a Magali também tem direito de ficar com quem ela quiser!

Quim ficou sem reação. Mas as coisas começaram a fazer sentido, Magali provavelmente viu o beijo, e na sua cabeça achou que esse era o motivo de ter ficado com Do Contra.

— Foi por isso então?! Ah claro... você provavelmente veio se fazer de amiguinho como faz com todas, e aproveitou a chance para dar o seu bote! Não está satisfeito em sair com metade das garotas desses bairro, agora resolveu dar em cima das comprometidas também?! – berrou o padeiro, se alterando.

Do Contra estava tão atordoado, cansado, e confuso que não quis mais dar satisfações pra Quinzinho. O moreno sabia que ele era a ultima das pessoas que precisava ouvir alguma explicação, afinal de contas ele tinha acabado de trair a comilona.

Do Contra se virou novamente ignorando-o, mas foi impedido outra vez pelo próprio.

— Você não vai sair daqui até me contar o que estava fazendo com a minha namorada, DC!

— Você tirou suas próprias conclusões, mas não é a mim quem você deve interrogar! Melhor você mesmo perguntar pra ela, não acha?

— Eu achei que você fosse meu amigo.

— Nunca deixei de ser – disse ele em um tom cansativo.

— Bem – Quim sorriu ironicamente – não vou te culpar, afinal eu sei que ela só ficou com você porque me viu com outra.

Ao ouvir aquilo, Do Contra parou, respirando fundo, tentando se controlar para não fazer uma besteira.

— Amanhã ela esquece... conheço a namorada que tenho... vai voltar pra mim em um estalo de dedos.

Infelizmente aquilo foi demais para Do Contra. Ele fechou o punho e se virou para o padeiro, acertando um soco direto na sua cara, que caiu no chão com tudo. Não era de fazer aquelas coisas, principalmente com seus amigos, mas apenas não conseguiu se segurar quando ele falou de Magali. Também porque tinha bebido um pouco demais.

— Babaca – ele disse e por fim se retirou dali.

Quim ainda no chão sangrando pelo nariz, olhou para ele assustado.

[...♥...]

Com certeza aquela noite tinha sido demasiado intensa pra Magali. Ela não soube como, mas conseguiu chegar em casa, rapidamente. Seus pais já estavam dormindo, e ela tentou fazer o mínimo de barulho possível. Tirou suas botas e as colocou na varanda, subindo para o quarto em seguida. Entrou em seu banheiro, e lentamente foi tirando as suas roupas extremamente molhadas, devido a chuva, começando a se enxugar com a toalha.

Os flashs começaram a aparecer na sua mente, fazendo seu estômago revirar. Sentou na beirada da sua cama, fechando os olhos e respirando fundo. Tentou procurar alguma razão pra ter feito o que fez. Podia ter sido a bebida, ou o choque de ver Quim com outra garota, a tristeza, a carência... Mas nenhuma delas fazia sentido na sua cabeça. Estava nervosa, e assustada ao mesmo tempo. Só de lembrar daquele beijo, seu coração acelerava mais e mais. Ela ainda podia sentir o cheiro dele no seu corpo, e aquilo lhe deixava cada vez mais tonta.

Do Contra também chegou em casa logo depois do soco que deu em Quinzinho. Sua mão doía um pouco, pois usou toda a sua força. Nimbus que estava na sala assistindo, viu o seu irmão chegar todo molhado e começou as perguntas, inclusive o porque de ele estar com aquela cara de quem tinha feito algo de errado. Odiava o fato do seu irmão o conhecer tão bem, mas sem dar muitas explicações, subiu deixando o garoto sozinho com sua curiosidade.

Ele subiu para o seu quarto, trocou as roupas molhadas e se jogou na cama com as mãos para trás da cabeça. Ele também conseguia sentir o perfume de Magali, e aquilo era o suficiente para deixa-lo ainda mais louco do que já estava.

Eles não conseguiram pregar o olho a madrugada inteira. Magali já havia trocado de roupa e deitou, tentando dormir, mas era impossível. Aquela cena não saia da sua mente por mais que quisesse. O pior de tudo era que esse beijo tinha mexido bastante com seu coração, mexeu tanto que nem em Quinzinho ela conseguia pensar direito. Era como se aquela traição tivesse sido irrelevante diante daquilo.

[...♥...]

— Acooorda... – durante o seu sono, a comilona pôde ouvir uma voz bem longe, mas achou que era só um sonho. – Acorda, Magali!

Foi aí que ela começou a sentir um desconforto, um peso, como se tivessem colocado dez melancias em cima dela. Tentou abrir um dos olhos que lutava para fechar de volta, e viu um rosto bem ao seu lado. Um rosto conhecido.

— Vai, acorda dorminhoca! – disse a voz enquanto lhe chacoalhava.

Finalmente pegou o resto das forças que tinha e abriu os dois olhos, despertando imediatamente ao ver de quem se tratava aquela voz e aquele rosto.

— Mônica!! – levantou em um pulo, abraçando-a forte.

— Parece que a festa ontem foi boa, hein? – disse a dentuça quando se afastaram. – Estou a meia hora tentando te acordar...

— Desculpa – sorriu envergonhada. – Chegou agora?

— Sim, mal terminamos de tirar as coisas do carro, e vim correndo te ver. Estava morrendo de saudades!

— Eu também, cara – disse Magali ao se abraçarem novamente. – Não via a hora de você chegar.

— Mas me conta, como foi as férias? E o que fez ontem? Nunca te vi dormindo até essa hora, já são quase meio dia.

— É, eu... – ela colocou uma mexa atrás da orelha, baixando o olhar quando se lembrou do que rolou no dia anterior – Acabei dormindo um pouco tarde, mas foram legais...

— Sua mãe me disse que você foi à um show ontem, fiquei até surpresa porque você nem curte muito essas coisas.

— Ah sim, aproveitei já que amanhã começam as aulas e... ATCHIM!

— Xii.. Não inventa de ficar doente, dona Magali. Não quero ficar sozinha no nosso primeiro dia no terceiro ano – Mônica disse entregando um lenço de papel a comilona.

— Foi mal, peguei uma chuva ontem...

— Falar nisso, com quem estava?

— Que? – Magali arregalou os olhos atrás do lencinho.

— ...no show. Com quem estava? – repetiu a pergunta.

— Eu... é... – quando a comilona ia responder alguma coisa, Lili apareceu na porta.

— Mônica, sua mãe está te chamando para terminar de arrumar as coisas.

— Ok, já estou indo, obrigada – agradeceu ela sorrindo, se virando para a amiga em seguida. – Tenho muitas coisas pra te contar sobre essa viagem, e também quero saber tudo da sua, hein?

Magali assentiu com a cabeça sorrindo fraco e novamente se abraçaram antes de Mônica sair de seu quarto. Quando ela sumiu, a morena voltou a se deitar, mas não dormiu, continuou com os olhos abertos e uma das mãos sobre os lábios. Pensava uma e outra vez o que iria fazer diante daquela situação.

Não sabia se podia contar tudo para sua melhor amiga, pois sabia que mesmo sem admitir, Mônica gostava de Do Contra no fundo. Podia não ser o mesmo sentimento que sentia por seu ex-namorado, Cebola, mas ainda sim... Achava que tinha traído sua amiga de alguma forma.

Por outro lado, também não sabia o que faria com ele. Com certeza a amizade dos dois mudaria drasticamente, pois ela não iria conseguir agir naturalmente do seu lado. Daria tudo para voltar no tempo e nunca ter saído de casa... Nunca ter ido aquele show.

[...♥...]

Do Contra que estava dormindo profundamente, sentiu algum ser lamber o seu nariz. Abriu os olhos e se deparou com seu cachorro, Ringo em frente à sua cama. Ele balançava o rabo feliz ao ver que ele tinha acordado. Sem tirar a cabeça do travesseiro, começou a acaricia-lo na cabeça ainda meio sonolento.

— Decidiu passar o dia na cama, Maurício? Está lindo lá fora...

— Não mãe, não a abre a corti...

Tarde demais, Keiko já havia deixado toda a claridade entrar no quarto de Do Contra, fazendo seus olhos doerem.

— Levanta dai filho, já passou da hora do almoço, seu pai e seu irmão já até saíram para fazer a compra do mês.

— E quem disse que eu iria? – respondeu ele fazendo força para levantar.

— Maldita hora que deixei você ir à esse show, mesmo com o tornozelo torcido... Ainda por cima chegou tarde – disse ela tirando umas revistas do chão. – Já que conseguiu ficar de pé, toma um banho e vê se arruma esse quarto que está uma zona.

O moreno revirou os olhos assim que ela o deixou sozinho. Odiava arrumar o quarto, principalmente quando não estava nos seus melhores dias. Começou a tirar uma porção de roupas espalhadas pelo chão e jogar tudo em cima da cama. Uma das suas camisas estava com uma grande mancha marrom, percebeu logo que era o sangue de Magali quando enrolou em seu joelho. Ele tinha esquecido de colocar para lavar e ficou esquecida até aquele dia. Pegou o seu celular no criado-mudo para ver as mensagens, mas não tinha nenhuma dela. Ficou um pouco chateado, pois não queria que sua amizade esfriasse por conta de um simples beijo, que de simples não teve nada.

[...♥...]

Mais tarde, Mônica ligou para Magali e pediu para que fosse até sua casa. Elas ficaram conversando e fofocando praticamente o dia inteiro, até escurecer. Ela lhe contou sobre a viagem que fez com seus pais, e parecia bastante animada enquanto falava sobre. Sua amiga ter voltado de viagem foi a melhor coisa que poderia ter acontecido naquele dia para ela, pois se distraiu bastante. A comilona ficou um pouco aliviada, pois até agora ela não tinha tocado no assunto sobre o show. Ela decidiu não contar nada sobre o que aconteceu com Do Contra. Achou melhor assim.

Estavam sentadas no chão banheiro de Mônica enquanto faziam as unhas. Magali pintava as unhas do pé com sua cor favorita, rosa claro, e Mônica as da mão com esmalte preto.

— E o melhor você não sabe.. Conheci um gatinho amiga, nossa... Tudo de bom.

— E aí? – perguntou a comilona animada.

— Como meu pai é um pouco ciumento, demorou alguns dias para ele me deixar sair sozinha... Mas valeu a pena esperar...

— Peraí, quer dizer então que vocês ficaram? – Magali pareceu surpresa, porque tirando Cebola, ela nunca tinha ficado com nenhum outro garoto.

— Sim! – disse ela com um enorme sorriso no rosto. – Ele beija tão bem, Magá... Pena que foi só um amor de verão... Pelo menos viramos amigos no final das contas – suspirou.

— Amor de verão... – Magali soltou uma risadinha. – Não exagera, né Mô.

— Falando em amor... como vai o seu?

Ela estava tão animada e distraída com a presença de Mônica que tinha esquecido completamente de contar sobre o Quim. Sua expressão mudou na hora e a dentuça percebeu.

— O que foi?

— Bom... É que... – ela não sabia como continuar.

— É que o que? Fala amiga! – pediu Mônica, preocupada.

— Eu e o Quim... a gente terminou.

— Que?! – ela se assustou com a noticia deixando até o esmalte cair. Magali afirmou com a cabeça. – Como assim terminaram? O que aconteceu?

— Ele me pediu um tempo... – disse Magali, baixando o olhar.

— Tempo? Mas tempo pra que?

— Não sei... Disse que precisava ficar sozinho. Ontem no show, eu vi ele com outra garota... Acho que talvez fosse pra isso... – sentiu nojo só de lembrar daquela cena.

— Eu não acredito nisso! Ah mas esse padeiro vai me ouvir! – Mônica estava prestes a se levantar, mas Magali impediu.

— Não amiga, deixa ele pra lá... Não vale a pena.

— Como não?! Ai que ódio que eu tô desse cara! Nunca mais compro pão naquela padaria! – disse visivelmente irritada.

— É, nem eu – Magali não conteve um sorriso.

— E como você tá amiga? – ela segurou suas duas mãos – Por que não me ligou antes?

— Eu tô bem, acho... – Magali deu de ombros. – Não queria te deixar preocupada, resolvi te contar pessoalmente.

— Que canalha... com certeza deve ter começado a andar com o Cebola nas férias.

— Não exagera, Mônica... – riu fraco. – O Cebolinha não fez nada de errado.

— Claro que fez, Magali! Você estava lá, e você viu! Enfim, não quero falar sobre esse idiota – respirou fundo. – Minhas férias foram muito boas, não quero pensar nele pra não estragar.

— É, tem razão – disse Magali se levantando para ir até a pia. – Não vamos mais falar sobre eles.

— Podemos falar sobre o Do Contra por exemplo... – sorriu ela. – Faz um tempo que não o vejo, como será que ele está?

Magali engoliu em seco ao ouvir aquilo, começando a ficar nervosa outra vez. Definitivamente aquele era um assunto errado.

— Sabe Magá... Acho que ele é único garoto da escola que eu ficaria sem pensar duas vezes, se não estivesse com o Cebola...

— S-sério? – perguntou a morena, surpresa. Era a primeira vez que Mônica falava coisas assim sobre ele.

— Claro. Se pudesse, me apaixonaria por ele com toda certeza... Bom, mas está cedo pra pensar nisso.

Magali concordou com a cabeça e permaneceu calada enquanto Mônica tagarelava sobre outros assuntos. Só de ouvir o nome daquele garoto, seu coração voltou a mesma velocidade do dia anterior. Ela já não estava mais conseguindo interpretar o que era esse sentimento estranho que tinha no peito.