love.

Chapter 36: I Miss You


♪ Don't waste your time on me
You're already the voice inside my head
(I miss you, I miss you)

"Essa é a pior maneira de sentir falta de alguém. Quando eles estão ao seu lado, mas você sente falta deles de qualquer jeito.

— Mônica. Jul15

[...♥...]

~ Acampamento / 01:04 ~

— Não consegue dormir?

Ela o encarou por algum tempo antes de responder. Estava escuro, porém a luz da lua iluminava o ambiente.

— Será que até aqui nesse acampamento você vai continuar me seguindo?

— Eu não te segui – por incrível que pareça ele não ficou ofendido com o comentário da comilona.

Ela negou com a cabeça, não querendo entrar em discussão com ele logo ali.

Os dois entraram em um longo silêncio. Magali já estava se acostumando estar em situações assim com ele, os dois já não eram mais amigos, não se falavam como antes, mas por algum motivo, Do Contra queria estar perto dela, nem que fosse pra ficar encarando o nada. Ela protestava, mas ele sabia que ela se sentia da mesma maneira.

— Mandou bem no vôlei hoje... – ele tentou puxar assunto, quando o canto dos grilos parecia estar mais alto por conta do silêncio sem fim.

— Obrigada.

— Faz tempo que não te vejo jogar com tanta energia. Por acaso tinha alguma coisa te motivando? – Do Contra se arriscou a perguntar, sorrindo com malicia, ele sabia que ela ia odiar aquela pergunta.

— Vai começar?

— Começar o que garota? Só fiz uma pergunta normal, ué.

— Aham, claro – ela soltou uma risadinha falsa pelo nariz. - Não, não tinha nada me motivando... eu sempre joguei com essa mesma energia.

— É, deu pra ver... tirou até sangue da pobre Julia.

Ao ouvir o nome daquela menina, Magali não conseguiu disfarçar o seu extremo incômodo. Sua expressão facial mudou imediatamente.

— É, pobrezinha da Julia. Porque não vai até a barraca dela, pra ver se ela não precisa um pouco mais dos seus cuidados?

— Nossa, calma – Do Contra disse rindo, fazendo Magali se irritar ainda mais.

— Do que você está rindo, moleque?

— Agora eu tô começando a entender aquele seu... lance – ele disse ainda rindo. – Você ficou com ciúmes de me ver com ela, não foi?

— Quem ficou com ciúmes? Eu?

Do Contra assentiu com a cabeça, sorrindo, com as mãos pra trás. Ele estava adorando ver Magali naquele estado. Ela ficava linda até quando estava com raiva.

— Para de imaginar coisas, DC. Eu não posso fazer nada se a sua amiga não sabe jogar direito.

— Ela me pareceu saber jogar muito bem, se você quer minha opinião. E talvez até teria ganhado se não fosse aquela bolada violenta e proposital que você deu nela.

Aquilo foi a gota d’água para Magali. Ouvir Do Contra defender Julia era demais.

— Por que você não vai atrás dela e me deixa em paz, então? – ela perguntou da forma mais suave possível, e saiu andando. Do Contra já sabia que ela tinha ficado com ciúmes, brigar com ele de novo só ia dar mais motivos pra ele continuar pensando o mesmo.

— Magali, espera! – Do Contra ainda achando graça, seguiu a morena, mas ela não queria ouvir. – Ei, calma, eu estava brincando – ele disse ao alcançá-la. Magali parou e o encarou, ainda irritada.

— É incrível como você tem o dom de me irritar até com meias palavras!

— É um talento natural meu, pode perguntar pro Nimbus – ele brincou mais uma vez, mas Magali não achou a mínima graça.

Ela se virou, mas ele foi mais rápido e segurou seu braço.

— Tudo bem eu paro. Desculpa... eu só queria quebrar aquele clima.

— Será que você não vai desistir de me perseguir?

— Magali, a gente não precisa se tratar como se não se conhecesse. Eu não queria ter vindo pra esse acampamento, mas já que estamos aqui, vamos tentar ser amigos.

— Eu achei que você não quisesse isso.

— Mas eu pensei melhor... e não vale a pena deixar nossa amizade de lado. Por mais que não queira admitir, você ainda é importante pra mim.

— Você também é DC, mas... eu não quero continuar dando motivo pro desprezo da Mônica. Eu prefiro continuar afastada de você, se for pra ela não se sentir mal.

— Até quando você vai continuar pensando nos outros desse jeito?

— Não sei – ela deu de ombros. – Talvez nunca. Eu sou assim DC, eu me importo com os outros sim. Coloco a felicidade dos outros acima da minha sim. Pode ser um defeito, uma qualidade, um problema psicológico, quem sabe? Mas é assim que eu me sinto. Eu amo meus amigos.

— Mentindo pro Cascão por exemplo é uma das suas maneiras de amar?

— O Cascão está passando por um problema grave! Eu não podia dar as costas pra ele naquele momento, e você sabe!

— Aceitar ser a namorada dele foi a maneira mais fácil que você encontrou pra ajudar?

— Por favor, Do Contra não vamos começar com o mesmo assunto. Você sabe os meus motivos, e tudo eu estou tentando fazer é evitar mais sofrimentos na vida dele.

— Sempre muito plausível os seus motivos.

Magali respirou fundo, já se entristecendo. Do Contra tinha uma habilidade incrível de deixa-la vulnerável quando a lembrava das escolhas que tinha feito.

— Você não precisa continuar me punindo. Eu reconheço os meus erros, mas eu só estou tentando proteger o Cascão. E pra proteger a Mônica... o certo seria se nós dois fôssemos cada um pra um canto.

— Toda essa proteção que você dá a eles, todo esse amor que você diz sentir por eles, faz você se esquecer do seu amor próprio.

Magali abaixou a cabeça, sem argumento. Do Contra não iria entender seus motivos.

— Eu não vou continuar te enchendo com esse mesmo assunto. Eu sei que você já tomou a sua decisão... há muito tempo, aliás. Eu só achei que... podíamos ser amigos de novo.

— Nós dois sabemos que já é tarde demais pra tentar uma amizade agora.

Do Contra assentiu com a cabeça, e sorriu fraco.

— Eu vou voltar...

— Tudo bem, eu vou... sei lá, andar por ai até o sono vim.

— Magali, é meio tarde pra isso, você pode se perder.

— Eu não vou pra longe.

— Mas pode ter algum animal perigoso por ai, ou...

— DC, relaxa, eu já disse que não vou pra longe.

Ele se deu por vencido e se afastou aos poucos, deixando Magali sozinha. Ela então começou a andar pelo meio da floresta, na pouca luz que havia ali.

Do Contra estava voltando pra sua barraca, quando esbarrou sem querer em alguém.

— Mônica? – ele disse quando reconheceu a garota.

— Vai atrás dela, DC. Não deixa a Magali sozinha.

— Que? Como... o que você tá fazendo aqui?

— Eu também estava sem sono e... enfim, parece que você e Magali tiveram a mesma ideia que eu. Sem querer, eu não pude deixar de ouvir a conversa de vocês.

Do Contra se sentiu meio envergonhado, pois disse coisas que não queria que Mônica tivesse escutado.

— Então você ouviu tudo...

— Ouvi – ela disse ao suspirar. – Mas isso não importa agora, o que importa é você ir atrás da Magali.

— Mônica, ela já deixou claro que quer ficar sozinha.

— Eu conheço a Magali, sempre que ela se sente triste ou chateada com algo, ela resolve andar pra se distrair. Só que caminhar pela floresta no meio da noite não é a mesma coisa que caminhar pelo Bairro do Limoeiro.

— É, você tem razão... acho melhor ir atrás dela.

— Sim, faz isso! Rápido!

Do Contra se virou para encontrar Magali, e no caminho olhou para Mônica.

— Ela vai ficar feliz de saber que você ainda se importa com ela.

Ele não viu, por estar de noite, mas o rosto de Mônica corou. Ela já ia protestar alguma coisa, mas ele já tinha sumido de suas vistas.

Mônica torceu para que Magali não tivesse ido longe.

[...♥...]

Magali andava pela floresta sem rumo. Ela não queria se afastar muito do acampamento, mas precisava ficar em algum lugar sozinha para pensar. Ela se sentia arrependida por todas as escolhas que tinha feito aquele ano. Não sabia como reparar seus erros, e muito menos se devia. Contar para Cascão a verdade, ou até mesmo terminar com ele, seria a decisão mais sensata, ela sabia. Mas só de imaginar o sofrimento que podia causar no amigo, doía seu coração. Ela não queria perder a sua amizade.

Tudo parecia estar dando errado na sua vida. Não era culpa de Do Contra, nem de ninguém, mas sim da sua covardia. Da sua mania de tentar proteger os outros da verdade. Ele estava certo, Magali só poderia ser feliz no dia que resolver ser sincera com as pessoas.

Apesar de estar completamente sozinha, Magali ouvia barulho de outros insetos, principalmente dos grilos. Ela sentia as folhas molhadas, quando toca nelas, havia árvores iguais por todos os lados que olhava, só aí que ela percebeu, que tinha andado de mais. Estava completamente escuro, e ela não sabia mais por qual direção tinha andando.

O pânico subiu, e ela começou a sentir medo pela primeira vez aquela noite. A sorte é que já estava bastante tarde, e em poucas horas o céu iria clarear, mas também não queria passar a madrugada inteira naquela floresta. O que o professor iria dizer?

Ela pensou em gritar, mas talvez fosse uma péssima ideia. Ela não sabia que tipos de animais poderia ter ali. Resolveu se encostar em uma arvore, e ficar quieta, até criar coragem para poder tentar achar o acampamento.

Ali perto, Do Contra andava iluminando seu caminho com a lanterna do celular, que diferente de Magali tinha levado com ele no bolso.

— Onde se meteu essa garota? Magali!

Andando mais um pouco ele a avistou.

A luz quase fez o coração de Magali pular pra fora. Ela tomou um susto, mas ao ver Do Contra se aliviou.

— DC!

— Ah graças a Deus...

Magali foi ao encontro de Do Contra e ele fez o mesmo, mas no caminho parou. Seus olhos se abriram, e ele tinha uma expressão de terror. Colocou a mão na frente, e impediu Magali de continuar andando.

— O que foi?

— Shhh fica quieta.

Com confusão no olhar, Magali obedeceu. Ela viu Do Contra olhar fixamente para o chão atrás dela. Curiosa, ela virou a cabeça, e ao se deparar com uma cobra-cipó-marrom, teve a mesma expressão de medo que o moreno.

— Do Contra! – ela olhou desesperada para ele.

— Calma, calma... não se mexe...

Com a respiração acelerada, Magali continuou imóvel no mesmo lugar. Do Contra com muita habilidade, se abaixou e pegou o primeiro pedaço de pau que encontrou ao seu lado.

A cobra que até então estava parada, começou a deslizar pelo chão, lentamente.

O medo de Magali aumentou ainda mais.

— Do Contra, eu to ouvindo ela se mexer! Ela tá vindo pra cá?

— Calma, Magali!

— Ela tá vindo pra cá?!

Do Contra não respondeu, ao ver que a cobra estava indo em direção a comilona, lançou o pedaço de pau em sua direção, e agarrou o braço de Magali. Os dois saíram correndo imediatamente em alta velocidade.

Ao avistar o acampamento, eles pararam, e olharam para trás. A cobra já não era mais vista e eles apoiaram as mãos nos joelhos, suando e respirando alto.

— Eu... te avisei – ele disse.

— Nossa, achei que ia ser picada a qualquer momento...

— Deveria! – ele disse ao se recompor. – Magali, você perdeu a noção do perigo? Estamos em um acampamento, no meio da floresta. O que você achou que iria encontrar por aqui? Pandas?

— Desculpa... desculpa DC... eu devia ter te escutado. Sério, foi mal. Eu só queria andar um pouco por ai.

— Andasse pela praia de manhã. Caramba, você quase me matou de susto.

— Foi mal...

— Sorte que eu nunca te dou ouvidos e cheguei a tempo. Enfim, vamos voltar, já chega de aventuras pela floresta hoje.

— É, vamos...

Magali estava envergonhada, por isso não disse nada por todo o caminho. Do Contra também não disse nada. Quando avistaram as barracas, Magali criou coragem para agradecer.

— Obrigada por ter ido me buscar. Eu... não sei o sei o que teria sido de mim se você não tivesse aparecido naquele momento.

— Não precisa agradecer, só... não faz isso de novo, valeu?

Ela assentiu com a cabeça, com um meio sorriso.

— Do Contra – ela o chamou quando ele se virou para ir embora. – Desculpa.

— Magali, tá tudo bem. Já estamos aqui, não estamos?

— Não é por isso – ela encarou o chão por alguns segundos e depois para ele outra vez. – Desculpa por tudo. Pela discussão de hoje, pelos ciúmes... eu sei que eu não devia... me sentir assim. Afinal, eu já não tenho mais nada a ver com a sua vida.

Do Contra não soube o que dizer por alguns instantes.

— Então você admite...

— O que?

— Que sentiu ciúmes.

— Admito. Sentimentos não evaporam com tanta facilidade. Infelizmente.

— Infelizmente – ele concordou.

O silêncio pairou no ar mais uma vez. Em uma situação dessas, algum tempo atrás, Do Contra já teria puxado Magali pra um beijo, vê-la admitir que ainda sente ciúmes dele, era bom demais pra ser verdade. Porém, ele prometeu pra si mesmo que não tentaria esse tipo de coisa novamente.

— Bom eu vou dormir. Boa noite, e obrigada mais uma vez.

Ele respondeu com um aceno com a cabeça e os dois entraram em suas barracas, mas dormir foi a última coisas que eles conseguiram fazer aquela noite.

[...♥...]

Na manhã seguinte, os alunos acordaram com disposição para novas atividades. Marina estava certa quando disse que Cebola e Cascão no final iam acabar curtindo a ideia do acampamento, pois já levantaram perguntando o que iriam fazer naquele dia.

Enquanto uns estavam cheios de energia, outros acordaram quase exaustos. Magali e Do Contra foram um deles. Eles não paravam de bocejar devido ao horário que tinham ido dormir. Até o professor pareceu notar.

— Tá tudo bem Magali? Parece indisposta hoje – ele perguntou enquanto os alunos se preparavam para voltar a praia.

— Não consegui dormir direito essa noite, professor... – ela respondeu, arrumando a mochila.

— Eu vou levar os alunos pra tomar um banho de mar, as atividades só vão começar mais tarde, se você quiser, pode ficar aqui tomando conta das barracas.

— Sério, professor?

— É, eu já pedi o mesmo pro Mauricio, ele também não parece estar a fim de ir com a gente.

— O Do Contra? – Magali pareceu desanimar no mesmo momento. Ela achou que iria ficar sozinha, mas isso não ia acontecer.

— Bom, vamos indo. Qualquer coisa que precisar já sabe o caminho da praia.

— Sim. Obrigada professor.

Cascão que estava conversando com Cebola, não tão animado com a ideia de dar um mergulho na praia, foi na frente, e não percebeu que Magali tinha ficado no acampamento. Marina foi com Franja, e também não se deu conta que Magali preferiu ficar.

Do Contra estava deitado, sem camisa e com óculos escuros, em uma das cadeiras de praia ao redor do fogo apagado. Ele estava tão cansado que nem percebeu que não era o único ali.

Julia voltou para pegar seu bronzeador e não pôde deixar de ir até o moreno.

— Sério mesmo que você vai perder esse sol maravilhoso e ficar aqui? – ela perguntou próximo ao seu ouvido.

Magali vendo aquela cena tentou ignorar.

Do Contra respondeu alguma coisa, qual a comilona não conseguiu entender. Julia então saiu e foi atrás dos demais.

— É assim que você toma conta das coisas? Dormindo? – Magali soltou, fazendo o moreno abrir os olhos.

Ele levantou a cabeça, mas ao ver Magali, voltou a se deitar.

— Acontece que por culpa de alguém eu passei a noite no meio da floresta, e agora estou morrendo de sono. Toma conta você.

— O professor só deixou que ficássemos aqui pra vigiar as barracas, e você só foi atrás de mim por quis, eu não te obriguei.

— Passou o susto, esqueceu o meu bom ato.

— Eu já te agradeci, ok? O que mais você quer?

— Que você me deixe dormir – ele disse simplesmente.

Magali revirou os olhos, e foi até a sua cadeira, ler um livro.

[...]

Passando-se meia hora, Magali voltou a encarar Do Contra que continuava na mesma posição de antes. Ela aproveitou seu sono profundo e se levantou da cadeira, deixando seu livro de lado. Sem saber por que, se aproximou do moreno, abaixando-se ao seu lado. Sua expressão era serena, e isso a fez com que abrisse um leve sorriso.

Tinha tantas coisas que ela sentia vontade de dizer a ele. Mesmo depois de tudo, Do Contra ainda demonstrava algum tipo de afeto por ela. Magali sabia que ele gostava dela, mas sabia que aquilo um dia ia acabar. Todo aquele sentimento que ele sentia por ela poderia ser esquecido se ela continuasse insistindo nas próprias mentiras.

Não tinha um dia sequer que Magali não pensasse nele. Fazia tempo que Do Contra começou a fazer parte de um dos seus pensamentos mais constantes. Ela pensava em tudo que tinha vivido com ele. Dos beijos, dos encontros, da sua primeira vez. Até das brigas. Sempre que ele aparecia, sempre que ele estava por perto, Magali sentia as mesmas sensações de sempre. Aquilo nunca ia mudar. Pois já tinha passado tempo suficiente, e ela continuava se sentindo da mesma maneira.

Magali não percebeu, mas estava prestes a tocar no rosto do moreno, mas não deu tempo. Do Contra que não estava dormindo desde o momento em que ela se aproximou dele, levou a mão até os óculos escuros e os retirou, com o olhar fixo na comilona.

— Você quer me dizer alguma coisa?

Ela não soube o que fazer. Sentiu-se como alguém que é pego em flagrante.

— Ahm... e-eu só queria... saber se você estava dormindo mesmo... é isso – ela se levantou rapidamente, mas Do Contra foi mais rápido e a segurou.

— Você ficou todo esse tempo aqui pra saber se eu estava dormindo?

— Aham – ela assentiu com a cabeça.

— Magali, para de mentir pra mim. Para de mentir pra você.

— E-eu não sei do que você tá falando, DC. Eu só...

— Admite que você ainda gosta de mim.

A comilona engoliu em seco. Por que ela não poderia ter continuado lendo seu livro quieta? Por que foi inventar de ir ficar observando Do Contra dormir?

— DC... você prometeu... que não ia mais me pressionar.

— Não estou te pressionando. Só estou te fazendo uma pergunta.

— Eu não quero responder as suas perguntas!

— Por que não?

— Porque não!

— Por que é tão difícil pra você de admitir o que sente? Por que você estava me assistindo dormir? Por que ainda sente ciúmes de mim? Fala logo de uma vez e acaba logo com isso!

— Porque eu gosto de você, Do Contra! – ela respondeu, alterada. – Taí! Era isso que você queria ouvir?

— Era... - Do Contra soltou seu braço para tocar em seu rosto.

— Eu gosto de você – ela se afastou, impedindo que ele tentasse qualquer coisa. – Mas eu ainda sou comprometida com o Cascão.

— Você não é comprometida com o Cascão! Vocês são amigos de infância! Você sabe, eu sei, todo mundo sabe, agora só falta ele entender isso! E ele só vai entender quando você abrir o jogo, Magali!

— Eu não posso...

— E você acha justo continuar esse relacionamento, sem sentir o mesmo? Isso não é certo com ele, e muito menos com você!

— O Cascão está muito frágil, DC. Ele precisa de mim porque...

— Magali – Do Contra suspirou e se aproximou mais uma vez dela. – Ele não precisa de você. Você não é o anjo da guarda do Cascão. Sou eu quem precisa de você agora.

A comilona levantou a cabeça e olhou nos olhos do moreno. Eles se encararam até o desejo falar mais alto. Do Contra então segurou o rosto de Magali prestes a tocar em seus lábios mas foi impedido, ao ouvir gritos de pessoas se aproximando do acampamento.

Magali se afastou depressa do garoto, sem saber o que estava acontecendo.

Viu o professor carregando um corpo, acompanhado de todos os outros alunos.

Ao reconhecer o corpo de Cascão, inconsciente sendo trazido pelo professor nos braços, o mundo Magali girou. Seus olhos se arregalaram e seu coração passou a bater ainda mais forte do que quando estava com Do Contra segundos antes.

Ela começou a entrar em desespero a única coisa que se viu fazer foi perguntar várias vezes o que tinha acontecido com Cascão. O professor pedia calma, principalmente para Magali que agora estava chorando.

— Parece que ele esqueceu de tomar a insulina! – ela ouviu Cebola dizer.

— E também saiu daqui sem tomar café! – disse Mônica.

Essas foram as únicas coisas que Magali ouviu, depois, tudo ficou em silêncio. Ela só rezava para que a ajuda que eles pediram chegasse a tempo.

Magali e Do Contra se entreolharam por poucos segundos durante aquela confusão. Mas aquele olhar já dizia tudo. A culpa que Magali estava sentindo era nítida. E ele não podia negar, que também estava sentindo o mesmo.