love.

Chapter 35: Stay


Not really sure how to feel about it
Something in the way you move
Makes me feel like I can't live without you
It takes me all the way
I want you to stay

Eu queria ficar. Eu queria que você ficasse. Mas nenhuma dessas é a melhor opção.

— Magali. Jul10

[...♥...]

~ Campinho / 14:17 ~

— Magali! Magali! Aqui! – Marina berrou o mais alto que podia de uma das altas arquibancadas. A comilona ouviu mesmo no meio de tanta gritaria, olhou pra cima e viu a desenhista acenando freneticamente. Subiu, pedindo inúmeros ‘licenças’.

— Demorei? – ela perguntou sorrindo ao se sentar perto da amiga.

— Achei até que não viesse mais.

— Não exagera só levei dez minutos pra chegar aqui.

— Bom, o importante é que você veio... – disse Marina animada. – O jogo já vai começar.

— Cadê a Mônica? – Magali olhou em volta. – Será que ela vem?

— Deixa a Mônica, amiga. Se concentra no seu namorado, quer dizer, nos seus dois namorados.

— Que dois, Marina? – disse a comilona já se irritando. – Já falei pra você que o DC não é nada meu.

— Desculpa, é o costume... – sorriu ela.

— Ok, esquece isso, olha lá eles vão entrar...

A morena lutou muito pra criar coragem de ir nesse maldito campeonato. Antigamente ela era uma das pessoas que mais fazia questão de estar presente nesses eventos, principalmente porque o time era formado por todos os seus amigos. Mas só de pensar que ela ia ter que assistir Do Contra jogar pelos próximos noventa minutos, era o bastante para lhe deixar desanimada. É claro que ela podia focar em outras pessoas, como por exemplo, seu namorado Cascão, mas teve experiências suficientes pra saber que não ia conseguir.

O jogo começou depois do apito do juiz.

Todos estavam lá, inclusive Quim, no banco de reserva. Ela percebeu que ele estava bem mais magro desde a ultima vez que tinha o visto. Talvez estivesse doente, ou quem sabe ele apenas estivesse a fim de ficar mais bonito para pegar outras loiras como aquela horrorosa do show, Magali pensou.

Cascão apesar de estar melhor do acidente, não pôde participar, mas queria assistir, se sentando perto do técnico e dando dicas e conselhos para quem estava de reserva. Eles não podiam perder aquele campeonato, mas Titi tinha quase certeza que iam, sem Cascão ali.

Do Contra tentou ignorar completamente a presença do sujinho, apesar de estar um pouco arrependido do que tinha feito com ele na escola alguns dias atrás, não conseguiu perdoar o fato dele estar namorando com Magali. O garoto por outro lado tentou conversar com o moreno diversas vezes, pra que ele ao menos lhe explicasse o motivo de ter lhe agredido, mas Magali o convenceu que era melhor deixar pra lá, e Cascão não o procurou mais. Agora, os dois estavam sem se falar completamente, assim como Mônica e Magali.

A dentuça já não chorava mais a perda da amizade de sua amiga, e muito menos a do ex-namorado. Ela não se isolou de ninguém, muito pelo contrário, estava andando com pessoas novas, de outras turmas, mas não deixava de falar com suas outras amigas. Ela não tinha superado ainda, mas tentava todo dia se recuperar aos poucos. Tentava não pensar muito no assunto, apesar de ser quase impossível por ver aqueles dois todo santo dia, e também tentava não ficar se perguntando se eles estariam juntos. Na sua cabeça, ela tinha certeza que sim. Provavelmente Magali estaria fazendo com Cascão, a mesma coisa que Do Contra fez com ela. Porém, ela decidiu que não ia se meter, pois se Magali realmente tivesse traindo o seu amigo, seria melhor que o sujinho descobrisse por conta própria.

— ISSO FRANJA! – gritou Marina dando pulinhos nervosos quando seu namorado deu um passe bem sucedido para Jeremias.

— Se controla, amiga – riu Magali, a única que resolveu continuar sentada.

— Cala boca, e levanta! – ela disse puxando a comilona. – Sinceramente sem o seu namorado eu acho que eles não vão conseguir...

— Não fala besteira... os meninos são bons com ou sem o Cascão.

— Se você estivesse assistindo o jogo direito talvez mudasse de ideia.

A morena tentou focar nos garotos e pelos poucos minutos do que viu, eles realmente não estavam se saindo nada bem. O segundo tempo já tinha começado a poucos minutos, uns suavam a beça, com expressões preocupadas no rosto. Cascão sentado parecia furioso, e só ali ela teve certeza que talvez aquela vitória eles não levassem pra casa.

[...♥...]

Muitos minutos depois, o segundo tempo chegou ao final com empate. Os corações de quem torcia pelo Limoeiro Futebol Clube estavam apreensivos. Apenas com o pênalti eles poderiam ganhar.

Magali que no começo do jogo não estava ligando muito, pareceu ter esquecido um pouco dos seus problemas e passou a compartilhar o medo e a angustia com o resto dos torcedores ali presentes.

O primeiro time conseguiu apenas dois. Depois, seguiu para o Limoeiro.

— Calma, eles nunca erram nos pênaltis, vai dar tudo certo – Marina disse, e Magali sorriu.

Porém, o sorriso logo desapareceu quando ela viu quem seria o jogador que iria marcar.

Do Contra respirou fundo e foi para o ponto, tocando na bola em seguida. Ele não estava confiante. Sua cabeça parecia estar em outro lugar, em outra dimensão, só o fato de saber que ela estava ali em algum lugar daquelas arquibancadas, sua concentração foi embora.

Eles escolheram o moreno pelo simples fato de que ninguém ali queria se responsabilizar pela derrota. E como todos já estavam careca de saber que Do Contra não estaria nem um pouco se importando de levar a culpa, não foi problema.

Ele conseguiu marcar dois pênaltis, mas também errou dois, o ultimo seria o decisivo. Ele não sabia o motivo, mas estava nervoso.

Lá de cima, o coração de Magali, disparou, e ela inconscientemente se pegou murmurando por ele.

— Vai DC... – seus olhos não desgrudaram do moreno por nada, foi como se estivesse em transe. O mesmo transe que ficava quando eles estavam perto demais. – Vai DC... – as mãos da comilona gelaram quando ele se afastou dois passos, fazendo menção de que ia chutar a bola. Ela sabia que ele ia marcar, ela tinha que marcar... – VAI DO CONTRA!

Apesar de estarem no campinho, a voz de Magali foi alta o suficiente para que todos a ouvissem e olhassem para ela, inclusive o próprio Do Contra. Ele se virou e viu a comilona. Eles trocaram olhares por míseros segundos, e o moreno voltou a focar no gol, chutando a bola em seguida.

Os gritos pareceram chegar aos ouvidos do garoto antes mesmo da bola chegar à rede. Sem nem dar tempo de avaliar o que tinha acontecido, ele foi arremessado ao chão por seus amigos que pularam em cima dele.

Magali sorriu ao mesmo tempo que suspirou aliviada. Do Contra tinha marcado. Ele tinha conseguido. Quando se virou para Marina para abraça-la, seu olhar de, ‘precisamos conversar’ ficou estampado, mas ela ignorou completamente e pulou em seus braços. As duas se abraçaram felizes e começaram a pedir licença para descer.

O jogo já tinha terminado, mas com certeza ia ter comemoração.

— Seu babaca! Eu já tinha me acostumado com a ideia de que estávamos f...

— Eu também – Titi interrompeu Xaveco do meio do palavrão e bagunçou o moicano do moreno. – Você salvou nossa vida, cara. E olha que durante essa performance desastrosa que você deu no jogo eu achei que realmente nós íamos ter que fugir dos torcedores.

— Só eu né? - Do Contra revirou os olhos e se jogou água da garrafa.

— Você tá reclamando de barriga cheia, Titi! – disse Jeremias. – Até que nos saímos bem, você sabe que não treinamos o suficiente por causa do acidente do Cascão. Ainda sim ganhamos!

— Já falando mal de mim é? – o sujinho apareceu atrás dos garotos sorrindo.

— E ai cara? O que achou? – perguntou Xaveco.

— Foi péssimo – respondeu ele. – Mas graças ao DC, conseguimos hoje... Parabéns – disse Cascão, sério.

Do Contra que estava sentado, olhou também sério para o moreno e apenas balançou com a cabeça.

— Esse foi pior jogo da minha vida – disse Titi. – O que eu quero saber é quando você vai poder jogar de novo Cascão, porque sem você, já sabe...

— O Cascão sofreu um acidente, Titi! – protestou Cebola, jogando sua camisa no ombro. – Quantas vezes a gente vai ter que repetir pra você? Ele não podia e nem pode jogar bola ainda.

— Sofreu porque foi burro! Quem manda ficar bêbado em época de campeonato?!

— Cala boca seu dentuço!

— Do que você me chamou troca-letras? – Titi arregalou os olhos e aproximou do careca.

— Calma Cebola, e fica na sua ai Titi – disse Cascão entrando no meio dos dois. – Galera, eu sei que vocês estão chateados comigo, sim, eu errei tá? Foi mal. Prometo que isso não vai mais acontecer, mas já acabou. Nós ganhamos. E relaxa Titi, que eu já estou melhorando e vou estar muito bem presente nos próximos jogos. Agora é hora de comemorar, não acham?

— No seu caso, bebendo e se jogando na frente de um carro, eu imagino – disse Titi tirando a camisa e se afastando.

— Se quer mesmo saber, eu vou ficar com a minha namorada... falar nisso, cadê a Magali?

Do Contra fingiu que não ouviu nada e se afastou com Titi também.

[...♥...]

— Anda, amiga não custa nada...

— Eu já disse que prefiro evitar ficar no mesmo ambiente que o DC, Marina. Não rola, nem adianta insistir.

As amigas estavam na saída do campinho, e a desenhista tentava convencer a morena a ficar para comemorar com os amigos na lanchonete do bairro como eles sempre faziam no final de um jogo. Mas ela repetia mil vezes que não queria ficar perto do moreno, ainda mais depois do mico que tinha pagado depois de berrar o nome dele pra todo mundo ouvir.

— É sério mesmo que você vai ficar nessa? Foi você quem resolveu continuar namorando com o Cascão, e foi você quem decidiu terminar sua história com ele. Agora vai ter que aturar a presença do garoto. Ele estuda e mora no mesmo bairro que você.

— E é exatamente por isso que eu quero evitar os lugares que eu sei que pode estar. Me deixa ir pra casa por favor!

— O que você vai falar pro Cascão? Ele vai perguntar onde você foi.

— Diz que eu fiquei com dor de cabeça por causa desses gritos todos e que eu fui descansar em casa.

— Você sabe que ele provavelmente vai te perguntar o que foi aquilo mais cedo né? Você gritar o nome do DC...

— Foi tão alto assim? Você acha que ele ouviu? Pior, você acha que o DC também ouviu? – Magali perguntou visivelmente preocupada.

— Amiga, não só eles como todo o campinho...

— Ai meu deus... – disse com a mão na testa. – Mais um mico pra minha coleção... A Mônica... s-será que ela ouviu também?

— Não sei, eu não vi ela até agora... talvez nem tenha vindo, relaxa.

— Duvido que ela ia perder esse campeonato. Apesar dela ter se afastado um pouco da turma, eu sei que ela não ia deixar de vim...

— Tudo bem, mas não se preocupa com ela agora. Vamos pra lanchonete comigo, vai?

— Já disse que não! Olha lá, os garotos já estão vindo pra cá, me solta Marina, eu tenho que ir pra casa!

A desenhista tinha agarrado o pulso da comilona, e não soltava. Magali estava muito estranha, desde o dia que ela tinha ido na casa de Do Contra contar que realmente estava com Cascão. Depois disso eles não se falaram mais, e nem se olhavam. Talvez aquela tarde quando trocaram olhares foi a primeira vez em dias.

— Vem cá. – Marina puxou a morena para um canto, atrás das arquibancadas onde ninguém as visse, e a encarou seriamente. – O que tá acontecendo com você?

— C-como assim?

— Tudo bem você querer evitar o DC agora que você resolveu ficar com o Cascão de verdade, eu até entendo. Mas parece até que você está com medo dele... sei lá. Eu nunca te vi assim.

— Q-que imaginação, Marina... – ela tentou rir, e desviou o olhar. – Nada a ver.

— Tudo a ver, Magali. Sério, me conta o que aconteceu entre vocês... o que rolou na casa dele naquele dia pra você querer ficar tantos metros longe dele?

Magali suspirou, baixando a cabeça.

— Tudo bem... eu vou te contar. Na verdade eu prometi que não ia falar nada disso pra ninguém. Foi o que a gente combinou, quer dizer. Mas... acho que vai ser bom te contar.

— Ok, vamos pra minha casa?

— Não, pra minha. Se o Cascão aparecer lá, eu já uso a desculpa que você veio cuidar da minha dor de cabeça.

— Você e suas mentiras, quem diria que hoje em dia a nossa Magali seria uma das mentirosas mais convincentes do bairro – disse ela rindo. - Deveria fazer par com a Denise.

— Ah, cala essa boca... – ela riu também e as duas seguiram para a casa da comilona.

[...♥...]

Chegando no quarto da morena, Marina já sentou na cama esperando que ela dissesse tudo de uma vez, mas não foi o que ela fez. Magali precisou de alguns minutos pra criar coragem de contar o que aconteceu. Estava nervosa, como antes.

— E ai? É pra hoje?

— Promete que essa conversa não vai sair daqui?

— Sério mesmo que preciso prometer isso? – ela levantou uma sobrancelha, ofendida.

— Precisa.

— Ok, ok. Prometo. Agora me fala.

A comilona respirou fundo e os flash começaram aparecer na sua memoria.

[...♥...]

~ Onze dias atrás ~

Magali observou as costas do moreno por um bom tempo, até começar a se vestir. Colocou a sua calça jeans, e vestiu a camisa da escola. Se levantou para calçar os tênis, mas foi naquele momento que Do Contra se sentou na cama. Ele não parecia sonolento, muito menos com cara de quem tinha pegado no sono. Estava bem aceso. Ouviu cada movimento que ela fez, mas não queria falar nada.

Eles se observaram por um tempo, calados.

O que tinha acontecido ali, era pra ter sido um momento mágico, para ambos. Mas não foi.

— Te acordei? – ela voltou a calçar os tênis.

— Não estava dormindo.

— Ah...

— Já vai?

— É, eu... vim direto da escola pra cá... minha mãe deve tá preocupada.

— O Cascão também, imagino... – ele voltou a se deitar com as mãos atrás da cabeça.

— Do Contra... – ela se levantou da cadeira se aproximando dele.

— Foi mal. Saiu sem querer.

Magali sentou na beirada da cama e continuou observando-o. Ele olhava para o teto, pensativo. A primeira vez dela tinha sido realmente com ele. Mas por que não se sentia feliz? Talvez a resposta fosse porque ele sabia que no momento em que ela saísse do quarto, aquilo nunca ia ter acontecido.

— Como você tá se sentindo? Desculpa, eu nem perguntei...

— Estranha.

— Estranha ruim?

— Estranha... eu não sei definir.

— Foi bom pelo menos?

Ela afirmou com a cabeça, sorrindo fraco.

— Mas não foi como eu pensei que seria.

— Se decepcionou? – ele perguntou, se sentando na cama de novo.

— Não, claro que não... é só que... a vida toda eu pensei que esse momento ia acontecer com o Quim, apenas. Que ele ia ser o meu primeiro e único. Mas depois...

— Depois...?

— Depois que tudo aquilo aconteceu... quando você e eu já tinhamos ficado numa boa... imaginava que um dia pudéssemos virar um casal normal de namorados sabe? Eu tentava não pensar muito, ou falar muito com você sobre isso... a gente podia estar juntos, se encontrando as escondias, mas ao mesmo tempo era como se tivéssemos muito longe. Muito longe de virar um casal.

— É... eu também me sentia assim... na verdade, achei que fosse o único.

— Não, você não era o único. Aquilo estava sendo difícil pra mim, e consequentemente, está sendo ainda mais agora. Eu imaginava que minha primeira vez seria com você, mas de um jeito diferente, em outra situação... não... essa.

— Onde você namora o Cascão, acertei?

— Acertou...

— Magali, você é a única pessoa responsável por ter se metido nisso. Mas tem um jeito de resolver... termina com ele.

— Eu não posso fazer isso DC! – ela disse se levantando, com uma das mãos na testa. – Já te expliquei o motivo.

Do Contra não quis mais opinar, suspirou e começou a se vestir também.

— Ok, eu não vou mais falar nada. O namoro é seu, a vida é sua...

— DC, eu não quero que você...

— Não Magali, não precisa mais dizer nada. Eu sei exatamente o que você quer quando sair desse quarto. Esquecer tudo que aconteceu, e que cada um siga sua vida, não é?

— Eu... – ela não sabia o que dizer. Era claro que em algum momento ela ia precisar mencionar isso, mas não precisou. Do Contra já conhecia a morena há muito tempo pra saber que era isso que ela queria.

— Eu vou fazer isso sim, porque como eu disse antes, eu também cansei. Eu enganei a Mônica por dois meses por sua causa, por causa dessa sua mania de querer poupar os outros da verdade. A verdade doí, mas a mentira ainda mais, e você já sentiu isso na pele. Mas se você quiser continuar enganando o Cascão, que também era o seu melhor amigo, vá em frente, eu vou deixar o seu caminho completamente livre dessa vez. Sem te pressionar, sem correr atrás de você como antes, relaxa, isso acabou. Mas depois que tudo der errado, por vai dar errado, talvez seja tarde demais. Talvez... eu já não esteja mais disponível.

Do Contra vestiu a camisa por fim, e saiu do quarto. Deixando a comilona sem palavras. Ela sabia que estava fazendo uma enorme besteira. Jogando talvez a sua felicidade pela janela de novo, mas não podia voltar atrás. Cascão precisava dela.

Ele precisava dela.

[Fim do Flasback]

[...♥...]

— E foi isso. Já faz mais de uma semana que aconteceu tudo isso e... enfim, você já sabe do resto. A gente nem olha mais um pro outro – Magali terminou a história enquanto estava parada em pé, em frente a janela do quarto.

Marina não tinha dito nada até aquele momento, foi como se estivesse processando tudo.

— Não vai dizer nada? – a morena finalmente se virou para amiga.

— Peraí... quer dizer que vocês transaram na casa dele e ainda sim resolveram continuar como estavam antes, é isso mesmo?

— É, é isso sim... – Magali cruzou os braços, magoada só de lembrar das palavras dura de Do Contra.

— Realmente... eu achei que você não pudesse ser mais burra, mas estava enganada...

— Marina! Você vai mesmo me insultar?

— O que você espera mais que eu diga? Que você está coberta de razão? Foi sua primeira vez não foi?

— Você sabe que sim... – murmurou ela, baixando o olhar.

— Então! Isso só prova o quanto você gosta dele, gosta não, ama! Vocês já deixaram de se gostar há muito tempo! E mesmo depois de tudo, você coloca um sorriso falso no rosto quando encontra o Cascão e finge que é com ele que você quer ficar? Pro seu melhor amigo, Magali?!

Magali continuou olhando pra baixo, envergonhada.

— Você não tem noção do quanto isso é cruel? Brincar com os sentimentos alheios desse jeito? Você já perdeu a Mônica, você quer perder o Cascão também?

— É claro que não, Marina! – se exaltou ela. – Vira essa boca pra lá! Eu tô fazendo de tudo pra gostar do Cascão como ele merece, só que...

— Só que você não vai porque essas coisas quem decide não é você! Termina com esse garoto, diz que prefere que as coisas sejam como antes, e vai ser feliz com o DC! Magali, ele te a...

— Para Marina! Para! Olha só... você veio aqui, porque queria saber do que tinha acontecido naquele dia, eu te contei tudo. Agora para de me dar sermão, eu já tô com problemas de mais.

— E vai arranjar mais um depois de hoje, né? Ou você acha que alguém do bairro vai esquecer do que você fez?

— Ai não me lembra desse mico... – Magali se jogou na cama com as mãos no rosto.

— Mico mesmo. O que será que o DC pensou depois disso? Meio que ele acertou o pênalti depois que você gritou o nome dele... será que isso serviu de algum estimulo pra ele?

— Não sei e não quero saber... o que eu fiz foi um impulso, eu não sei o que deu em mim...

— Mas eu sei.

Magali tirou uma das mãos do rosto para olhar para a desenhista.

— E você também sabe, só não quer ouvir... muito comovente a sua história, mas eu vou embora.

— Peraí, você me deixar sozinha? – ela disse se sentando rapidamente.

— Claro, eu tenho uma comemoração na lanchonete para estar. E outra, eu achei que o que tinha acontecido, fosse uma coisa que não tivesse na cara.

— Tipo?

— Tipo sei lá... você descobrir que ele estava te enganando esse tempo todo com outra garota, ou quem sabe... ele dizer que na verdade é apaixonado pela Denise.

— É melhor você ir mesmo, já tá começando a falar besteira.

— Relaxa amiga, você sabe que ele só tem olhos pra você... quer dizer... por enquanto.

— Sai daqui Marina! – Magali jogou uma almofada em direção a desenhista, mas errou e ela saiu do quarto rindo.

Magali suspirou pesado e fechou os olhos. Será que Marina estava certa? Será mesmo que Do Contra se esqueceria dela assim tão rápido?

— Mas também se esquecer... vai ser até melhor... eu acho – ela pensou, exausta.