love.

Chapter 35: Needed Me


♫ You needed me
To feel a little more, and give a little less
Know you hate to confess
But baby ooh, you needed me ♪

"Eu sei que você ainda precisa de mim o quanto eu ainda preciso de você.

— Do Contra. Jul13

[...♥...]

~ Entrada do Colégio Limoeiro / 07:28 ~

Magali observou com os braços cruzados os ônibus estacionarem em fileiras, enquanto ouvia gritos dos professores e reclamações de alunos sonolentos.

— E eu achando que finalmente estaríamos livres desses passeios quando chegasse no terceiro ano – comentou Cascão com a cara amarrada ao lado dela.

— Eu não me importo – disse Marina sorrindo. – Sempre gostei de viajar com a escola.

— Marina dá um tempo, eu tô de mal humor, a ultima coisa que eu preciso é de gente feliz perto de mim.

— Aposto que se a Magali tivesse feliz com essa viagem, você também estaria – retrucou ela dando lingua ao sujinho.

— Mas ela não está, por isso a gente se completa – Cascão abraçou a comilona por trás que até aquele momento não estava prestando atenção em nada do que os amigos conversavam.

— Hã? Que?

— Parece que ela já começou a viagem sem a gente Cascão – brincou Marina.

— Magali, você tá bem? – perguntou o moreno preocupado.

— Tô sim, por que?

— Sei lá, ultimamente você tá sempre no mundo da lua. Quase nunca ouve o que a gente fala...

— Ah... desculpa Cas, eu... tô aqui imaginando como vai ser o passeio só isso.

— Vai ser ótimo! – disse Marina animada, fazendo Cascão revirar os olhos. – Soube que vai ter vários jogos e...

— Jogos?! – Cebola apareceu atrás da desenhista, perplexo. – Ah era só o que me faltava! Não só vou ter que passar o pouco tempo de férias que nos resta enfiado em uma floresta, agora vão obrigar a gente a brincar?

— Obrigado careca – disse Cascão batendo nas costas do amigo. Finalmente alguém pra compartilhar seu desanimo, já que a própria namorada parecia estar em outro planeta.

— Deixem de frescuras vocês! – disse Marina. – Aposto que no final, os dois vão gostar tanto que vão até se arrepender das besteiras que estão falando.

— Duvido.

— É acampamento Marina! Acampamento escolar nessa altura do campeonato! Não temos mais dez anos! – disse Cebola.

— Concordo com ele, fofa – disse Denise, que estava do lado do careca o tempo todo mais ninguém notou. – Além do mais acampamento é uó. Dormir naquelas cabanas super-mega apertadas, mosquitos querendo sugar até a sua alma, sem falar que não tem nem banheiro.

— Ai desisto de vocês... – Marina levantou os braços e foi pra perto de Franja que parecia também animado com a ideia do passeio.

— Se bem que... dormir em uma cabana apertada com você não ia ser tão mal assim... – disse Denise sorrindo maliciosa para o careca que logo corou por seus amigos estarem do lado.

Magali e Cascão vendo aquela cena, reviraram os olhos.

— Agora falando sério – o sujinho disse baixo no ouvido da comilona, aproveitando que ainda a abraçava por trás. – O que tá passando por essa cabeça ai que você não quer me contar?

— Já disse que só tava pensando nessa viagem. Nada de mais.

— Magali, você tá assim há dias, e eu te conheço o suficiente pra saber que alguma coisa tá te incomodando. Você tá estranha.

— Eu sou estranha – brincou ela, olhando pra frente.

Cascão riu fraco pelo nariz, mas não desistiu.

— Fala a verdade, você tá assim porque ainda não se acostumou com a ideia da gente junto não é?

Com aquela pergunta, Magali saiu do abraço do sujinho para poder olha-lo nos olhos.

— Claro que não Cascão, que besteira é essa?

— Só falo o que eu vejo, oras... eu sei que deve ser difícil, ninguém ainda se acostumou, nem eu na verdade – ele sorriu, mas ela continuou séria. – Eu só não quero que você fique mal por isso, se preferir, a gente pode até parar de andar de mãos dadas e...

— Cascão, para – interrompeu ela. – Não é nada disso. Podemos continuar andando de mãos dadas, abraçar em público que não tem problema.

— Então qual é o verdadeiro problema?

Magali suspirou e olhou para o lado. Ele não ia desistir. É claro que ela não poderia dizer o que realmente tava se passando na cabeça dela. Justamente porque o motivo ele não ia gostar de saber, e nem poderia saber. Do Contra e Cascão ainda continuavam sem se falar, por mais que o sujinho se perguntasse várias vezes, perguntava até para os amigos, para Cebola (que fugia do assunto sempre), perguntava para Magali de vez em quando, que também fugia, ele continuava sem entender porque Do Contra tinha o agredido naquele dia.

A comilona aconselhou ele a esquecer, e foi o que fez. Agora os dois raramente falavam do moreno. Na verdade, Magali quase não o via direito, só na sala de aula. Quando batia o sinal o garoto desaparecia, ela ficava se perguntando por onde ele andava, mas rapidamente tentava mudar o pensamento. Agora que eles entraram de férias, Magali sabia que ele não ia aparecer. Aquele acampamento era quase obrigatório para todos os estudantes, pois eles teriam tarefas que consequentemente valeria pontos. Mas ela conhecia o moreno, sabia que ele não gostava de participar dessas coisas, valendo a nota que fosse.

Ela resolveu se abrir com o sujinho, pelo menos, se abrir pela metade. Até porque Do Contra não era a única razão da sua tristeza.

— Bom, eu... sinto falta da Mônica sabe?

— Ah... – ele disse com um suspiro. – Você ainda não me disse o motivo da briga... na verdade isso até hoje me deixa confuso. Você e a Mônica deixaram de se falar na mesma semana que ela e o DC terminaram, e ai no meio disso tudo ele vem e me dá um soco... sério, o que tá acontecendo?

— Deixa isso pra lá Cascão eu já disse pra você esquecer o DC – pediu Magali. – E outra coisa, minha briga com a Mônica não tem nada a ver com ele ok?

— Eu sei mas... é que pra mim ainda é confuso. Eu perdi um amigo sem nem saber o motivo.

— O Do Contra tem problemas, vai ver foi por isso que ele a Mônica terminaram.

— Ah não contaria muito isso... – uma voz masculina e muito conhecida soou atrás da comilona que congelou de cima a baixo.

Olhando pra trás, ela deu de cara com o moreno. Ele estava com uma mochila nas costas, e usava as suas roupas de sempre, exceto a camisa, que era a mesma de Magali e do resto dos estudantes ali presentes. A camisa do acampamento.

Magali perdeu a voz. Jamais imaginaria que ele fosse aparecer.

— Surpresa em me ver? – ele sorriu com sarcasmo e ela notou.

— E ai DC... – comprimentou Cascão hesitante.

— Oi Cascão, beleza? – pela surpresa do sujinho Do Contra continuou sorrindo, dessa vez sem o sarcasmo.

— Beleza... achei que você não vinha.

— É, eu não vinha mesmo não. Só que o Nimbus teve a brilhante ideia de contar pros meus pais que esse passeio ia valer nota. E ai eu não tive escolha a não ser aparecer e viajar com meus queridos colegas.

— Logo você que sempre dá um jeito de fugir?

Do Contra acenou para um carro branco ao lado deles e viram os pais do moreno. Cascão logo entendeu e não precisou dizer mais nada.

— Sério que eles vieram te trazer até aqui? – riu o sujinho.

Magali continuava séria, incerta se ficava feliz ou não com a presença do garoto ali. Já era dificil ter que encara-lo na sala de aula, imagina presos numa floresta por uma semana inteira? Ela só esperava que ele não voltasse a forçar a barra, principalmente porque Cascão estaria por perto o tempo inteiro.

— O onibus já abriu pessoal! – gritou uma das professoras. – Vamos todo mundo subindo! Terceiro ano A e B, vocês aqui comigo – disse acenando para a turma de Magali.

Os alunos seguiram a professora até um dos onibus estacionados, e na porta foi anotando o nome de cada um deles pra ver que estavam presentes. Até ela se impressionou quando viu Do Contra ali.

— Que surpresa Mauricio... você geralmente falta todos os passeios. O que aconteceu dessa vez? Seus pais descobriram que valia nota? – riu ela.

— Ha-ha-ha. Bom dia pra você também professora – disse e entrou.

Magali não pôde deixar de sorrir com aquilo. Parte dela estava contente por ele estar ali, mas a outra pressentia que no fim ia acabar mal.

[...♥...]

A comilona passou a metade da viagem sentada ao lado do sujinho, ele não parava de falar sobre inúmeros assuntos com a namorada, mas ela não parecia estar prestando muito atenção nele. Ela sorria, balançava a cabeça, mas no final não conseguia processar o que Cascão dizia. Alguns bancos à frente estava Mônica, sentada perto de Aninha. As duas conversavam animadas sobre alguma coisa que ela queria muito saber. Na verdade, só de estar participando daquele assunto a deixaria feliz. A saudade que Magali sentia da dentuça aumentava a cada dia. E Cascão como melhor amigo (e agora o namorado) percebeu isso.

Durante uma parada para abastecer, todos saíram do veiculo e aproveitaram para esticar as pernas. Magali continuou no mundo da lua, encostada no ônibus, com Cascão ao seu lado.

— Magali!

Por incrível que pareça, dessa vez ela o ouviu e virou a cabeça rapidamente para ele.

— Ah sim o campeonato depois das férias... claro que eu vou Cas!

— Nem precisa fingir que tava me ouvindo que eu sei que não...

Ela não tentou disfarçar e sorriu fraco.

— Desculpa Cas... tô meio distraída hoje.

— Percebi... por que você não tenta conversar com ela? – perguntou ele, sem precisar mencionar quem, ela já sabia que ele estava se referindo a Mônica.

— Conversar pra que?

— Pra ver se vocês se entendem, oras. Já faz um mês que vocês não se falam, isso nunca aconteceu antes.

— É... – Magali queria contar que dessa vez era diferente, e que a briga delas não foi por uma bobagem qualquer. Que a culpada da historia era na verdade ela mesma, e que foi ela quem provocou tudo aquilo.

Mônica que estava ainda dentro do ônibus, desceu apressada, Casão acenou de leve e ela fez o mesmo, mas sem olhar para Magali. A comilona baixou a cabeça e esperou ela sumir para novamente olhar pra Cascão.

— Vai lá, aproveita que ela foi no banheiro.

— Eu não sei se vale a pena, Cascão...

— Seja lá qual foi o motivo por vocês terem brigado, a Mônica já deve estar sentindo a sua falta – disse ele, alisando de leve o rosto da morena. – Eu tenho certeza que ela deve estar querendo fazer as pazes tanto quanto você, mas é orgulhosa demais pra demonstrar.

Magali sentiu seu peito encher de esperanças ao ouvir aquilo. Talvez Cascão estivesse certo. Claro que Mônica ainda estaria magoada, com razão, mas e se... e se ela estivesse sentindo sua falta? Já havia passado semanas, e Magali não estava mais com Do Contra... será que se ela tentasse falar com Mônica, ela a ouviria?

— Acho que... não custa tentar... – disse ela abrindo um meio sorriso.

— Essa é minha garota – ele sorriu de volta e lhe deu um selinho. – Vou ficar te esperando aqui.

Magali se levantou e caminhou até o fundo do posto, entrou no banheiro e viu que estava vazio, mas uma das portas estavam fechadas e ela sabia que era Mônica. Engoliu em seco, e respirou fundo. Suas mãos estavam começando a suar, era a segunda vez que ela ficava nervosa assim antes de conversar com dentuça. A primeira foi quando tentou contar a toda a verdade pra ela sobre o caso que tinha com Do Contra, mas no final não conseguiu.

A porta destravou e Mônica saiu. Assim que deu de cara com Magali, sua expressão de amargura ficou bastante transparente. Elas se encararam por alguns segundos até a dentuça ir lavar as mãos em silêncio.

— Licença.

Ela tentou passar por Magali, mas a comilona ficou em sua frente mais uma vez, bloqueando a passagem.

— Peraí Mônica.... eu... eu vim conversar com você... vai ser rápido.

— Fala – a dentuça cruzou os braços e soltou um ar impaciente pelo nariz.

— Você... ainda tá com raiva de mim, eu sei. Mas eu só queria que...

— Errou Magali, eu não estou com raiva de você. Na verdade, eu não consigo sentir mais nada em relação a você. Já passou um mês, eu segui em frente, e parece que você também já. Agora dá licença que eu quero passar.

— Se você tá falando isso por causa do Cascão, não é bem assim. Eu estou com ele por outro motivo, mas é uma longa história...

— Eu não quero saber o motivo por você está com ele, mas aproveitando que tocou no assunto, eu quero te dar um alerta: o Cascão gosta de você de verdade, e eu sei muito bem que não é reciproco, então se o seu plano é fazer ele sofrer no final, eu te aconselho a terminar esse namoro o mais rápido possível.

— Eu não vou fazer ele sofrer – ela disse, ficando séria.

— Então já sabe o que fazer, se não quiser perder mais um amigo. Isso se você realmente considera ele um amigo né?

— Eu sei que o que eu fiz não tem perdão, eu menti, eu te trai... mas o Cascão não tem nada a ver com isso, deixa ele fora dessa história, Mônica.

— Não posso porque sem querer ou não ele está. Nós duas sabemos que você não sente o mesmo por ele, se eu não me engano vocês começaram a namorar logo depois que ele soube que tinha diabetes... curioso não? – Mônica disse, com sarcasmo. – Se não foi por pena foi porque? Por amor?

— Mônica...

— Eu não quero me meter na sua vida nem da dele, eu só queria que você poupasse pelo menos o Cascão do sofrimento que eu sei que você vai causar nele...como eu sofri por sua causa e do DC.

Sem dizer mais nada, Mônica passou por Magali e saiu.

Com lágrimas nos olhos, a garota não teve outra escolha a não ser continuar no banheiro e esperar a vontade de chorar passar. Ela sabia que tudo o que Mônica disse era verdade. E ela sabia que provavelmente ia causar uma dor parecida em Cascão se continuasse com ele.

Seu maior desejo era que no durante o namoro ela se apegasse a ele, mas isso não estava acontecendo, ela continuava olhando para o sujinho como sempre olhou. Continuava vendo-o como seu melhor amigo de infância e nada mais.

[...♥...]

Mais um hora de viagem, a metade dos alunos dormiam profundamente, alguns casais dormiam abraçados, outros colegas conversavam, outros só ouviam musicas no celular, que era o caso de Cascão. Magali ouvia junto com ele, mas estava prestes a pegar no sono também, quando Cebola apareceu ao lado deles, assustando-os.

— Caraca Cebola, que susto! – Magali disse com a mão no peito, tirando o fone do ouvido.

— Foi mal. Aê Cascão, queria levar um papo contigo sobre um parada.

— Fala ai...

— É particular.

Cascão ia protestar alguma coisa quando Magali começou a se levantar.

— Já entendi, tô saindo.

— Amor, não precisa s....

— Tudo bem Cas, eu vou falar com a Marina, daqui a pouco eu volto.

Ela deu seu lugar a Cebola e ele sentou ao lado do sujinho que não tinha gostado muito da invasão do amigo.

No corredor, ela viu Marina e Franja dormindo em um dos bancos e decidiu não ir até lá. Caminhou até o fundo do ônibus onde tinha espaço suficiente para ela se encostar e ficar olhando pela janela.

Aquele acampamento era longe a beça, ela pensou enquanto olhava a paisagem.

— Sozinha?

Ela levantou o rosto em direção a voz e viu Do Contra em pé com as mãos no bolso.

— Não mais – respondeu ela virando novamente o rosto pro lado, disfarçando o fato do seu rosto ter queimado um pouco só por ele estar ali.

— Pois eu daria tudo pra estar... de preferencia bem longe daqui.

— Fiquei surpresa quando te vi. Achei que não viesse a esses passeios de escola nem sob tortura.

— Agradeça ao Nimbus e a grande boca dele.

— Ele provavelmente ficou preocupado com as suas notas.

— Não estão tão ruins assim..

A comilona soltou uma risadinha pelo nariz e isso foi suficiente pra Do Contra achar que podia se aproximar.

— Eu é que fiquei surpreso quando vi que você entrou no banheiro em que a Mônica estava hoje mais cedo.

O sorriso de Magali murchou e ela encarou o garoto.

— Vocês conversaram? – perguntou, levantando uma sobrancelha.

— Mais ou menos.

— Como assim mais ou menos?

— Trocamos algumas palavras, só isso.

— Pela sua cara, parece que foi bem mais do que só algumas palavras.

Magali respirou fundo e decidiu contar, ela não precisava mentir pra ele sobre aquele assunto.

— Eu tentei conversar, mas ela não quis me ouvir como eu já esperava... e no final ela apenas pediu pra que eu terminasse com o Cascão, porque ela disse que tinha certeza que eu o faria sofrer.

Alguns segundos de silêncio se passaram até Do Contra resolver responder.

— E ela está certa?

Magali suspirou e colocou as mãos no rosto.

— Do Contra, olha só...

— Foi mal, foi mal... eu não vou mais me meter, eu prometi que não ia, esqueceu?

— Ah não? E você conversando com Cascão hoje na porta da escola, o que foi aquilo? – perguntou ela cruzando os braços.

— O que? Não posso? Ele é meu amigo.

— Pode... claro, mas pra mim pareceu mais falsidade do que amizade. Você deu um soco nele quando o coitado tinha acabado de voltar pra escola depois do acidente. Ele nem sabe o motivo de ter apanhado.

— O que passou, passou. Não tem porque ficamos sem se falar pra sempre, até porque eu não tenho mais nada com você, certo?

— Certo.

— Mas pra falar a verdade, eu adoraria ter visto a reação dele quando você gritou meu nome no meio do campinho no dia do jogo... – disse ele, abrindo um sorriso maroto.

Magali arregalou os olhos, entrando em pânico Como assim ele tinha escutado? Ele escutou? Não era pra ele ter escutado!

— Q-quem disse que eu gritei seu nome, garoto?

— Ah não foi você não?

— C-claro que não! Você é cheio de fãs naquele colégio, provavelmente foi uma daquelas meninas.

— É... talvez. Seja quem for, eu deveria agradecer, afinal foi por causa dela que eu consegui aquele gol.

Do Contra sorria olhando o rosto rosado de Magali. Ele sabia perfeitamente que tinha sido ela, a sua voz era irreconhecível. Ele sabia também que não deveria nem estar ali falando com ela, pois ela tinha vacilado e feio com ele. Mas só de ver ela sozinha, pensando na vida, encostada no canto do ônibus, não resistiu. O moreno não era tão impulsivo, mas quando se tratava de Magali, ele era capaz de fazer coisas que só percebia quando já estava feito.

— Bom, eu vou voltar pro meu lugar... o Cascão deve tá me esperando.

Ele fez um movimento fraco com a cabeça e deixou ela passar.

Porém foi o momento mais inapropriado para ela sair do lugar, já que naquele instante o ônibus fez um curva violenta que acabou acordando todo mundo, e desequilibrando todos que estavam em pé.

O moreno não caiu, pois estava encostado na parte de trás de um dos bancos, só que a comilona não teve apoio e com certeza já estaria vendo estrelas se não tivesse sido agarrada pela cintura por ele.

Os dois levaram um susto, ela muito mais, pois aquele movimento fez os dois se aproximarem de mais. O perfume, o toque, as lembranças, tudo veio a tona na mente de Magali. Ele tinha esquecido o quanto ele estava fazendo falta na sua vida. E o quanto ela se arrependia por estar namorando a pessoa errada.

Ela fechou os olhos, se deixando levar.

As mãos de Do Contra ainda estavam segurando-a firme por trás, e ela só queria ele nunca mais a soltasse.

— SAI DE CIMA DE MIM!!

Eles se assustaram novamente com um grito agudo vindo do corredor. Eles se afastaram rapidamente, um pouco constrangidos e foram ver o que tinha acontecido.

Ao chegarem lá, se depararam com Cebola em cima de Mônica, a garota se debatia e o empurrava para que ele saísse. Era exatamente isso que o careca estava tentando fazer, mas o ônibus balançava tanto que ele acabava voltando pra mesma posição em que estava.

Finalmente um dos professores e alguns alunos o ajudaram a levantar.

— Qual é o seu problema moleque?! Não me viu levantar do banco?!

— É claro que eu vi Mônica! Mas você levantou no mesmo momento que eu! Eu tenho culpa que o ônibus deu essa curva?

— Mas você viu que eu ia levantar, era pra você ter esperado!

— Eu tentei evitar que você caísse no chão sua mal agradecida!

— Caindo em cima de mim ao invés disso?

— Chega, chega! Parem os dois agora! – disse o professor. – Viemos aqui pedir desculpa em nome do motorista... apareceu um animal do nada no meio da pista e ele teve que desviar. Agora voltem pros seus lugares que já estamos quase chegando.

— O senhor falou isso meia hora atrás professor – disse Xaveco em algum banco atrás.

— Mas agora é sério, tenham paciência por favor, e sem mais brigas... – ele disse olhando em direção a Cebola e Mônica que voltaram para os seus lugares, irritadíssimos.

— Dentuça, mal agradecida... – resmungou ele ao lado de Denise.

— Careca, troca-letras, tarado... – resmungou ela ao lado de Aninha.

[...♥...]

A viagem durou mais meia hora até chegar ao seu destino. Todos começaram a tirar as bagagens para fora do ônibus e olharam em volta. Eles estavam agora parados em frente a uma floresta.

— É aqui? – Cebola perguntou seguindo-o.

— É sim – disse o professor Rubens. – Venham, vamos entrar.

O alunos do terceiro ano seguiram o professor Rubens e a professora de Educação Física para dentro da floresta, de longe eles podiam ouvir o barulho dos riachos, alguns ficaram animados com a ideia de ter cachoeira por ali perto.

Um pouco mais à frente eles se depararam com uma garota armando uma barraca.

— Quem é essa? – cochichou Marina para Magali que deu de ombros.

— Pessoal, quero apresentar vocês a minha sobrinha Julia. Ela vai ser uma das nossas ajudantes aqui no acampamento.

Julia parecia ter a mesma idade dos alunos, era ruiva, seu cabelo longo era até a cintura e ela usava roupas casuais. Tênis, short jeans e camiseta. Ela era incrivelmente atraente na opinião dos garotos, o que causou um certo desconforto no resto das meninas. Magali era a única que não estava ligando para isso.

— Por favor, a recebam bem.

— Nem precisa pedir duas vezes, professor... – disse Titi sorrindo com malicia e outros garotos perto dele riram.

— Bom, pra quem ainda não sabe, ou não quis prestar atenção nas aulas, o acampamento vai ser sim – ele olhou para Carmem e Denise – aqui no meio da floresta. Então, podem começar a armar as barracas, antes que comece a escurecer. Professora Deise, você me ajuda com a fogueira?

— Claro.

— Vai ser realmente um prazer participar desse acampamento com vocês – disse Julia sorrindo alegremente.

— O prazer vai ser nosso, princesa... – disse um dos garotos beijando a mão da menina.

Foi ali naquele momento que Magali começou a se incomodar, pois o sorriso e o olhar dela estava sendo diretamente para Do Contra.