love.

Chapter 24: Hard To Be Cool


♫ She's like a ten, but better
She leads me on, but I let her
Might be a spring fling heartache headed my way ♪

“Decidi que a melhor maneira de demonstrar que está tudo bem, é permanecer no meu silêncio.”

— Magali. Mai18

[...♥...]

Magali não se lembrava a ultima vez que tinha corrido tanto na vida como aquela noite. O seu gato tinha fugido por causa do cachorro de Do Contra, e agora ela não sabia onde eles tinham se metido. Dava pra notar que ela não estava nos seus melhores dias.

— A gente já procurou aqui! – Do Contra impediu a comilona de entrar novamente em uma das ruas que provavelmente passaram mais de três vezes.

— Mas foi por aqui que eles entraram!

— Magali, a gente não vai encontrar os dois se continuarmos indo nos mesmos lugares – ele segurou o seu braço fazendo ela parar de andar. – Eu sei como os animais pensam. Agora fica tranquila que eu sei qual caminho a gente deve ir agora.

— Você sabe que a culpa disso tudo é sua não é?

— Minha?!

— Claro que sim! Se o seu cachorro não tivesse assustado o pobre do meu Mingau nada disso teria acontecido.

— Acontece que foi por causa do meu cachorro que nós encontramos o pobre do seu Mingau.

— Tá bom DC, tá bom. Não vou discutir com você hoje! Eu só quero encontrar o meu gato e ir pra casa.

A comilona voltou a caminhar com pressa e Do Contra a seguiu.

— Se tivesse me escutado antes já estariamos os dois em casa.

— Vamos combinar que suas ideias não são tão boas assim. Só ia fazer com que perdessemos mais tempo aqui.

— Com o seu gato com certeza não ia funcionar mesmo, agora com o meu Ringo sim. Ele é muito obediente.

— Ah é? Então por que ele não parou quando você comecou a gritar por ele? Ai meu deus... Só consigo pensar no quão apavorado o Mingau deve estar... Não sei como você consegue criar um negocio daqueles em casa.

— Sem ofensas, Magali. Eu não fico falando mal daquele gato pulgento pra você fico?

— Como é? – a morena parou de andar e colocou as duas mãos na cintura, não acreditando no que acabara de ouvir.

Ele não pareceu perceber a indignidade dela, pois continuou andando.

— Do Contra!

— Shhh – ele fez sinal de silêncio com o dedo indicador ao se deparar finalmente com seu cachorro em frente a um muro. Mingau conseguiu escapar pulando para o alto. De lá ele assistia o cão feroz rosnando para ele.

— Mingau! – Magali já pronta para correr até lá, foi impedida rapidamente pelo moreno. – O que você está fazendo DC? Eu vou tirar o meu gato dali!

— Calma! Você quer que eles se assustem e voltem a correr? Eu vou tentar atrair o Ringo pra cá. Fica queita.

Magali fez o que ele mandou e ficou intacta. Do Contra tentou chamar atenção do seu cachorro e inicialmente não conseguiu pois Ringo continuava muito entretido em amendrontar o gato em cima do muro, que naquela altura já não estava sentindo mais tanto medo assim. O moreno então resolveu se aproximar devagar e tentar agarrar a coleira que ele ainda estava usando.

A comilona estava com seu coração na mão, morrendo de medo de dar errado e eles escaparem de novo. Tudo o que mais queria era pegar o seu gato e ir embora dali o mais rápido. Só conseguia pensar no quanto ele estava cansado e provavelmente com fome.

Do Contra deu sorte que Ringo ainda não tinha notado a presença do dono, que acabou se deitando no chão, no minimo para ficar virgiando Mingau. Ele conseguiu pegar a coleira, e agora ele não tinha mais como fugir. Magali soltou um ar de alivio e correu até o muro para tirar Mingau de cima.

— Ah graças a Deus acabou a maratona... – ele disse dando duas voltas na coleira em sua mão para não ter chances do grandão escapar.

— Graças a Deus digo eu... Meu Mingauzinho, você tá bem? – Magali fazia carinho no seu felino enquanto o abraçava. – Esse malvado não te machucou né?

Do Contra começou a rir do festejo que ela fazia por ter o Mingau nos braços. Já tinha cansado de ver aquele gato sumir e voltar diversas vezes por anos, mas Magali parecia não ter se acostumado com isso.

Eles voltaram para onde estavam e Magali seguiu seu caminho para casa, esquecendo-se de agradecer ao moreno pela ajuda, que na cabeça dela não tinha sido ajuda nenhuma.

Mas o que ela não sabia, era que pra ele tinha sido sim uma ajuda, e que não ia embora sem antes conseguir ouvir o que tinha pra ouvir.

— Finalmente em casa.... – ela suspirou, e abriu o portão. Mingau no mesmo instante pulou para fora do colo da comilona e sumiu pra dentro de casa sem nem esperar que ela chegasse na porta.

Ela apenas sorriu feliz, e já estava prestes a entrar também quando deu de cara com Do Contra bem ali atrás dela.

— Ai que susto garoto! – exclamou, com a mão no peito. – O que você tá fazendo aqui? Achei que já tivesse ido pra sua casa também.

— Eu tô esperando um certo agradecimento da sua parte...

— Que agradecimento? Esqueceu que foi por sua causa que o Mingau fugiu de novo?

— Se não fosse por minha causa, você teria espantado os dois de novo.

— Não vou te agradecer pelo seu cachorro ter quase devorado o Mingau.

— Larga de exagero Magali... – Do Contra riu do drama que ela estava criando.

— Não é nada exagero! Ele podia ter matado o meu gato...

— Dramatica... – comentou baixo, mas alto o suficente para ela ouvir.

— Dramatica? Olha só o tamanho do seu cachorro DC. Parece um urso de tão grande!

— E daí? A raça dele que é assim – respondeu se abaixando para fazer carinho nele. – E eu não ligo, todo mundo lá em casa é apaixonado pelo Ringo.

— Cada um com seu gosto...

— Eu aposto que isso tudo é medo.

— Oi?

— Você tem medo de cachorro, por isso não suporta – provocou ele, sorrindo.

— Eu não tenho medo coisa nenhuma. Só acho eles nojentos.

— Todo mundo que tem medo fala isso. A Marina vivia dando essa mesma desculpa...

— Não sei se você sabe, mas a sua namorada tem um cachorro.

— Claro que eu sei, e também sei que você não gosta muito de ir na casa dela... Agora eu sei o motivo – ele disse rindo, deixando Magali ainda mais irritada com as insinuações.

Ela sabia que ele estava fazendo aquilo para provoca-la.

— Eu sei o que você está fazendo DC, mas eu estou muito cansada pra isso agora.

— Ué, não to fazendo nada.

— Está sim. Querendo me tirar a paciência, mas desista pois seu cachorro já fez isso hoje por você. Agora se me der licença, eu vou entrar pra colocar comida pro meu gato que deve estar morrendo de fome. Boa noite.

Magali se virou e começou a andar em direção a entrada. Do Contra então abriu um sorrisinho antes de soltar...

— Você deveria esconder mais esses seus ciúmes... Tem gente que pode desconfiar.

Ela parou no mesmo momento em que ouviu aquela frase. Ficou alguns segundos parada no mesmo lugar, e ele notou que conseguiu o que queria.

— O que você disse? – a comilona se virou e o encarou com um olhar nada bonito.

— Você ouviu.

— Ciúmes? Ciúmes de que?

— De mim – respondeu dando de ombros. – Quem mais poderia ser?

Magali ainda não tinha entendido onde ele queria chegar. Voltou todos os passos que tinha dado, e ficando próxima a ele. O moreno não tirava aquele sorriso ironico do rosto. Aquele sorriso que Magali odiava.

— De você?

— Ontem quando você me flagrou com a Mônica na cama dela, não tentou nem disfaçar a raiva que tinha ficado de mim... Ou você acha que eu não notei?

Do Contra sabia que estava mexendo com fogo dizendo aquelas coisas, mas era proposital. Ele queria deixa-la nervosa, irritada, furiosa, tudo que pudesse.

— Eu aposto que você estava com uma vontade imensa de me matar. Me ver com ela... Aos beijos... Não deve ter sido uma cena que você gostaria de ter visto.

A morena estava em choque. Não podia acreditar que ele estava dizendo todas aquelas coisas. Provocando-a daquele jeito. O que ele queria afinal?

Ela apenas negou com a cabeça, sem reação.

— Eu não vou entrar nesse seu jogo... Seja lá qual for ele.

— Não estou jogando, é a realidade não?

— Não vou te responder isso... – ela estava prestes a entrar em casa de verdade dessa vez, mas ele segurou firme em seu pulso.

— Me solta, se não eu grito.

— Como é que deve ser pra você ter que me ver todos os dias beijando, abraçando a Mônica na sua frente? Do seu lado, até. Sabendo que o namorado da sua melhor amiga, é o cara por quem você é afim?

Do Contra estava pegando pesado. Ele estava jogando todas as verdades na sua cara, assim tão de repente. Ela não estava entendendo o porquê daquela tortura psicologica, mas só queria que ele parasse antes que ela começasse a chorar, o que não ia demorar a acontecer pois seus olhos já estavam vermelhos dando sinais de que lágrimas queriam escorrer.

— Por quê você está fazendo isso, Do Contra?

Ele parou de sorrir quando viu que os olhos dela se enxarcaram. Ficou sério e soltou o seu pulso.

— Pra você ver que enquanto você me obrigar a continuar com a Mônica, são essas coisas que vai ter que presenciar!

— Eu não estou te obrigando a ficar com a Mônica! Você está com ela porque quer!

— Está sim! Eu quero ficar com você, Magali... Mas toda vez que a gente toca nesse assunto você põe a Mônica no meio.

— E não é pra pôr?! Ela é sua namorada Do Contra! Minha melhor amiga! Se você terminar com ela pra ficar comigo, como você acha que ela ia se sentir? Você não sabe, porque passa tempo demais pensando só no que você quer!

— Por mim a gente já teria aberto o jogo com ela há muito tempo, mas você estava ocupada demais fugindo do que você quer...

— Eu sei exatamente o que eu quero.

— E o que é? – ele deu um passo pra frente, se aproximando dela.

— Não magoar a Mônica... Isso pra mim já basta.

— Eu aposto que a mágoa dela vai ser bem maior se você continuar escondendo o que sente por mim.

— Vai ser um risco que eu vou ter que correr.

Não tinham mais nada para dizer. Magali deixou claro novamente o que não ia acontecer entre eles. Do Contra sabia, mas não queria aceitar, e muito menos parecia querer esquecer o que eles viveram. Pode ter sido poucas vezes, mas foi intenso demais para deixar só na mémoria.

Eles se encararam por alguns segundos, que mais pareceram uma eternidade. Nos olhos de Magali, Do Contra podia enxergar o quanto ela queria poder dizer outras coisas, a tristeza era visivel não só no olhar dela, como no dele também. Mas, não tinha nada que podiam fazer. Nem ele, nem ela.

Ela tinha conciência de que se ficasse mais tempo ali encarando ele, seu corpo poderia tomar atitudes invonlutarias, e era o que ela menos queria naquele dia. Sua cabeça já estava carregada de muitas culpas. Não precisava de mais uma.

— Magali... – ele se aproximou mais um pouco.

Ela se afastou logo que imediamente, e fechou os olhos.

— Obrigada DC... Pela ajuda de hoje – com aquele agradecimento, ela não devia mais nada a ele. Se virou lentamente e entrou em casa.

Do Contra estava se sentindo derrotado. E a cada derrota... O sentimento parecia crescer.

[...♥...]

A comilona viu que ia ser a ultima a entrar na sala de aula quando o sinal bateu. Ela tinha tido um ataque de insônia na noite passada, e o resultado disso foi se atrasar – e muito, naquela manhã.

Correu o mais rápido que podia quando a porta estava prestes a ser fechada. Ela tentou impedir, mas sua mão não chegou nem a tocar nela, pois havia outra pessoa atrás que já tinha feito o favor de abrir.

Pelo perfume ela deduziu quem era. Seu coração disparou imediatamente só pelo fato de sentir aquele ser tão próximo as suas costas. Nem se deu ao trabalho de se virar para agradecer, ou até mesmo se certificar quem tinha sido. Não era necessário.

Terminou de empurrar a porta e entrou na sala, seguida pelos olhares furiosos do professor Licurgo que odiava atrasos. Já na sua carteira ela viu pelo canto do olho Do Contra ir para o seu lugar no fundo. Mônica sem perceber nenhum tipo de clima, se virou para ela toda sorridente.

— Magá, você tem alguma coisa de importante pra fazer no intervalo?

— Além de lanchar... não – respondeu abrindo sua mochila para tirar os materias.

— Ótimo! Eu chamei as meninas pra uma reunião no pátio e você mais do que nunca tem que estar presente.

— Reunião? Pra que?

— Depois eu te conto... Daqui a pouco esse profe... – mal tinha terminado sua frase, o Licurgo apareceu atrás da dentuça com uma cara nada boa.

— As senhoritas gostariam de compartilhar a conversa com classe?

— N-não prefessor...

— Então fiquem caladas duante a minha aula, fazendo o favor!

Ele voltou para o seu posto e as duas amigas reviraram os olhos.

[...♥...]

No pátio, as meninas estavam todas reunidas. Estava faltando apenas Aninha que tinha se atrasado um pouco por causa da fila.

— Cheguei meninas!

— Só faltava você – disse a desenhista.

— E aí Mônica, diz logo sobre o que é essa reunião... – pediu a comilona tomando um gole de seu suco.

— Então – ela começou animada. – Chamei vocês aqui porque eu tive uma execelente ideia, e vou precisar muitissimo da ajuda de vocês pra isso.

— Fala logo!

— Quero fazer uma festa surpresa para o DC! – ela exclamou, com um grande sorriso no rosto.

Magali quase engasgou com o suco, e tentou disfarçar seu desconforto quando se deu conta que o assunto seria ele.

— Festa surpresa?! Que máximo! – disse Marina.

— Também achei uma ótima ideia, Mô – Dorinha disse também muito animada.

— Sabia que vocês iriam gostar. Como vocês sabem já faz quase dois meses que nós começamos a namorar, e lembrei que até agora não tinha feito nada de especial para ele assim. O DC é sempre tão romântico comigo, tão carinhoso... – ao ouvir aquelas palavras Magali tomou mais um gole – eu acho que ele merece.

— Tem razão – concordou Aninha. – Pode contar comigo, Mô.

— Comigo também – disse Marina.

Todas pareciam estar se divertindo muito dando palpite para a festa, mas Magali era a unica que não tinha dito nenhuma palavra. Mônica estranhou na hora e foi até ela quando a viu voltando da lixeira .

— O que foi amiga? Não gostou da minha ideia?

— Hã...? C-claro que eu gostei Mônica – ela tratou de sorrir rapidamente.

— Então por que não falou nada até agora?

— Ah... É que... Não me veio nenhuma sugestão pra dar.. Hehe.

— Magá... – Mônica segurou em suas mãos. – Eu preciso que essa festa seja a melhor festa que o Do Contra já teve na vida dele. Ele é o melhor namorado que uma garota podia querer, amiga... E mesmo que no começo eu não tenha achado isso, ele mudou meus conceitos e agora eu quero fazer isso por ele.

— T-tudo bem Mô...

— Eu vou precisar muito da sua ajuda. Posso contar com você?

Magali engoliu em seco sem tirar os olhos da dentuça, que tinham os dela brilhando esperando por uma resposta.

Ela não tinha certeza se queria fazer parte da organização dessa festa. Sentia que de uma forma ou de outra estaria traindo Mônica outra vez. Ela queria ficar longe de Do Contra, longe de tudo que fosse relacionado a ele. Não era fácil, sua melhor amiga estava namorando com ele, mas tentava evitar o máximo a sua presença.

Por outro lado ela sabia que aquilo era importante para Mônica. E estava disposta a fazer qualquer coisa para vê-la feliz. Como se fosse aquilo pudesse aliviar um pouco mais a culpa que estava sentindo.

— E então? – Mônica apertou ainda mais as mãos para que ela voltasse a realidade.

— Pode... Pode contar comigo sim... – disse e sorriu de lado.

A dentuça abraçou a amiga como forma de agradecimento, sem ter a menor ideia de que tudo o que Magali mais sentia naquele momento era uma enorme culpa.