love.

Chapter 25: Applause


♫ But I'll just keep performing
So I ain't leaving 'till I get my applause
Clap for 'em
Get my applause
Clap for 'em ♪

“A vida sempre me surpreende. Me faz querer aplaudir para certas situações que eu jamais pensei seriam possíveis.”

— Denise. Mai28

[...♥...]

No dia seguinte, as meninas se reuniram mais uma vez para acertar o plano de levar Do Contra para a casa de Magali sem que desconfiasse de nada. Como os pais da comilona iam viajar, e Mônica não tinha outro lugar pra fazer a festa, a morena não achou que teria problema em quebrar um galho para a amiga.

A dentuça tinha sorte que seu namorado era bastante desligado e com certeza não iria descobrir o plano. Elas já estavam planejando isso há uma semana, e ele ainda nem tinha prestado atenção.

Elas decidiram contar aos meninos somente no dia para evitar que algum deles desse com a língua nos dentes, Cascão seria o primeiro, Magali pensou.

Depois de muitos parabéns, beijos e abraços, a turma se reuniu no pátio para ficar conversando durante o intervalo. Do Contra estava tão distraído conversando com os garotos que nem se deu conta que sua namorada tinha sumido, juntamente com as meninas.

— Então é isso meninas, eu vou levar o DC pra minha casa e ficar fazendo hora até dar o horário da festa. A gente só pode chegar quando já tiver todo mundo lá.

Elas concordaram com a cabeça.

— Qual desculpa você vai usar? – perguntou Dorinha.

— Vou dizer que eu esqueci uma coisa na casa da Magá.

— Ele não vai desconfiar?

— Claro que não. O DC é muito avoado, aposto que se não tivéssemos dado parabéns na escola, nem ia se lembrar que hoje era aniversário dele.

Magali soltou um risinho se lembrando do quão era verdade. Do Contra era bem distraído, e ela tinha notado isso ainda na infância.

— Tudo certo então! Vocês dão um jeito de contar pro resto da turma, e eu vou levar o DC pra longe.

As meninas voltaram para onde estavam. Só Cascão percebeu que elas tinham saído e foi até a comilona.

— É impressão minha ou vocês estão muito de segredinhos ultimamente?

— Sempre tivermos. – ela riu.

— Daria minha coleção de gibis pra saber o que vocês tanto conversam.

— Então pode preparar uma caixa, porque hoje é o seu dia de sorte.

Cascão arqueou uma sobrancelha e ela passou a mão pelo seu ombro.

— Eu vou te contar, mas você tem que prometer que vai tentar segurar essa sua língua até de noite.

— Por que até de noite?

Magali puxou Cascão pra um canto para contar sobre a festa. Sua expressão de curiosidade mudou rapidamente e ele deu um sorriso maior que a terra. Não era novidade pra ninguém que o sujinho adorava festas, e principalmente festas que tinham bebidas.

— Mas não vai se animando tanto porque a festa vai ser na minha casa, e isso significa nada de álcool.

— Ah, sério? – seu sorriso sumiu na hora.

— Claro, meus pais nunca iriam deixar.

— A não ser que a gente mesmo leve... – a decepção do sujinho se formou novamente em um sorriso, dessa vez, malicioso.

— Perai, eu não diss...

— Entendi o recado, Magá! Pode deixar que eu vou mexer os meus pauzinhos! – e assim, ele saiu animado indo até o Cebola e Xaveco.

Ela já pedir pra ele não se esquecer que era segredo, quando viu Do Contra e Mônica se aproximando. A principio ela pensou que eles estavam vindo na direção dela, na verdade era a intenção da dentuça, mas o moreno mudou o caminho, lançando um olhar seco para Magali.

Ela suspirou. Ele ainda estava chateado com ela. Talvez ficasse pra sempre, mas a comilona não ia mudar sua decisão. Especialmente agora que eles já tinham ido tão longe.

[...♥...]

— Tá tudo certo aí, Dorinha? – Mônica gritou da cozinha.

— Sim, falta poucas bexigas para encher! – ela respondeu de volta.

Mônica e Magali estavam se ocupando das comidas desde que chegaram do colégio. A casa estava uma bagunça, todas as meninas pareciam bem cansadas.

— Mônica, o bolo já parece estar bom. Pode tirar. – Magali observou o forno, passando as costas da mão pelo rosto. Ela estava de avental, assim como a dentuça, preparando os quitutes da festa. Suas mãos estavam sujas de chocolate, e agora a sua bochecha também.

— Tem certeza? Não faz nem vinte minutos que coloquei.

— Se ficar mais tempo pode solar. Vai, tira logo!

Mônica obedeceu rapidamente a comilona. Confiava cegamente na amiga quando o assunto era culinaria. A morena entendia de cozinha como ninguém. Se bobear, talvez fosse até melhor que a própria mãe.

E ela estava certa. O bolo saiu perfeito, do jeito que tinha que ser.

— Meninas, o som já está pronto – Marina entrou sorrindo. – Escolhi as minhas melhores playlists!

— Valeu amiga! – Mônica tirou as luvas de pano e a abraçou. – Deixa eu ver como anda na decoração, temos que terminar isso pra ontem!

Dizendo isso, a dentuça saiu, deixando Marina e Magali a sós na cozinha. Ela parecia muito entretida enquanto preparava o glacê do bolo.

— E aí, Magá... Tá tudo bem ai?

— Só falta terminar de bater isso aqui, e preparar o...

— Não tô falando do bolo – a interrompeu.

Magali parou de bater o glacê para encara-la. Pelo olhar confuso da comilona, Marina se aproximou e em um sussurro, perguntou:

— Tá tudo bem com você?

— Comigo? Ué, claro que sim... Por que não estaria?

— Faz uma semana que nós estamos planejando essa festa... que inclusive vai ser aqui na sua casa. Vai dizer que não está nem um pouquinho incomodada com isso?

— Marina, de novo esse assunto? Eu já disse que só ofereci pra festa ser aqui na minha casa porque meus pais viajaram. Eu falei com eles, tá tudo certo.

— Não estou falando disso, e você sabe – ela segurou um dos braços da comilona, para ela parar de fazer o que estava fazendo e prestar atenção.

— E o que é então? O Do Contra outra vez? Não estou fazendo por ele, e sim pela Mônica.

— Disso eu já sei. Mas você não se sente nem um pouco incomodada de estar comemorando o aniversario dele justo aqui na sua casa? Lugar onde vocês já...

— Para Marina! – Magali elevou o tom da voz, se arrependendo imediatamente. Deu uma olhadinha na entrada para se certificar que ninguém tinha escutado e voltou a baixar o volume. – Por favor, não toca mais nesse assunto. Principalmente hoje...

— Eu sei, desculpa... – Marina suspirou e limpou a sujeira da bochecha da amiga. – É que me deixa frustrada saber que você se sentindo mal enquanto faz tudo isso.

— Não importa o que eu esteja sentindo. Eu quero fazer isso pela Mônica, depois de tudo que eu fiz... É o mínimo.

— E vocês dois?

— O que tem nós dois? – suspirou.

— Não aconteceu mais nada depois daquela noite que ele veio aqui no seu aniversário?

Prestes a responder a pergunta da desenhista, Mônica e Aninha entraram na cozinha sorridentes.

Marina e Magali disfarçaram na hora e também sorriram.

— Meninas, está ficando quase tudo pronto! Só falta pendurar os balões na estrada. Hoje é o grande dia! Obrigada amiga por deixar a gente fazer essa festa aqui – disse Mônica animada, enquanto abraçava a comilona por trás, que apenas sorria sem jeito, voltando a preparar o recheio do bolo. – E obrigada a vocês meninas, pela ajuda. Juro, não sei o que faria sem vocês!

[...♥...]

Mônica e Do Contra estavam no quarto assistindo um filme pelo notebook. A garota estava bastante arrumada pra quem iria só ficar em casa curtindo com o namorado.

— Você tá tão gata hoje, isso tudo é pra mim é? – perguntou ele, abraçando a de lado.

— Pra quem mais seria? Hoje é seu aniversário esqueceu?

— Poderia ser todo dia então, tô recebendo muito carinho hoje... Você vai me acostumar mal – disse beijando-a no pescoço.

Mônica soltou uma risada, tentando prestar atenção no filme, mas o moreno não parecia estar muito afim de continuar vendo, pois permaneceu beijando seu pescoço.

— DC, meu pai vai chegar em casa a qualquer momento...

— E daí? Você trancou a porta...

— S-sim mas... N-nós viemos assistir um filme lembra?

Sem responder nada, Do Contra fechou a tela do computador empurrando-o longe.

— Eu já sei que presente seria perfeito pra mim hoje...

Se posicionando em cima de Mônica, o garoto voltou a lhe beijar com mais intensidade. Ela não resistiu e retribuiu no mesmo instante. Sua maior preocupação não era mais os pais, e sim quando ela tivesse que para-lo. E isso ia ter que acontecer em poucos minutos.

Mônica ainda não tinha ido além de apenas beijos com Do Contra. Eles já namoravam há dois meses, mas esse tempo pra ela não era o suficiente. Se sentia despreparada, sem coragem. Tinha medo do antes, durante e depois. Com Cebola tudo era mais fácil, ela se sentia mais do que pronta.

Com o moreno era diferente.

Vontade sempre teve. Ele era um garoto bonito, forte, e atraente. Qualquer garota no lugar dela se sentiria sortuda ao ponto de querer se entregar. Mas Mônica era romântica, mesmo não querendo demonstrar na maioria das vezes. Ela queria que sua primeira vez fosse especial, com alguém especial. Com alguém que ela amasse verdadeiramente. Ela gostava muito de Do Contra, mas ama-lo... Ela não tinha essa certeza.

O garoto fazia menção de tirar a camisa, por isso ela precisou pensar rápido. Quando virou o rosto o relógio no criado mudo já avisava que era hora. A primeira coisa que veio na sua cabeça foi levantar o joelho com toda sua força e acertar bem em seu documento.

Do Contra não conseguiu pensar mais em nada. Suas vistas escureceram e ele gemia de dor. Mônica se sentiu péssima e não parava de se desculpar. Correu até a cozinha para buscar gelo, enquanto ele se contorcia em cima da cama.

Após alguns minutos, ele finalmente se acalmou e ela viu que essa era chance de leva-lo até a festa.

— Amor, você não vai acreditar, mas eu esqueci meu carregador na casa da Magali.

— Pede pra ela vim aqui trazer... – respondeu deitado, jogando o Sansão pra cima.

— Não, ela não vai querer vim aqui essa hora. Esqueceu que os pais dela viajaram. Ela odeia deixar os gatos sozinhos.

— Ah, claro... – revirou os olhos, se lembrando do drama que a comilona fez quando Mingau fugiu.

— Se importa da gente ir até lá?

— Que? Ah não Mônica...

— Por favor, amorzinho – ela sentou ao seu lado e lhe beijou no rosto. – Vai ser até bom a gente fazer uma companhia pra ela.

— Não acho que é uma boa ideia. A Magali deve estar ocupadíssima estudando pras provas de dezembro.

— Estamos em maio.

— Por isso mesmo.

— Vai, anda... Deixa de ser chato. Prometo que não vamos demorar.

— Cinco minutos.

— Quinze.

— Dez.

— Tá bom – ela se levantou animada e começou a consertar sua roupa. Do Contra não estranhou nem um pouco ela colocar um salto alto. Afinal, era Mônica.

[...♥...]

Como de se esperar, o susto que Do Contra levou quando abriu a porta e ouviu “surpresa!” foi épico. Ele realmente não estava esperando aquilo, mas depois de alguns minutos em choque, foi se acostumando e até ficou feliz com a festa.

Nunca pensou que algum dia fosse comemorar seu aniversário justamente na casa da comilona. No fundo tinha gostado.

A playlist de Marina começou e todos foram para o jardim assistir Do Contra ser atingido por vários e vários ovos que os meninos levaram. Isso não estava nos planos de Mônica mas ela não sabia se sentia pena ou muita graça naquilo. Magali estava mais preocupada com o trabalho que ela ia ter de limpar tudo no final. Seus pais aceitaram que ela desse uma festa na ausência deles, mas a primeira e principal condição era que estivesse tudo no lugar quando eles voltassem. A segunda era nada de bebidas e drogas.

Cascão por outro lado ignorou completamente a segunda condição, pois todos os garotos que apareceram lá estava carregando caixas de cervejas, e garrafas de vodka. Magali entrou em pânico, mas não queria ser estraga prazeres. Ela ia ter que se virar depois mesmo.

Do Contra estava todo sujo de gema, e precisava de um banho urgente, já que nem em sonhos ele entraria em casa com daquele jeito. Titi se ofereceu para ajuda-lo, ligando a mangueira e molhando não só a ele, como todos que estavam ali. Depois de muita confusão no jardim, chegou os parabéns. Eles cantaram a famosa musiquinha, e passaram a zuar o moreno com outras muito mais pesadas.

A festa estava indo bem, exatamente como Mônica tinha planejado. Do Contra parecia animado, esquecendo-se do episodio que rolou na casa dela poucas horas atrás. Seus cabelos estavam molhados, e ele estava sem camisa devido ao banho que seu amigo lhe deu.

Magali até então não tinha trocado nenhuma palavra com o garoto, mas estava contente do fato dele estar se divertindo. Todos se reuniram para beber na sala, mas ela foi a única que não se sentiu disposta pra isso. Sua cabeça rodava e tudo que ela precisava era de um ar fresco.

Foi para o jardim e cruzou os braços, sentindo o vento gelado de outono passar pelo seu rosto. Aquela semana tinha sido cansativa demais. Parecia que tinha feito aquela festa funcionar sozinha. Mônica que teve as ideias, mas ela que colocava as maiorias em ação.

Estava tão distraída que nem percebeu quando a porta da varanda se abriu. Só foi sentir a presença de alguém quando ele já tinha parado bem ao seu lado. O frio percorreu seu corpo inteiro, até chegar na espinha. Do Contra estava ali. E eles estavam sozinhos, outra vez.

— Bela festa... você que organizou? – perguntou o garoto olhando pra frente, dando um gole na sua cerveja.

— Você sabe que não.

— A Mônica não teria como fazer isso sozinha.

— Não fez. As meninas ajudaram também.

— Sua ajuda foi a maior pelo visto... – ele riu cinicamente.

— Se isso é pelo fato de estar sendo na minha casa, eu só fiz isso porque a Mônica não tinha outro lugar pra fazer. Meus pais iam viajar, e não achei nada demais fazer aqui.

— Calma – ele riu mais um pouco. – Não estou reclamando... na verdade eu nem sou chegado a festas, mas até que essa não foi tão ruim.

— De nada então – ela se virou para voltar pra dentro. Já tinha respirado ar puro o suficiente.

O moreno, como sempre, não ia deixar ela ir assim.

— Que eu me lembre você ainda não me deu parabéns.

— Já dei na escola – disse ela cerrando os olhos.

— Eu não ouvi.

Soltando um longo suspiro, a comilona tentou abrir um sorriso.

— Parabéns DC, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida.

— Senti uma certa ironia... – respondeu ele sorrindo também. – Mas acho que dá pro gasto... agora falta o meu presente.

— Presente?

— Geralmente é isso que as pessoas dão no aniversário das outras – ele disse dando seu ultimo gole da bebida, jogando a lata em algum canto.

— Essa festa não é o suficiente pra você?

Do Contra balançou a cabeça, colocando as mãos no bolso da calça.

— O que você quer?

— Bom, não é muito comum o aniversariante pedir... – ele passou por ela – Por isso que chamam de presente. Você quem deveria escolher o que vai me dar hoje.

— Eu já dei uma festa na minha casa – respondeu ela, se virando pra ele. – Pra mim isso já conta como um presente.

— Parte de um presente – disse, se encostando no tronco de uma árvore.

— Um presente inteiro.

— Parte.

— E o que poderia ser a outra parte senhor aniversariante? – Magali revirou os olhos.

O moreno abriu um leve sorriso e deu de ombros.

— Um beijo, por exemplo.

Magali que estava se aproximando dele, parou no caminho.

— Isso poderia ser a outra parte do meu presente.

— Acho que você está pedindo pra pessoa errada, então.

— Eu tenho certeza que não.

Aquele clima de sempre pairou no ar. De longe eles podiam ouvir risadas e gritos dos amigos do lado de dentro, provavelmente brincando de alguma coisa. Eles pareciam estar bêbados, inclusive a própria Mônica já que até agora não tinha se dado conta da ausência de seu namorado.

— E aí? – ele inclinou a cabeça para o lado, ainda encostado no tronco.

Magali continuava parada encarando-o como se ele tivesse lhe pedido o impossível.

— Você bebeu? Eu não vou te beijar, DC.

— Talvez eu tenha bebido um pouco de mais, sim. Mas, eu sei exatamente o que eu tô te pedindo.

— Como você consegue pensar em uma coisa assim, com a Mônica a poucos metros de distância?

Ele não respondeu. Dessa vez abaixou a cabeça e ficou um tempo com uma expressão séria no olhar.

— Sinceramente, eu acho que você nunca gostou dela – Magali soltou sem pensar, fazendo ele levantar a cabeça.

— Por que isso?

— Olha só as coisas que você é capaz de fazer debaixo do nariz dela. Ela não merece isso DC... não de você. Foi ela que bolou tudo isso – Magali apontou pra dentro.

— Eu também gosto dela, Magali – Do Contra disse, quase em sussurro.

— Pois não parece – a comilona cruzou os braços. – Não me orgulho de nada do que eu fiz até agora com você, mas pelo menos tive a decência de não ir mais longe do que já fui.

Do Contra soltou uma risada irônica, e encarou Magali.

— Você acha que só porque sou homem, isso me torna uma pessoa insensível? Acha mesmo que eu gosto de estar aqui com você, ao invés de estar lá dentro com a Mônica? – Do Contra esperou uma resposta, mas a morena continuou calada, olhando pra ele da mesma maneira que ele olhava pra ela. Sério. – Acha que é fácil ter que colocar um sorriso no rosto pra ela todos os dias e fingir que nada nunca está acontecendo? Que nosso namoro é perfeito, e que eu sou um namorado perfeito?

— Não – Magali respondeu. – Não acho que seja fácil. Mas também imagino que não seja difícil ao ponto de pensar em trair ela outra vez.

Do Contra suspirou, olhando pro céu. Depois se desencostou da árvore, caminhando devagar até ela. Magali pensou em dar dois passos pra trás, mas continuou onde estava.

— Nós dois vivemos em um dilema... mas você sabe que é a unica que pode acabar com isso.

— Não, eu não sou – disse ela, balançando a cabeça. – Já deixei bem claro que prefiro continuar atuando se for pra Mônica não sofrer.

— Então prefere sofrer você mesma?

Magali engoliu em seco, não tendo muita certeza do que responder. Porém fechou os olhos e assentiu.

— Pois eu não... – ela ouviu ele dizer, e sentiu o moreno se afastar.

Vendo Do Contra caminhar de volta até a porta da varanda, Magali não achou outra opção, a não ser ir atrás dele.

— O que você vai fazer?

— Eu vou contar tudo pra Mônica.

— C-como assim tudo? Contar o que?

— Tudo, Magali! – ele disse se virando bruscamente para ela. – Sobre nós dois, sobre esse namoro ter sido um erro, tudo! – o moreno voltou a andar, dessa vez ainda mais rápido.

— Mas... DC...

Ele não queria ouvir. Magali o seguia quase correndo, até alcançar o seu braço e puxa-lo com violência.

— Por favor, não faz isso...

— Se você prefere continuar vivendo assim, eu não posso fazer nada! Mas eu preciso tirar esse peso da minha consciência que já me inferniza há dois meses – Do Contra tentou passar por ela de novo, mas ela bloqueava a sua passagem, agora com uma expressão desesperada no rosto. – Sai da minha frente, Magali.

— Não! – ela disse com firmeza. Os olhos se encharcaram. – Não vou deixar que você fazer uma besteira dessas! É da Mônica que estamos falando!

— Por isso mesmo. Como você mesma disse... ela não merece.

— Não, é claro que não merece, DC – Magali dizia exaurida. – Mas não é assim que as coisas funcionam! Você vai lá dentro, conta tudo pra ela e ai? Ela vai terminar com você, vai romper comigo, e depois?

Do Contra parou um minuto, mas não tinha uma confusão no olhar. Esperava que quando tudo acabasse, eles ficassem juntos. Mas não era exatamente o que Magali parecia prever.

— Eu tô cansando de sentir essa culpa, Magali... cansado... – o garoto disse olhando pra baixo, sentindo as mãos da comilona apertarem com força o seu braço, pra impedi-lo de passar.

— Você não faz ideia do quanto eu também estou... – disse ela, quase no mesmo tom que ele.

— Então vamos contar... vamos contar de uma vez.

— Eu sei que... eu sei que essa é a coisa certa a si fazer, eu sei! – Magali apertou os olhos. Um erro, pois deixou que escapasse uma lágrima. – Mas... só de pensar na Mônica... só de pensar que ela nunca mais vai querer olhar pra mim... eu...

— Talvez não seja assim... quem sabe ela não acabe entendendo que...

— Não, ela não vai entender.

— Se você ama tanto a Mônica, a melhor maneira de demonstrar isso, é contando a verdade pra ela.

Magali soltou os braços do moreno e o encarou por longos segundos. Seus olhos já estavam transbordando em lágrimas. Do Contra sentiu vontade de abraça-la, e se arrependeu instantaneamente de ter causado aquela pequena discussão.

Pra sua surpresa, a garota finalmente assentiu com a cabeça.

— É... talvez, você esteja certo... – ela disse limpando outras lágrimas que escorreram da sua bochecha. – Acho que... chegou a hora de contar tudo.

— Sério?

— Sim... mas... por favor DC... não faz isso hoje... deixa pelo menos passar esse dia... ela tá tão feliz... – Magali pediu, quase suplicando.

Em resposta, Do Contra apenas a abraçou como queria ter feito.

— Não vou contar.

Magali se sentia muito mais culpada com a situação do que Do Contra, e sonhava poder tirar aquele peso da sua consciência pra poder viver em paz. Achava que dando aquela festa, se sentiria melhor, deixando sua amiga alegre, mas não. O peso estava muito mais forte. E talvez ele permanecesse até o infeliz dia em que ela contasse a verdade pra dentuça.

Durante aquele abraço, onde Magali mais uma vez chorava em seu peito, Do Contra viu o quanto a amizade da garota com Mônica significava pra ela e a culpa cresceu.

— Calma... não precisa chorar mais...

— Eu juro que não queria que as coisas fossem assim... – disse ela entre soluços.

— Eu também não...

Assim como no dia do show, a mesma cena pareceu se repetir naquela noite. Magali chorando, depois de uma pequena discussão, e Do Contra tentando consola-la.

A comilona terminou de enxugar o rosto com as costas da mão e se afastou um pouco. Viu o moreno encarando-a como se ela fosse um bem muito precioso que tinha nos braços. Aquele olhar a hipnotizou como sempre a hipnotizava toda vez que ficava olhando pra ele por muito tempo

O nariz e os olhos dela ainda estavam vermelhos, mas Do Contra a achava incrivelmente linda de qualquer maneira. Durante a noite sua beleza ficava muito mais aparente, na opinião dele.

— Eu acho que... – ele sussurrou após um tempo em silêncio. – Se eu tivesse com você... eu não precisaria de nenhum outro presente.

Ao ouvir aquilo, Magali sentiu algum tipo de efeito estranho, pois tocou no rosto do moreno e encostou seus lábios no dele com delicadeza.

Magali tinha beijado Do Contra. Pela primeira vez.

Era incrível como eles podiam esquecer das coisas quando estavam assim, tão próximos. A sensação do toque, dos beijos, era quase um estimulante. Eles não conseguiam entender como conseguiam ficar tanto tempo distantes um do outro. Mesmo correndo perigo de alguém aparecer, até mesmo de vê-los, parecia algo tão banal. Tão sem importância. Pelo menos até voltarem a tomar consciência de onde estavam e do que tinham feito.

Magali virava outra pessoa quando estava com o moreno. Ela perdia o medo, e toda a insegurança ficava anulada. O mesmo acontecia com ele, porém a diferença era que Do Contra estava sempre lúcido, não só durante, como depois do beijo. Ele sabia exatamente o que queria.

Infelizmente o momento dos dois durou poucos segundos. Ouviram um barulho da janela e em seguida um flash bem forte, fazendo os dois abrirem os olhos quase que imediatamente.

Uma risada feminina ecoou pela cabeça de Magali, enquanto ela apertava os olhos pra conseguir a sua visão de volta.

Aplausos da pessoa vieram depois.

— É, DC... você realmente está de parabéns. Quer dizer.... vocês dois estão.

Era Denise sorrindo, com o celular na mão.