love.

Chapter 2: You've Got A Friend


Jan16

[...♥...]

~ Quarto / 11:50 ~

A promessa que fez a Do Contra de não chorar foi por água a baixo quando encontrou Lili sentada no sofá na hora em que chegou em casa. Contou tudo o que havia acontecido pois sua mãe, depois de Mônica, era a sua confidente e conselheira. Chorou tudo que precisava no colo dela, até pegar no sono. Sem dúvidas, Magali perdeu todo aquele ânimo que estava sentindo quando chegou de viagem. Quim conseguiu estragar o resto das suas férias e ela repetia pra si mesma que se aquilo fosse um pesadelo, ela já estava pronta para acordar.

A primeira coisa que a comilona fez ao abrir os olhos foi procurar por seu celular debaixo do travesseiro. Marcava dez para as doze no relógio, e se arrependeu profundamente por ter ido dormir tão tarde. Odiava perder suas refeições, principalmente o café da manhã, que era quando ela mais comia.

Foi até o seu whatsapp para ler as mensagens e buscou com os olhos o nome de seu ex, mas infelizmente não havia nenhuma dele. Sem se interessar para ler as outras, já ia deixar o aparelho de lado para se levantar, mas logo se deu conta que havia uma inesperada.

DC: “Bom dia :) cumpriu a promessa que me fez?”

Ela não pôde negar que ficou contente de receber aquela mensagem. Abriu um sorriso sincero e respondeu imediatamente.

Magali: “Não consegui, me desculpe... Mas adiei a promessa para hoje :)"

Viu que ele estava online, e esperou pacientemente a resposta, que não demorou muito a chegar.

DC: “Tudo bem, está perdoada...”

Aquela mensagem fez Magali até esquecer do seu desânimo por alguns minutos. Entrou no banheiro logo após se levantar, se assustando ao se olhar no espelho. Seu rosto estava horrível de tanto que tinha chorado no dia anterior. Ela tomou um banho pra ver se melhorava sua aparência, mas só uns pepinos sobre os olhos poderiam tirar aquelas olheiras. Vestiu uma roupa qualquer e desceu para almoçar, pois o café da manhã, ela já havia perdido.

— Oi filha – disse Lili quando a viu descendo as escadas. – Está melhor?

— Não... – respondeu ao se sentar. – E provavelmente vou demorar para ficar.

— Querida – Lili aproximou-se dela tocando em seu rosto – como eu te disse ontem, essa dor que você está sentido agora só o tempo pode curar. Tenha paciência que quando você menos esperar outro amor vai estar batendo na sua porta.

— Pois vai continuar batendo, porque eu não pretendo abrir. Eu só abro se for o Quim.

A mulher soltou uma risadinha e começou a lhe servir o almoço.

— Aproveita que isso aconteceu para conhecer outras pessoas, você e o Quinzinho estão juntos desde criança.

— O que tem?

— Não tem curiosidade em sair com outros garotos?

— Mãe! – Magali lançou-lhe um olhar de reprovação.

— Ué, qual o problema?

— A senhora está muito liberal para o meu gosto.

Lili continuou rindo, deixando Magali meio incrédula com as coisas que tinha dito. Imagina... Ficar com outros caras. Isso nem passava pela cabeça da garota, Quim foi o primeiro e único namorado que ela teve. E apesar de já ter tido alguns paquerinhas na infância, nunca se envolveu com nenhum outro, e muito menos pretendia.

Resolveu colocar na cabeça que eles iam voltar logo, afinal foi só um tempo que ele pediu. Não sabia quanto aquele tempo ia durar, mas não quis pensar como um término. Talvez fosse realmente uma coisa boa para os dois. Eles estavam juntos há muito anos, não havia motivo para não reatarem.

[...♥...]

~ Sala / 15:41 ~

Magali não estava com energia para sair, preferiu ficar em casa assistindo suas séries. Passou praticamente a tarde inteira em frente à televisão. O que mais ela iria fazer em plena sexta-feira se suas amigas não estavam lá? Nada iria fazer-la sair dali.

Foi quando a campainha tocou. Sua mãe tinha saído, e ela foi obrigada a se levantar para ir atender, resmusgando por dentro. Mas sua cara fechada logo desapareceu ao ver quem era.

— Surpresa em me ver? – perguntou o moreno ao ver a cara que ela fez ao abrir a porta.

— Oi DC... – disse sorrindo. – Um pouco. Não esperava te ver hoje.

Do Contra estava com um skate na mão, e a outra no bolso.

— Eu vim ver como você estava... se chorou hoje... – disse ele em um tom desconfiado, o que fez ela rir.

— Não, não chorei, relaxa. Eu prometi que não ia, esqueceu?

— É, mas prometeu ontem e não cumpriu.

— Ontem não teve como – suspirou. – Mas enfim, quer entrar? – perguntou dando passagem, mas ele nega com a cabeça.

— Só queria ver se você estava melhor, se seu joelho também estava – disse olhando para o curativo que estava na perna dela.

— Ah... Obrigada – respondeu ainda sorrindo – Minha mãe cuidou do machucado ontem.

— Não precisa agradecer, somos amigos.

— Vai andar? – ela apontou para o skate em sua mão.

— Sim, tenho que praticar umas manobras, vou participar de um campeonato daqui algumas semanas.

— Campeonato?

— É, o Cascão nunca te falou? Ele também iria se não estivesse viajando.

— Acho que já ouvi falar... – ela tentou buscar na memória onde o sujinho mencionava esse tal campeonato.

— Bom, vou nessa...

— Vê se toma cuidado dessa vez, e não fecha mais os olhos – ela disse e eles riram.

Magali começou a se afastar para fechar a porta, mas ele deu meia volta e a chamou.

— Não quer me fazer companhia?

— Hã?

— Eu vou gostar se você for comigo..

Magali olhou para dentro, onde sua série estava no modo pausado e lembrou da promessa que tinha feito a si mesma de que nada iria fazer-la sair de casa, mas aquele convite lhe fez repensar. Claro que naquele momento o que mais queria era ficar isolada até a dor que estava sentindo passar, mas também sabia não era o método mais eficaz.

— Se não quiser tudo bem – disse ele, após perceber que ela estava demorando demais para dar a resposta.

— Eu vou – respondeu voltando a sorrir, e fechou a porta atrás dela.

— Beleza.

[...♥...]

Chegando na pista de skate, os olhos da comilona arregalaram. Nunca na vida tinha ido aquele lugar que era tão legal, e ao mesmo tempo tão assustador com todas aquelas rampas e half-pipes de todos os tamanhos.

— Chegamos ao skatepark... nunca veio aqui? – perguntou ele, ao ver a reação da moça.

— Não... nem sabia que existia na verdade.

— Bom agora sabe – ele sorriu e jogou o skate no chão, começando a deslizar.

— É... – Magali passou seus olhos pelo lugar, realmente encantada. Só conseguia pensar nas manobras que poderia fazer ali com seu patins.

— E aí, não vai me contar como foram suas férias? – perguntou o garoto de longe.

— Foram boas... com certeza as melhores que eu tive até hoje... – suspirou e sentou em cima de um corrimão de rampa que havia ali.

— Uau – respondeu ele aproximando-se dela – Imagina se não fosse.

Dava pra notar que a comilona não estava legal. Mas como poderia? Não tinha nem 24 horas que tudo aconteceu, ela ainda não tinha esquecido e provavelmente ia demorar pra esquecer. Do Contra era bom em adivinhar o que as pessoas estavam sentindo, talvez aquele convite não tenha sido por acaso.

— Não estou no meus melhores dias, se é isso que quer saber – sorriu fraco.

— O Quim ainda não voltou atrás?

— Não... – respondeu cabisbaixa.

— Eu sei de uma coisa que pode levantar o seu ânimo – disse ele puxando a mão da garota para se levantar.

— Dormir?

— Isso aqui – ignorou sua resposta, e apontou pro skate do seu lado.

— Eu? Andando de skate? – Magali começou a rir da aquela ideia. – Ficou louco?

— Por que não? Você vai gostar.

— Não sei andar nesse troço, pode esquecer, DC.

— E daí? Eu te ensino.

— Não, obrigada – a comilona passou por ele, prestes a voltar pro lugar onde estava sentada, até que ouviu ele soltar uma risadinha.

— Você anda de patins, Magali. Qual o problema do skate? São quase a mesma coisa.

— Não são não.

— São sim. Deixa de besteira e vem cá – o moreno puxou o seu pulso novamente e a arrastou para o meio da pista.

Magali estava ciente de que aquilo não ia dar certo. Ela poderia ser fera no patins, mas era a única coisa que sabia andar, além da bicicleta. Do Contra parecia animado em ensinar a comilona, foi por essa razão que ela decidiu fazer uma tentativa que possivelmente ia falhar com toda certeza. Para mostrar que era fácil, o moreno fez algumas demonstrações primeiro, mas na cabeça dela não ajudou em nada, e continuou com receio em seguir adiante. Estava com medo, mas não queria demonstrar de jeito nenhum.

— Sua vez. Tá pronta?

— Não – respondeu colocando o seu primeiro pé em cima do skate.

— Vamos lá, você vai conseguir..

Magali engoliu em seco e se apoiou nos ombros do garoto, ele então começou a empurra-la devagar, e quando se deu conta o veiculo já estava em alta velocidade.

— Do Contraaaaaa – gritou ela, sem saber como parar aquele negocio.

— Coloca o pé no chão! – gritou de volta sem conseguir parar de rir.

Ela fez o que ele mandou, e sim, conseguiu parar o skate. Mas ele voou pra um lado, e ela pra outro, caindo assim de bunda no chão, dando graças a deus por não ter atingido o seu machucado no joelho. Ela se levantou depressa, enquanto ouvia as risadas do seu amigo.

— Cê tá bem?

— Não quero mais brincar – disse ela enquanto limpava o seu short, em um tom levemente irritado.

— Mas você acabou de começar, Magali – respondeu ainda rindo.

— E acabei de terminar.

— Olha só, você não estava fazendo como eu te mostrei – Do Contra arrastou o skate com os pés até ele e ajudou Magali a subir. – Jamais coloque os pés muito pra frente ou muito pra trás – ele disse posicionando os pés da garota no lugar certo. – Também não fique pensando o tempo todo que você vai cair, porque é exatamente o que vai acontecer. Deixa os ombros soltos, e olhe pra frente. Quando quiser virar pro lado, é só inclinar os pés pra onde você quer fazer a curva... é simples assim.

Magali tentou anotar mentalmente a cada palavra dita por ele. Não estava confiante. Era fácil falar, mas na prática nem tanto. Ela se sentiu novamente com seis anos de idade tentando aprender a andar de bicicleta sem rodinha.

Do Contra fez o impulso para o skate se movimentar, e o estômago da comilona deu uma cambalhota. Ele parou onde estava, deixando Magali seguir sozinha. O skate estava parando, e ela teve que dar outro impulso com o pé. Conseguiu. Não caiu, mas ele estava ficando rápido demais, rápido demais e...

— Ah, desisto... – murmurou ela quando Do Contra a ajudou se levantar, rindo de novo.

— Não é a Magali que eu conheço, então.

A comilona cerrou os olhos com as mãos na cintura. Sabia que Do Contra só estava dizendo aquilo para que ela tentasse mais uma vez. Ela odiava se dar por vencida, e adorava um desafio. Talvez fosse uma das coisas que tivesse aprendido com Mônica.

— Me dá isso aqui – ela tomou o skate da sua mão e colocou no chão. – Mas se eu ouvir outra risada sua, vou pra casa.

Ele fez um gesto de zíper na boca e ficou quieto, com as mãos pra trás. A comilona respirou fundo e começou a deslizar em um ritmo bem lento. Estava confiante que dessa vez ela iria conseguir pegar o jeito. Queria provar para si mesma que poderia ser tão craque no skate como no patins.

— É isso ai magricela! – gritou Do Contra do outro lado ao ver que Magali estava provando certo. Sorriu orgulhoso, afinal ele não precisou fazer quase nada.

Apesar de não ter gostado do apelido, Magali continuou focando no que estava fazendo, ela não queria cair outra vez. Fazia voltas e mais voltas pela pista, dava os impulsos necessários para que ele continuasse em movimento, e não estava mais com medo como antes.

Chegando perto do moreno, parou o skate sem a menor dificuldade.

— Nossa... – ele cruzou os braços realmente impressionado. – Mandou ver. Essa sim é a Magali que eu conheço.

Revirando os olhos, ela entregou o skate para o amigo e sorriu satisfeita.

— Eu só precisava pegar a manha... mas estou feliz de ter atingido o meu objetivo.

— E era seu objetivo desde quando? – perguntou sentando no chão.

— Desde agora.

— É uma pena você já ter aprendido... adorei te ver cair.

— Ha-ha...

— Não vai negar que aquela sua queda de bunda, foi épica...

— É... Talvez tenha sido um pouquinho engraçada.

— Pois eu achei sensacional – disse ele, e riram por um tempo. – Quer andar mais um pouco?

— Você não ia praticar?

— Eu posso fazer isso amanhã... Pode andar, eu quero ver se tenho sorte de ver mais alguma queda sua.

Magali ainda rindo, aceitou e pegou o skate no chão. Aquela tarde foi bastante divertida para ambos. Magali tinha aprendido uma coisa nova, e isso sempre lhe deixava feliz. Do Contra estava da mesma forma, pois conseguiu arrancar vários sorrisos dela naquele dia, percebeu que só de ver ela contente, ele ficava contente também.

[...♥...]

~ Skatepark / 19:39 ~

A noite chegou, e começou a escurecer, avisando a Magali que ela já devia ia pra casa. Estava tão distraída que nem percebeu quando isso aconteceu, estava toda suja, pra alegria de Do Contra, ela caiu algumas vezes e mesmo prometendo que não ia mais rir, foi impossível... Seu riso era contagiante, e por isso fazia Magali rir também.

— Ai chega – disse ela. Estava cansada de tanto remar com as pernas.

— Mas já? Agora que eu ia te ensinar a descer a rampa...

— Outro dia DC, agora eu preciso ir pra casa trocar essa roupa... Minha mãe vai ter um infarto se me ver suja assim.

Era verdade. Suas roupas estavam um caos. Além do machucado no joelho, ganhou mais uns três no mesmo dia. Mais um na perna, e outros dois no braço, felizmente não tão sérios. Estava coberta de manchas marrons devido a sujeira por todo seu corpo, inclusive na bochecha. Se sentiu uma criança de oito anos que chegava em casa completamente imunda depois de passar horas brincando na rua com os amigos. Do Contra não estava diferente dela. Pelas novas manobras que tentou fazer, acabou resultando também em quedas.

— Casa? Você não vai pra casa agora.

— Como não, DC? Já está de noite.

— E nada mais divertido à noite do que ir na sorveteria.

Ela achou que ele estivesse brincando e começou a rir.

— Ahã, claro... sorvete uma hora dessas.

— E por que não? – o garoto pegou o seu skate no chão e puxou a comilona pelo braço.

Sem poder protestar, eles seguiram caminho até a sorveteria mais próxima. Ao entrarem, chamaram atenção ao redor por estarem meio sujos.

Eles então se sentaram em uma mesa perto da janela, e Magali aproveitou para olhar em volta, sentindo um grande constrangimento pelas pessoas que lhe observavam.

— Er, DC... Tem certeza que foi uma boa ideia a gente vim aqui?

— Tenho ué, qual o problema?

Vendo a tranquilidade do garoto, Magali abriu um leve sorriso Ele definitivamente era estranho, e parecia adorar isso. Não ligava para as pessoas em volta, e muito menos ligava para o que pensavam sobre ele. Não que Do Contra fosse o tipo de cara que gostasse de chamar atenção, mas não queria deixar de fazer as coisas por conta do que os outros iriam falar. Ela decide então fazer o mesmo.

— Nenhum.

— E aí, vai pedir o que?

— Hummm... – ela desviou seu olhar para o cardápio. – Uma banana split.

— É. Não esperava outra coisa mesmo... – ele riu baixo, chamando uma moça para atender o pedido deles e quando ela se afasta, Magali fica séria de repente.

— Valeu DC...

— Pelo sorvete?

— Também... mas valeu por estar fazendo isso. Eu sei que você só está me fazendo companhia porque sabe que a Mônica e as outras meninas não chegaram ainda...

— Bem... pode ser, mas... eu estou gostando de passar esse tempo com você. Não é como se fosse nenhum tipo de obrigação.

Ela sorriu novamente.

— A Mônica está certa quando diz que você é um ótimo amigo.

— Ela diz isso?

— Aham... er.. DC – Magali aproveitando que tocaram no assunto sobre Mônica, decidiu fazer uma pergunta que ela estava querendo saber há algum tempo, mas não tinha coragem, por não serem tão próximos. – Eu sei que você já me disse ontem, mas por acaso... você ainda nutre algum outro tipo de sentimento por ela, sem ser só como amigos?

— Quem? Pela Mônica? – ele levantou uma sobrancelha e ela afirmou com a cabeça. – Hmm... Não sei. Acho que sim. Quem sabe?

— Obrigada por me esclarecer essa dúvida – respondeu irônica, e os dois começaram a rir.

— Não sou muito direto.

— Percebi.

— Falando sério agora... eu tenho um grande carinho pela Mônica. Não sei se é a mesma coisa hoje. Mas, como eu te falei ontem, eu gosto dela como amigo. E ela namora o Cebola, então...

— Namorava – corrigiu. – Eles terminaram, esqueceu?

— Mas não vão demorar pra voltar, e você sabe.

— E se ela não estivesse com ele? Você tentaria de novo?

— Não sei... – ele suspirou. – Taí uma pergunta difícil.

— Claro. Esse tipo de pergunta é muito complicada para o maior galinha da escola – disse ela, rindo.

— Não sou o maior galinha da escola.

— Ah não?

— Não. Sou o segundo maior galinha. O primeiro é o Titi.

Magali jogou uma bola de guardanapo no moreno, que apenas riu. Quando abriu a boca para responder, os sorvetes foram colocados na mesa. Ela começou a devorar a sua banana slit como se fosse a oitava maravilha do mundo. Do Contra só conseguia achar graça na rapidez que aquela garota tinha.

[...♥...]

Embora tenham terminado o seus sorvetes, Magali e Do Contra continuaram na sorveteria conversando bobagens por algumas horas. A maioria das pessoas já tinham se retirado, por estar tarde. Lili estava preocupada com a demora da filha, mas até de sua mãe ela tinha se esquecido. A comilona não fazia ideia do quão divertido aquele garoto era, e também não sabia se ele conseguia ser mais palhaço. Ele tinha uma talento para faze-la rir com facilidade e um jeito único de ser. A conversa estava bastante interessante, até uma mulher se aproximar de sua mesa.

— Oi com licença, mas nós vamos ter que fechar...

Do Contra olhou no relógio e se surpreendeu de como o tempo havia passado sem que eles notassem.

— Já estamos saindo.

Do lado de fora, Magali se lembrou que não tinha avisado a sua mãe onde estava, e que ela deveria estar lhe procurando até agora.

— DC, por que não me avisou que já era tão tarde? Minha mãe já deve estar louca me procurando.

— Foi mal... mas você estava se divertindo tanto que me distrai.. – disse ele, coçando a nuca.

— É, estava mesmo... – ela sorriu sem graça

Mesmo conhecendo a comilona desde criança, apenas naquele dia Do Contra percebeu o quanto ela era bonita. É claro que nunca olhou pra ela com outros olhos, não só pelo fato de ser namorada de seu amigo Quim, mas também por ele ser afim de outra pessoa. Porém, naquele dia e sem notar, reparou em cada detalhe do seu rosto. Em seus olhos castanhos claros, seu cabelo incrivelmente preto, reparou até na sua voz, que tinha um tom suave. Era a primeira vez que os dois conversavam sozinhos por tantas horas, e tão próximos um do outro. Acabou se dando conta do quanto a comilona era diferente. Seu sorriso deixava tudo mais do perfeito, e por essas e outras razões que fazia de tudo pra que ela continuasse rindo.

— Você me parece melhor... – disse ele, colocando as mãos no bolso quando chegaram em frente ao portão da morena.

— Graças a você – suspirou. – Obrigada por hoje.

— Já disse que não precisa me agradecer.

— Precisa sim – insistiu ela. – Se não fosse por você provavelmente eu ainda estaria em casa, triste, vendo minhas séries, tentando esquecer do Quinzinho. Você fez tudo ficar mais fácil.

Ele olhou pra baixo, mas sorriu contente. Magali percebeu que ele ficou envergonhado e o abraçou.

— Eu vou entrar – disse ela, quando se afastou.

— Ok.. Até mais.

— Até.

A comilona estava tão mais animada, que até esqueceu do seu estado triste de mais cedo quando entrou em casa. Sua mãe fez questão de lhe lembrar. Além da bronca por estar toda suja, levou outra pelo sumiço. Ela ouvia tudo, mas não estava ligando nem um pouco, afinal.. Seu dia tinha sido muito divertido e nada iria estragar a sua alegria.