Zootopia 3 - Conspiração
Hacker
Nick estacionou sob uma das árvores em frente à ampla calçada. Eles desceram em frente ao enorme portão de ferro fundido decorado em dourado. Haviam esculturas de bronze e latão dispostas simetricamente em todo o gradeado. Dois leões rugindo com uma fênix entre eles formavam o brasão dourado no centro do portão.
O muro devia ter uns três metros de altura, e era totalmente coberto de hera. Nick e Judy olharam entre as barras do portão, que eram largas o suficiente para Nick passar entre elas com folga. A única coisa visível era um caminho ladeado de cedros
— Então, nós entramos ou pedimos permissão?
Judy verificou a segurança. Além de sensores de movimento no topo do muro, haviam diversas câmeras espalhadas pelo local. E se, por algum milagre alguém entrasse sem ser notado por nenhum desses dois sistemas, haviam, a alguns centímetros do chão, vários sensores de calor.
— Que tal tocarmos o interfone? – ela sugeriu.
Haviam vários botões, dispostos em painéis de variadas alturas. Nick pôs as mãos na cintura, impressionado.
— Bem, ele recebe visitas de todos os tamanhos.
Ele apertou o botão. Quase imediatamente um mordomo atendeu, e o aparelho produziu um chiado.
— O que desejam?
Ele já nos viu pelas câmeras, Nick pensou.
— Somos Nick Wilde e Judy Hopps, do DPZ – Judy fez uma careta para ele enquanto o raposo continuava a falar – Gostaríamos de saber se o Sr. Lions pode nos receber.
O mordomo demorou um segundo e meio para responder.
— Infelizmente, o Sr. Lions está viajando à trabalho – o mordomo falou com a sua voz educada. Apesar do treinamento que recebera uma vez, antes de entrar para a polícia, sobre como identificar o tipo de animal pela voz ao telefone, Nick não conseguia nem dizer se ele era presa ou predador – Com previsão de chegada apenas na semana que vem. Gostariam de deixar uma mensagem sobre o motivo da visita?
Nick relanceou o olhar para Judy com o canto do olho.
— Esse é um assunto confidencial – a raposa sorriu – se alguém perguntar, nós não estivemos aqui. Quando o Sr. Lions chegar, diga a ele que voltaremos assim que possível.
— Sim, e o que mais?
Nick passou-lhe o seu número de telefone.
— Nos avise nesse número quando ele estiver disponível, por favor.
— Claro.
— E mais uma coisa – Nick disse –Você notou qualquer coisa fora do comum, qualquer animal estranho rondando a propriedade ou coisas do tipo?
— Não, na verdade vocês dois são os primeiros a aparecer em duas semanas.
Nick fez uma expressão confusa.
— Quando foi que o Sr Lions Saiu de viagem?
— Foi antes de ontem.
— Obrigado, o senhor foi de grande ajuda. – nick precisava acrescentar algo – Se algo estranho acontecer, me ligue imediatamente.
— Farei isso, oficial.
Judy e Nick voltaram para o carro, e Nick suspirou ao sentar-se ao banco do motorista. Judy o encarou com a testa franzida.
— Você não devia ter dito nossos nomes – ela o recriminou.
— Calma, cenourinha – o apelido antigo deixara de ser ofensivo a muito tempo – Não somos agentes da ZIA. Além disso, você não notou as câmeras? O sujeito tinha nossos rostos.
— Então, o que faremos? – ela perguntou de uma forma estranha, como se já soubesse a resposta. Nick olhou no fundo dos olhos dela e sacudiu a cabeça.
— Não. Nós não vamos invadir. Fora de cogitação. – ele falou.
— Bem, devíamos ter pedido pra entrar e interrogado decentemente o mordomo.
— Pois é, nem pensei nisso.
— E já teríamos um mapa do terreno.
— Tá bom, falha minha, já entendi.
— E um mapa geral da segurança.
— Quer parar?
— E saberíamos por onde começar a procurar.
— Já deu, cenourinha.
— E saberíamos que tipo de animal o mordomo é, o que iria ajudar muito na hora de entrar.
— Ah, você não vai parar, não é? – Nick resmungou, exasperado – entendi! Eu errei, tá legal? Sou um péssimo policial! Tá bom assim? Você é mais esperta! Coelha esperta, raposa boba, ótimo, hahaha!
— E poderíamos...
O que quer que ela fosse dizer, foi interrompida pelo toque do próprio celular, pelo que Nick deu graças à Deus mentalmente.
Mas seu alívio terminou quando ele viu quem era.
Jack.
Judy deslizou o dedo pela tela do celular para atender a ligação.
— O que aconteceu? – Judy nem se deu o trabalho de dizer “oi”. Antes de colocar a ligação no viva-voz.
— A pista de vocês deu algum resultado?
Judy suspirou.
— Descobrimos que o antigo dono do cofre é Gregory Lions, da Lions & Roars. Pode ser só coincidência, mas...
— Mas vocês não acreditam em coincidências.
— Não. – Judy deu relanceou o olhar para Nick – uma curiosidade interessante é que Lions está em “viagem de negócios” e não volta tão cedo.
— Mais coincidências? – não era uma pergunta – odeio quando tem empresas envolvidas.
— É o que parece – Judy recebeu uma cutucada de Nick, que ela entendeu exatamente o que significava – Foi por isso que você ligou?
— Ah... Não, na verdade não. – Jack fez uma pequena pausa – lembra aquele prazo que você mencionou?
— Lembro, por quê? Era uma piada.
— Um hacker invadiu nosso sistema há alguns minutos.
— O quê? – ela encarou Nick, incrédula.
— Conseguiu acesso ao banco de dados por cerca de três minutos, que ele usou pra assumir a autoria do roubo e deixar uma mensagem.
— Que mensagem?
— Ele avisou que vai colocar os planos da arma em domínio público na internet e enviá-los para toda a nossa lista de suspeitos de terrorismo daqui à doze horas.
Judy sentiu que seu coração iria parar, e não gostou de relembrar a sensação.
— O quê ele quer? Dinheiro? Anistia?
— Nenhum dos dois. – o agente respirou fundo - Ele fez um pedido muito estranho.
— Como assim?
— Ele deve ser louco, ou algo do tipo.
— Jack, o que foi que ele disse? – Judy já estava começando a hiperventilar.
Jack Savage demorou cinco segundos para responder.
— Ele disse “Nick Wilde e Judy Hopps tem doze horas para me encontrar, sozinhos, antes que eu envie os planos”.
— Como assim, nós dois? – Nick falou, quase cochichando – E a ZIA?
— Não me pergunte como, ele conhece vocês. E é esperto. Ele vai saber se estivermos acompanhando vocês.
— Então estamos sozinhos. – Judy disse.
— Não foi isso que eu disse.
— Então o que foi que você disse? – Nick começou a falar num tom perigosamente calmo. Judy, que estivera imóvel desde o início da conversa, pôs a mão delicadamente em se ombro, sentindo os músculos tensos relaxarem de algum modo.
— A ZIA não vai poder acompanhar vocês nas missões de campo, mas toda a nossa equipe de analistas estará à disposição. Também estaremos prontos para agir, e a partir de agora, essa é uma questão prioritária de segurança nacional.
— E o hacker? Ele não pode descobrir que estão nos ajudando à distância?
— Não é um fato conhecido, mas nós já fomos invadidos por hackers antes. Estamos reforçando o sistema nesse exato momento. Acredite, ele não vai entrar novamente.
— Certo – Nick coçou a nuca – então, quero o mapa do terreno e da segurança da mansão de Gregory Lions. Arranjem a planta, ou algo assim.
Judy sorriu ao olhar para ele. Cobrindo suas falhas, Nick?
— Mais alguma coisa? – Jack Savage perguntou.
— Já que estamos falando da ZIA, bem... vejam se conseguem descobrir onde Lions está.
— Já estamos trabalhando nisso. – Jack fez outra pausa – vocês vão entrar na casa dele, não é?
— Vamos.
— Mas não sem equipamento, espero.
— Vocês tem algo em mente?
— Venham até o banco assim que possível. eu levo vocês até a nossa base tática.
— Estamos indo – Judy disse. E desligou.
— Maldita a hora em que atendi aquele telefonema! – Judy disse.
— E nós temos um prazo, afinal.
— Se arrependimento matasse... – Judy disse. – Queria engolir as minhas palavras.
— Eu também. – Nick respondeu – somos agentes da ZIA agora.
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