Zodíaco

0.13 — Cabelos verdes e tacos de baseball


Sou fraco e isso é tão simplesmente chato. Ser fraco é...ser fraco. Mas quando não sou fraco, sou corajoso. E gosto dos momentos juntos. Imagine um herói fraco e corajoso. Eu sei, isso é estranho. Mas estranho é chato, e isso é tão simplesmente divertido.

Delíro Insignificante, Pauline Morris (e Jordan Packson)

Tudo era escuridão.

– Você está no Nemo Past.

Oliver piscou os olhos e viu uma mulher irritantemente parecida com Selene – sua amiga. As sobrancelhas se levantam no mesmo ritmo e uma ironia imensa era vista por dentro de si. Também há diferenças, como os lábios carnudos e brancos, o cabelo totalmente cinza e os olhos... bem, totalmente vermelho.

– Onde? – tomou coragem em perguntar.

Filho de Júpiter, preste bem atenção. – pediu calmamente. – Tobias dividiu seu passado em três; Sanitas, Scientia e Output. Cada casa que encontrar, seu dever é matar o protetor e pegar algo de valor do seu passado. – a deusa fez uma pausa quando ouviu o batimento do coração de Oliver aumentar. – Tome cuidado, o protetor pode ser seu pior medo, ou uma pessoa que ama. Não se pode ter sentimentos agora. Mesmo estando em estado não ficçado, te darei três vidas. Uma para cada casa. – ela chegou mais perto do semideus, segurando as bochechas de sua face, continuou antes de desaparecer: – A protegida precisa de sua ajuda.

Sozinho novamente.

A lua irá te guiar para o começo de tudo.

Depois do sussurro que ouviu perto de seu ouvido, Oliver achou a grande e redonda lua, que brilhava em direção ao norte. Esse era o seu primeiro destino.

Sim, ele está desesperado, porém, começou a andar, seguindo o símbolo da deusa.

...

Piscou várias vezes.

Estava caído perto da pia do banheiro, acabara de ser abatido por um monstro de cabelos verdes, feroz e rabugento, comendo antes um pote de sorvete – o que fez Oliver lembrar-se de Charlie.

Se levantou rapidamente, puxando um taco de baseball que achara dentro do armário de casacos quando descobriu que não estava numa casa vermelha qualquer. Estava na sua antiga casa vermelha.

Suspirando, saiu do banheiro e foi em direção ao corredor. Estivera, antes de ser jogado para um outro canto, que o monstro estava em seu quarto. Muito clichê para falar a verdade, mas isso não o incomodou. Com essa chance de saber cada minimo detalhe da casa, já soube aonde o monstro estava se escondendo.

Abriu sorrateiramente a porta do quarto, piscou novamente, tentando fazer seus olhos se acostumarem com o escuro. Um resmungo foi ouvido e mais um pote de sorvete fora jogado, porém, nos pés do semideus.

O mesmo levantou o taco, olhando para o monstro que mostrava seus dentes afiados como se ele estivesse segurando uma espada. Que no caso, queria muito este objeto no momento.

Seus olhos viram o momento em que o monstro o atacou, ele bateu apenas uma vez o taco no pescoço do mesmo – ainda não sabe como conseguiu tamanho proeza – e já fora jogado nos pés da cama.

Ele viu que o monstro pararia de esmurra-lo e viraria para comer mais um pote de sorvete, mas com tamanha coragem – e idiotice – ironizou alto:

– Você não acha melhor encarar um semideus e perder alguns quilinhos, amigão? – e viu, com tamanho resmungo, já estar jogado nas costas do monstro, com os braços presos no dele. – Acho que prefiro você com essa gordura mesmo. O que acha de pararmos por aqui? – tentou.

Um rosnado fora ouvido e Oliver acabou aproveitando essa chance para virar-se de frente, ainda agarrado ao monstro e prendendo seu pescoço com suas pernas magrelas. Ficando frente a frente.

– Não foi uma das ideias mais brilhantes que já tive... – engoliu em seco. Seus olhos fitaram o pescoço já acabado do monstro, despedaçado e faltando pouco para ser quebrado e tirado. – Mas essa dá para o gasto. – exclamou, enquanto colocava suas mãos no pescoço do mesmo.

Fora balançado, felizmente, isso ajudou a virar-se, colocar os pés nos ombros do monstro e ir do pescoço até os cabelos daquele horrível ser. Agajou e puxou, com toda força que tinha, seu pescoço para cima.

Ótima noticia; caíra junto com o corpo desolado – e sem pescoço no momento – no chão.

– Até que foi fácil. – mentiu, vendo o estrago que acontecera em seu corpo e roupa. –Pegar algo de valor do seu passado... hãn. – pensava, saindo do quarto com as duas mãos ocupadas – uma com o taco e a outra com a cabeça de sua vitoria mal feita. – Estou com fome. – murmurou por fim.

...

Desceu as escadas sorrateiramente e foi direto para a cozinha. Passou as mãos pela bancada quando jogou o taco e a cabeça do monstro num canto qualquer e abriu os armários; nada. Suspirou e no canto dos olhos, a geladeira foi vista. Branca e com formato quadriculado, ela estava acabada. Dentro dela, para surpresa e alegria, havia um saco prateado.

Amendoins... , sorriu por dentro.

Você não pode comê-lo, uma voz falou dentro de si.

– Oh, Zeus! Qual é o problema? Eu estou com fome! Viu o tamanho do monstro que acabei de matar? – exclamou com raiva para o nada. Sentiu-se um maluco.

Pegue o saco e saía daí.

Concordou com um resmungo e saiu logo de uma vez da casa – já com cheiro de coisa estragada.

...

O amendoim era seu prémio. E simplesmente não podia comê-lo? Pelos deuses, ele enfrentou um monstro mitológico por aquele saco prateado! Realmente muito frustado, Oliver viu os raios de Sol se esconderem atrás das montanhas do setor 4 de Prypat. Sabia que estava no passado, mas parecia tão... igual. Era simples sua vida antes do campo de concentração, Oliver gosta de coisas simples.

A deusa tinha algo diferente.

Os cabelos cinzas tinham algumas pequenas mechas loiras, os lábios carnudos se tornaram agora carnudos e rosados e claro, os olhos vermelhos se tornaram um pouco mais alaranjados. Ela sorria.

– Não fique chateado, passaremos em algum fast-food no caminho.

Ele balançou o taco de baseball e a olhou com desdém.

– Sério? Um taco que você abençoa para eu usar como arma? – ela engole em seco e murmuraria um “desculpe”, mas logo viu o sorriso divertido do mesmo. – Isso á tão ridículo, tão a minha cara.

Ele colocou a ponta do taco no ombro esquerdo, olhando para o nada.

– Pensei que gostasse de baseball. Vi tantas figurinhas de jogadores famosos em sua gaveta de meias. – ela gargalhou ao lado dele, seguindo em frente quando viu o sorriso torto e bochechas coradas.

– Você mexeu nas minhas coisas? – perguntou Oliver, após se recuperar do choque.

– Nas suas antigas coisas, na verdade. – ela o puxou mais para frente, estavam andando muito devagar. – Vamos logo, temos que seguir em frente.

– Para onde?

– Um fast-food e alguns novos monstros para enfrentar.