Zatch Bell - Ribenji

Capitulo 11 O encontro sombrio


Sherry caminhava pelos corredores com certa hesitação, em poucos minutos encontraria a causadora de todos os seus sofrimentos bem a sua frente, ao seu alcance. Shamon a acompanhou até a porta de um quarto. A porta era de madeira branca, uma ironia, já que aquele quarto era de Venix, mas provavelmente era para a ironia ser proposital, afinal, era o quarto de Venix.

Ao abrir a porta à mesma rangeu quebrando o silencio do local e um vácuo frio entrou em conflito com o ar quente que vinha do corredor. O silencio ecoava pelo quarto e as trevas envolviam toda a extensão do mesmo. Shamon fechou a porta deixando Sherry sozinha com Venix, embora a loira não pudesse encontrá-la em meio a tão densa escuridão.

– Senhorita Belmont... - Uma voz fria e seria chamou. - Há quanto tempo... - Disse pausadamente. - Sinto muito pela escuridão, mas como sabe para mim as trevas são luz e o frio é como o mais confortável calor... Sei que não deve estar satisfeita em ouvir minha voz e saber que ainda estou aqui, mas se isso te serve de consolo, eu também sinto a falta de Brago. - A voz de Venix provocou um calafrio terrível sobre o corpo de Sherry, mas a mesma não se intimidou, seu olhar era de raiva, embora fitasse o nada.

– Você não tem o direito de falar esse nome! - A loira repreendeu e uma risada intimidante ecoou pelo quarto. - Sei que ainda tem raiva de mim, mas espero compensar o que fiz para poder descansar em paz... - De repente uma silhueta revolveu-se e apenas a brancura de um sorriso cruel pode ser visto e embora suas palavras fosse de certo, sinceras, seu tom era debochante e provocador. - Você não mudou nada, continua uma louca! - Sherry rosnou.

– Fala à pessoa que acabou de sair de um hospício... - Venix debateu direta e Sherry abaixou a cabeça. - Ouvi dizer que pode vê-lo... É verdade? - Isso não é da sua conta! Agora pare de se esconder nas sombras e mostre seu rosto, sua covarde! - Sherry exclamou encolerizada.

– Eu posso ser muitas coisas senhorita, mas não sou covarde... - E ao terminar sua frase as enormes asas negras se fecharam e a luz vinda da janela adentrou o quarto iluminando tudo ao seu redor e esquentando o gélido ar que pairava sobre aquele quarto mórbido. Finalmente o rosto de Venix pode ser visto por Sherry, mas fitar aqueles olhos lhe provocou mais um calafrio e todo o seu corpo se arrepiou. - Aqui estou eu Sherry, pode fazer o que bem quiser comigo e eu não lutarei, mas peço que entenda que eu estou arrependida e quero saldar o meu debito, só preciso de sua ajuda para uma última tarefa e depois eu juro, eu sumirei para sempre e você nunca mais me verá... Mas por favor, me ajude uma última vez... - Venix se pronunciou e a vontade de Sherry era de voar no seu pescoço, mas algo a incomodou, não sabia o que, nem porque, mas algo não a deixava sequer mexer-se. A loira bufou e abaixou a cabeça trêmula de ódio. Seus dentes trincavam de tão forte que se ferravam, o suor escorria pelo seu rosto e a fúria inflamada em seus olhos era controlada com uma força incrível! Ela estava por um fio de explodir desastrosamente, mas uma resposta surpreendeu as expectativas de Venix.

– Com uma condição. - Impôs.

– E qual seria?

– Eu quero que depois que tudo isso acabar você morra! - Sherry propôs e Venix se surpreendeu com a oferta, mas a seguir, tudo que a loira recebeu foi uma crise de risadas insanas, uma risada arrepiante e aterradora.

– Sua tola! Morrer é o que mais quero! Mas suponho que a morte não pode morrer, não é mesmo? - Venix sugeriu e Sherry ficou sem chão com a resposta.

– Você não deveria agir assim enquanto está negociando comigo! Está subestimando o que posso fazer! - Sherry ameaçou e Venix se deixou ficar seria.

– Eu sei... Peço desculpas, não deveria rir assim na sua cara, mas o que você sugeriu é algo um tanto difícil de acontecer. - Venix explicou e Sherry apenas ganiu irritada.

– Não me importo! E não ligo para você! - A loira exclamou encolerizada.

– Muito bem Sherry, Se quer que seja assim... Então eu morrerei para você... - Venix respondeu e de seus enormes cabelos negros um livro surgiu.

– Esse não é o seu livro. - Sherry debateu ao ver que a cor do mesmo não era negra e sim um roxo ao pé do negro.

– Acredite se quiser, mas ele é. Leia os poderes se quiser. - Venix sugeriu entregando o livro nas mãos da loira que logo reconheceu o Trovux sombri tão utilizado por Venix.

– Mas como pode ser? - Sherry perguntou confusa.

– Sherry, eu tinha o livro de Brago com os meus poderes, não lembra? “Se meu livro queimar o dele também queima, pois temos o mesmo livro”, Mas agora eu tenho o meu livro e os meus poderes, fica mais fácil, não acha? - Venix sorriu.

– Você é bem corajosa. - Sherry comentou.

– Por que diz isso?

– Porque eu poderia queimar o seu livro se quisesse.

– E então você não seria útil, é claro que Lúpus também ficaria bem chateado e iria lhe atirar aos lobos, ou digo: Ao Daymon, Ele seria o primeiro a querer se aproveitar de uma situação como essa e Lúpus com certeza não interviria. Digo isso por experiência própria, fique longe do Daymon. - Venix pareceu mudar de comportamento repentinamente quando citou o nome de Daymon, estava bem mais fria e mórbida do que de costume e seu olhar se perdeu no vazio. - Então, por favor, senhorita Sherry, pense bem antes de fazer algo, toda ação tem uma conseqüência, você mais do que ninguém deve saber disso, Agora eu irei embora, volto depois que estiver pronta. - Disse a pálida pronta para ir, mas Sherry a interrompeu.

– Pronta para quê?

– Pra caçar! - E com isso Venix sumiu deixando para trás as cinzas cor de morte.