Poniko's P.O.V

[4.5]

Quem ela pensa que é? Sorrindo daquele jeito idiota e fingindo-se de santa pra ele? Qual era o nome dela mesmo? Mado-alguma-coisa... Madotsuki eu acho... De que importa seu nome? Eu nem sabia que ela existia até aquele garoto acerta-la com aquela bola.

Manchú me contou sobre ela. Disse que ela e Gou sempre estavam a extorquindo para conseguir dinheiro para drogas. Não que eu realmente me importe, não é a primeira vez que isso acontece, antes dessa “zinha” era a mesma coisa com aquela *anã de franja comprida, até que ela aprendeu a se esconder como um rato pelos corredores do colégio como se pudesse desaparecer. Então elas tiveram que trocar de presa e a sortuda foi essa tal de Madotsuki.

Não me importa o que elas fazem ou com quem fazem, desde que continuem dependentes de químicos para mim está ótimo, assim posso mantê-las sobre controle, nunca me incomodei com isso. Mas essa garota em especial, ela conseguiu chamar minha atenção... e isso raramente é algo bom.

O jeito que ela olhou para ele quando ele ajudou essa desajeitada a pegar aqueles papeis que havia derrubado. Eu ter visto aquilo foi um mero acaso é verdade, mas não poderia ter sido um acaso mais feliz. Estava bem claro que ela assim como eu tinha visto o potencial e a beleza daquela pessoa. Com aqueles olhos gentis, aquela voz suave, aquele sorriso encantador, e o cavalheirismo de um verdadeiro príncipe... tudo nele era tão perfeito, meu coração parece que vai derreter só em pensar nele...

EU o vi primeiro! Foi a MIM que ele pediu informação para achar a sala dos professores! E eu como a boa dama que sou, gentilmente o levei até lá. Aquele sorriso pertenceu primeiro a MIM! Que direito ela pensa que tem para roubar o que eu já decidira que ser MEU?!

Eu preciso fazer algo a respeito, tira-la do caminho! Ela não parece ser muito esperta, na verdade parece ser a pessoa mais sonsa da face da terra, talvez eu não precise de muito para manipula-la... talvez uma abordagem amigável vá funcionar, se for tão ingênua quanto penso que é vai cair direitinho.

Vamos nos divertir um pouco Madotsuki-san...

[5.5]

– Madotsuki-san, você teria um momento? – Então esse é o brinquedinho de Gou e Manchú? Cabelos sem graça, pele sem graça, se encolhendo como um rato assustado, realmente é uma imagem patética.

– P-Poniko-san?

– Oh, vejo que você sabe meu nome – Forcei um sorriso. É claro que ela sabe meu nome, até mesmo seres insignificantes não poderiam deixar de notar minha presença naquele colégio, tendo em vista que os idiotas de lá comem na palma da minha mão.

– Ah, que pena não é Mado-chan teremos que deixar está conversa pra depois, tchauzinho – A irmã de Monoe – que aparentemente era a melhor amiguinha desse camundongo em forma de gente – saiu nos deixando a sós, exatamente como eu queria.

– A-ah espera Monoko-san – Ah vamos, por favor, eu não tenho tempo para isso – E-então...

– Ah, não precisa ficar tão nervosa – Pelo menos não por enquanto – só quero conversar com você.

– M-mas o que alguém como você iria querer com alguém como eu? – Olha só, talvez o seu cérebro não seja de camundongo afinal de contas.

– Alguém como eu? – Me fiz de desentendida.

– S-sabe alguém popular – Camundongo esperto. Sabe que estamos em níveis completamente diferentes. Acho até que merece um queijinho.

– Hahaha, o que é isso, eu nem sou tão popular assim – Só a garota mais popular do colégio, mas vamos fazer ela pensar que isso não é nada. Vamos faze-la pensar que eu sou só mais uma amiga, a melhor amiga que ela poderia querer – Então vamos? Não quero que se atrase por minha causa.

Parece que ela acreditou no que eu disse, bem era de se esperar levado em conta a excelente atriz que sou. Agora só tenho que colocar meu plano em prática. Primeiro tenho que ver seu comportamento. Todas as outras idiotas que se interessaram por ele desistiram da ideia assim que eu disse que haviam caras mais interessantes. Claro que eu menti, mas aquelas sem-cérebro concordariam com qualquer coisa que eu dissesse. Vejamos de Madotsuki-san é tão manipulável quanto parece, mas antes preciso me certificar de que tenha minha confiança...

– Eu sinto muito – Disse cortando aquele silêncio miserável entre nós duas.

– Eh? P-pelo que está se desculpando?

– Pelas minhas amigas, Gou e Manchú eu digo – Vamos, morda a isca camundonguinho...

– Ah isso – Bingo! – N-não há com o que se preocupar, afinal não foi sua culpa.

– Não! Eu tive culpa sim, eu deveria ter percebido antes o que elas estavam fazendo, e

tê-las repreendido – Fiz a melhor voz de choro que pude, fazendo parecer com que eu realmente me importava com o que acontecia com ela – Sou tão culpada quanto elas.

– N-não, de maneira alguma.

– Mesmo? – Segurei suas mãos, e fiz o olhar que faço quando quero que alguém faça o que quero, nunca falha. Como se eu não recebesse o perdão desse ser patético eu não poderia mais viver comigo mesma – Então você me perdoa?

– S-sim.

– Quer dizer então que agora somos amigas? – Perguntei com falsa alegria. Como se EU fosse realmente querer ser amiga dessa coisinha. Tenho que me segurar para não rir ne sua cara agora mesmo.

– S-sim! – Como eu disse, tão fácil quanto prender um camundongo em uma ratoeira.

– Ah, que bom – A abracei querendo afasta-la na mesma hora, mas eu resisti, eu precisava, para o bem de meu amado – Até Madotsuki-san, nos vemos por aí.

Entrei pelos portões do colégio e fui procurar Gou e Manchú, quero essa fedelha vigiada de perto o tempo todo, no momento em que pisar aqui e no momento em que rumar para sua toca infeliz. Quero saber quando andar, correr e até mesmo quando respirar. Se eu descobrir que você realmente me é uma ameaça, camundongo. Eu não vou hesitar em esmagar você.

[...]

Eu estava sentada em uma das primeiras carteiras, com as desmioladas que andam comigo pelo colégio. Madotsuki-san acabara de voltar do intervalo com a irmã de Monoe lhe dei um sorriso coberto de falsidade e um aceno. Posso não gostar de muitas pessoas nesse colégio, mas não posso dizer que no mínimo não respeito Monoe. Depois de ouvir rumores sobre o relacionamento dessas duas não pude deixar de pensar que Monoe tem potencial, ela sabe o que quer e não vai deixar empecilhos atrapalharem. Sem falar que ela é uma atriz quase tão boa quanto eu.

– Ok pessoal vamos começar a aula? – Ele entrou na sala, fazendo meu coração palpitar ao encarar aqueles olhos profundos que parecem brilhar mais do que diamantes. Ele olhou para a turma até que eu vi seu olhar parar sobre um ponto fixo e seus lábios se curvarem no sorriso que fizera meu coração quase explodir dias antes. Segui seus olhos e me deparei com a sonsa da Madotsuki-san extremamente vermelha.

Eu devo ter deixado a raiva transparecer por que ela me olhou de um jeito estranho e se encolheu mais ainda. Camundongo idiota...

[...]

A aula terminou e eu pretendia ficar mais um pouco para conversar com meu príncipe, talvez assim ele visse o que realmente tinha algum valor por aqui. Mas uma das desmioladas que chamo de amigas me arrastou para falar de um assunto idiota e que eu não dou a mínimo. Quando finalmente consegui me livrar dela ainda mantendo minha fachada de menina boazinha já estava um pouco afastada da sala, quando cheguei lá pude ver que aquela maldita estava falando com ele, provavelmente algo idiota que ele nem se importa.

Ela disse mais algumas coisas e depois saiu apressada e desajeitadamente da sala, correndo igual uma destrambelhada em minha direção. Eu não fiz menção de sair do caminho, ela estava vindo exatamente para onde eu queria que estivesse: Nas minhas mãos.

– A-ah me desculpe - Se desculpou logo depois de trombar em mim. Analisei seu rosto, estava corado como eu já esperava, mas não é hora de deixar meu desprezo transparecer novamente.

– Ah Madotsuki-san finalmente te achei – Fingi com falso alívio.

– P-por quê?

– Para irmos para casa juntas claro – Claro, por que é meu sonho dar uma de babá de idiotas.

– M-mas não precisa fazer isso – Claro que não preciso, mas pelo bem de meu príncipe eu farei o que for preciso, mesmo que isso signifique ter que aturar você.

– Ora o que é isso, eu já me decidi – Enganchei meu braço no seu, e a puxei para longe da sala. Tudo o que eu queria era deixa-la o mais longe possível dele.

– Então Mado-chan, posso te chamar assim? – Tendo em vista que te chamar de vadia, idiota, lesma, sonsa, patética e camundongo parecem não ser possíveis no momento.

– C-claro.

– Certo então Mado-chan o que achou do novo professor? – Perguntei casualmente como se aquele fosse um papo bobinho de melhores amigas.

– E-eu acho que ele é um bom professor – E ela ainda tem a audácia de dar uma de desentendida. Se eu não fosse tão boa já teria arrancado essa sua cara de imbecil do jeito mais doloroso possível.

– Hahaha, não bobinha não desse jeito. Estou perguntando se o achou bonitinho? – É agora que você decide comundonguinho. Se eu a deixarei ir como o resto das idiotas ou se vai ter sua vida transformada num pesadelo por mim.

– E-er – Ela enrubesceu mais ainda. O ódio tomou conta, mas eu continuava me esforçando ao máximo para me conter.

– Não precisa mais responder seu rosto já diz tudo – Respondi tentando parecer normal, mas mais uma vez parece que deixei algo transparecer, pois ela parecia um tanto complexada, mas ignorei como se nada tivesse acontecido e continuei a andar em direção ao pátio.

– Ponikoooooo! – Ouvi uma voz familiar me chamar ao longe. Era Gou. Eu poderia ficar irritada por terem atrapalhado meu plano, mas olhar para elas me deu um ideia.

– Acho melhor eu ir – Disse ela se soltando de meu aperto, o que na verdade para mim foi um alívio.

– Eu sinto muito Mado-chan – forcei mais uma vez um olhar de tristeza e uma voz arrastada – Vamos juntas numa próxima ok?

– Ok.

Eu a abracei e comecei a ir de encontro as irmãs Toriningen. Ela já havia saído do colégio quando cheguei finalmente junto a elas.

– Tenho um trabalho para vocês.

– Trabalho? – Perguntou Manchú curiosa (o que é raro) – Que tipo de serviço?

[6.5]

Eu não acredito que aquela vaca saiu do buraco onde se esconde para tentar ajudar aquela idiota!!! ARGH!!! Estou com tanta raiva que se eu encontrar aquela peste de novo eu vou...

Talvez eu tenha conseguido enrola-la com toda aquela história de “ciúmes de amiguinha”. Ela é lenta e acha que eu sou realmente o que pareço ser, então não devo ter tido problemas em engana-la.

Mas isso é sério, aquela coisinha pode estragar meus planos! E não somente isso, ela pode estragar a fachada que dei duro para construir e me dedurar na frente da escola toda...

Ou talvez não, não há como saber se ela tem algum tipo de prova além de experiência própria não é mesmo??? ELA NÃO PODE TER!!! E mesmo que tenha vou fazer com que esqueça dessa ideia do jeito bom ou do jeito ruim.

Não posso me concentrar nisso agora, tenho que arranjar uma maneira de arrastar aquele camundongo para a minha armadilha. Manchú me disse que não poderia fazer o serviço enquanto aqueles dois estrupícios estivessem colados nela onde quer que fosse.

Tenho que achar uma saída, cada vez mais ela parece ficar mais próxima de meu príncipe... e eu não vou permitir tal coisa!!!

[8.5]

Então os amiguinhos da Mado-chan se explodiram na frente de um caminhão?! É uma pena ouvir isso não é mesmo? Fico até de coração partido... Não, talvez seja só enjoo mesmo.

Mas vejam só, o jogo está começado a seguir a meu favor. Agora sem esses dois idiotas no meu caminho posso efetuar meu maravilhoso plano, e claro sem precisar me desfazer de minha máscara de melhor amiga. Agora mais do que nunca essa coisinha vai acreditar e se agarrar em mim como uma criança perdida. Não poderia ser mais perfeito.

Monoe deve estar feliz agora. Finalmente ela conseguiu se livrar da pedra no caminho que queria atirar para longe já faz muito tempo. Pelo que os veteranos disseram Mado-chan teve muito haver com o que aconteceu com aqueles dois. Parece que no final das contas ela serviu para alguma coisa. Ela deve estar arrasada agora, chorando num quarto escuro e se culpando, não veio hoje ao colégio, imagino que vai ficar enrolada numa coberta como a minhoca patética que é¹.

Hum... Lembrar sobre os veteranos me deu uma ideia. Me virei para Gou que estava brincando com um fio de cabelo entre seus dedos compridos.

– Gou, preciso que me faça um favor – A mais alta me encarou com um olhar confuso que só a deixava com cara de mais idiota que o normal – Há ainda alguns minutos de intervalo sobrando, e estão entediantes demais.

Um sorriso mais largo do que o meu abriu-se embaixo de seu nariz exageradamente fino e arrebitado.

– O que precisa que eu faça?

– Os veteranos vieram me dizer que nossa querida Mado-chan estava presente quando o acidente aconteceu. Mas sabe como são rumores de escola, não sabe? Eles podem acabar "se alterando" por acidente – Meus lábios se curvavam em um sorriso sugestivo e cheio de malícia – Por que não se certifica de que isso aconteça?

– Como quiser – Ela se levantou e fui em direção a um grupo de garotas e começou a puxar assunto. Não vai demorar muito para que isso se espalhe pela escola. Só terei de esperar e meu plano terá 0% de dar errado.

Assim que perceber que todos a culpam pelo que aconteceu ela vai correr para meus braços.

[9.5]

Como eu havia previsto assim que ela pisou no colégio os olhares acusatórios e julgadores dos idiotas que se deixaram levar pelo que inventei caíram sobre Madotsuki. Mas parece não ter sido o suficiente, algumas pessoas ainda lhe lançam olhares de pena e compaixão. Não é possível que Gou não consiga fazer o menor dos serviços direito.

Ela parecia exausta, deve ter passado esses últimos dias rolando nas próprias lágrimas, pobrezinha. Esperei um pouco até que ela percebesse como as pessoas a estavam olhando, talvez precise de mais tempo para raciocinar.

Depois de alguns segundos vendo-a deslocada e completamente perdida decidi que que já era o suficiente, ela parece a beira de um colapso, é hora de entrar em cena. Saí de perto dos armários e fui a porta encontrar minha mais nova “melhor amiga”, aposto que ela precisa de mim mais do que nunca agora. E que tipo de melhor amiga eu seria se não ajudasse não é mesmo?

– Mado-chan?

– Poniko-san. Bom dia.

– Mado-chan por que não conversamos em outro lugar?

[...]

– Você é mesmo uma inútil!!

– Como assim? – Defendeu-se a ruiva, como se realmente não tivesse sido culpa dela – Eu fiz exatamente o que me pediu!

– Não! Você não fez, por que ainda há pessoas que estão com “peninha” dela ao invés de culpa-la pelo que aconteceu! – Disse me aproximando de seu rosto a fazendo recuar um pouco.

– O que sugere que façamos então? – Perguntou Manchú me olhando com seus costumeiros olhos frios.

– Vocês já fizeram o suficiente, eu mesma cuidarei disso! – Respondi mordendo a ponta de minha unha – Por hora só digam para quelas *três provoca-la quando estiver sozinha. Coloquem mais pressão, tenho um plano e preciso que ela esteja o tão vulnerável quanto se possa ficar.

Me virei fazendo menção de sair, quando fui detida por uma dúvida estupida de Gou.

– Onde vai?

– Colocar meu plano em prática.

Procurei aquele camundongo pela escola inteira, até que uma garota me disse que ela tinha ido para o terraço. Segui até lá sem cerimônia. Quando cheguei na escada vi Himura-kun descendo-a.

– Olá Himura-kun – Forcei um sorriso radiante.

– P-Poniko-San! – Ótimo mais um ser patético. Deve ser duro para alguém como você ficar perto de alguém como eu sem se borrar todo, não é mesmo pobrezinho?

– O que faz aqui sozinho?

– Eu indo buscar um novo galão de água para a sala dos professores a pedido de Masada Sensei, quando vi aquela garota sentada perto do reservatório. Aquela que todos estão falando ter sido a culpada pela morte de Shitai-San e da irmã da presidente.

– Entendo. Ela lhe disse alguma coisa Himura-kun?

– Não, só estava lá sentada com um gato preto no colo, parecia uma bruxa – Eu podia sentir o desprezo na voz do garoto. Parece que ele caiu direitinho na minha mentira. Uma bruxa não é?... Isso me deu uma ideia.

– Himura-kun? – Fiz minha carinha adoravelmente irresistível e uma voz tão doce que me dava até enjoo– Eu estou meio ocupada agora, será que você poderia procurar Gou e Manchú para mim e dizer para irem a minha sala depois do intervalo?

– C-Claro Poniko-san, tudo o que quiser – Ele saiu como um bonequinho de corda escada abaixo.

Eu rapidamente peguei meu celular e escrevi uma mensagem para Manchú.

“Himura-kun procurará vocês por ordem minha. O questionem sobre Madotsuki-san e tenham certeza de que aquelas três escutem sobre isso também. E não precisam me encontrar ao final do intervalo, só precisava dizer alguma coisa para aquele imbecil. Só me digam aonde Mado-chan vai estar quando o intervalo estiver quase acabando que eu mesma vou me certificar de consola-la.

– Poniko”

Agora vamos falar com nosso pequeno camundonguinho triste. Abri a porta do terraço e assim como Himura-kun havia dito ela estava sentada com um bichano de rua no colo.

– Mado-chan.

– Poniko-san.

– Sinto muito por não ter vindo vê-la antes, mas para compensa-la por que não vem a minha casa hoje depois da aula? – Isso vai me ajudar a conseguir a confiança que preciso.

– S-sério? – Pois é até eu mesma duvidaria se fosse você.

– Sim – Dei-lhe um sorriso tão radiante quanto o que ofereci a Himura-kun – Bom te espero na saída, peço desculpas novamente, mas terei que voltar, eu escapei para vir falar com você. Até depois.

[...]

O intervalo já estava quase no fim, fui em direção a biblioteca, de acordo com Machú ela foi pra lá. Virei o corredor e vi aquelas três saindo vermelhas de raiva. Passei por elas tentando ouvir alguma coisa.

– ...Masada Sensei tinha que aparecer justo àquela hora? – Disse uma delas e senti meu coração parar por um segundo.

– Espero que não fiquemos em problemas por culpa daquela cara-de-sapo ridícula.

Acelerei meu passo em direção a biblioteca. Não posso permitir que aqueles dois fiquem sozinhos por incompetência dessas três imbecis. O que elas estavam pensando? O bronzeamento artificial afetou o cérebro delas? Isso é, se elas tiverem um.

Ao chegar a porta da biblioteca dei de cara com meu príncipe, assim que o vi meu coração teve vontade de saltar para fora, mas esse sentimento passou logo que vi seu rosto... corado.

Ele passou direto por mim e atravessou o corredor a passos rápidos. Quando entrei na biblioteca vi aquela sonsa com os dedos pousados nos lábios e com um olhar avoado e assim como meu príncipe ela estava extremamente vermelha.

É melhor não ter acontecido o que eu penso que aconteceu camundongo, por que se sim... Você está em sérios problemas.

Mas por enquanto vamos fingir que não sei de nada não é mesmo. Coloquei minha melhor cara de surpresa no rosto e entrei na biblioteca.

– Mado-chan por que está aqui? Te procurei por toda parte. E por que está vermelha como um tomate?

– N-não é nada, vamos logo – Essa maldita...

[...]

– Nossa – Ela parecia impressionada. Bom não é de se esperar menos já que um quarto de alguém como eu deve estar à altura.

– Entre, por favor, sinta-se à vontade – Só de pensar que estou permitindo que essa miserável entre aqui já me deixa enjoada. Mas é tudo pelo meu amado então vale a pena – Vou buscar algo para comermos.

Nunca quis tanto ter veneno a mão para poder acabar logo com essa praga. Quando voltei ela estava sentada no meu pufe cor-de-rosa. Imagino se seria possível sufocar alguém com um daqueles. Coloquei a bandeja que trazia em cima da mesa de centro, ela sentou-se e começou a comer. Hora de começar a falar Camundongo, depois do nosso infeliz episódio de hoje eu não vou deixar passar sem ao menos arrancar a verdade de você.

– O que acha do Masada Sensei Mado-chan? – Uma pergunta coberta de casualidade, mas por dentro estou sendo corroída por ódio ardente. Sinto meu queixo tremer levemente de tanta força com que entrelaço meus dedos. Calma Poniko, não estrague as coisas agora, se for racional talvez consiga que ela desista.

– Vo-Você já me perguntou isso – Vi suas bochechas corarem quando respondeu e seus olhos se perderam no vazio buscando alguma coisa.

– Então você gosta dele mesmo não é? – Minha paciência já está começando a se esgotar... Vou te dar uma última chance desgraçada – Mas você sabe ele é mais velho que nós, uma diferença considerável.

– S-sim eu sei disso – Ela respondeu de forma acanhada. Me dei conta que estava deixando meus pensamentos escaparem através de minhas ações, droga! Amansei minha voz e pisquei de forma doce, coloquei minha mão sobre a sua e fiz cara de quem estava imensamente preocupada.

– Não fique assim com essa cara desanimada, eu só quero o seu bem – Sim, quero você bem... Bem longe dele! Ela deve ter acreditado no que eu disse pois sorriu de volta como uma idiota.

Talvez eu tenha conseguido dessa vez. Se você for um camundongo esperto vai me ouvir não é mesmo Mado-chan?

[10.5]

Finalmente aquela tortura de aula acabou. Não acredito na incapacidade dessas pessoas de tocar, sorte deles que meu príncipe é simplesmente um excelente professor. Mas há pessoas aqui que não tem nenhuma salvação, acho que nem se o próprio Beethoven viesse e ensinasse a essa idiota de tranças a como tocar ela conseguiria emitir qualquer som decente.

Repousei o Violoncelo e voltei minha atenção a ele. Como já era de se esperar, alguns dos alunos foram em direção ao meu príncipe buscando auxilio. Mas mesmo sendo ele, tenho certeza que nenhum de vocês ratos seja capaz de produzir algo que preste. Mas mesmo assim ele os ajuda de bom grado com essa expressão gentil que faz com que meu coração quase salte para fora de meu peito. Dei um pulo ao perceber que o estava encarando por tempo demais.

Falando em ratos, vou falar um pouco com o camundonguinho, ter certeza de que essa aula não lhe despertou qualquer tipo de... sentimento indesejado.

– Você não parece estar muito satisfeita – Disse subindo os degraus.

– Bom, não é todo dia que você descobre que pode fazer um surdo chorar – Pelo menos ela sabe o quão patética é fazendo isso. Pelo visto passar um tempo comigo a deixou um pouco mais inteligente. Estou começando a gostar de você, talvez eu a mantenha como uma espécie de “animal de estimação”.

– Ah não foi tão ruim – Só foi horrível – Espera vou te mostrar.

Pousei meus dedos sobre as teclas as quais já estou tão acostumada. Respirei fundo e fechei meus olhos, deixando que meus pensamentos guiassem meus movimentos sobre a superfície monocromática, deixei-o guiar meus movimentos. Com seu sorriso, sua gentileza, o desejo de tê-lo como só meu, o modo como me fazia sentir leve como uma pena, deixei tudo a cargo de meus dedos transmitirem através daquelas delicadas notas, esperando que as alcançassem de alguma maneira. Que nos fizesse mais próximos nem que seja pouco.

Ao terminar a melodia deixei que meus dedos repousassem e me permiti mais um profundo suspiro. Abri meus olhos lentamente e sorri da maneira que não permito que ninguém veja.

– Viu, só tem que deixar fluir – Esqueci-me completamente com quem eu estava falando, e a sensação reconfortante que estava sentindo se esvaneceu e foi tomada pela raiva, raiva de mim mesmo por ter permitido que ela me visse dessa forma.

Eu estava a ponto de dar meia volta e explodir com o primeiro que visse na minha frente, mas o som de mãos chocando-se umas contra as outras me tirou desses pensamentos. Olhei para a frente da sala onde o grupo de alunos e Masada Sensei me aplaudiam. Senti minhas bochechas queimarem. Masada Sensei subiu os degraus e veio de encontro a mim.

– Magnifico Poniko-san, simplesmente esplendido – Disse ele segurando minha mão. Senti meu rosto queimar por inteiro.

– O-obrigada, é gentileza sua – Eu separei minha mão da dele rapidamente e a segurei fortemente com a outra, para que parasse de tremer, devo estar parecendo uma idiota agora.

– Imagine, eu realmente gostei muito. Você deveria investir nesse talento.

– O-O senhor gostou mesmo? – Meu príncipe, aquele que toca de forma tão maravilhosa, dizendo que eu deveria investir nisso. Eu devo ter morrido e agora estou no paraíso.

– Sim – Respondeu com um daqueles lindos sorrisos que me perseguem em meus sonhos.

– Mu-muito obrigada Sensei – Eu me curvei e segurei na mão do meu camundongo, digo de Madotsuki. Eu posso estar morrendo de vergonha e precisando sair daqui antes que exploda, mas eu não sou burra de te deixar aqui com ele. – N-Nós iremos agora, ou chegaremos atrasadas na próxima aula.

Nos dirigimos a saída junto com os outros alunos, eu poderia soltar fogos de artificio a cada passo com a tamanha felicidade que estou sentindo no momento. Mas essa felicidade foi logo arrancada quando a um passo de estar fora da sala meu príncipe proferiu as palavras que eu tanto temia.

– Madotsuki-san será que pode esperar um minuto?

Senti-me corroendo em raiva novamente. O que meu príncipe poderia querer com ela? Eu a fiz desistir não é mesmo? Espero que não esteja me passando a perna camundongo.

– A-ah s-sim claro Sensei – Ela olhou para mim, provavelmente para perguntar se estaria tudo bem. Tratei de disfarçar minha raiva e fingir meu melhor sorriso.

– Eu vou te esperar no corredor – Girei em meus tornozelos e daí da sala, mas como eu havia deixado claro antes, não vou te deixar fora de vista por nem um segundo, camundongo.

Ao sair da sala me certifiquei de que não havia mais ninguém no corredor eu me fiquei ao lado da ponta olhando pela estreita janela no canto superior direito. Eles parecem estar tendo uma conversa normal até o momento, nada demais. Espera... o que ele está fazendo colocando as mãos em seus ombros? O que está acontecendo aqui?

O barulho repentino do sinal bloqueou qualquer som de dentro da sala que eu pudesse escutar, mas não foi preciso. Nos momentos que se seguiram o que vi foi o suficiente para que eu ouvisse meu coração se partir em pedaços.

COMO ELA OUSA FAZER ISSO? COMO ELA OUSA BEIJAR O MEU PRÍNCIPE?

Ela se afastou dele e veio correndo como uma pata em direção a saída. O ódio estava borbulhando em mim pronto para explodir a qualquer momento. Minha vontade era de enterrar a cara dela no chão, mas eu me contive. Por que eu tenho algo muito melhor reservado para você camundongo, e dessa vez você não tem para onde fugir.

– O que ele queria? – Perguntei como se nada tivesse acontecido.

– A-ah ele... E-ele queria conversar sobre minhas notas, elas não estão muito boas sabe – Além de tudo é uma péssima mentirosa, mas não se preocupe, logo vou tirar esse seu sorriso bobo da sua cara.

– Mado-chan – Me desencostei da parede e me aproximei de seu rosto, fazendo esforço para conter minha vontade de acabar com ele agora mesmo – Você não está mentindo pra mim não é mesmo?

– C-claro que não, por que eu faria isso? – Me aproximei mais ainda, vendo o quão pateticamente ela se encolhia como se eu a pudesse engolir com o olhar. Mas não é hora de levantar suspeitas para mim, afinal somos “melhores amigas” certo?

– Apenas me preocupo com você – A abracei tentando conter meus dedos de se cravarem em suas costas. Tem sorte de não estar vendo meu rosto agora camundongo, ou descobriria que todos os seus pesadelos até hoje não passavam de uma piada – Você sabe disso não é mesmo?

– S-sim, eu sei!

[...]

Na hora da saída eu não me preocupei em manter fachada alguma, apenas andei para fora do colégio ignorando todos que falavam comigo. A única coisa que me interessava era fazer aquela peste pagar pelo que fez.

Havia intervalo mandei uma mensagem para Manchú e pedi ao motorista de minha mãe que acompanhasse as duas e o camundongo por hoje. Segui em direção ao portão principal avistando as Gêmeas encostadas ao muro. Ao chegar perto o suficiente pude ouvir Manchú me perguntar algo.

– Tem certeza sobre isso? – Eu já deveria saber que seria uma pergunta desnecessária.

– É claro que eu tenho certeza – Disse secamente – Por um acaso acha que estou brincando?

– N-Não, mas não há mal algum em me certificar – Respondeu a morena perdendo um pouco da compostura fria que sempre exibe.

– Ela não está muito longe da sala do concelho, apressem-se e vão busca-la – Disse já retomando meu caminho, mas parei e virei para trás me permitindo sorrir aberta e maliciosamente – E não tenham dó!

Elas sorriram de volta e foram em direção a construção branca onde aquela maldita nem pode imaginar o que a espera. Sai a passos largos pelo portão avistando o carro azul que minha mãe utilizava e logo atrás o carro vermelho com o qual eu ia embora todos os dias. Eu simplesmente entrei no banco de trás do carro, e o motorista fechou a porta. Olhei para o colégio mais uma última vez antes de partirmos.

Foi um desprazer de conhecer camundonguinho...

[11.5]

– VOCÊS A DEIXARAM ESCAPAR????? – Gritei ao telefone com uma daquelas vadias incompetentes.

– N-Não foi nossa culpa! – Gaguejou a ruiva tentando se defender – Não estávamos por perto quando aconteceu.

– E posso saber o POR QUE? – Estava quase quebrando o celular em meus dedos de tanta raiva que sentia.

– B-Bom foi você quem disse “Entregue-a ao cara e saiam daí”, não é nossa culpa que ele deixou ela fugir – Cada palavra que ela dizia fazia com que eu tivesse vontade de ir pessoalmente procurar aquele rato e acabar com ela – E agora?

– Vocês já fizeram de mais, deixe-me pensar em outro plano – Disse já não aguentando ouvir a voz daquela desmiolada – E não vou tolerar outro erro ouviu bem?

Não dei nem tempo de ela responder desliguei na sua cara e cerrei meus punhos com tanta força a ponto de deixar os nós brancos. Andei de um lado para o outro pelo meu quarto escuro tentando pensar em alguma coisa, mas minha raiva era tanta que não conseguia pensar direito.

E joguei meu celular na cama e chutei a mesa de cetro com tudo, fazendo a virar e se chocar contra a parede. Eu quero esse camundongo... e quero agora!

Sentei-me na minha cama e passei as mãos por meus cabelos nervosamente. Eu estava tão consumida pelo ódio que não pude perceber uma coisa: Manchú e Gou estão com as coisas dela. Então ela está sozinha, drogada e sem qualquer tipo de documento vagando pela cidade. Não poderia ser mais perfeito.

Com sorte ela é pega por algum marginal para servir de brinquedinho ou acaba morta em um beco qualquer. Provavelmente não terei de me preocupar com ela nunca mais...

Maravilha!

[12.5]

Eu Pedi a Manchú e a Gou que me trouxessem a mochila do camundongo, pretendo entrega-la a Monoe. Não seria nada inteligente ter algo assim associado àquelas duas, ainda mais se ela realmente for dada como desaparecida. Não posso confiar naquelas duas idiotas, se a polícia investigar podem me dedurar. Só preciso que Monoe me faça o favor de ligar para os pais do camundongo e dizer que uma pessoa encontrou isso na rua e trouxe para o colégio. Tenho certeza de poderíamos chegar a um acordo e que Monoe “compreenderia” a situação.

Tive que vir a pé para encontrar aquelas duas imbecis, disseram que depois do que aconteceu não querem dar as caras na escola, com medo que apareçam policias lá. Além de burras e incompetentes são medrosas, incrível.

Estava saindo de um dos becos que dariam na rua principal da escola quando não pude acreditar em meus olhos, fiquei petrificada no mesmo lugar onde parei. O camundongo estupido estava vivo, vivo e com um sorriso idiota no rosto. Senti a raiva brotar no fundo do estomago novamente. Queria pega-la pelos cabelos e tirar aquele sorriso da sua cara na marra, mas me contive, com dificuldade, mas contive. Era uma ótima oportunidade para que ela confiasse em mim de uma vez.

Saí finalmente do beco e acelerei meu passo até ficar lado a lado com ela e comecei a agir como sempre ajo perto dela.

– Por que está mais vermelha que uma cereja?

– Poniko-san? D-De onde você surgiu?

– E-Eu sinto muito Mado-chan – Ignorei sua pergunta e me curvei a sua frente, fico até nauseada de pensar que estou me curvando para alguém como ela. Mas eu precisava ser convincente, até forcei algumas lagrimas a saírem – Não pedi a Gou e Manchú que levasse você a lugar algum! Pedi apenas que se desculpassem, mas por minha causa aquilo aconteceu

– De maneira alguma Poniko-san, a culpa não foi sua – Ela pegou um lenço no bolço de sua saia e limpou minhas lágrimas falsas, como eu havia feito quando seus amiguinhos explodiram.

– Então você me perdoa?

– S-Sim, eu perdoo você – Prontinho, um pouco de lágrimas aqui e um choramingo ali e você é minha de novo camundongo.

– C-Cento então – Estendi sua mochila para que pegasse logo aquelas coisas, já estava começando a ficar pesado – Aqui suas coisas, não se preocupe me certifiquei de que tudo estava aí.

– Muito Obrigada por traze-las.

– Eu fui até sua casa para tentar entrega-la, mas você não estava – Menti, mas espero que meu tiro no escuro acerte alguma coisa – Fiquei preocupada que algo tivesse acontecido a você. Onde estava?

– A-Ah, eu estava... Eu estava na casa de Masada Sensei, eu não podia voltar para casa sem dinheiro, e como sabia onde ele morava lhe pedi ajuda – Parece que meu tiro acertou mais do que o esperado. Você está de brincadeira não é?

– Ah que bom! – Minhas palavras saíram sibilantes, quase podia senti-las cortando o ar. Como assim estava na casa de meu príncipe, e mais importante como isso aconteceu? Isso é algum tipo de piada cósmica comigo?

– Po-Poniko-san, você está bem? – Acordei de meus devaneios e vi a mão do camundongo a meio caminho de meu rosto. Segurei-a e dei um sorriso fraco, não me sinto apta no momento a dar um sorriso falso melhor.

– Desculpe, não queria preocupar você. De qualquer forma fico feliz que esteja bem, e que Masada Sensei estava por perto para ajudá-la, agora vamos antes que percamos o horário.

Deveria ter ficado na sarjeta camundongo, deveria mesmo...

[13.5]

Já se passaram algumas semanas desde que aquele camundongo escapou da minha armadilha na boate e me contou que tinha passado a noite na casa de meu príncipe. Depois disso eu dispensei meu motorista e passei a ir à escola todos os dias a pé junto do camundongo. A quero sobre minha vigia mais do que nunca agora. Mesmo assim ela não me disse mais nada, quando pergunto se ela falou com ele depois de tudo ela me dá uma resposta curta e muda de assunto. Eu vou descobrir o que essa imbecil está escondendo nem que pra isso eu tenha que passar 24 horas grudada nela fazendo teatrinho de “melhores amigas para sempre”.

– Bom dia Mado-chan.

– Bom dia Poniko-san.

– Né, Mado-chan você estudou para o teste de história de hoje? Eu estou tão encrencada, não sei praticamente nada sobre a revolução francesa, só sei que a França é o melhor lugar para se comprar roupas nesse mundo – Por favor, eu sei contar a história inteira da revolução francesa de trás para frente desde o ensino fundamental. Mas como eu disse preciso de desculpas para que fiquemos próximas e ela me conte tudo o que preciso saber.

– Não acho que isso vá cair no teste Poniko-san.

– Argh, desse jeito eu vou tirar zero. Mado-chan me ajuda.

– Tudo bem, assim que chegarmos à escola vamos até a biblioteca e eu te dou uma revisão rápida sobre o que vai cair na prova.

– Ah Mado você é a melhor – A abracei fortemente como se realmente estivesse feliz em ter que ouvi-la falar sobre um assunto que eu, com certeza, tenho mais conhecimento do que ela.

– Poniko, me solte, por favor – Ela se soltou de meu aperto e se apoiou nos meus braços, pude ver que mal conseguia se aguentar em pé. Que coisa não? Até que enfim alguma coisa conveniente está acontecendo. Mas por hora vamos continuar com o show.

– Mado-chan você está bem?

– E-eu estou be... – Ela mal teve tempo de terminar o que iria dizer pobrezinha. Bom aposto que não era nada de mais, ela disse que está bem se eu ouvi bem não é mesmo?

Fiquei observando sua forma miserável estatelada imóvel no chão só vendo seu peito subindo e descendo de forma acelerada. Talvez eu devesse leva-la para um lugar que se sinta confortável não é?

– Você gostaria que eu te levasse para um lugar mais confortável Mado-chan? – Perguntei cinicamente, obviamente sem receber qualquer tipo de resposta – Acho que isso é um sim, o que você acha de... uma lata de lixo em um beco escuro? Me parece a sua cara.

Depois de rir finalmente a segurei pelos ombros e comecei a arrasta-la até o beco, ela é mais pesada do que eu imaginei. Eu estava quase na entrada do beco quando ouvi passos acelerados e pessoas falando. Quando me dei conta haviam pessoas me perguntando o que havia acontecido e como poderiam ajudar.

Fiquei confusa, como eles poderiam saber de alguma coisa? Foi então que vi atrás daquelas pessoas um rosto que eu conhecia. A garota da franja comprida... Desgraçada não acredito que quer estragar meus planos de novo. As pessoas ainda estavam esperando por uma resposta eu precisava manter minha fachada inocente por hora.

– Graças a Deus vocês chegaram, eu não sei qual o problema, ela desmaiou do nada aqui no beco e eu estava tentando achar alguém para ajudar.

– Não se preocupe senhorita, nós vamos levar sua amiga para o hospital e tudo vai ficar bem – Respondeu um dos homens pegando Madotsuki nos braços, enquanto uma mulher ligava para uma ambulância.

– Muito Obrigada Senhor.

Me virei para procurar aquela desgraçada que estragou tudo, mas ela havia sumido novamente. Se um dia eu encontra-la ela vai desejar nunca ter ficado no meu caminho.

– Tch – Fiquei ali até a ambulância chegar e levar embora mais uma oportunidade de me livrar desse maldito camundongo.

[14.5]

– Foi o que minha mãe disse.

– Só pode ser mentira – Eu soltei o telefone deixando Gou no vácuo. Aquela vagabunda tem um bebê do meu príncipe dentro dela?

– Eu rapidamente peguei o telefone novamente e perguntei a Gou a pergunta que mais me interessava.

– Ele já sabe disso?

– Acho que não, quem foi busca-la foram os pais, mas isso não impede que ela tenha ido até ele contar.

– MAS QUE MERDA!!! – Não aguentei ouvir mais nada e desliguei o telefone.

Me dirigi a minha penteadeira que ficava a na parede oposta a janela. Olhei para o meu próprio reflexo exausto. A raiva e a tristeza eram tão evidentes que me deixaram frustrada. Eu mordi meu lábio inferior e de uma vez só derrubei tudo de cima da penteadeira em um acesso de raiva. Quebrando e espalhando coisas por todo o chão.

Não aguentei e me ajoelhei no chão e comecei a chorar. Mas não era a tristeza que mais predominava em meus pensamentos e sim a raiva, o intenso ódio que sentia. O ódio que sentia ao lembrar do seu olhar de extrema preocupação quando ela não chegou na escola aquele dia, ao lembrar como seu rosto ficava radiante quando sorria pra ela. Era pra ser meu... tudo isso... ERA PARA SER MEU!!!

Eu vou matá-la...

[16.5]

Isso já está se tornando ridículo.

Nenhum deles está mais vindo pro colégio, eu imagino o que está acontecendo? O que você fez com ele sua maldita? Continuei andando de um lado para o outro no quarto mordendo a ponta de minha unha o relógio marcava 20:15.

Eu preciso achar um jeito de reverter essa situação. Talvez eu posso faze-la perder esse fedelho de alguma forma... Um acidente talvez, e com um pouco de sorte ela pode acabar morrendo também. Ele vai ficar arrasado, mas é para isso que eu vou estar lá, para consola-lo, e então ele estará com quem sempre deveria ter ficado.

Mas como eu vou fazer isso se ela sequer sai de casa? E mesmo que eu a faça sair de casa como vou causar um acidente sem deixar nada que me incrimine...

Essa situação não poderia estar pior, como vou me livrar desse empecilho e conseguir Masada Sensei só para mim?

Meus pensamentos foram interrompidos pelo som do celular tocando. O visor indicava que era Manchú.

– É melhor ser importante.

[17.5]

– Poniko – Manchú soava preocupada. Isso não é um bom sinal – Eu acabei de ajudar a levar a Mado-chan e outras pessoas trazidas aqui para o hospital para salas de emergência... Houve um acidente na estação de metrô, parece que houve um desabamento em um dos tuneis.

– Sério? Ela morreu? – A maioria das pessoas ficaria preocupada e triste com essa notícia, mas eu não. Eu precisava de um acidente e um me caí do céu como um presente. Eu não poderia estar mais feliz.

– N-Não ela não morreu, mas perdeu o bebê aparentemente. Os médicos tiveram que fazer uma cirurgia de emergência para que o... feto não se tornasse um problema.

– Não é tão bom quanto eu esperava, mas já é alguma coisa. Talvez eu possa explorar isso para faze-la se afastar de Masada Sensei e... - Fui interrompida de minha excitação por Manchú. Sua voz era pesarosa e melancólica, como eu nunca havia ouvido antes.

– Poniko, eu não te liguei para falar da Madotsuki... – Ela deu uma pausa e pareceu respirar fundo antes de voltar a falar – Masada Sensei estava no trem quando o acidente aconteceu. Fizeram de tudo para salva-lo, mas ele perdeu muito sangue... Foi dado como morto as 20:05. Sinto muito.

Eu não respondi, ou qualquer outra coisa eu apenas desliguei meu celular calmamente sentindo as lágrimas rolarem sobre o aparelho. Fiquei extática olhando para meu próprio reflexo no espelho da penteadeira.

Morto? Meu príncipe está morto?

Em um ato súbito segurei meu telefone com força e joguei-o contra o espelho, vendo-o partir-se em mil pedaços, e comecei a chorar e berrar sem me importar com mais nada.

Não pode ser verdade, não pode ser verdade! Ele não está morto, Manchú estava mentindo, me pregando uma peça, aquela infeliz, com certeza é isso...

A quem quero enganar? Aquela cadela o levou-o para longe de mim, tão longe que agora ele não está mais aqui... Ela o matou!

– Poniko, você está bem? – Era a voz de minha mãe, já quase dentro do quarto.

FORA! – Berrei e lhe direcionei um olhar raivoso. Ela pareceu assustada e recuou, saindo apressadamente corredor afora. Não quero falar com ninguém, não quero que ninguém venha me consolar. Tudo o que quero é que aquela vadia pague pelo que fez.

Ela vai pagar nem que seja a última coisa que eu faça...

[19.5]

– Alô?

– Mado-chan? – Ouvi sua voz e tive vontade de xinga-la tanto que só iria parar quando a ouvisse se acabando em lágrimas, mas eu decidi que faria pior não é? Então tenho que me conter, só mais um pouco – Graças a Deus, eu estou tentando falar com você a semanas, onde esteve?

– Poniko-san? – Não sua idiota, aqui é o presidente querendo te dar o prêmio de melhor homicida do ano.

– Quem mais seria? – Respondi debochadamente – Você está bem? O que houve com sua voz? Estava chorando?

– Eu estou bem, sinto muito por não contata-la antes – Você tem é sorte de não ter falado comigo antes sua vaca.

– É claro que não está! Ouvi que você estava naquele terrível acidente junto com... Masada Sensei. Todos ficamos arrasados ao ouvir sobre o que aconteceu com ele – Eu estava a ponto de deixar o ódio explodir, mas me contentei em apenas falar de uma forma rija e sibilante.

– P-Poniko-san... E-Eu estava com ele, e-eu o vi morrer em meus braços Poniko... f-foi horrível – Ela começou a chorar desenfreadamente, mas ela não era a única minhas lágrimas começaram a rolar por meu rosto silenciosamente. Mas não eram de tristeza, eram de raiva. Como ele ousa falar isso para mim? Como ela ousa dizer que o teve em seus braços em seus últimos momentos e dizer que tudo foi horrível sendo que a culpa foi toda dela? Você tem muita sorte de estar protegida do outro lado da linha camundongo.

– I-Isso é horrível Mado-chan – Engoli minha raiva e fiz meu melhor para parecer realmente preocupada com ela – Mas o que importa é que você está bem não é mesmo?

Ela concordou com um pequeno ruído. Nenhuma de nós duas disse nada. Decidi quebrar aquele silêncio perguntando o que queria ter perguntado desde o momento em que te busquei naquela biblioteca suja do colégio. Eu quero ouvir da sua boca, quero ouvir você confessar que o roubou de mim.

– Né Mado-chan... Se importa se eu te fizer uma pergunta?

– N-Não, o que foi Poniko-san?

– Você e o Masada Sensei... tinham alguma coisa?

– S-sim. E-Eu e Masada Sensei tínhamos um relacionamento já a um tempo e... ele me pediu em casamento no dia do acidente – Ela demorou para responder, mas quando o fez eu não tive dúvidas eu a faria pagar custe o que custar.

– E... Eu estava esperando um bebê... um filho dele, mas eu o perdi... no mesmo dia em que perdi Masada Sensei.

Fiquei remoendo cada palavra que dizia em minha mente, sentindo o ódio flamejante aumentando cada vez mais. E eu vou deixa-lo sair.

– Mado-chan... Eu sinto muito por ouvir tudo isso, nem posso imaginar como deve estar se sentindo agora... Eu quero te ajudar, quero mesmo – Vamos lá camundongo caia em uma última armadilha.

– Acho que não a nada que possa se fazer agora Poniko-san – Acredite querida... tem sim!

– Eu sei que não há como voltar no tempo e evitar que tudo aconteça, mas por favor me deixe ao menos conforta-la, você precisa disso – Isso mesmo Mado-chan venha direto para meus braços.

– Obrigado Poniko-san.

– Por favor volte a escola amanhã – Só morda a isca rato maldito.

– E-Eu... – Apenas diga sim logo, droga! – Tudo bem eu voltarei amanhã

– Ótimo, nos vemos amanhã então Mado-chan e, por favor, não chore mais – Guarde para amanhã, vai com certeza precisar de todas as lágrimas possíveis.

– Certo.

– Bons sonhos Mado-chan – Pois pode ter certeza, vou me certificar que serão os últimos que você terá.

– Obrigado Poniko – Desliguei o telefone e logo disquei outro número.

– Alô? – Perguntou Manchú do outro lado da linha.

– Ligue para ele, diga que preciso de um serviço, e que traga todos os garotos que puder – Comecei a falar sem cerimônia, quero tudo pronto o mais rápido possível.

– P-Poniko? Por que não está ligando do seu celular?

– Do que isso importa, apenas faça o que mandei!

– Tudo bem, mas vai sair caro e... – A interrompi de imediato.

– Eu pago! Não importa o preço, eu pago. APENAS FAÇA!

– Tudo bem, mas o que pretende fazer?

– Vou dar a nossa amiga Mado-chan o que ela merece.

– O que quer dizer com iss... – Desliguei o telefone antes que ela pudesse terminar de falar.

Eu já me decidi não vou Mata-la mais Mado-chan, isso seria muito simples, e não é o suficiente. Eu vou faze-la pagar por tudo de uma forma mais dolorosa. Vou te deixar viver, mas apenas para que viva cada minuto do resto da sua vida desejando estar morta, para que grite por socorro até que suas cordas vocais se atrofiem e não possa mais dizer uma palavra...

Bem vinda ao seu eterno pesadelo Madotsuki!