Yu-Gi-Oh: Contos de Fadas

Capítulo 9 – A última chance de Eien


Era mais um dia no clã Fairy Tales. Artur se divertia em um duelo amistoso com seus amigos.
— Você não tem chances, eu invoco ELEMENTAL HERO STRATOS! Ele me permite buscar um HERO e...
Naquele momento, Eien apareceu, furiosa.
— Eien, eu só... – Artur tentava se explicar.
Eien então foi crescendo, ficando enorme. Os olhos de Artur se arregalaram. Logo a líder da Fairy Tales adquiriu uma armadura de cor amarelo dourado, como a do Metaltron XII. Artur correu, tentando fugir, mas a Eien gigante de armadura parecia cada vez mais próxima. Ela esticou o braço para pegar o garoto.
— Por favor, não faça isso! – Gritava em desespero.
— Essa foi sua última chance! – Respondia a Eien gigante.
Quando a garota finalmente agarrou Artur ele acordou.
— Foi só um sonho... – Pensou alto. – São 3h47... Eu devia tentar parar de pensar naquele duelo.
Artur foi até a cozinha para tomar um copo de água, mas ao chegar lá...
— Qual o efeito da Hayate?! – Agora era um Starving Venom com uma peruca vermelha parada na porta da cozinha.
Artur então acordou com o susto.
— Droga... 6h52... Ok, já posso levantar...
Artur estava bastante deprimido naquela manhã. Na realidade ele nem queria ir para o clã, mas prometera que ajudaria a Dulci a arrumar as cartas, então não poderia deixar de ir.
No clã as coisas não mudaram, o garoto não esboçava reação alguma além de tristeza e, com toda certeza, ver Eien não o fez se sentir melhor.
A noite passou depressa e logo todos haviam ido embora, ficando apenas Artur e Dulci para cuidar da arrumação.
— Certo, você arruma as cartas de A a J e eu arrumo as de K a Z. – Disse Dulci, animada.
Artur concordou, mas ainda sem nenhuma animação.
— Dulci... – Chamou Artur.
— É sobre a Eien, não é? – Perguntou a garota, já sentindo o que viria.
— Por que ela pega tanto no meu pé? – Perguntou, segurando a vontade de chorar.
— Bem, se eu pudesse arriscar uma resposta, eu diria que não é só com você... – Respondeu. – Todos nós ouvimos uma coisa ou outra.
Artur estava surpreso com a declaração de Dulci.
— Sabe, Artur, a Eien está passando por um momento bastante tenso... – Disse Dulci, medindo as palavras. – Assim como eu e você, ela também tem seus problemas pessoais.
Artur começou a refletir sobre aquilo. Nunca pensara em como era a vida de Eien fora do clã.
— Claro que ninguém quer se intrometer na vida de ninguém, mas a dela não está fácil... Além disso, ela tem se esforçado muito no xadrez.
— Xadrez? – Perguntou Artur, surpreso.
— Sim, ela joga, já participou de alguns torneios, mas nada muito grande... Ela sonha em competir no exterior, mas as coisas estão bastante complicadas. Mas eu acho que o que mais a está preocupando é o grande torneio de clãs que vai ser daqui um mês.
— Torneio de clãs? – Perguntou Artur, surpreso em saber da novidade.
— Isso, todo ano tem um torneio de clãs. Desde a sua criação, há quatro anos, a Fairy Tales tem participado.
— O clã já tem quatro anos? – Artur se surpreendia a cada frase da amiga.
— Sim... Quer dizer, no começo éramos só eu, a Eien, o Dexter e o Lennin.
— Quem é Lennin? – Perguntou Artur, que nunca ouvira falar daquela pessoa.
— O Lennin... É uma mistura de amor e ódio... Ou você o ama ou você o odeia... Ou os dois ao mesmo tempo... Enfim, ele é um dos fundadores do clã, mas está ocupado com assuntos pessoais e se afastou nesse último ano.
— Então você e a Eien se conhecem há quatro anos?
— Isso, no início éramos só nós quatro. Nós costumávamos nos encontrar para jogar, conversar besteiras e discutir estratégias. A Eien sempre foi muito utópica, queria criar um clã, como a Burning Heart. Daí que surgiu a Fairy Tales... Ela queria que o nome da Fairy Tales ecoasse por gerações e alcançasse o máximo de pessoas possível. Por um tempo nós tentamos manter esse sonho vivo. Logo que começamos a jogar para valer nós recrutamos membros. O Yusei e o Miguel são dessa época.
— Nossa, impressionante. – Artur estava muito curioso em saber mais da história do clã.
— Em pouco tempo nós nos organizamos e conseguimos estabelecer uma base... Era um lugar horrível, mas era nosso. Foi a primeira sede da Fairy Tales. Com o tempo nós fomos participando de torneios, participávamos de tudo o que aparecia. Ganhávamos prêmios em dinheiro ou em cartas, que vendíamos para reverter em coisas para o clã... Mas infelizmente nós nunca conseguimos vencer o torneio de clãs.
— Por quê? – Perguntou Artur.
— Bem, só no ano passado que nós estávamos fortes o bastante para competir. O time era Eien, Dexter, Lennin, Yusei e... – Dulci fez uma pausa, respirou fundo e continuou. – O Caio.
— Caio? – Perguntou Artur, também sem saber quem era.
— O Caio era uma espécie de agente duplo... Ele jogava na Fairy Tales, mas na verdade estava agindo a mando de outro clã... Claro que isso nunca ficou comprovado, mas esse ano ele joga pela Dark Side, nossa rival... Então temos convicção de que ele era um espião...
— Mas o que aconteceu? – Perguntou Artur, curioso para saber o que houve no último torneio de clãs.
— Bem, na fase final o Caio simplesmente sumiu...
— Como assim? – Artur estava confuso.
— Sim, ele saiu no meio do evento e não apareceu mais.
— E vocês jogaram com um a menos? – Perguntou Artur.
— Não, tivemos que jogar com dois a menos, porque o baralho do Yusei desapareceu. Então não deu outra, estávamos em três e todos os outros em cinco, o que foi o suficiente para perdermos.
— Nossa...
— Então é isso, a Eien se preocupa muito com esse sonho, principalmente porque... – Dulci percebeu que estava falando mais do que deveria.
— Principalmente por que o quê? – Perguntou Artur.
— Droga, eu prometi que não falaria nada... Mas acho que é importante que você saiba...
Artur estava preocupado.
— Ano que vem a Eien vai ter que se mudar. Ela não vai mais poder liderar o clã. Por isso ela está tão estressada com esse torneio... Ela está com medo de perder, ela está com medo de fracassar... Ela está com medo de perder a Fairy Tales para sempre.
— Mas não é culpa dela...
— Não, mas ela entende que é... O fardo de liderar é muito pesado... Por isso nós tentamos ao máximo aliviar esse fardo fazendo de tudo o que podemos. Esse ano o time parece estar formado, a princípio serão Eien, Dexter, Yusei, Hayl e Jovenil, mas a Eien quer todos preparados para assumir o lugar de um deles se for preciso...
Artur estava começando a entender melhor os motivos de sua líder.
— E se isso te fizer se sentir melhor, não há nenhum jogador de Sky Striker na equipe... O que significa que, se você estiver bem preparado, você pode assumir uma das vagas.
— Por que eu? – Perguntou Artur.
— Eu conheço a Eien há quatro anos... Certamente ela viu potencial em você... Do contrário, ela não faria tanta questão que você aprendesse a jogar com Sky Striker.
Artur começou a refletir sobre aquilo.
— A Eien não é má como você acha que ela é... Ela só tem uma forma mais... “Bruta” de se expressar...
— Certo... Então eu vou treinar para ser o melhor! – Artur estava determinado. – Essa vai ser nossa última chance de realizar o sonho da Eien!
Dulci sorriu.
— Certo, mas enquanto você escutava, só eu arrumei as cartas, você ainda tem cinco pilhas de cartas para organizar.
— O QUÊ!? – Artur estava surtando. – Por favor, Dulci, me ajuda!
A garota ria da situação, mas ajudou o amigo.