Capítulo 10 – A promessa. Rumo ao topo

Mais uma manhã se iniciava e Artur saltou da cama, apesar do sono devido a ter ido dormir tarde na noite anterior por conta das atividades do clã. Ele correu até um calendário que ficava em sua parede e marcou um “X” na data de hoje e, no mês seguinte, exatamente nesse mesmo dia, a data estava circulada e, logo acima, lia-se “O Grande Dia”.
Artur então se vestiu e saiu correndo, mas dessa vez ele não estava indo para a Fairy Tales, ele estava indo visitar a loja do tio de Lyla.
— Olá! Eu sou Artur. – Disse o garoto, ofegante, ao entrar na loja.
O homem o olhou de cima abaixo.
— Você é o garoto que minha filha está namorando? – Perguntou o homem.
— Pai! Nós não estamos namorando... – A garota corou. – O Artur veio aqui porque queria ver se temos algumas cartas.
— Isso, eu estou montando um baralho novo. – Respondeu animado.
— E o seu baralho de HEROes? – Perguntou Lyla.
Artur fez uma cara de tristeza e abaixou a cabeça.
— Eu não vou poder mais usá-los... – Respondeu.
— Por quê? – Perguntou Lyla. Seu pai virava o rosto tentando ouvir o que os dois conversavam.
— É uma longa história, mas agora o importante é que eu preciso de um baralho forte! – Disse Artur, sorrindo.
— PODE SAIR DA MINHA LOJA! – Gritou o homem.
— Pai, o que o senhor está fazendo? – Perguntou Lyla, assustada com a reação do pai.
— Se ele acha mesmo que o problema está no baralho dele, eu não tenho nada a oferecer que possa ajudá-lo. – Respondeu o homem.
— O senhor está dizendo que o problema sou eu? – Perguntou Artur, começando a se irritar.
— A partir do momento que você assume que um baralho é melhor do que o outro, você passa também a assumir que os duelos são definidos única e exclusivamente com base nos baralhos. – Respondeu o homem.
— E não é assim? Quer dizer, um baralho fraco não tem chances de vencer um forte.
— Não, você está enganado... – Disse o homem, se decepcionando com a fala de Artur. – Aqui, pegue esse baralho de Orcust. – Disse, entregando um baralho a Artur. – Eu vou jogar com esse baralho de World Chalice.
Não tinha nem comparação, o baralho que Artur acabara de receber tinha as melhores cartas, era o baralho perfeito para torneios. Enquanto isso, o baralho do adversário era muito fraco se comparado aos Orcust.
— Se você vencer eu te entrego esse baralho... Na verdade, te entrego todas as cartas disponíveis na loja...
Artur e Lyla olharam assustados. Aquela não poderia ser uma proposta séria.
— Certo, eu aceito!
O duelo havia acabado de começar e, apesar de saber exatamente o que fazer, Artur foi completamente subjugado pelo oponente. Mesmo com o campo padrão dos Orcust, com Galatea, Dingirsu e Crescendo, o adversário se livrou da Crescendo, impedindo a sua negação e, em seguida, ele deu início a um combo imparável com seus Guardragons e, em pouco tempo, seu campo estava assustador e ele logo eliminou as jogadas de Artur, até culminar na derrota do garoto.
— Você entendeu agora, garoto? – Começou o homem. – Não se trata de qual baralho você usa, mas sim de como você lida com o baralho do adversário... Saber como lidar com seu adversário é tão importante quanto saber usar o próprio baralho. Qualquer meta pode vencer um duelo contra um baralho comum... Mas qualquer baralho comum pode vencer um meta, desde que seu usuário saiba como usá-lo corretamente. Contra Orcust, por exemplo, a estratégia principal é...
O homem começou a explicar tudo para Artur, que prestava atenção em tudo o que ele dizia. Artur e Lyla passaram um bom tempo ouvindo o que o pai da garota tinha a dizer.
— Vocês não precisam de um meta se souberem como lidar bem com um...
Aquela filosofia começava a fazer sentido para Artur, mas era completamente o oposto do que Eien pregava. Artur se via dividido entre aceitar ou não os conselhos do homem que dizia o que ele sempre quisera ouvir, que qualquer baralho pode ser bom, que HERO pode ser bom... Por outro lado, não queria colocar em risco o sonho de Eien, ele precisaria ser o melhor, precisaria melhorar suas habilidades e usar os melhores baralhos.
— Obrigado pelos conselhos. – Artur agradeceu.
— Então, qual a sua palavra final? – Perguntou o homem.
— Eu não posso arriscar os sonhos da minha líder, mas acima de tudo, eu fiz uma promessa a mim mesmo de que eu seria o melhor, por isso eu vou começar a jogar de Sky Striker! – Artur respondeu com confiança.
— Aqui... – Respondeu o homem, estendendo um baralho de Sky Striker para Artur. – Fique com ele e suma da minha loja.
Lyla acompanhou Artur para fora da loja.
— Desculpe, Artur, o meu pai...
— Ele está certo... Eu não posso culpá-lo... Mas eu não posso usar HERO... Isso faz parte da minha promessa. Eu prometi que usaria Sky Striker e é o que eu vou fazer.
Ao chegar na sede da Fairy Tales, Artur foi surpreendido com uma novidade.
— Artur, venha logo dar as boas-vindas ao Steven! Ele finalmente chegou ao clã, dessa vez presencialmente. – Chamou Eduardo.
Steven havia chegado na cidade no dia anterior e estava bastante nervoso para conhecer os membros do clã.
— Artur! Obrigado por me ajudar naquele duelo! – Disse Steven, se aproximando de Artur. – Apesar de eu ter perdido.
— Foi divertido tentar um duelo dessa forma. – Respondeu Artur.
O clã estava em festa, mas Eien não havia saído de sua sala, apenas deu as boas-vindas ao Steven e voltou aos assuntos do clã.
— Eien. – Começou Artur, entrando na sala da líder.
— Artur!? Eu queria mesmo falar com você. – Começou Eien. – Eu queria te pedir desculpas pela forma que eu agi naquele dia.
— Não se preocupe, eu entendo... E... Bem... A Dulci me contou do torneio no mês que vem.
— Ela te contou? – Perguntou Eien, desviando sua atenção para o computador.
— Sim, ela me contou que você... – Artur começou, mas logo desistiu de revelar o que sabia. – Que você queria vencer esse torneio para dar mais visibilidade ao clã.
— Ah sim, isso mesmo, eu queria criar um clã cujo nome chegasse em toda a comunidade... Mas acho que não sou boa nessas coisas. – Respondeu, com um sorriso meio triste.
Artur bateu na mesa com tanta força que todos do lado de fora ouviram.
— Cala essa boca! E vamos acabar com os adversários! Vamos até o topo! – Eien podia ver uma chama ardendo dentro dos olhos de Artur, o que a fez sorrir.
Nos dias que se seguiram, Artur e Eduardo treinaram todos os dias, sempre incluindo alguém que estivesse disposto a jogar. Na maioria das vezes eram Steven, Opacho e um garoto novo chamado Dillan e, antes que se dessem conta, já haviam formado um grupo no whatsapp para conversarem.
— Pessoal! Hoje começam as inscrições para o Torneio de Clãs! – Começou Eien, antes do início da aula daquele dia. – Vamos promover duelos essa semana para que possamos selecionar quem vai participar do evento! A princípio seremos eu, Dexter, Hayl, Jovenil e Yusei... Que inclusive não está aqui... – Disse Eien, procurando por Yusei.
Prazo para o início do Torneio: 23 dias