No outro dia, acordei com os primeiros raios de sol batendo sobre o meu rosto, não havia nada melhor do que isso era muito reconfortante, até a minha coluna dar aquela fisgada, resultado da minha dormida no sofá. Fui ao quarto ver como ele estava, procurei por todos os lugares do apartamento, mas não o encontrei. Naquele momento minha raiva foi maior ainda, então depois de ajudar aquele garoto, era assim que ele me pagava? Acha que eu era o que um empregado dele? Nem um muito obrigado, que ótimo!
Tirei minha roupa e fui para um banho relaxante na água bem quente como eu gosto antes de tomar café e ir para a praia. Quando voltei ao quarto, joguei a toalha sobre a cama para procurar uma roupa e então Joe reapareceu no quarto.
Ele me olha de cima em baixou uma vez, e depois uma segunda, eu acho que o cérebro dele não havia voltado ao normal, ainda por causa do álcool.

—Você está pelado. – disse ele.

—Sim, acabei de sair do banho.

—Desculpa, acho que vou te esperar ali fora, quero conversar com você.

—Seria bom ou prefere ficar me olhando.

Ele havia ficado muito vermelho. Parecia que estava travado, ficava me olhando me analisando e gaguejava sem saber o que dizer pela situação embaraçosa e então depois de um tempo seu cérebro resolveu responder e ele saiu.

Eu terminei de me vestir e me arrumar. Ele estava sentado na sala com os pés sobre a mesa assistindo algum desenho animado. Ainda usava a mesma roupa de ontem, ou seja, ainda não havia voltado no seu apartamento. Isso fez com que a raiva que havia sentido dele por pensar que ele era um cara sem a menor gratidão diminuísse bastante.

—Como se sente? – perguntei.

—Bem. – disse ele. Ele realmente não parecia estar com ressaca. – Fui tomar um remédio para não passar mal. – disse a caminho do telefone para pedir meu café da manhã.

—Pedi o café da manhã para nós, não sabia do que gostava, então pedi várias coisas, não se preocupe foi tudo pela minha conta. – disse ele.

—Obrigado. – disse por fim e fui ao sentido da varanda onde estava a mesa de café. Ele logo desligou a TV e me seguiu.

A mesa não cabia mais nada, desde frutas, até as maiores variedades para um café da manhã. Sentei-me quando percebi a presença dele atrás de mim e sentando em frente, evitei olhar em seus olhos em vez disso peguei algumas uvas e enquanto comia fixei meu olhar na praia. Ele encostou sobre minha mão tentando ter um pouco de atenção.

—Quero agradecer pela minha ajuda de ontem, eu estaria encrencado agora se fosse pego daquele jeito. Não sei como posso retribuir isso. – disse ele, pensando. – Talvez arrume alguns ingressos para você ir no show no sábado.

—Eu vou no show. – disse por fim, ainda olhando o movimento de pessoas.

—Posso te arrumar entradas VIP’s.

—Não tenho quem levar comigo. Não conheço ninguém ainda nessa cidade. – percebi a rudez das minhas palavras e a frieza do meu olhar no medo dos olhos dele. – Desculpa por ter falado dessa maneira, não é nada contra você...

—Então, é o que?

Não consegui dizer mais nada, apenas me virei para olhar a praia novamente.

—Queria saber uma coisa de você... - disse ele, deixando a frase se perder.

—O que? – eu disse.

—Será que há alguma probabilidade de trocarmos de apartamento?

—Fazer o que?

—Trocar de apartamento ou que você me deixe dormir aqui, é que tenho sérios problemas para dormir em lugares diferentes mesmo que eu já devesse estar acostumado com isso, por mais que o meu apartamento tenha alguns privilégios gostei do seu.

—Você deve estar brincando comigo. – eu disse.

—Não, estou falando sério. – disse ele.

Parte de mim queria dizer não para ele naquele momento e simplesmente expulsar ele dali, mas a outra parte sentia algo por aquele olhar dele. Ele não aprecia tudo que dizia na internet. Talvez ele fosse um pouco incompreendido e essa parte falou mais alto e evitou que eu apenas expulsasse ele dali. Senti raiva de mim mesmo por isso.

—Vou pensar no seu caso. Mas, os outros não vão acha isso estranho?

—Não, eles sabem que eu gosto de ter meu canto.

Terminamos nosso café em silencio, eu estava me levantando para ir para a sala quando ele saiu em disparada em minha frente,

—Tenho um presente para você, na verdade para nós.

—Presente? Desde quando há nós? – disse rindo dele. Ele revirou os olhos e me entregou o presente e disse :
—Abra que eu tenho uma proposta para você!

—Você me dá medo quando diz isso.

Quando eu abri vi uma chave lá dentro.

—Uma chave?

—Sim, agora você tem uma Hilux, não sabia que carro gostava, mas eu vi no seu celular uma conversa com um amigo seu e como ficou impressionado com ele ter comprado uma.

—Você mexeu no meu celular? – eu disse colocando a mão sobre o rosto.

—Desculpa, mas eu precisava saber mais sobre você.

—Saber sobre mim? O que agora, eu represento um perigo para você e seus irmãos?

—Não é isso, mas nunca conheci uma pessoa que fosse legal comigo, sem ser meu fã. E eu entendi porque você me trata tão mal, afinal você ainda sente como se eu fosse culpado sobre o que aconteceu com a D...

—Não diga o nome dela. Você não tem esse direito.

—Eu posso te explicar muitas coisas. Mas você tem que me dar uma chance. Por favor, me dê 24 horas para mostrar o Joseph e não o Joe Jonas que a mídia mostrou a você.

—Você quer me comprar? É isso?

—Não, o carro é apenas para podermos sair, todos esperam que eu saia num carro e saindo com você será mais fácil. Você não conhece o Rio de Janeiro, não conhece ninguém aqui. Então me leve com você, um dia é tudo que te peço e você vai pensando se posso dormir aqui.

—Posso então ter 5 minutos sozinho?

—5 Minutos? Claro que pode. Vou pegar minhas malas e tomar... - disse ele, parando no meio da frase ao olhar para mim. –Pensando bem, tomo banho lá e depois venho, pode ser?

—Sim, eu te darei uma resposta,

Ele saiu animado, admito que esse lado alegre e animado de Joe não era conhecido por mim e por mais que parte de mim querer negar era legal ter ele por perto com seu jeito tentando me tirar do mal humor, e aquele olhar que tanto me marca....

Respirei fundo e vou até o meu notebook, ver os meus e-mails. Alguns dos falando como estavam às coisas aqui no hotel, dois da mamãe que continuava achando que eu era a criança de anos atrás, ela esquecia que eu tinha feito 21 pouco tempo antes da viagem. Respondo todos e resolvo trocar de roupa, coloco minha bermuda, camisa azul marinho e chinelo. Então quando vou à sala novamente encontro Joe lá, quase não reconheci ele sem aquelas roupas.

—Que roupas são essas? – eu disse por fim, segurando o riso.

—As roupas do Joseph. – disse ele sorrindo e depois ficando sério, procurando algum sinal de reprovação na minha pergunta. – Porque está ruim? Quer que eu vá trocar?

—Não, está ótima apenas é que é estranho ver você assim, ou melhor, nunca vi você assim. - eu disse. Olhei novamente ele, ele estava de bermuda, chinelo, camiseta branca e óculos escuros.

—Podemos ir? – disse ele.

—Podemos, só vou pegar meu celular, - quando eu peguei o meu celular que me lembrei de uma coisa. – Você avisou que está saindo, não é? Não preciso de mais problemas que já tenho.

—Claro que sim, avisei todos.

Quando sai do meu apartamento não havia nenhum segurança ali, isso me deixou feliz, descemos até o meu carro. Quando viram um carro saindo vários fotógrafos e fãs andaram até o carro para saber se podia ser eles, mas como não era o modelo que eles esperavam e os vidros escuros logo me deram passagem. Joseph estava olhando para mim, eu tentei fingir que não estava vendo aquilo.

—Aonde vamos? – disse ele por fim.

—Onde mais? - disse olhando para ele. - Para a praia.

Ficamos na praia até quase 10h00min da manhã. Em um local mais afastado, que não havia tantas pessoas para que diminuíssem as chances e alguém reconhecer ele. Quando o sol estava quente demais para permanecer ali e Joe estava muito vermelho pela falta de costume com o sol. Voltei até o apartamento para tomar um banho e retirar a areia. Joe, quase não disse nada. Talvez estava se preparando para o que iria ouvir de seu empresário, devido ao seu sumiço. Ao chegar ao quarto, logo vi que haviam já duas camas. Ele já havia se instalado mesmo ali. Quando chego à sala lá estava ele sentando, de banho tomado e me esperando novamente.

—Aonde vamos agora?

—Eu vou almoçar e andar um pouco no shopping. No início da noite, vou para um luau. Aproveitar um pouco a noite.

—Nunca fui num luau. Vai ser ótimo. E onde vamos almoçar? No restaurante do hotel mesmo ou em outro lugar?

—Qual parte você foi incluído nos planos?

—Pensei que eu fosse convidado.

— Pode ir então. – eu disse.

—Não vou, você fala como se me chamasse por obrigação. – disse ele semicerrando os olhos.

Respirei fundo, mordi o lábio antes de mandar aquele garoto à merda.

—Joe, quer ir almoçar comigo?

Ele me olhou, pensou e depois me abraçou com aquele sorriso de criança, aquilo foi estranho para mim, eu nunca fui uma pessoa acostumado com essas demonstrações de carinho, nem com minha família. Mas algo dentro de mim, estava diferente e mudado. Não sei se era o cheiro de baunilha que saia de sua pele, mas sei que algo impediu que eu afastasse ele. Sentia que meu coração estava batendo num ritmo acelerado, na perfeita sincronia com o dele. Então ele teve um momento de lucidez e retirou os braços de mim, sem comentar nada.