You're My Boomerang

Capítulo 8 - Erros do Passado


Freddie Benson

Okay. Acho que chegou a hora de confessar isso: eu não sou o marido fiel que muitas vezes dou a entender que sou. E eu não me orgulho disso. Claro que houve um tempo em que pensamentos orgulhosos e egocêntricos habitavam em minha mente, mas já faz um tempo que não penso assim.

E eu sou realmente um fodido. Quero dizer, nem sempre eu fui assim, mas ultimamente tenho me metido em cada uma. Mas não. Eu não estou falando de Sam. Ela é um caso à parte, que foge aos padrões.

Há um tempo atrás, chateado com os boatos de que Camila estava me traindo com Jack, um colega de trabalho dela, eu me deixei levar por uma nova funcionária que havia acabado de chegar em minha empresa.

A princípio, eu tentei deixar bem claro para ela e para mim que aquilo seria apenas uma coisa momentânea. Eu estava com tanta raiva de Camila, que vivia falando que tudo não passava de ciúmes meu, que eu sequer parei para pensar que, talvez, eu estivesse prestes a mandar minha vida precipício abaixo.

Então, a coisa começou assim, um encontro aqui e ali, sem que minha consciência pesasse de fato. O tempo foi passando e eu fui me dando conta de que de momentâneo aquilo não tinha nada. Quando dei por mim, eu já estava mentindo descontroladamente para Camila a fim de encobrir o que eu andava fazendo. Inventei viagens e reuniões, apenas para estar com a Nicole.

Mas toda ação tem sua reação, por isso, as consequências dos meus atos não demoraram muito a vir. A primeira grande consequência quase me fez juntar as malas e sumir no mundo: Nicole ficou grávida. Deus do céu! Na semana que eu descobri, eu fiz de tudo por Camila. Era minha consciência pesando.

Na época, tínhamos apenas Olivia, que estava com 2 anos. Eu olhava para ela, tão pequena e inocente, e me sentia o pior pai do mundo. De repente, foi como se eu estivesse diante de um enorme precipício, e é como dizem: depois de ficar um bom tempo encarando o abismo, ele te olha de volta. E aquele foi o momento em que o precipício olhou de volta para mim.

Claro que minha primeira defesa foi dizer que o filho não era meu. Eu não queria que fosse. Mas, no fundo, eu sentia que era. Então, quando ele nasceu, corri para fazer o teste de DNA, mas o melhor mesmo seria nem ter corrido. O DNA era totalmente compatível. Apesar de ele ter traços asiáticos, pois Nicole era filha de coreanos, ele era meu filho.

Peter Seong-Huh Benson. Hoje ele está com 4 anos. É mais velho do que o Andy e isso me faz sentir ainda mais idiota, pois quando o meu caçula nasceu todos me parabenizaram como se fosse meu primeiro filho menino, quando, na verdade, não era. E eu lembro de ter que fingir sorrisos de agradecimento. Ainda hoje, preciso fingir.

Nicole era semelhante a Camila em vários aspectos quando o assunto era me cobrar as coisas. Ela está sempre dizendo que eu não amo Peter como amo Olivia e Andy. E para parar com essa encheção de saco que já estava me deixando maluco, eu prometi a ela que pegaria Peter na escolinha, onde ele estudava em Tacoma, todas as segundas-feiras, que era o meu dia mais livre, e o levaria para tomar um sorvete ou algo do tipo.

Porém, com toda história de Sam reaparecer e Carly me pedir para ir conversar com ela sobre um suposto trabalho, eu me esqueci completamente da minha promessa. Por um momento, enquanto eu estava com a loira, foi como se minha mente agitada tivesse se acalmado e minhas dores de cabeça, dissiparam. Mas só até meu celular tocar e Nicole começar a gritar comigo do outro lado da linha.

De Yakima até Tacoma eram aproximadamente duas horas e meia. Quando saí da casa de Carly, onde Sam estava, já eram praticamente uma da tarde, por isso cheguei ao apartamento de Nicole por volta das três e quarenta da tarde.

Eram muitas coisas na minha mente: Olivia queria um cachorrinho e eu estava em busca de um. Andrew precisava ser matriculado numa escolinha e eu estava em busca de uma. Peter precisava da minha atenção e eu estava em busca de um espaço na minha agenda. Além disso, eu precisava acertar certas coisas com Sam, pois eu a havia dado falsas esperanças, beijando-a como se pudesse ser só dela. Mas eu reconheço que tudo é culpa minha.

Ao chegar no apartamento de Nicole, ela me atendeu com uma raiva evidente. Então, eu logo liguei meu modo de desculpa.

—Foi mal! - Exclamei antes de ela falar qualquer coisa.

Mas de nada adiantou minha pressa.

—Depois, quando eu digo que você não prioriza o Pete na sua vida, você diz que eu estou exagerando.

—Nicole, não começa - dizer isso foi minha saída. Então, entrei no AP.

—Não começar com o quê, Freddie? É você que faz as promessas e não cumpre.

—Eu esqueci, tá legal? Eu apenas esqueci.

Para que eu fui falar aquilo? Idiota. Mil vezes idiota.

—É engraçado como você só esquece os compromissos que tem comigo e com o Peter. Será por quê?

—Caramba, cara! Eu faço de tudo por você e, ainda assim, você não é capaz de perdoar um pequeno esquecimento?

Às vezes, eu tinha dúvida sobre quem era mais irredutível, se Camila ou Nicole.

—Você esqueceria se fosse a Olívia ou o Andrew?

—Não coloque eles no meio disso, Nicole! Eles são crianças, porra…

—O Peter também é uma criança!

—Eu sei! - Praticamente gritei e um curto silêncio se instalou na sequência. Depois, continuei: - Eu amo os três igualmente. Para mim, não há diferença entre o Pete, a Ollie e o Andy, tá legal? É você que tá querendo que eu faça uma escolha impossível.

—Não, foi você mesmo que disse que ia escolher.

—Eu não disse que ia escolher entre os meus filhos com a Camila e o Pete…

—Mas disse que ia escolher entre ela e eu e isso implica os filhos necessariamente.

Suspirei e tentei colocar meus pensamentos nos eixos. Eu ainda tinha o gosto do beijo de Sam na minha boca e minha mente ainda divagava sobre o momento que tive com ela mais cedo. Mas, ao mesmo tempo, eu tinha uma bomba no meu colo, prestes a explodir. Droga! O que eu estava fazendo da minha vida?

—Olha só, Nicole - retomei a palavra, exausto - nós já tivemos essa conversa e eu já te falei que o nascimento do Andy mudou muita coisa…

—Mudou porra nenhuma, Freddie! O que acontece é que você caga de medo do pai e do irmão da Camila, porque sabe que eles acabam com você se souberem de mim e do Peter. Covarde! Comete o erro e depois não tem bolas para assumir.

Puta merda! As palavras de Nicole foram me inflando feito um balão. Eu fiquei surdo e cego de raiva, enquanto meu corpo esquentava. De repente, num momento que nem eu mesmo esperava, gritei e soquei a parede, abrindo um buraco nela:

—CHEGA, NICOLE! CHEGA!

—Papai? - uma voz doce soou atrás de mim. Olhei e lá estava Peter abraçado a um urso de pelúcia.

Eu não tive coragem de ficar ali nem mais um segundo. Passei pela porta do apartamento e tomei o elevador. Ao alcançar a rua, entrei no meu carro e fechei os olhos por alguns instantes, até que um sentimento de ódio tomou conta de mim e eu comecei a socar o volante loucamente.

Era ódio de mim mesmo. Ódio da minha fraqueza e da minha estupidez; da minha idiotice e da minha covardia. Até quando eu iria guardar essa merda de segredo? Até quando eu iria viver fugindo dos meus próprios erros? Eu não sabia, porque sou mesmo um covarde.