You're My Boomerang

Capítulo 9 - Você Não é a Pessoa por Quem Voltei


Uma semana depois...

Sam Puckett

Eu estava dormindo e de repente acordei com o som da campainha. Eram três da tarde e eu estava dormindo, afinal, não tinha nada para fazer mesmo. Então, desci para o primeiro andar meio cambaleante. Meu sono estava tão bom! Porém, toda e qualquer sonolência simplesmente sumiu quando eu abri a porta e vi o Benson.

Ele havia prometido que voltaria e, embora ele não tenha especificado quando, eu realmente achei que seria no dia em que ele saiu às pressas ou, no máximo, no dia seguinte. Mas ele demorou uma semana inteira para reaparecer. E eu, que não tenho nenhuma ocupação, passei esses últimos 7 dias dentro de casa. Para falar a verdade, aquela foi a primeira, em uma semana, que eu vi o sol, tanto que, assim que abri a porta, a claridade machucou meus olhos.

—Tem quase 15 minutos que eu tô tocando a campainha - Freddie disse assim que me viu.

—Eu tava…

Pausei para espreguiçar.

—Dormindo - conclui.

—Dá pra ver. Tá com a cara toda amassada.

Freddie riu e eu, meio que sem querer, ri também. Ao contrário da semana passada, hoje ele estava de bermuda e camisa polo; nos pés, um All Star. A única coisa que não mudou - e não poderia mudar - era o topete no cabelo. A propósito, aquele topete está um pouco mais ralo. Será que o Benson está perdendo cabelo?

—Vai me deixar entrar ou…? - Freddie perguntou me tirando dos meus pensamentos.

Então, dei um espaço na porta e ele entrou.

—Você tá ficando velho - falei enquanto fechava a porta.

—Quê? Como assim?

—Seu cabelo.

—O que tem meu cabelo? - ele passou as duas mãos no topete, ajeitando-o.

—Você tá com umas entradinhas bem aqui.

Fui na direção dele e indiquei as entradinhas com os dedos.

—Se eu tô ficando velho, você também tá. A gente tem praticamente a mesma idade, lembra?

—É, mas eu não tenho entradinhas - me gabei.

Ele riu outra vez e eu também. Então, quando eu pensei que o que tinha acontecido semana passada não voltaria a se repetir tão cedo, ele largou sobre o sofá a mochila que trazia nos ombros e me agarrou pela cintura.

É bem verdade que eu queria que aquilo de semana passada se repetisse, mas quando ele colocou as mãos na minha cintura e me puxou para perto, eu não pude deixar de notar o baita arranhão que ele tinha no pescoço. Até então, eu nem tinha reparado. E não que eu seja especialista em arranhões, mas aquele arranhão em questão parecia ter sido feito há poucas horas.

—Teve uma noite quente com a Camila? - perguntei com certo deboche.

Ele me soltou imediatamente, como se eu tivesse revelado um grande segredo seu, e levou uma mão até o pescoço instintivamente. Como ele sabia que o arranhão estava ali?

—Que droga! Eu falei para ela não… - Ele deteve as palavras.

—Você transou com a Camila agora a pouco e depois veio atrás de mim? Você acha que eu sou o que? Uma cadela no cio para você ficar cheirando meu rabo feito um safado?

É verdade que semana passada eu beijei aquela boca que a Camila também beija e também é verdade que eu gostei. Mas eu não estava pensando direito. Porém, hoje, diante daquele arranhão, não dava para beijá-lo outra vez sem pensar que, indiretamente, eu estava beijando a Garibalda também.

—Sam, eu não transei com a Ni… Quero dizer, com a Camila. Eu…

—Espere aí!

Ri sem acreditar.

—Ni? Ni o quê?

Ele engoliu seco. Eu vi que ele engoliu seco.

—Camila, Sam. Eu falei Camila.

—Não me venha com esse papo, Freddie! Você ia falar o nome de outra pessoa. Só me faltava essa! Você tem uma amante?

—Que amante, Sam? Eu não tenho amante nenhuma.

—Não precisa mentir para mim, Benson. Eu não sou casada com você.

Ele estava mentindo e não tinha nada que pudesse tirar isso da minha cabeça. As orelhas dele ficam vermelhas quando ele mente.

—É Nicole o nome dela? - perguntei e acho que nunca dei um tiro tão certeiro na minha vida, porque o Benson ficou em silêncio. E é como dizem: quem cala, consente.

Okay, eu não posso negar que uma parte de mim ficou ainda mais decepcionada. Então não era só Camila? Tinha outra ainda. Porém, a outra parte de mim, simplesmente não conseguia acreditar. É verdade que Freddie me beijou semana passada e isso já se configura em uma traição, mas a razão da minha falta de esperança sempre foi a ideia de que, apesar de não amar Camila, ele não teria coragem de permanecer na traição comigo. Mas então, de repente, eu descubro que ele tem uma amante? Aquele não era o nerd. Não era mesmo o nerd por quem eu voltei.

—Então quer dizer que você pula a cerca, Benson?

Ele riu. ELE RIU.

—Você me julga agora, mas semana passada, quando eu te beijei, você não viu nada de errado no que a gente tava fazendo, né? Ou seja, o problema não está em eu trair, mas trair com outra. Com você pode.

De todas as coisas idiotas que já ouvi, aquela foi a pior. Por isso ri, ri bem alto, e cruzei os braços, dizendo:

—Em primeiro lugar, o casado aqui é você, por isso, é responsabilidade sua cuidar de onde a sua boca vai parar. E em segundo lugar, eu não disse se é certo ou errado. Na verdade, eu estou pouco me lixando para o seu casamento com a Garibalda.

—Então, por que tá me julgando?

—Em algum momento eu te julguei?

—Explicitamente, não. Mas está aí de deboche.

—Debocho mesmo! - Exclamei firmemente e descruzei os braços, passando pelo Benson e indo até a cozinha na sequência.

Toda essa palhaçada estava me dando fome.

—Sabe, vocês mulheres são engraçadas. Briga com o cara por ele não deixar a mulher por causa de vocês e depois briga de novo por ele estar pulando a cerca. Quero dizer? De que lado vocês estão? - Freddie perguntou em voz alta desde a sala.

Eu não posso nem dizer que meu sangue ferveu, porque não basta. A raiva que me subiu foi bem maior do que eu podia aguentar.

—Você não está falando de mim, né? Porque em nenhum momento eu falei para você largar a Camila ou qualquer merda do tipo.

—Pode não ter falado, mas é o que você quer.

—Claro! - Exclamei com deboche. - Porque você é muito gostoso e eu te quero todo para mim.

—Não deixa de ser verdade - ele murmurou olhando em outra direção.

—Se enxerga, Benson. Eu não preciso de restos. Se eu quiser, eu simplesmente vou e arranjo alguém mil vezes melhor do que você.

—E por que não foi ainda?

Ah, aquela pergunta dele! Ela ressoou lá dentro de mim e eu só consegui sentir ódio. Quando foi que ele tinha se transformado naquele idiota?

—Porque eu achava que você ainda era o mesmo.

Ele riu e depois disse com ar de superioridade:

—Eu sou o mesmo.

—Nunca. E sabe o que mais? Não duvido nada que você deve esconder mais coisas, porque nunca se para na primeira merda, sempre se continua, fazendo a segunda, a terceira… E quando você vê, você já é uma montanha de cocô.

—Você fala por experiência própria, né?

Eu esqueci até meu nome diante daquela pergunta. De repente, eu me vi grudada no colarinho da camisa de Freddie. Eu queria socá-lo até minhas mãos doerem. Então, o empurrei contra a parede, enquanto ele ria cinicamente.

—Repete o que você falou!

—Eu não falei nada demais. Se a carapuça serviu, o problema é seu.

Eu não vi o instante em que eu dei um tapa na cara de Freddie. Quando dei por mim, a bochecha dele já estava vermelha. Mas nem assim o idiota fechou o sorriso cínico que tinha nos lábios.

—Vai embora daqui! - Ordenei, cansada daquilo.

—Eu não vou embora. A casa não é sua.

—Não vai? - Agarrei seus braços. - Vamos ver se não vai.

Tentei puxar o Benson na direção da porta com toda a força que eu tinha, mas, embora eu odeie admitir isso, ele estava mais forte do que eu.

—Sam, me solta! - Ele disse depois de alguns puxões. Ele já não ria.

—Te soltar o caralho! Você vai embora daqui nem que seja na marra.

—Me solta.

—Senão o quê? - Perguntei desafiante.

Ele não respondeu, apenas puxou os braços com força, se soltando das minhas mãos. Mas, de alguma forma, quando ele se soltou, sua mão bateu com força no meu queixo, me dando um soco.

Eu sabia que tinha sido sem querer, mas, naquele momento, eu estava com tanto ódio da cara dele que meu subconsciente absolveu aquilo como se tivesse sido de propósito. Então, tudo que me lembro foi que o chutei para fora da casa de Carly e bati a porta quando ele começou a pedir desculpa.