– Justin não iria ficar prejudicado por isso, Trudy. – falei finalmente revirando os olhos.

– Nas festas comemorativas da escola, porque você acha que ele não era escolhido pra fazer as playlists? Os professores e os organizadores da escola esnobavam ele por ele andar com você. As coisas mudaram pra ele, porque ele parou de andar com você e a saco de pancadas lá. Quer dizer... Isso é o que acham, porque na ideia de todos, o Justin que voltou não é o Justin que andava com a dulpa Sem noção e Sem sentido. Por favor, achei que você era mais inteligente Selenita. – Ela enrolou os lisos nas mãos e arqueou uma das sobrancelhas.

Por pior que fosse ter que admitir, Trudy estava certa. Justin era tirado das listas do jardim de infância, por que andava com a gente. As meninas o esnobavam, porque as amizades dele (eu e Demi) não eram patricinhas mimadas, ou qualquer outro grupinho. Levei minha mão gélida à nuca, em esperança de diminuir o calor que sentia no momento.

– O que quer que eu faça, para não contar? – resmunguei enquanto ela abria um sorriso enorme no rosto.

– Agora está falando a minha língua! – ela respondeu entrelaçando os dedos. – Sabe, eu e Justin poderíamos ser o casal perfeito, o casal 20, os reis da Otherwest School. Mas alguém está em nosso caminho... E esse alguém é você!

– Eu? – perguntei atônita olhando pros lados. – O que EU poderia fazer pra arriscar essa relaçãozinha de vocês? Espalhar alguma fofoca tosca? E porque faria isso?

– Seja educada Selena, me espere terminar! – ela murmurou e continuou. – Por mais que eu seja mais bonita, mais sexy, tenha mais carisma e seja mais divertida que você, Justin tem alguma ligação muito forte com você. Ele a ama demais e isso meio que... me atrapalhar. – ela fez cara de nojo. Um sorriso bobo surgiu em minha face. Talvez Demi, e o mundo estivessem realmente certos: Justin me amava. E eu perdi todo esse tempo pensando no quão doloroso seria se ele partisse meu coração outra vez, e coisa e tal! Mas eu descobri isso tarde demais...

– Ele me ama mesmo? – perguntei tentando disfarçar o sorriso. Trudy rangeu os dentes.

– Isso não importa. Porque pra ele continuar bem até o final dos anos de escola, que provavelmente passara aqui, você terá que desistir de toda e qualquer relação que tem ou quer ter com ele. – Senti meu mundo desmoronar. Eu estava deixando que o restinho da minha vida, fossem destruídos por uma vadia de salto alto rosa. – Continuando... você para me impedir de acabar com o bem estar dele, terá que se envenenar contra ele. E claro, com um buraco no pequeno coraçãozinho de Biebs, ficará mais fácil dele ficar caidinho por mim.

– Vou ter que faze-lo me odiar? – falei com uma dor no peito.

– Exato! Você aprende rápido, UAL! – ela soltou uma risada irônica. – Você tem até o anuncio dos concorridos de rei e rainha do baile, para fazer o Justin cair aos meus pés, e evitar os seus! Caso contrário... acho que Justin vai ter que voltar a ter o passado lixo dele. E...

Ouvir a porta da biblioteca abrir. Era Miley. – Trudy... – ela falou com cara de nojo. – tá com algum problema com minha prima?

Trudy mordeu a língua e voltou à personagem patricinha indefesa de sempre. – Só estava convidando Selena pra ser uma das organizadoras do baile. Você sabe, o baile é algo importante demais para ter a criatividade e bom gosto de alguém como a Selenita desperdiçados. – Forçou uma risada sínica. Miley revirou os olhos e me puxou. Saímos até a porta, mas antes me virei disfarçadamente para olhar Trudy. Ela fez um movimento para apontar para o relógio e sussurrou algo. Algo que pude perceber sem ouvir. Seus lábios finos e rosados gesticulavam tic-tac. Suspirei e me virei para frente.

O sol me atingiu em cheio no rosto, me fazendo fechar os olhos em um movimento rápido.

– O que Trudy queria com você? – Miley falou remexendo em algo em sua mochila.

– Me convidar pra participar do comitê do baile. Não ouviu? – falei indiferente. Meu pensamento não saía das ultimas palavras de Trudy. Tic-tac. Nunca imaginei que uma simples onomatopeia poderia me desconcertar tanto.

– Selena. Acha que me engana? Aquela cobra não sabe mentir, e pelo visto nem você. – Ela falou ainda sem olhar pra mim. Estavamos perto de seu carro, e todo o estacionamento da escola estava vazio. Em sua mão havia um isqueiro e um maço de cigarros. Miley pegou um e num movimento lento e desajeitado o pôs na boca. Tampou o vento com sua outra mão, e apertou seu isqueiro que continha corações por todo o lado.

– Desde quando fuma? – falei parando enquanto ela abria a porta do carro.

– Não te interessa. E também não interessa à mamãe. Então não conta a ela. – ela ligou o carro, e tragou o cigarro soltando a fumaça. Agora fazia sentido porque Miley demorava tanto pra ir pra casa. Enquanto eu a esperava em algum canto da escola, ela fumava. Balancei a cabeça em forma de negação. Miley jogou fora o cigarro que ainda estava na metade e começou a dirigir. – Não vai mesmo me contar o que Trudy queria?

Fitei a paisagem e abaixei o olhar em seguida. – Nada! Era só aquilo. – Menti.

– Tudo bem então.

Era sexta-feira, e eu tinha 2 semanas até o anuncio dos candidatos a rei e rainha do baile. Ao chegar em casa, me afundei em minha cama e lá fiquei até domingo. Só descia para fazer as refeições, isso quando não comia. Como tia Trudy não parava em casa, devido as entrevistas de emprego que estava fazendo, não percebia minha falta de interesse na comida... ou melhor, na vida. Depois de um final de semana de pensamentos e tentativas de fuga da minha própria teia, tinha decido o que fazer:

– Justin tem que ficar com Trudy! – falei me olhando no espelho do guarda-roupa. Só de falar essas palavras, estremeci. Eu estava jogando fora o amor de minha vida. Talvez isso fosse necessário! A questão era como eu ia fazer isso. Olhei o relógio. Eram 21:00 pm de domingo. Decidi dormir. Em vão...