You are always here to me

Hoje a noite não tem luar


O Doutor já havia passado por tanto, perdido tanto, que era inevitável que ele sempre seguisse em frente. Não esquecia, isso nunca. Poderia recitar, um sorriso triste nos lábios, o nome de cada um de seus companheiros, desde o começo. E ele sentia falta, às vezes culpado, mas estava tão acostumado com esses sentimentos que conseguia enterrá-los debaixo de ondas de riso com o companheiro que viajava agora, adrenalina correndo nas veias.

Com River, no entanto, ele nunca conseguia simplesmente deixar de lado. Havia dias em que passava horas e horas encarando o teto da Tardis, estranhamente parado. Uma expressão tão sonhadora quanto melancólica em seu rosto, ele lembraria dela.

Do sorriso esperto nos lábios, e das aventuras que os dois tiveram. De flertar em meio à lutas, como se nada mais importasse. Dos momentos calmos, ela encostada em seu ombro enquanto ele contava histórias de aventuras que se espalhavam por todo o tempo. O cabelo rebelde brilhando a luz do sol, o modo como os olhos dela se acenderiam, brilhantes, quando ela a via. Os lábios suaves de River contra os seus em beijos escondidos sobre a luz de mil luas.

E, por alguns momentos, as memórias boas, tão numerosas, superariam as ruins. Os momentos em que ele a fizera sofrer, a vida difícil que ele inadvertidamente impôs a ela. O conhecimento de que não poderia vê-la, nunca mais. Ele então suspiraria, uma lágrima deslizando por seu rosto. O sorriso permaneceria, no entanto.

O Doutor já havia vivido muito, e perdido muito. Aprendera a um longo tempo que o único modo de seguir em frente era se concentrar nas coisas boas ao invés das ruins. Se perguntou, não pela primeira vez, quando essa técnica começaria a funcionar com ela. Não havia dado muito certo até agora.