Muitas vezes River se tornaria consciente de quão pequena ela era comparada ao Doutor.

Ele nunca diria nada do tipo, é claro. Ele sorriria e diria o quão brilhante ela era, e flertaria com ela, e riria de suas piadas, e sempre a ouviria. Ele tocaria seu ombro ao andar, ou colocaria os braços ao redor dela num momento difícil mesmo que ela não tenha demonstrado o quão quebrada ela estava por dentro, e seguraria sua mão forte, como que para se certificar de que ela ainda estava ali.

Mas River o observaria, às vezes, toda a tristeza e antiguidade de seus olhos, e se tornaria pensativa. Para o Doutor, sua vida certamente parecia insignificante, um flash entre um show de luzes. Ás vezes se arriscaria em terrenos perigosos, e se perguntaria quantas pessoas como ela ele já havia conhecido, que o amavam assim. Esses pensamentos a machucavam, lhe deixavam oca no peito.

Porque River era o seu amor pelo Doutor. Nasceu para matá-lo e, no momento em que devia deixá-lo morrer, sacrificou todas as suas vidas restantes por ele. Desde que era pequena seu mundo gravitava em torno dele. Matá-lo, protegê-lo, amá-lo. Não importava o que acontecia, o que ela sentia, tudo era sobre ele.

E ela aceitava isso de bom grado. O amor pelo Doutor era esperança, vida. Ele era maravilhoso, louco, e como ela não podia sentir tudo aquilo por ele? Viver num mundo onde ela não o amava era impossível, um pensamento estranho, indesejado.

Machucava, no entanto, saber que seu amor por ele nunca seria correspondido, não em sua totalidade. Ele nunca a amaria tanto quanto River o amava, porque o seu amor, devoto e infinito, a consumindo por inteiro, não encaixa nos dois corações dele, acostumados a perder. E, um dia, ela iria embora, morreria. E ele iria seguir em frente, porque isso era o que ele fazia.

Por mais egoísta que fosse, saber disso doía mais que tudo.