Música tema: All we Know - Paramore

Eu e Brian seguimos a caminho da escola e nesse pouco tempo ele conseguiu me mostrar um lado dele que eu ainda não tinha visto. Eu mal o conhecia e já fui julgando... tá, eu ainda acho que ele é um galinha sem escrúpulos, mas tem bom coração. Ele foi me fazendo rir todo o caminho e me animando também pra aula que por coincidência era a que ele fazia.

Quando nós chegamos na escola a primeira coisa que eu vi foi o Matt tendo uma conversa animada com a Valary. Que saco, eu já estou cheia de dúvidas e ele também não me ajuda! Eles riam divertidos, muito próximos, quem visse e não os conhecesse de certo diria que eram namorados. Eu não o amo, eu sei disso, não pra valer, mas ver aquilo ainda assim foi uma facada certeira. Eu tentei disfarçar o máximo que pude, no entanto, acho que Brian acabou percebendo alguma coisa. Sorri pra ele pra disfarçar.

– Hey, Jú! O que você e o Brian estão fazendo juntos?- Matt chegou perto, me abraçando possesivamente. Qual, é? Ele ta com ciúmes agora?

–Eu te liguei, mas você não atendeu! Por sorte Brian apareceu se não eu teria almoçado coca e rufles!- eu disse seca.

–Ah, desculpa, eu sai com a Val e acho que eu esqueci o celular em casa.- Matt disse se certificando de que realmente não trouxera o celular.

Outra facada, mas essa eu acho que administrei melhor e ninguém percebeu. Travei minha mandíbula e dei um sorriso sem mostrar os dentes. Tudo que eu queria é poder voltar pro meu apartamento, deitar na minha cama e literalmente hibernar lá! Passar uns bons meses vegetando...

–Oi gente!- reconheci logo a voz da Alice vinda detrás de mim.

Me virei pra ela e foi só o que bastou, Ali me conhece bem demais pra deixar cada mínima tristeza passar desapercebida. No instante que ela me olhou, ela soube que tinha algo errado, mas disfarçou:

–Jú, eu to morrendo de vontade de ir ao banheiro, vem comigo?- Alice perguntou.

– Claro!

–Mulheres e suas manias de ir ao banheiro juntas... sei não, hein?!- Brian disse em tom de brincadeira. Nós rimos e fomos em direção ao banheiro feminino.

– Ok, estamos sozinhas! Desembucha!- Ali disse em português, mesmo, afinal, todo cuidado é pouco.

Fiquei parada olhando pros meus sapatos. Era tudo tão confuso... Ali é minha amiga, mas se eu não intendia muito bem o que se passava comigo mesma, imagina outra pessoa!

– Você tá sofrendo com essa história do Matt, não é? Desculpa, eu... eu não deveria ter enchido sua cabeça com essas coisas...

– Não, que isso, Alice! Você fez certo em me alertar! E mesmo se não o fizesse, acho que eu perceberia...

– Então, qual é a complicação da vez? Você ama ele? – Ali arregalou os olhos com a possibilidade.

– Não! É só que... ele foi tão fofo comigo, tão carinhoso... e quando ele me olhava eu de alguma forma me sentia especial..., mas então a Valary apareceu e eu fui completamente eclipsada! E o que eu não entendo é porque então ele não trata de me chutar logo e ficar com ela! Eu não entendo!- cuspi todos esses sentimentos pra fora na tentativa de conseguir fazer meu coração ficar mais leve... porque ele está pesado demais pra carregar.... tem muita bagagem... talvez seja melhor me desapegar de algumas emoções...

– Isso é bom! Falar! Ajuda a colocar em ordem nossos próprios pensamentos! Não há muito que eu possa fazer por você, Jú, mas eu quero que saiba que você não precisa guardar essas coisas pra você mesma! Pode contar comigo! E desculpa te deixar sozinha, mas Jimmy tinha pedido... – Ali disse e se sentou na extensa bancada de granito. Me sentei do lado dela.

–Eu sei, Ali, obrigada!

Assim que eu terminei de falar as palavras Brian invadiu o banheiro feminino.

– Hey, o que você está fazendo aqui? ESTAVA ESCUTANDO A NOSSA CONVERSA?- Eu falei, meio irritado! Como ele é cara de pau! Desgraçado!

–Ouvindo eu tava, só não estava entendo! Vocês são espertas!- ele riu- Mas enfim, não precisa ser exatamente um mestre pra perceber que vocês estavam falando do Matt.

Eu ia começar a falar, mas ele me interrompeu.

–Eu vi seu rosto quando você viu ele com a Val, mas não precisa ficar encanada com isso cara! Ele nunca ia te trair, ainda mais com a Val... eles são amigos e é isso!- Brian tinha intendido tudo errado.

–Eu sei que ele não me traiu!

–Então qual é o drama?

–Se eu quisesse falar com você sobre isso tinha te chamado, você não acha?- ergui as sobrancelhas em afronta. Fui grossa sim, e daí?! Ele não tem o direito de ficar escutando minhas conversas particulares!

–Nossa, mas não tem como conversar direito com você mesmo, né garota! Você não sabe tratar as pessoas... não sei como a Ali te aguenta!

–Peraí Brian, dá um tempinho, também não é assim! E você também, Jú!- ali disse me deixando indignada! Ele fica tentando escutar nossa conversa na cara dura e eu sou a culpada de tudo?- Vamo, que as aulas extra curriculares vão começar!

Incrível que é só pensar que o Brian é um cara legal que ele já começa a me irritar. Como pode uma pessoa escutar a conversa da outra? Eu não entendo porque ele escutou, era só ele ter perguntando. Ok, lógico que eu não iria falar a verdade, mas mesmo assim. O encarei e ele fez o mesmo, percebi que Ali já estava irritada com nosso showzinho, mas, então, pra minha surpresa o idiota só me abraçou e me levou até a sala.

Haviam poucas pessoas, Brian me apresentou a todos e confesso que eu estava super nervosa... Sabe quando tudo da errado? Sua mão começa a suar, suas pernas ficam bambas e sua garganta fica seca? Pois é, eu estava assim e para piorar o professor queria que eu cantasse... Eu fiquei sem reação até que escutei uma piadinha:

– Isso é uma aula de canto queridinha esperava dançar ballet? Ou jogar futebol? - Acertou quem disse que foi o Brian, sempre fazendo brincadeirinhas fora de hora...

– Então porque o bonitão não vai lá na frente e me mostre o seu talento? - Tentei provocá-lo.

– Agora mesmo!- Ah, eu não acredito que ele foi! Ele começou a cantar Always on my mind do Elvis Presley, mas na voz dele me lembrou muito a versão do Bon Jovi.

Maybe I didn't love you

(Talvez eu não tenha te amado)

Quite as often as I could have

(Com a frequencia que eu deveria)

Maybe I didn't treat you

(Talvez eu não tenha te tratado)

Quite as good as I should have

(Tão bem quanto eu deveria)

If I made you feel second best

(Se eu te fiz se sentir como segunda opção)

Girl I'm sorry I was blind

(Garota, me desculpe. Eu estava sego)

You were always on my mind

(Você esteve sempre na minha mente)

You were always on my mind

(Você esteve sempre na minha mente)

Sua voz era linda, estava boba do tamanho de seu talento... Por um momento eu sentia uma indireta quando ele me olhava, talvez eu esteja errada, enganada. Ou talvez eu tenha perdido o sentido de tudo que eu vivi até agora, mas essa música me tocou de uma maneira incomparável, inexplicável.

Maybe I didn't hold you

(Talvez eu não tenha te abraçado)

All those lonely, lonely times

(Todos aqueles momentos de solidão)

And I guess I never told you

(Acho que eu nunca te disse)

I'm so happy that you're mine

(Estou tão feliz que é minha)

Little things I should have said and done

(Pequenas coisas que eu podia ter dito e feito)

I just never took the time

(Eu só nunca tive tempo)

You were always on my mind

(Você esteve sempre na minha mente)

You were always on my mind

(Você esteve sempre na minha mente)

Tell me, tell me that your

(Me diz, me diz que seu)

Sweet love hasn't died

(Doce amor não morreu)

And give me

(E me dê)

Give me one more chance

(Me dê mais uma chance)

To keep you satisfied

(Para mantê-la satisfeita)

satisfied

(Satisfeita)

Little things I should have

(Pequenas coisas que eu devia ter)

Said and done

(Dito e feito)

I just never took the time

(Eu só nunca tive tempo)

You were always on my mind

(Você esteve sempre na minha mente)

You were always on my mind

(Você esteve sempre na minha mente)

You were always on my mind....

(Você esteve sempre na minha mente)

A música acabou e ele veio tirar onda com minha cara:

– E aí, satisfeita pirralha?

– É talvez, pode ser que sim, pode ser que não... - Nunca iria dar o braço a torcer.

– Eu sei que você gostou, seus olhares não me enganam.

– Até pareceu que você me conhece tanto a ponto de entender meu olhares.

– Te conheço tanto ao ponto de saber que dentro dessa menininha revoltada existe um coração mole a espera de um grande amor.

– Ah falou o adivinho. - Eu estou ficando doida ou ele está zuando com minha cara? Ou então jogando indiretas?

– Não adianta negar.

– E atrás desse idiota existe um lado adivinho do Synyster Gates que eu não conhecia HAHAHA.

Então você que sabe. A aula foi bem legal, me diverti bastante e me surpreendi com o Brian. No finalzinho o professor insistiu que eu cantasse algo. Eu não queria, mas Brian falou que cantaria comigo, então tomei coragem e fui. Agora sim comecei a conhece-lo, uma pessoa adorável totalmente diferente do que eu imaginava. Atrás daquele machismo todo tinha sim um cara legal e divertido mesmo se achando. E ele pode está certo sobre eu estar esperando um grande amor ou talvez eu encontrei e só não consigo enxergar.

Saímos da aula e Brian me chamou para ir a praia, eu aceitei, mas iria avisar o pessoal. Encontrei Matt que disse:

– Jú vou te levar em casa, não quero dar trabalho ao Syn. - O que? O que aconteceu com ele?

– Não precisa, eu estou bem com ele.

– Mas eu quero ficar com você, estamos juntos esqueceu?

– Talvez eu tenha esquecido, assim como você esqueceu que eu existo quando... - Brian interrompeu e fez um olhar para que eu parasse.

– O que você está querendo dizer Júlia? - Matt não tinha me chamado assim desde... ah, desde NUNCA.

– Nada, só quero dizer que o Brian não está me fazendo mal nenhum e eu não estou a fim de ir para casa.

– Então por que não disse antes? Vamos sair...

– Eu queria sair, quando te liguei para avisar que estava sozinha em casa morrendo de fome, mas você estava com a Valary...

– Desculpa, mas então vamos agora?- Matt disse ignorando o quanto aquela história me afetava.

– Não Matt, eu vou ir a praia com o Brian. – respondi tentando ao máximo controlar minha raiva.

– Com o Brian? E por que não pode ir comigo Júlia? O que eu fiz?

– NADA, QUE PORRA MATT... VOCÊ PODE SAIR COM A VAL QUE É SUA AMIGA E EU NÃO POSSO SAIR COM O MEU AMIGO? CUSTA ENTENDER? - Eu fiquei estressada e acabei gritando, fiz mal?

– Calma, não precisa gritar comigo.

– Desculpa mas é que...

– É que ela é muito nervosinha e está precisando relaxar Matt, vou levá-la a praia e fica tranquilo que eu vou cuidar muito bem dessa pequena. - Brian disse me abraçando e me levando pra saída do colégio não deixando eu nem despedir de Matt.

– Obrigada Brian, se você não tivesse interrompido acho que iríamos brigar de verdade e eu não estou afim de confusões.- eu disse encarando minhas mãos.

– Não? Falou a menina que me deu um soco no rosto, só me xinga desde a hora que me conheceu e quase bate nos outros por aí.

– Também não é bem assim. – Qual é? Eu não sou assim! Eu sou?

– É assim sim, senhorita.

– Então tá. – Ok, eu admito. Negar pra que?

– NÃO? SÉRIO? - Brian gritava.

– Não o que?

– VOCÊ? NÃO ESTÁ TEIMANDO OU DISCUTINDO COMIGO E MUITO MENOS ME XINGANDO?

– Qual é o problema, idiota?

– Ah, foi só um segundo. Os delírios já acabaram.

– Não viaja, por favor... – a gente chegou à praia e ficou lá sentado um pouco, em silêncio, curtindo o barulho do mar...

– Posso.... É... deitar no seu colo? É que eu não trouxe nenhuma toalha nem nada e não quero sujar meu cabelo de areia. – Perguntei. Eu não sei se fiz bem em pedir isso.

– Por que tanto medo de me perguntar? Deita ai agora ou melhor, vamos ficar mais perto do mar que pelo menos eu quero molhar meus pés.

– Ok.

Fomos para mais perto e eu deitei em seu colo, ele ficou brincando com meu cabelo enquanto falávamos de coisas idiotas, ríamos das nossas discussões e do quanto a galera ficava irritada. Confesso que ele me ajudou a distrair bastante... As horas se passaram e ele me levou ao meu apartamento, o chamei para entrar, mas ele não aceitou. Então nos despedimos, subi e tomei um banho. Novamente era hora de pensar na vida e tudo começou a ficar ainda mais confuso com o ciúmes do Matt, o começo de uma discussão e pra complicar ainda mais o Brian, decidir ir dormir, pois já eram quase 10 horas da noite.

ALICE POV

Almoçar na casa de Jimmy foi ótimo. A mãe dele realmente tinha gostado de mim e ficava dando indiretas pro James que eu seria a namorada ideal e não aquelas vadias que ele costumava trazer pra eles conhecerem. Ela era tão figura quanto o filho, aliás, ambos os pais do James eram uma figura. Acho que essa loucura é meio que de família. Me diverti bastante com os Sullivan. Ficamos jogando vídeo game depois o que fez a hora passar bem depressa.

–Rev, já ta na hora! Você não vai, mas eu tenho que ir pra escola!

–Ah, não, Ali! Fica mais um pouquinho... Não, melhor, nem vai nessa merda! É escola, não importa o que você vai fazer lá é sempre uma merda, rodeada de gente de merda!

–Mas eu tenho que ir, Jimmy, foi mal!- Falei evitando olhar diretamente pra ele... Aqueles olhinhos azuis... era uma pena ser obrigada a contrariá-los- Eu sou apenas uma aluna de intercâmbio, tenho que andar na linha, ou pelo menos fingir que faço isso, senão eu volto para o Brasil antes do previsto!

–Não! Tudo bem, garota, vai lá!- Rev disse, agora subitamente apressado para que eu fosse pra escola. Eu ri.

Cheguei na escola apressada e lá estavam conversando Brian, Jú, Matt e Valary. Ok... isso tem 85% de chance de estar ligado á alguma merda!

–Oi, gente!- cumprimentei a todos.

Assim que Jú se virou pra mim eu percebi que ela não estava bem e me senti culpada por ter deixado ela sozinha pra almoçar com o Jimmy. Que ótima amiga eu sou!

–Jú, eu to morrendo de vontade de ir ao banheiro, vem comigo?- Precisava falar com ela, mas tentei disfarçar.

– Claro!

–Mulheres e suas manias de ir ao banheiro juntas... sei não, hein?!- Brian brincou e nós rimos indo em direção ao banheiro feminino.

– Ok, estamos sozinhas! Desembucha!- Eu disse em português mesmo! O banheiro parecia deserto, mas não custava nada ser um pouco mais precavida. Fiquei esperando que a Jú começasse a falar, mas não foi isso que aconteceu.- Você tá sofrendo com essa história do Matt, não é? Desculpa, eu... eu não deveria ter enchido sua cabeça com essas coisas...

– Não, que isso, Alice! Você fez certo em me alertar! E mesmo se não o fizesse, acho que eu perceberia...

– Então, qual é a complicação da vez? Você ama ele? – Fiquei surpresa. Nunca pensei que havia chegado nesse ponto.

– Não! É só que... ele foi tão fofo comigo, tão carinhoso... e quando ele me olhava eu de alguma forma me sentia especial..., mas então a Valary apareceu e eu fui completamente eclipsada! E o que eu não entendo é porque então ele não trata de me chutar logo e ficar com ela! Eu não entendo! – Jú botou tudo pra fora. Como dizia Caio Fernando Abreu “Pra mim, e isso pode ser muito pessoal, escrever é como enfiar um dedo na garganta”. Eu concordo com ele e acrescento: às vezes, falar também é!

– Isso é bom! Falar! Ajuda a colocar em ordem nossos próprios pensamentos! Não há muito que eu possa fazer por você, Jú, mas eu quero que saiba que você não precisa guardar essas coisas pra você mesma! Pode contar comigo! E desculpa te deixar sozinha, mas Jimmy tinha pedido... –Me sentei na gelada bancada de granito. Estava melhor assim.

–Eu sei, Ali, obrigada!- Jú mal teve tempo de terminar a frase e Brian entrou de supetão no banheiro.

– Hey, o que você está fazendo aqui? ESTAVA ESCUTANDO A NOSSA CONVERSA?- Júlia, falou, ou gritou, como quiser, revoltada.

–Ouvindo eu tava, só não estava entendo! Vocês são espertas!- ele riu- Mas enfim, não precisa ser exatamente um mestre pra perceber que vocês estavam falando do Matt.

Júlia já se preparava para falar quando ele a interrompeu.

–Eu vi seu rosto quando você viu ele com a Val, mas não precisa ficar encanada com isso cara! Ele nunca ia te trair, ainda mais com a Val... eles são amigos e é isso!- Ela realmente finge bem, mas tem alguma coisa no olhar dela. Eu não estou ficando louca! Mas pelo visto Brian não percebia.

–Eu sei que ele não me traiu!- Jú disse.

–Então qual é o drama?

–Se eu quisesse falar com você sobre isso tinha te chamado, você não acha?- Jú falou naquele tom de grosseria característico dela de quando por algum motivo ela queria espantar alguém.

–Nossa, mas não tem como conversar direito com você mesmo, né garota! Você não sabe tratar as pessoas... não sei como a Ali te aguenta!

–Peraí Brian, dá um tempinho, também não é assim! E você também, Jú!- Ponderei! Aquilo já tava me enchendo o saco! Esses dois só brigam! - Vamo, que as aulas extra curriculares vão começar!

E então a próxima ação por parte do Syn me espantou: ele simplesmente abraçou a Jú e guiou ela até a sala onde era realizado as aulas de coral. Fiquei por mais uns segundos, talvez um

minuto lá dentro tentando entender o grau de bipolaridade dos dois, eles precisam visitar um psicólogo urgentemente!

No caminho para o auditório onde seria realizada a aula de teatro esbarrei com Zacky.

–Hey, Ali, o que está fazendo aqui?

–Ora, alunos de intercambio também tem que fazer aulas extras, Baker!

–E você escolheu teatro?- ele perguntou incrédulo.

–É, porque?

–Nada demais! Só... acho que a gente vai se ver ainda mais!- ele disse fazendo uma expressão que eu não conseguia decifrar.

Entramos no auditório e ele me puxou para um canto onde havia umas pessoas meio góticas, talvez alguns punks, Val também estava lá, mas não prestou muita atenção em mim, pois estava conversando com uma das nossas colegas de turma.

–Essa daqui é a área dos que tem cérebro! Acho que é melhor a gente ficar aqui!- Zacky disse, eu só assenti e olhei pro outro lado da sala. Garotas extremamente magras falando sem parar de como seus cabelos eram hidratados e suas unhas eram bem feitas e/ou falando mal de outras pessoas, além disso, alguns garotos que pareciam ter saído de um comercial de pós- barba ou desodorante masculino, mas que também pareciam tão fúteis quanto as garotas.

–São patricinhas e mauricinhos deslumbrados que querem ser famosos. Na verdade não estão nem aí pras aulas, querem é participar de algum reality show ridículo cheio de pessoas como eles! – Zacky disse, deixando sua raiva dessas pessoas transparecer. Ele realmente odiava elas.- Hey, galera, essa aqui é a Alice! Ela tem aula de teatro com a gente agora.

Todos me cumprimentaram e me trataram extremamente bem, puxando assunto comigo, mas logo o professor chegou atrapalhando a conversa e iniciando a aula. Aula essa que se passou bem rápida, mas foi bem legal! O professor utilizava do sistema de Stanislavski, muito utilizado no cinema, em suas aulas e já no primeiro momento pude aprender algumas técnicas de interpretação. Obviamente, eu ainda precisava praticar muito.

Eu ia saindo com o Zacky e a Valary quando encontrei com o Matt . Ele não parecia nada contente.

– Cadê a Jú, Matt?- perguntei na maior inocência.

– A sua querida amiguinha, foi dar uma volta, com o Brian!- ele cuspiu as palavras grossamente sobre mim.

–Hey, calma aí! Você está com raiva de mim, dela, ou de si mesmo?- eu perguntei e pela expressão dele creio que foi como um balde de água fria na raiva dele. Os olhos voltaram a ter aquele aspecto bonito e não aquele que mais parece uma piscina de ódio.

–Desculpa, Ali, eu... estou com a cabeça quente!

–Pois é, você, a Jú e a Valary tem muito que resolver!- No instante que eu citei o nome da Val Zacky e Matt me olharam sem entender direito, mas no olhar da Val eu poia ver que tudo que ela estava era assustada por alguém ter percebido mais do que deveria.

–Eu, Ali? Mas, o que eu tenho a ver com isso?- ela tentou disfarçar.

Eu levantei meus ombros fazendo o sinal universal de “Não faço a mínima ideia”, mas o sorriso em meus lábios selou a ironia do gesto. Zacky percebeu que o clima estava meio estranho e tentou mudar de assunto:

–Han, então, e o ensaio? O Syn então não vai?

–Não, ele deve ir sim! Não deve ficar tanto tempo assim com a Jú!- Matt respondeu.

–Ah, é, vocês tem uma banda, não é? Jimmy me falou.

–É! A gente não é lá aquelas coisas, mas se você quiser assistir o ensaio... A Val sempre vai!- Zacky disse sorrindo.

–É claro! Eu adoraria.

Fomos rumo a casa do Matt. Eles costumavam ensaiar na garagem de lá.

–Hm, eu vou só tomar um banho, e já venho. O Jimmy e o Matt devem estar vindo.- Matt fazia parte do time de basquete então ele estava bem suado.

–Quem é Matt?- perguntei

–É o nosso baixista!- Zacky respondeu já pegando a guitarra dele e arrumando algumas coisas.

–Nossa isso vai fazer uma confusão na minha cabeça!- ele riu pra mim e tombou a cabeça para o lado como ele sempre fazia. E aquilo era a coisa mais fofa que eu já tinha visto.

Logo, o resto do pessoal chegou, menos o Syn, o que só deixou o Matt, ou melhor, o Sanders, ainda mais preocupado. Apesar do desfalque deu pra ver como o som deles era incrível, eles eram extremamente talentosos, com certeza. No meio do ensaio, Johnny, o baixinho do bar chegou e se sentou perto de mim e da Val.

–Alice, o que você está fazendo aqui?

–Eu que te pergunto Johnny!

–Vim ver esses bichinhas tocar! E aí, Val?- Johnny falou abraçando ela.

Ele ficou o resto do ensaio inteiro falando em como o baixista deles era uma bosta e que ele tocava bem melhor e zuando o pessoal. Baixinho de coragem! Tudo o que eu e a Valary fazíamos era rir dele.

–E aí, Ali, gostou?- Jimmy perguntou após o termino do ensaio.

–Ta brincando, vocês são incríveis, qual é?!- respondi.

–Isso porque você não viu nada! Quando o Syn está fica ainda melhor! Completa a banda, sabe?!- Valary falou e eu assenti. Ela não tinha ficado chateada pelo que eu falei antes, ela realmente era bem legal!

–Vamos pra casa então, já ta tarde e eu to cansado.- O baixista falou.

–Ah, qual é? A gente cansa quando a gente toca alguma coisa, o que você fez? – Johnny falou zuando o cara e eu me contive para não rir. Que isso, ele era muito atrevido.

–Hey, Gnomo, baixa a bola aí falou!- Zacky pediu, mas dava pra ver na cara dele que ele também estava se segurando para não rir.

Todos foram embora cada um para sua casa, mas como estava bem tarde, Zacky se ofereceu para me levar até a minha.

–Você foi incrível hoje, Zacky! Como aprendeu a tocar guitarra daquele jeito?

–Sério que você gostou?- ele perguntou um pouco incrédulo.

–É claro que sim!- ele abriu um sorriso lindo pra mim que e logo tratei de retribuir.

–Eu aprendi meio que sozinho na verdade!- ele disse meio encabulado.

–Sério? Nossa! Eu... cara, eu sei que eu já repeti essa palavra umas mil vezes hoje, mas é a única que eu achei pra definir isso, porque isso é incrível!

Ele riu de mim e eu até riria também, mas logo vejo na minha frente um amontoado de bombos. Eu morro de medo de pombos! Vocês sabem disso! Naquela hora mesmo meu corpo gelou e travou. Zacky logo percebeu e perguntou:

–O que foi, Ali, algum problema?

–Pombos...- eu disse com a voz extremamente fraca. Quer dizer, eu não tinha exatamente medo de pombos era mais um pavor mesmo e cara, quando você tem pavor de algo pode saber: a porra ficou séria. Muita gente acha que é frescura, mas não tem nada ver, eu simplesmente não controlo.

–Calma! Ali, o que tem os pombos?- Zacky perguntou olhando diretamente para os meus olhos e acariciando meu rosto levemente.

Aquilo me ajudou de uma maneira inexplicável e logo eu tinha forças para responder coerentemente e de forma clara que eu tinha fobia de bombos. Ele achou estranho, obviamente, quem não acharia? Mas não me criticou ou achou que eu estava fazendo tipo como a maioria das pessoas fazem e isso foi muito importante pra mim.

–Vem, vamos superar esse medo! Pombos não podem te fazer nada, Ali, calma.

–Não!- eu disse e me agarrei a ele, abracei-o com força. Ele pareceu surpreso no começo, rígido, mas logo me abraçou de volta e ficou acariciando meus cabelos.

Ele foi andando devagarinho comigo, com calma e a gente passou do lugar onde havia aquela concentração de pombos.

–Pronto, Ali, agora você está salva!- ele disse rindo um pouco.

–Meu herói!- Falei em tom de brincadeira e dei um beijo na bochecha dele.

Chegamos ao meu prédio e nos despedimos! É, o dia hoje tinha sido cheio, estava louca pra saber porque o Syn tinha faltado ao ensaio do Avenged Sevenfold, mas estava cansada demais para até mesmo perguntar isso pra Jú, amanhã eu faço isso! Sábado, sem aula, sem nada, amanhã eu não acordo cedo por nada nesse mundo!