You Had My Heart And You Still Have.

It's times like these you learn to love again


Música tema: Times Like These - Foo Fighters

TERCEIRA PESSOA POV

O sábado e as três semanas que se seguiram passaram correndo pelos olhos de Júlia e Alice. Elas passavam a maior parte do tempo na praia com os meninos e a cada dia eles pareciam ainda mais ligados... uma amizade cada vez mais forte foi se formando, como se cada dia juntos fosse equivalente a um ano. Se algum deles falasse que seria capaz de morrer por uma das brasileiras ou vice-versa, acredite, eles não estariam mentindo.

Na segunda-feira da primeira semana como planejado por Jimmy e Brian a professora de espanhol e seus alunos saíram da sala imundos pela farinha deixada nos ventiladores. O diretor da escola já naquele momento desconfiou que James Owen Sullivan estivesse metido na história. Como ele sabia? Bom... digamos que nosso querido Rev já tivera sua cota de bagunças esgotadas naquele colégio. O garoto era a peste da escola, sempre arranjando confusão e matando tantas aulas quanto possível. A presença de seus pais no colégio era de lei toda semana. É óbvio que nessa semana não podia ser diferente.

O diretor não descobriu quem foi que fez o que os alunos passaram a chamar de “A revolta da Farinha”, mas não faltaram oportunidades para aqueles meninos aprontarem. Ouve inúmeras brincadeiras bem mais criativas com os professores e em algumas delas até as brasileirinhas, como foram apelidadas na escola, participaram de tudo. Balões de água, pó de café, tinta, areia, barro... tudo servia de material para aquela turma aprontar. Naquela mesma semana os pais de Jimmy foram avisados: mais uma infração e o filho deles seria expulso. É, se meter em briga nunca é bom, sempre atrai dedos-duros demais, não que Jimmy se importasse com isso de qualquer forma.

O espirito daquele garoto nunca fora feito pra seguir nada que fosse pré-estabelecido pela sociedade se ele não visse razões suficientes pra isso. E no caso da escola, pode-se dizer que não tinha nenhuma. Rev fora agraciado com o dom da música, do carisma, da perspicácia, do pensamento crítico e talvez, por isso mesmo não havia recebido nada que o fizesse entender algum sentido em seguir qualquer espécie de hierarquia. Jimmy nunca respeitou nenhuma forma de autoridade, para ele, sempre todos são apenas... pessoas.

Naquela semana também Alice se aproximou cada vez de Zacky. Eles sempre estavam juntos, conversando e rindo como velhos conhecidos. Nas aulas que faziam juntos estavam sempre lado a lado e era batata: se algum professor decidisse fazer um trabalho em dupla eles estavam sempre lá, juntos, o moreno fazendo aquela típica cara de quem não está com a mínima vontade de fazer nada e a loira rindo e debochando da cara de sono dele, dizendo que ela não ia fazer o trabalho sozinha nem morta.

Mas se pensam que tudo eram flores, bom, sinto em desapontá-los. Damien estava sempre onde quer que os dois fossem para atormentá-los. Alice já havia perdido as contas de quantas vezes havia entrado no meio dos dois e quase levado um soco por acidente enquanto tentava evitar uma briga. A garota odiava pensar que era ela a causadora de uma provável marca de briga no corpo de Zacky e já havia até lhe falado o quanto se odiava por ser tão esquentada e ter batido nele quando se conheceram. Obviamente, Alice não conseguiu evitar todas as brigas, que por algum milagre nunca duravam a ponto de um dos dois conseguirem realmente se machucar.

A vida de Júlia estava ainda mais complicada. Já havia se pegado segurando as lágrimas de desespero milhões de vezes naquela mesma primeira semana. Mas a moça se orgulhava de conseguir conter a dor e só demonstrar a raiva. Ela e Matt viviam brigando, brigando feio mesmo e por motivos cada vez mais fúteis. O ciúmes era companheiro dos dois, as palavras eram acidas e cortavam como uma faca com as cerdas voltadas para o cabo: Entravam com estrema facilidade, de uma vez só, mas saiam lentamente dilacerando dolorosamente qualquer vestígio de afeto que eles ainda tinham um pelo outro. Por que então não terminavam de uma vez? É simples, os dois se sentiam, mesmo sem admitir, fervorosamente... carentes. E nessa se agarravam um ao outro, afinal para eles, por mais que não tivesse dando certo, eram tudo que restavam para ambos. Valary acabou se aproximando de Júlia, particularmente devido a amizade com o Matt, já que Matt ia Val quase sempre estavam juntos.

É claro que os amigos tentavam ajudar, aconselhar. Ali e Jimmy foram de extrema importância para que Jú aguentasse tudo aquilo, mas a pessoa que mais havia trazido paz para a morena naqueles dias fora Brian. Sim, Brian! Quem diria, não é mesmo?! Os dois iam direto pra praia sozinhos, ás vezes, passavam horas sem proferir nenhuma palavra, não precisavam, afinal, o silêncio não era incômodo, pelo contrário, era bem aconchegante e confortável. E não era só Jú que precisa de Brian, Brian também sentia que precisava de ter aquela garota por perto. Não que qualquer um dos dois desse o braço a torcer uma vez que seja. Eram dois cabeças-duras que não admitiam o quanto um era importante pro outro, o quanto gostavam um do outro e é claro que tinham suas pequenas discussões e trocas de insultos, mas nada muito grave.

No entanto havia um momento em que todos os problemas que pudessem preocupar aquelas jovens mentes desapareciam no ar e esse momento era o ensaio do Avenged Sevenfold. Os vocais gritados de Matt, as guitarras pesadas de Zacky e Synyster, a bateria forte de Rev e o baixo... bem... o baixo que dava pro gasto naquele momento fazia todos relaxarem... era uma espécie de morfina aliviando as dores, relaxando os músculos... e ao mesmo tempo, contradizendo a tudo isso era como o Êxtase, acelerava o batimento cardíaco e te deixava extremamente ligado e animado. Além do mais não era só aquela turma que estava viciando naquele som. Na terceira semana, por exemplo, eles conseguiram tocar na festa de um amigo e colocaram a galera pra pular, literalmente. Era incrível a presença de palco daqueles garotos. Eles conseguiam juntar todos numa energia tão gostosa... Foi simplesmente uma das melhores festas em que Júlia e Alice já estiveram!

Aquelas 3 semanas intensas passaram numa rapidez impressionante como que pra provar que não há nada tão “eterno” que dure para sempre. Grandes acontecimentos estavam por vir, talvez não no dia seguinte, ou semana seguinte, ou mesmo ano, mas eles chegariam e Alice e Júlia tinha plena consciência disso!

TERCEIRA PESSOA POV of/

Acordei com o celular tocando e uma bela de uma dor de cabeça, mas que droga quem iria me ligar em pleno domingo a esse horário? Olhei a tela e era Matt, o que ele queria essa hora? Atendi e ele me pediu para que encontrasse na praia.

Levantei e quando olhei para minha roupa, bem... Estava rasgada ,eu estava meio suja, corri para o banheiro e olhei minha cara toda borrada de maquiagem! Não me lembrava de praticamente nada... Tomei um banho, troquei de roupa e corri para a praia.

Chegando lá cumprimentei Matt que estava com uma “ótima” cara:

– JÚLIA NA ONDE VOCÊ PASSOU A NOITE? POR QUE NÃO ME DEU SATISFAÇÕES, EU AINDA ESTOU COM VOCÊ! - Ele gritou e conseguiu piorar minha dor de cabeça, aumentando minha raiva.

– Calma, eu fui para a casa do Brian e fomos para uma festa, não avisei ninguém.

– COM ELE? É SEMPRE ELE, AGORA É SEMPRE BRIAN PARA CA, BRIAN PARA LA E EU?

– É VOCÊ ANDA MUITO OCUPADO PARA ATENDER MEUS TELEFONEMAS, SÓ ANDA COM A VALARY, NÃO QUE EU A ODEIE MAS POXA SE VOCÊ ADORA REFORÇAR QUE ESTAMOS JUNTOS, FICA COM POUCO COMIGO ENTÃO.

– NÃO MUDA DE ASSUNTO, VOCÊ FEZ O QUE COM ELE? AH, ME TRAIU?

– CALMA QUE PORRA MATT, EU NÃO FIZ NADA, SÓ FUI PARA UMA FESTA, QUER DIZER EU NÃO ME LEMBRO DE NADA QUE EU FIZ, ACHO QUE BEBI MUITO, DESCULPA, MAS VOCÊ ANDA TÃO OCUPADO E EU QUERO ME DIVERTIR.

– NÃO SABE? SE EU SUMISSE COM A ALICE E NO OUTRO DIA FALASSE PARA VOCÊ QUE NÃO ME LEMBRO DE NADA VOCÊ IA ADORAR NÃO É?!

– NÃO IRIA NEM LIGAR.

– AH EU DEVIA ESTAR COM OUTRA PORQUE VOCÊ NEM DA VALOR.

– ARRUME OUTRA.

MATT POV

Eu estava com muita raiva, nossas brigas só aumentaram com o passar do tempo e cada vez mais pesadas... Mas quando vi a garota forte, que não ligava para nada chorando meu mundo desabou, eu peguei pesado, entretanto não queria faze-la sofrer. Nunca quis fazer uma mulher sofrer... Talvez não era para ficarmos juntos, talvez só tenha sido um passatempo. Estávamos carentes ou tentando disfarçar um sentimento... Eu sempre soube que ela sentia algo pelo Brian, algo que nem ela admiti pra si mesma e eu... eu... bom, Valary tem sido ótima comigo, tem aguentado todas as minhas reclamações sobre a Jú, todas as minhas chatices e sem ao menos reclamar! Ela tem se tornado uma pessoa cada vez mais especial pra mim.

MATT POF of/

Eu segurei ao máximo que poderia, mas desabei. Eu comecei a chorar... Chorava porque vi que estava enganada, eu não sentia nada pelo Matt, chorava porque estávamos estragando uma bela amizade e por culpa minha... Chorava sem saber porque. Matt ficou me olhando paralisado e me abraçou forte. Ah, aquele abraço era tudo que precisava! Me pediu desculpas e disse para irmos a minha casa e conversar direito. Aceitei e fomos.

Chegando lá eu sentei no sofá e começamos a conversar como já deveríamos ter feito à semanas... Chegamos a conclusão de que precisávamos um do outro, mas de outra forma, como amigos, daqueles que pode contar sempre quando estiver carente e precisando de um colo para chorar. Pedimos desculpas novamente e nos acertamos. Ficamos felizes por tudo acabar bem.

Eu sei que não deveria me meter e sim deixar as coisas fluírem, mas eu não conseguia. Não era de hoje que eu queria falar sobre os olhares discretos que a Val estava constantemente jogando sobre ele e que o lerdo não percebia.

– A Valary? Apaixonada por mim? – ele gargalhava como se aquela fosse a piada mais engraçada que alguém já inventara.

– Não, o Jimmy que está! – deixei a ironia bem evidente em minha voz – Ela nunca me disse nada, mas eu sei que ela sente algo mais do que aparenta por você... Você não percebeu ainda, talvez eu tenha contribuído pra te segar ainda mais també...

– Não, Jú! Isso é impossível! A Val é minha amiga desde... desde sempre!

– E o que isso tem a ver? Para só um pouquinho e repara na garota que sempre esteve do seu lado, Matt! Eu sei do que eu estou dizendo. – alertei-o.

– Ok, vamos supor então que ela realmente goste de mim mais que a um amigo. – ele não daria o braço a torcer tão cedo, mas eu podia ver que estava o convencendo – Mesmo assim ela merece alguém bem melhor que eu.

– AAAAAWN! – eu disse apertando as bochechas dele só pra irrita-lo ainda mais – Você também gosta dela mais do que se deixa perceber! Essa sua última frase te entregou total, você a ama! – ele tentou negar, mas eu impedi – E não, eu não concordo com você! Você é uma cara incrível, Matt e mesmo se ela fosse melhor, de que isso importaria se o que ela quer é você?

Ele tentou disfarça, mas eu consegui capitar um pequeno sorriso se formando no canto dos lábios dele. Eu sorri e o simples fato de poder fazer isso na presença dele me alegrava. Nosso lugar não era junto um do outro como namorados, ficantes, ou o que seja, nós somos amigos apenas, sempre fomos, mas deturpamos isso, o que quase custou até mesmo nosso respeito um pelo outro. Conversar com o Matt, estar perto do Matt, agora parecia tão simples, tão fácil, não havia mais aquele peso nas costas, aquela dor no olhar. Havia apenas duas pessoas curtindo a companhia uma da outra.

Mas é claro que aquela paz interior não duraria tanto assim, pois logo me veio na mente a imagem deplorável em que eu me encontrava hoje de manhã. Vasculhei minha memória fortemente, porém não encontrei nada que justificasse o meu estado de mais cedo. Matt percebeu que eu estava meio pensativa demais e resolveu ir embora dizendo que me ligava mais tarde pra gente chamar o pessoal e sair. Eu estava preocupada demais para até mesmo dizer um tchau decente! O que eu havia feito na noite anterior? Aliás, o que eu e Brian fizemos? Será que nós...? Não, não pode ser... Será? Ai meu Deus!

BRIAN POV

Jú foi em minha casa ontem e logo resolvi chamá-la para ir em uma festa, senti que precisava de animar e nada melhor do que a companhia do gostosão aqui. Ela aceitou e foi do jeito que estava, seu jeitinho de revoltada me encantava… Pedi para que avisasse Matt ou Alice, mas ela nem quis saber. Menina louca.

Chegamos na festa, era na casa de um velho amigo. Começamos a beber e passou duas horas ela já estava com um belo porre, não falava nada com nada, rasgou sua roupa e começou a dançar sozinha em um canto. Perguntei se queria ir embora, mas nada iria tirá-la dali, então fiquei vigiando o meu tesouro… Acho que a bebida me deixa meio gay ou eu tenho um lado homossexual que não conhecia.

O tempo foi passando e Jú só piorava! Perdi a conta de quantas vezes eu tive que espantar uns engraçadinhos que tantavam se aproveitar dela. Bando de punheteiros, até parece que ele tem nível pra pegar uma garota como a Júlia.

No final das contas eu tive que carregá-la até o taxi porque ela não aguentava mais nem andar. Ela me entregou a chave do apartamento e eu levei ela no meu colo até o quarto dela, a cabeça dela encostada no meu peito... eu podia sentir o cheiro dela nitidamente. Eu gostava disso, mas me controlei, ela ainda é a mulher do meu amigo. Mas o que mais me encantava e tornava ainda mais difícil de resistir à ela era aquele sorrisinho que ela mantinha nos lábios. Eu não sabia o motivo, mas isso não importava, eu já amava aquele pequeno sorriso

BRIAN POV of/

ALICE POV

Por algum milagre divino eu acordei cedo naquele domingo, aliás, mais ou menos, eu estava, digamos... semi-acordada me remexendo na cama e isso me lembrou de uma coisa que eu ouvi há um tempo “Para levantar eu tenho que tomar café, mas para tomar café eu tenho que levantar”. Ri sozinha e a lembrança de que se eu levantasse poderia tomar meu café me obrigaram a ficar de pé. Jú havia passado a noite fora o que quase me matou de preocupação, por isso passei no quarto dela antes pra ver como ela estava. Bem... ela estava deplorável, a roupa parcialmente rasgada, a maquiagem borrada e o cabelo nem se fala, mas ao contrário do que tudo indicava ela dormia serena, calma e resolvi desencanar e deixa-la dormindo.

Fui para sala ainda no meu pijama de caveirinha preto que eu amava por ser extremamente confortável, fresco e ao mesmo tempo bonito. Procurei pelo bendito pó de café em todos os armários e só então eu lembrei que eu havia acabado com ele todo no dia anterior. Coloquei um shorts desfiado e uma camisa de Sobrenatural com o Impala 67 estampado e sai de casa rumo a cafeteria mais próxima.

Entrei no estabelecimento e mal fiz meu pedido e sinto mãos fortes segurarem minha cintura por trás. Aquele pequeno toque já foi capaz de fazer todos os meus músculos se contraírem prontos para atacar enquanto um frio crescente na minha espinha me imobilizava.

– Então a gatinha gosta de acordar cedo?- eu reconhecia muito bem aquela voz carregada de malícia. Aquela voz que me causava repulsa. Só podia ser ele pra me trazer tantos sentimentos negativos numa enxurrada.

– Damien! – eu disse em tom de raiva retirando as mãos dele da minha cintura.

–Adoro quando pronuncia meu nome... é tão sexy!- ele disse fazendo uma voz que com certeza atrairia muitas garotas, mas não há mim. Eu só queria a droga do meu café e dar o fora daquele lugar.

– Porque você não larga do meu pé, caralho? Aposto que tem um monte de líderes de torcidas loucas pra dar pra você! Me deixa em paz!

–Uh, a gatinha tem uma boca muito suja! Sabe isso não ajuda muito, Alice! Eu amo que minhas garotas sejam meio boca suja... especialmente na cama!

Eu levantei a mão pronta pra dar um tapa naquela cara de pau dele, um tapa bem forte, que deixasse marca, mas a atendente me interrompeu dizendo que meu café expresso estava pronto, me entregando e dizendo o valor. No começo fiquei meio brava pela interrupção, mas depois agradeci, afinal, a briga que já havia chamado a atenção das pessoas que estavam mais próximas ao balcão, imagina então depois de um tapa!

Paguei meu café e sentei numa das cadeiras que havia perto no balcão decidida a ignorá-lo. Ele se sentou ao meu lado, é claro que ele não ia aliviar pro meu lado.

– Você sabe que mais cedo ou mais tarde você vai ser minha, Alice, então porque dificultar as coisas.

Não o respondi. Me limitei a encarar meu próprio café e a bebe-lo o mais rápido possível. O café quente descia pela minha garganta rapidamente deixando um rastro de calor que eu lutava para ignorar. Eu só queria ficar livre daquele idiota.

– Você vai ficar linda em uma lingerie vermelha... posso até ver! Deixa eu te perguntar uma coisa você é virgem não é? Ou aquele seu “amiguinho” Baker já tratou de tirar s...

Sem pensar ou deixar ele concluir a frase joguei o resto de café extremamente quente na cara dele! Com certeza que iria ficar bem vermelho o resto do dia.

–Obrigada, o café estava ótimo! – eu disse sorrindo amarela para a atendente que me olhava atônita. Aliás todo mundo estava olhando pra gente agora, alguns assustados, outros rindo e teve até aqueles que tiravam fotos. Eu ignorei todos e sai antes que Damien se recuperasse e viesse atrás.