You Had My Heart And You Still Have.

If you walk out on me, I am walking after you


Música tema: Walking After You - Foo Fighters

Eu ainda estava pensativa. Não era só eu que achava aquilo, o Jimmy também e ele conhece os dois o suficientes pra ter certeza. Eu não sabia se sentia mal ou bem, eu não sei mais o que eu sinto pelo Matt, não tenho certeza se é amor, sabe?! Eu gosto dele, mas não é aquela coisa tipo você é o amor da minha vida, eu não sei se estou confundindo tudo. Ou talvez eu possa ter ficado com a amizade dos dois na cabeça e estar ficando paranóica, só sei que quando eu cheguei aqui tinha uma visão totalmente diferente e quando conheci os garotos minha razão de vida mudou! Eu só apaixonei uma vez na minha vida e quebrei a cara, mas ele era diferente de todos, era um doce e deve ter sido por isso que eu me encantei de cara... Porque afinal, ninguém se apaixona do nada no primeiro dia e começa a namorar, mas eu estava namorando ou não? Resolvi ir dormir, é a única coisa que me restava a fazer.

Acordei e chamei Ali. Estamos invertendo dos papéis aqui, só pode, porque ela anda dormindo bastante e eu viajando nos meus pensamentos. Seria o fuso horário?

Tomei um banho, troquei de roupa e desci para tomar o café. Era a primeira vez que eu não me importei com roupa, cabelo, maquiagem... Coloquei uma blusa simples, uma calça, um tênis e fiz um coque no cabelo. Acabei indo antes da Ali, pois aquela vadia estava demorando demais, hoje estava sem paciência.

Cheguei lá dei de cara com Val e Matt. Eles me cumprimentaram e ficamos conversando, eu meio que falava quase nada, sabe? O sinal bateu e entrei para a aula, não tinha visto a Alice até que o John, que trabalhava na secretária me chamou. Quando cheguei na sala encontrei Ali, ele queria nos contar sobre as atividades extra curriculares e disse que teríamos que escolher alguma. Tinha aulas teatro, coral, pintura, participar da equipe de líderes de torcidas – quando John falou eu e a Ali só nos olhamos e uma já sabia o que a outra estava pensando “essa nem fodendo”- e os times da escola de vôlei, basquete e afins.

Escolhi aula de coral e Ali teatro, eu raramente cantava na minha vida mas não me daria bem pra encenar algo ou então jogar vôlei, basquete e o caralho... Sou extremamente pequena então não rolaria muito, se tivesse boxe eu iria gostar, mas enfim...

– Nenhuma das duas não vai querer nem mesmo fazer teste para as líderes de torcida? – John perguntou chocado. Acho que ser líder de torcida ali era supervalorizado.

– No dia que eu trocar meu cérebro por implante de silicone nos seios quem sabe?! – Alice respondeu sarcástica e eu ri.

Voltei para a sala e no meio da aula de literatura escutei uns comentários sobre mim: “aquela novata namora aquele Matt que fica arrumando confusão com os outros“, “ela é namorada daquele cara estranho”, “ ela anda com aqueles garotos idiotas e estranhos que só arrumam confusão”... Minha vontade era de socar cada um por falar de mim e ainda por cima dos meus amigos, eles são as pessoas mais legais do planeta e, bom, tenho que admitir, eu amo quando arrumamos confusão. A vida não tem graça se você se comporta como uma pessoa normal e certinha.

As aulas passaram rápido e o sinal para o intervalo tocou. Encontrei a galera, inclusive Michelle... Eu não me dava muito bem com ela, mas resolvi fingir que estávamos convivendo bem, dei um abraço em cada um bem apertado e fiquei abraçada com o Matt. Percebi que Val fingia que estava bem, mas ao mesmo tempo nos olhava estranho.

– Grandão vamos ali comigo? - Perguntei ao Matt.

– Tudo bem, pequena.

– HEEEEY, eu também vou. - Disse Brian tentando se largar de Michelle e vindo atrás de nós.

– Triângulo amoroso ou vai rolar uma suruba ai? - Jimmy gritou. Acabei mostrando o dedo do meio pra ele. Saímos andando sem rumo.

– Brian, por que você veio atrás? Não querendo ser grossa, mas já sendo, esse é um momento para nós e isso não o incluiu...

– Nossa começou cedo hein pirralha. Tudo bem, nem queria ficar com vocês mesmo afinal só queria me livrar de um encosto.

– Michelle? - Perguntou Matt.

– Não fala o nome dessa coisa que ela surge do chão! - Acabei rindo.

– Então tá, vaza daqui agora idiota!

– Já estou indo madame.

Passei o intervalo com Matt, tinha a necessidade de conversar sobre as milhares dúvidas que surgiam em meus pensamentos mas ao mesmo tempo o medo tomava conta... Um tempo depois o sinal bateu, droga, hora de voltar para o inferno. Despedi dele e fui para incrível aula de inglês!

ALICE POV

Me assustei quando a Júlia me acordou com aquela cara de zumbi que ela fazia sempre pela manhã. Fiquei com um pouco de culpa por ter colocado aquelas dúvidas na cabeça dela em relação ao Matt, mas ela precisava tirar essa viseira que a promessa de felicidade tinha colocado nela, ela precisava ver além daquilo que estava à frente dela. Não posso culpa-la, entretanto, se tivesse no lugar dela faria o mesmo, afinal a Jú já sofrera algumas boas decepções quando a coisa era os relacionamentos dela e então chega o Matt, um cara bonito, atencioso, carinhoso, gente boa pra caramba e meio malandro até... não sei vocês, mas eu iria esquecer do mundo a minha volta com um homem desses. Só que infelizmente não vivemos em um conto de fadas e apesar das bruxas más estarem sempre por aí, o nosso felizes para sempre pode ser muito bem com um plebeu. Tudo o que eu quero é que a Jú possa ser feliz, com quem quer que seja e, bom, tenho lá minhas dúvidas de que ela realmente ame o Matt... Mas isso é só ela que sabe, ou melhor, não sabe... ainda. Júlia é esperta, logo, logo vai dar uma organizada nessas emoções e vai descobrir o que quer de verdade.

Ao contrário da Jú eu acordei em pleno bom humor, até lembrei da minha mãe, ela era esse tipo de pessoa que te acordava cantando e dava bom dia até para os passarinhos e pras plantas, vai entender, cada doido com sua mania! Entrei no meu e-mail pelo celular e enviei uma mensagem pra ela contando que estava tudo bem, que eu estava me divertindo e que sentia saudades dela. Fui para o meu banheiro e tomei um banho bem relaxante e até meio demorado, fiquei lá cantando Cherry Bomb e tentando desengonçadamente imitar a Cherrie Currie. Acho que a Júlia se irritou com a minha demora e saiu sem mim. Coloquei uma regata preta meio larguinha do David Bowie, calça jeans rasgada e all star, sem maquiagem sem pentear o cabelo, se eu me prendesse muito a essas coisas ia me atrasar. Sai de casa e comprei café no caminho, eu não precisava de mais nada, só meu precioso café.

Cheguei na escola com o sinal batendo e logo entrei pra sala. As aulas até que passaram depressa e logo eu já estava no intervalo. E eu me sentei num canto om a Mary pra poder comer em paz, eu tava morrendo de fome.

– O Jimmy me contou da farra que vocês fizeram na casa da Val! E eu achando que você era uma santinha... – Mary disse.

– Santinha? Essa aí é o capeta disfarçado de bonequinha de porcelana... tipo Chuck, só que mais bonita! – Zacky intrometeu se sentando do lado da Mary. Porra eu queria que ele tivesse sentado do meu lado! Ah não, eu não pensei isso! Não, não, não, não! EU NÃO ESTOU APAIXONADA, NÃO MESMO!

– Obrigada pela parte que me toca, Zacky! – eu disse encarando meu pacotinho de ar que vinha com algumas batatas dentro. Isso mesmo Ali, evite contato visual, ele não poderá te hipnotizar sem usar aqueles faróis verdes que mais parecem esmeraldas... Alice Bertolli, já chega!

Ele riu e ficou lá me encarando comer minhas batatas.

–Abre a boca! – eu disse pra Zacky, ele estranhou, mas fez o que eu pedi.

Eu peguei, então, um punhado de batatas e coloquei na boca dele. Ele começou a mastigar e falar ao mesmo tempo:

– Hm... adoro batatas... mas porque você ta me dando isso?- pausa pra engolir – Não está com fome?

– Eu estou, mas você ficou encarando, achei que queria... – falei e sorri.

– Mas ele realmente estava encarando o que queria, Alice, só que não eram as batatas... – Mary disse num tom malicioso e eu engasguei comendo minhas batatas e comecei a tossir feito uma louca. Percebi que Zacky ficou um pouco desconcertado, ele tinha corado, mas estava rindo.

E no entanto, o ruim da situação, não era o constrangimento e sim a esperança. Sim, a esperança é ruim em certas ocasiões, na verdade eu acho que ela é o sentimento mais traiçoeiro do mundo na maioria dos casos. Veja bem, se você não tivesse na esperança que algo acontecesse você nunca iria se decepcionar se essa coisa dessa errado. No final das contas, o idiota é sempre aquele que acredita, que espera... e eu não quero passar por esse tipo de coisa dolorosa de novo. Mas é praticamente impossível expulsar a esperança de um coração, ela se alastra, forma raízes muito rápido, uma vez dentro do seu coração e já era, você está oficialmente fodido!

Valary chegou e se sentou do meu lado sorrindo, mas será que fui só eu que percebi que o sorriso não chegava aos olhos dela? Valary era uma boa atriz eu tinha que admitir, mas ainda não me convencia nessa história. Ou será que eu to implicando demais e vendo sentimento onde não tem? Ela pode estar só preocupada com o Matt, afinal ele é amigo dela e ela acabou de conhecer a Jú... não sei... Nós conversamos mais um pouco e logo o intervalo terminou.

Depois que as aulas terminaram eu acabei encontrando com o Jimmy e o Brian. Eles estavam muito estranhos então eu resolvi ir ver o que eles estavam aprontando.

– Hey, o que vocês estão fazendo?- Jimmy na hora tapou a minha boca e me pediu pra falar baixo.

– A gente está fazendo uma surpresinha pra professora de espanhol... e pros alunos também!- Brian disse e os dois deram risinhos cumplices.

Logo eu percebi do que se tratava. Esses loucos tinham levado farinha pra escola e estavam colocando ela toda nos vários ventiladores de teto. Como aquele era uma das salas que ficavam trancas fora do horário das aulas convencionais, eles tinham certeza que a farinha ia ficar ali até o primeiro horário de amanhã, que por acaso era de espanhol.

– Mas e se ela não ligar o ventilador? – perguntei

– Previsão do tempo, minha cara! Vai fazer mó calor amanhã, é claro que ela vai ligar o ventilador.

Esses garotos são tão maldosos que planejam isso tudo friamente, nunca vi. Todo que eu fiz foi começar a rir abafando o som com minha própria mão. Quando acabou o pacote de farinha a gente saiu de lá.

– Ah, não, hoje tem aquelas aulas complementares... – eu disse. Ia ser legal aula de teatro, mas a tarde é foda.

– Eu nem vou vir! – Rev disse rindo

– Isso nem é mais novidade! – Brian disse rindo – Eu vou... depois ensaio na banda né?!

– Banda? Então vocês tem uma banda?- eu perguntei atônita. Eles nunca haviam mencionado banda nenhuma.

– A gente nunca comentou?- Rev perguntou e eu balancei a cabeça negativamente. – Mas eu já falei que sou baterista, né?! Então, o Syn aqui é um mestre da guitarra, o Zacky também toca bem pra caralho, e o Matt canta pra caralho, então a gente resolveu formar uma banda.

– Nossa, que foda, cara! – eu disse – E como se chama?

– Avenged Sevenfold!

– Nome maneiro.

– Ali, minha mãe te adorou e ela fica falando que você não vai mais na nossa casa e blá blá. Quer almoçar comigo hoje?- Jimmy disse mudando de assunto completamente.

– Pode ser, vou avisar a Jú.

ALICE POV of/

BRIAN POV

Eu estava com Ali e Rev até que escutei que eles iriam almoçar juntos deixando Jú sozinha. Não poderia deixar aquela linda pirralha sozinha, até porque ela iria morrer de fome. Sai correndo para minha casa e decidi que iria ligar para ela...

BRIAN POV of/

As aulas terminaram e eu não sabia onde Alice estava então resolvi ir para casa. Eu estava meio mal com tudo que estava acontecendo e percebi que estava me distanciando de todos, mas eu precisava de um tempo, ficar sozinha e pensar na vida sabe?! De fato Ali estava certa, as coisas estão acontecendo muito rápido e eu não quero sofrer logo aqui. E no final de tudo, daqui 1 ano eu vou embora e esse paraíso todo acaba.

Tomei um banho e mandei uma mensagem para a vadia avisando que já estava em casa. Um tempo depois ela me ligou avisando que iria almoçar na casa de Jimmy. Droga! Eu vou morrer de fome?

Resolvi ligar para Matt e chamá-lo para almoçar, mas ele não atendia. DROGA, DROGA, DROGA. As pessoas adoram me deixar sozinha, agora eu tenho três opções: ir em um restaurante, comer porcaria ou morrer de fome, de fato morrer de fome seria melhor do que aparecer em um restaurante sozinha. Sim, eu odeio ir nesses lugares sozinhas as pessoas ficam te olhando como se você fosse um extraterrestre ou algo do tipo. É acho que coca-cola e ruflles vão virar meus melhores amigos.

Liguei a TV e sentei no sofá até que a campainha tocou. Não era possível que alguém iria me interromper logo agora. Quando fui abrir a porta:

– B-Brian? O que você está fazendo aqui? Os meninos não estão aqui não, nem a Ali.

– Eu sei.

– Sabe? Então o que está fazendo aqui?

– Bom eu iria te ligar, mas nós iríamos acabar discutindo e blá blá. Eu estava perto quando Jimmy chamou a Alice para almoçar em sua casa então para não te deixar sozinha resolvi vir te salvar e levar para ir na minha casa.

– Até parece que eu preciso de alguém, ainda mais de você. - Nunca iria dar o braço a torcer.

– Anda logo e vem pirralha.

– Não vou, me obrigue.

– Está bem, você pediu. - Ele me pegou no colo e me colocou dentro de seu carro, eu fiquei que nem uma louca gritando.

– IDIOTA, DA PRÓXIMA VEZ...

– Da próxima vez nada, cala a boca e fica quieta. - Ele me interrompeu.

Chegamos em sua casa ele me apresentou sua família e seu pai insistia para que o chamasse de Papa Gates. Almoçamos e me diverti bastante, a família dele era bem legal e sua irmãzinha era sua cara. Pedi para que me levasse para casa, pois tinha aquela aula complementar.

Cheguei em casa e ele disse que iria me esperar pois iria comigo para a escola. Subi para o meu quarto e escovei meus dentes, troquei de roupa e desci. Aula de coral... animação? Nem um pouco!