Years Of Love

Um Casal Inseparável - Parte II


Falou sorrindo outra vez, por que mesmo eu concordei com isto? Apertei os olhos e pulei.

Como eu esperava, nós dois caímos na neve.

X x X

Estremeci, até que a neve é macia... Ah, não, espera, é Jack. Nossa... Ele deve realmente ter se machuc...

– Hahahahaha!

Olhei para Jack incrédulo, ele estava gargalhando, com um pouco de neve sobre a testa que o deixava extremamente meigo. Cai daquela altura sobre ele e ele ri...

– Ah, Jack! – comecei a rir também beijando sua bochecha. Imediatamente suas mãos passaram a segurar minha cintura.

– Seus olhos estão vermelhos...

Acho que meu sorriso se desfez aos poucos. Encostei minha testa na testa de Jack que começava a brincar com meu cabelo em um carinho lento e agradável.

– Eu estou bem. Estou bem agora, que estou com você.

Jack olhou-me desconfiado erguendo uma sobrancelha.

– Mesmo?

– Sim!

– Meeeesmo...? Vejamos! – falou passando a ficar sobre mim fazendo-me deitar sobre a neve. Imediatamente, começou a fazer cócegas. Nossa como odeio quando ele faz isto! Nunca consigo parar de rir!

– J-Jack! P-Para idiota! – falei enquanto gargalhava contorcendo-me.

Jack sorriu satisfeito finalmente parando colocando suas mãos ao lado de minha cabeça.

– Ahhh! Agora sim!

Sorri para ele, que idiota.

– Serio você não... – comecei a falar, mas fui calado por seus lábios doces tomando os meus.

Jack apertou minha cintura, aproximando meu corpo ainda mais do seu. Aos poucos, nossos beijos tornaram-se mais intensos, mais quentes. Segurava seu rosto para mantê-lo próximo de mim, meu Jack. Senti uma mão de Jack passar por meu abdômen assustando-me um pouco, beijando-me de modo ainda mais intenso. Ele nunca tinha feito isto, mas era bom... Sentia meu rosto esquentar, assim como o resto de meu corpo.

Logo tivemos que parar, era tão lamentável precisarmos de ar. Fechei meus olhos por alguns segundos, quando os abri, Jack me observava de modo diferente, com um olhar com um brilho diferente. Não era como ele me olhava normalmente...

– Hm, o que foi?

– Hic, você... Você nunca pensou nisto...?

Ergui as sobrancelhas sem entender. Do que ele falava?

– No que?

O brilho no olhar de Jack sumiu aos poucos, e sorriu gentil como normalmente.

– Nada! Em nada!

Ergui a sobrancelha, antes que eu pudesse perguntar Jack se levantou e ergueu uma mão para mim.

– Hoje, nós vamos patinar!

– Quando concordei com isto?

Perguntei enquanto segurava a mão de Jack que me levantou rapidamente.

– Não importa, nós vamos.

Fiz bico, não adiantaria contraria-lo. Jack pegava sua mochila provavelmente cheia de patins do chão. Olhei em volta rapidamente, felizmente, a rua de minha casa é vazia. Não queria que outros vikings nos vissem. Não que eu tenha vergonha de Jack, jamais teria vergonha de mostrar meu afeto por ele. Mas meu pai é o líder da vila, todos tem ele como referencia. Imagina se me vissem com um camponês, no mínimo achariam desagradável e o avisariam no mesmo instante.

Passamos pela trilha menos movimentada em direção à floresta. Falamos pouco, mas não era desconfortável. Havia um vento suave e gostoso, a neve parece brilhar com a luz do sol.

– Hic.

Olhei para Jack. Apenas ele me chamou assim, de todos que eu conheci. Nunca gostei deste nome, Hiccup, sempre perguntei ao meu pai se havia bebido quando o escolheu. De qual quer modo, este apelido me soava mais agradável que meu nome completo.

– Sim?

– Algum dia... Vamos poder andar de mãos dadas?

Olhei para frente. Não gosto quando Jack me pergunta estas coisas, com um olhar triste e uma leve esperança. Não havia como, nunca haveria. Mesmo que tentássemos, meu pai era capaz de anunciar uma caça-a-cabeça-de-Jack.

– Não.

Jack se calou novamente, observando suas próprias botas velhas.

Já estávamos entrando na floresta. Um ar fresco enchia meus pulmões. Olhei para Jack, que permanecia quieto observando a trilha. Sentia-me tão mau por ele, ele merecia uma pessoa que cuidasse dele, que pudesse sempre estar ao seu lado, segurando sua mão e o abraçando. Eu não posso fazer isso.

Segurei a mão de Jack, sentindo sua pele fria. Ele me olhou, e sorriu, logo voltando a olhar para frente. Estamos sozinhos aqui. O único lugar que podemos ficar sempre juntos, mesmo que não sege para patinar, apenas ficarmos deitados um ao lado de outro, conversando bobagens e trocando beijos. Nosso lugar.

– Aqui! Finalmente!

Anunciou Jack animado abrindo espaço entre as folhagens para passarmos.

Nossa, o lago é lindo. Totalmente congelado, cercado por pinheiros altos e neve branca macia. O lago brilhava com a luz do sol, era lindo, uma pintura. Imediatamente Jack sentou-se em uma pedra pegando seus patins e tirando suas botas.

Sentei ao seu lado e logo recebi um patim menor. Jack, não para minha surpresa, colocou em menos tempo que eu os seus e esperou até eu calçar os meus.

– Tem certeza, sabe... Que você quer que eu patin...

– É um dos últimos dias de inverno Hiccup! Você não vai me enrolar!

Jack levantou-se indo para o lago congelado levando-me junto. Segurei com força seus braços temendo cair no gelo. Estas laminas são tão finas! Como ele se equilibra com tanta graça nelas?!

–J-Jack.

– É fácil, não se preocupe, logo você vai entender como é.

Respirei rapidamente olhando nos olhos castanhos brilhantes de Jack.

– Jack... Você vai cuidar de mim, certo?

– Vou, vou sim.

– ... Promete?

– Prometo, vou cuidar de você, esta bem? Agora tome folego e ande logo, minha irmãzinha voa com estes patins!

Bufei irritado.

– São da sua irmã?!

– É claro, você é pequeno e delicado como ela, tinha quase certeza que ficariam bem em você.

– Certo... – falei entredentes. O xingaria mais se não estivesse morrendo de medo.

No final, até que Jack não havia mentido. Lentamente, comecei a me acostumar com as laminas finas do patim. Não me imagine patinando de modo bonito, eu simplesmente estou conseguindo me mexer sem cair ou me agarrar a Jack. Ele faz isso tão simplesmente! Patinava o tempo todo em volta de mim, com segurança e habilidade, e é claro, sempre rindo.

– Viu! Eu falei que conseguiria!

Falou Jack sorrindo a alguns metros a minha frente. Sorri para ele, quando ia responder, ouvi um estalo aos meus pés. Olhei para o gelo na mesma hora, uma rachadura se formava aos meus pés.

– Jack!

– Tudo bem, fique calmo.

Ia me afastar da rachadura, mas logo que me movi o gelo estalou e abriu outras rachaduras.

– Hiccup fique parado!

No mesmo instante parei de me mover tremendo.

– J-jack...

– Esta tudo bem, vamos cuidar disto, ok? Hiccup, olhe para mim.

Ergui o olhar lentamente. Por Odin, não quero morrer! Não agora!

– O que eu lhe prometi?

– H-hã?

– O que eu lhe prometi Hic?

– Q-que... Que ia cuidar de mim.

– Isso. E eu vou, tá bom?

– T-tá

– Ótimo... – falou se inclinando cuidadosamente para frente, o gelo produziu um ruído que me deu arrepios.

Jack ficou parado no mesmo instante, pensando no que iria fazer. Então começou a tirar os patins com muito cuidado, os colocando lentamente no chão para que seu peso não quebrasse ainda mais o gelo.

– Hic... Lembra daqueles jogos que jogávamos quando pequenos?

– Q-que?

– Lembra, como amarelinha?

– Sim, lembro...

– Ótimo, vamos fazer isto, ok? Vai ser divertido até. –falou sorrindo para mim.

– Que?! Isto não é nada divertido Jack Frost!

– Calma, calma, vai ser sim.

O que ele tem na cabeça?! Em um momento tão serio ele consegue continuar fazendo brincadeiras idiotas!

– Jack... – murmurei baixinho, minha visão estava começando a ficar embaçada.

– Shhh. Vai ficar tudo bem, tá bom?

Concordei com a cabeça passando uma de minhas mãos por meus olhos. Jack parecia calcular por onde iria andar, então pulou suavemente para direita, se apoiando apenas em um pé. Teria sido mais divertido ver sua careta bizarra se estivéssemos em outra situação, mas ainda assim, acho que acabei sorrindo. Jack se equilibrou, e sorriu para mim também. Logo começou a se abaixar lentamente.

– Hiccup, eu preciso que você fique parado, certo?

– Certo...

Jack pegou rapidamente um galho que estava no chão ao seu lado, eu nem havia notado antes que estava ali. Um galho longo e curvo em uma das pontas, antes que eu pudesse tentar entender o plano dele Jack passou o galho por minha cintura jogando-me para o lado oposto do lago, onde o gelo ainda estava firme.

Rolei sobre o gelo firme e então sentei piscando os olhos, sorri olhando para Jack que sorriu para mim também.

– Você conseguiu!

– Viu! Eu disse que eu ia cuidar de você...

Crack!

Então, simplesmente aconteceu. Eu ainda não conseguia entender bem.

O gelo se partiu sobre os pés de Jack, uma rachadura antes pequena, abriu um buraco sobre seus pés engolindo-o na agua gelada.

– JACK!

Gritei com todas as minhas forças. NÃO! NÃO! Tentei me levantar para ajuda-lo, eu ia ajuda-lo, de algum modo, ainda há como, ele não...

– Hiccup! – senti uma mão pesada em meu ombro puxando-me para a terra.

– Hiccup! O que você tem?! Está louco?! O gelo já esta ficando fino!

Continuei tentando correr debatendo-me enquanto meu pai segurava-me por meus ombros. Nem precisava usar muita força, afinal, eu deveria ser o pior exemplo de viking do mundo. Sentia lágrimas descerem por meu rosto, meu coração estava se rasgando aos poucos.

– Hiccup! Pare com isto! O que você... – Stoico, finalmente teve a capacidade de erguer sua cabeça e ver o buraco no gelo.

– Oh...

– ME SOLTA! ME SOLTA! EU TENHO QUE AJUDAR ELE! JACK PRECISA DE MIM!

Gritei debatendo-me mais.

– Hiccup...

– NÃO! ME DEIXA EM PAZ! EUPRECISO AJUDA-LO!

– Hiccup! – Stoico segurou meus ombros obrigando-me a olhar para ele. – Jack morreu. Essa agua é gelada demais, você não pode fazer nada filho, eu sinto muito...

– NÃO! VOCÊ NÃO SENTE PORCARIA NENHUMA! VOCÊ NÃO LIGA PARA ELE! NEM PARA MIM!

Meu corpo estava ficando frio, minhas pernas tremiam, aos poucos perdia o resto de minhas forças.

– Hiccup! Onde esta Jack?!

Essa voz... Eu conheço...

– Hiccup!

Olhei para o lado, Mia corria agitada até nós... Mia... A mãe de Jack.

– Eu vi seu pai o procurando, também queria achar Jack, ele é tão teimoso, disse para ele que não podia patinar hoje mas insistiu que era importante... Imaginei que vocês deviam estar juntos.

Mais lágrimas corriam por meu rosto, ela é tão parecida com ele... Os mesmos olhos preocupados, a mesma pele clara e perfume doce...

– Hiccup...? O que houve...? – Mia começou a olhar em volta - Onde Jack esta?

Stoico suspirou pesadamente.

– Mia... Eu sinto muito.

Mia olhou para Stoico calada, então olhou para o buraco no gelo.

– Não pode ser...

Sentei-me em uma pedra, minhas pernas tremiam e não conseguia sentir mais o chão sob meus pés. Eu também não queria ouvi-los, minha visão estava embaçada por minhas lagrimas enquanto um enorme buraco negro abria-se em meu coração.

– Meu menino... Não! É culpa sua! Ele só saiu por você! É culpa sua!

– Eu não... Eu não fiz nada... Jamais machucaria Jack...

– É culpa sua! – gritou outra vez Mia enquanto chorava desesperada. Sempre fora tão gentil comigo, mas não podia culpa-la por agir assim agora...

Além do mais, eu sabia que era verdade. É culpa minha. Eu o magoei o deixando de lado, eu não quis patinar nos dias mais frios, eu que estava sobre a rachadura... Eu que devia morrer... Não você... Não você Jack...

Passei meus braços por meus joelhos, soluçando chorando, tremendo pelo frio. Meu Jack...

Abri meus olhos sentindo um frio entrar pela janela. Nossa... Que horas são...?

Tateei meu celular sobre o criado mudo. Obriguei-me a abrir os olhos. Argh, odeio esta luz forte. Seis e vinte, podia dormir ainda dez minutos... Soltei meu celular no criado-mudo outra vez deitando minha cabeça novamente.

Jack... Jack... Então é este o nome dele...? Por alguma razão, nos últimos dias venho sonhado com ele. Um garoto bonito de cabelos castanhos. Apenas algumas cenas, seu sorriso, nossas mãos, um lago... Nunca faz muito sentido...