Wyrda

Vitória em Teirm


– Se eu me sentiria honrado, minha filha? Sinceramente, sinto-me muito mais que honrado! - O homem então gargalhou, seus olhos brilhavam intensamente e o coração da jovem cavaleira se encher de alegria. - Uma menina jovem de coração puro! Gwen! Esta noite iremos celebrar! Celebrar a chegada de meus filhos! Convidemos a todos! Muita comida e bebida!
A mulher adentrou o cômodo rapidamente trazendo consigo roupas, uma camiseta de linho branca, calças escuras, uma par de botas, e sobre estes itens um bilhete com uma caligrafia caprichada o qual Milena não conseguiu ler de tão longe. Gwen pareceu falar algo que alegrou brevemente George que logo se retirou.
– Minha querida Milena, você deveria se vestir como uma dama e bem, cuidar mais de si mesma, venha, vou cuidar de você! - A mulher então estendeu a mão para a cavaleira, que a aceitou e caminhou ao seu lado até um grande cômodo, onde no chão, havia uma grande banheira cheia de água a qual soltava fumaça. Parecia muito, muito quente. A cavaleira hesitou, mas logo que se despiu e entrou na água, sentiu o corpo relaxar, alguns dos arranhões arderam, mas apenas por alguns instantes até que Gwen começou a lavar a menina. Pouco tempo depois, a água encontrava-se marrom, e a garota completamente limpa.
– Há quanto tempo não toma banho? - Perguntou Gwen indignada.
– Três dias no máximo! - A garota sorriu enquanto se enxugava e vestia um dos graciosos vestidos de Gwen. Ele era branco, mas as pontas que alcançavam os joelhos da cavaleira foram tingidas de azul escuro, as mangas caiam sobre os ombros graciosamente. As botas foram substituídas por graciosas sapatinhas de amarrar.
– Agora sim, está vestida apropriadamente! - Elogiou Gwen recebendo um sorriso tímido da cavaleira.

A mulher então fez a cavaleira se sentar e então fez questão de cortar o cabelo da garota, escová-lo, secá-lo e prendê-lo graciosamente.

Quando Milena se olhou no espelho, mal podia se reconhecer. Fitou a Gedway Ignasia por alguns segundos antes de simplesmente dizer que precisava escondê-la. No final, ganhou uma faixa branca enfeitando o pulso e a mão direita, parecia que havia apenas se machucado.

Horas depois ela e seu irmão dançavam alegremente em volta de uma fogueira, os canecos cheios de cerveja da melhor qualidade e todos ali aguardavam a chance de se deleitar de uma bela refeição que agora os torturava com seu cheiro delicioso.

Cansada e morta de fome, a cavaleira se sentou sob a mesa ainda vazia e deitou a cabeça soba mesa fechando os olhos por um instante.
– O lugar ao lado está vago ou eu posso me sentar? - Uma voz grossa nem um pouco familiar soou a sua direita, fazendo com que a garota se levantasse devido ao susto.
–Ah, não, lugar livre, em ambos os lados! - A garota esfregou a bochecha do lado direito que por sinal, estava vermelha. O garoto ao lado gargalhou, e só então notou o quão alto ele era, os cabelos castanhos caiam sobre os ombros largos, e o mesmo usava uma roupa simples, calças escuras, uma camiseta branca um tanto quanto massada e botas de caça.
– E qual é a graça, posso saber? - A cavaleira fechou a cara, enquanto observava o garoto sentar à sua direita.
– O seu susto! - Ele gargalhou mais uma vez, fazendo com que a garota o acompanhasse. - O que faz aqui? Nunca te vi pela região!
– Eu vim de um pequeno vilarejo ao norte da Alagaësia, é passado, descobri recentemente que tenho família aqui, acho que vai me ver muito agora! - Disse a menina simplesmente.
– Bem, então lhe desejo boas-vindas à Teirm! - Sorriu o garoto e então estendeu a destra- A propósito, me chamo Matheus, filho de um comerciante da região.
– É um prazer conhecê-lo! - Então a garota apertou a mão do mesmo sorrindo - Me chamo Milena, filha de Rovell!
– Q-quer dizer que é mesmo filha dele? VOCÊ É A GAROTA DELE! OH! Conheci seu irmão, George, ele é um excelente espadachim, mesmo bêbado! - A palavra bêbado fez a garota se levantar rapidamente e puxar o mais novo amigo pelo braço. Então a garota adentrou o montinho formado apenas para assistir a luta de George contra um homem alto e com mãos e braços fortes, e parecia que o jovem George o estava provocando.
– Aquele é Eldar, um dos melhores espadachins da região, ele não tem chances. - Disse Matheus simplesmente.
– Ele também não está em condições. E... Ele parece furioso. Uou! - A garota então correu até o irmão, colocando-se em frente a ele, Matheus a havia seguido. - Pode tirar meu irmão daqui? ESCUTEM TODOS, EU ACEITO O DESAFIO OU SEJA LÁ O QUE FOR E FICO NO LUGAR DO MEU IRMÃO. - A menina meteu a canhota no cinturão do irmão e de lá retirou uma espada prateada, pesada e com uma empunhadura que não era a que esperava. Estava perdida.
– Você vai virar picadinho - Disse Eldar com um grande sorriso - Mulheres não sabem lutar, muito menos uma criancinha!
– Esquece, Loreweaver, você não conseguiria vencê-lo! - Matheus agora insistia ao lado da jovem cavaleira.
– Uma coisa que você precisa aprender sobre mim. Eu sou extremamente orgulhosa, e uma excelente espadachim. -A garota passou a destra sobre a franja, retirando-a dos olhos que agora tinham um brilho furioso. Mesmo sabendo que poderia perder. Um grande sorriso confiante e uma investida pela direita. O homem era rápido e a bloqueou com alguma facilidade, manter a espada em sua mão fora um grande trabalho, ele quase havia arrancado seu pulso, mas a menina se recusou a demonstrar dor e sorriu ainda mais confiante. "Esse é o segredo da batalha, vamos, continue! Continue!", antes que pudesse pensar em fazer qualquer outra coisa sentiu algo em seu estômago e em seguida o chão sobre suas costas, dentro de sua mente conseguia sentir o filhote de dragão torcendo por ela, o que a fez se levantar e investir com a espada novamente, dessa vez mais rápido e mais forte. Uma serie de golpes e mais golpes que aprendera com Carlos na infância, lendo livros e os moldando ao seu modo, ao seu estilo, o homem parecia bloquear com facilidade por algum tempo, mas então sua defesa começou a desmanchar, toda a vez que ele investia e a cavaleira precisava recuar, ele parecia se cansar um pouco mais, depois de um tempo, se ela não o atacava, ele apenas a fitava esperando por algo, então, quando o suor começou a escorrer pela testa da garota, e ela percebeu o quão cansado estava o homem simplesmente jogou-se contra o mesmo e por menos de um centímetro a espada de seu irmão não perfurou sua garganta. Era sua primeira vitória. Palmas e gritos foram ouvidos e Milena então percebeu que era hora de parar, simplesmente sorriu e estendeu a canhota para o homem que a aceitou, cumprimentando a garota, depois saiu anunciando que havia a deixado ganhar.
– Calúnia - A garota deu risada apoiando-se no ombro do amigo que a fitava surpreso.
– Como fez isso? - O garoto a perguntou com a voz trêmula.
– Eu treino desde sempre, acho que a comida já foi servida, vamos logo, aqueles brutamontes vão comer tudo sem nós! - A cavaleira simplesmente girou a espada entre os dedos e saiu andando sendo seguida pelo garoto.

Na manhã seguinte Matheus se apressou em visitá-la pela manhã, os dois então caminharam pela cidade. Milena enviava imagens para o dragão de tudo o que via, e podia sentir a alegria do mesmo. No final do dia, despediu-se do amigo e caminhou para o quarto encontrando o dragão enrolado sobre seu travesseiro, ao vê-la ele levantou a cabeça e a fitou com os olhos brilhando. Milena passou a noite divertindo-se com o filhote.