Já estava acostumada a Teirm, havia se passado um mês, um longo mês de descobertas e muitas novas amizades. Ela nunca esteve tão alegre, claro que sentia saudades do antigo lar, e de Carlos, mas ao menos, tinha uma família agora, e não precisava se preocupar em fazer o almoço e cuidar de seu irmão quando ele adoecesse.

A garota caminhava pela feira com o cesto cheio, e ela se deleitava com o deliciosos cheiro de frutas e legumes frescos. Mas parou repentinamente ao ouvir sons em sua mente, parecia distante, mas então sílabas puderam ser ouvidas junto a uma voz masculina extremamente grossa.
"Mi-le... Le... Mi-le...Na! Na! Mi...le...Na!", dizia a voz.
"Continue! Milena! Mi-le-na!" Dizia a garota calmamente enquanto corria a todo vapor para casa com grande alegria.
"Mi...na! Mile... Mile.... Na! Mi... Le! Milen...a! Mi...", a voz era insistente e a garota teimava em incentivá-lo, repetindo seu nome.

Ao adentrar o portão, a garota se deparou com um garoto alto, não mais alto que Matheus, mas alto, parecia forte mas não tinha muitos músculos, os olhos um tanto puxados, como os de um gato e estes eram tão negros quanto os cabelos que caiam sobre o rosto, as orelhas eram pontudas e as roupas lhe caiam perfeitamente bem, lindo, era o que Milena poderia dizer sobre o mesmo.

Depois de algum tempo, a garota se deu conta que o fitava fixamente, e com as bochechas coradas desviou o olhar e correu para dentro de casa largando a cesta sobre a mesa e subindo três degraus da escaria por vez até finalmente chegar no quarto agora decorado do seu jeito. Uma estante coberta de livros, uma cama grande cheia de almofadas onde ela dormia com o dragão e o roupeiro, onde agora possuía vestidos ao invés de calças.
"Milena!" Disse o dragão, quando a mesma adentrou o quarto e o fitou com um grande sorriso no rosto. O dragão que agora passava da cintura da garota saltou sobre a mesma a derrubando.
"Meu nome! Você falou meu nome!" a garota passou ao dragão seus sentimentos, a alegria, o orgulho, e o amor que sentia pelo mesmo. E então o mesmo a retribuiu com uma passada de sua língua áspera pela bochecha da cavaleira."Precisamos arrumar um nome para você, grandalhão! Que tal... Umaroth? Ele era o dragão de Vrael!" o dragão pareceu reprovar " E então.. Brisingr? Significa fogo na língua antiga!" O dragão pareceu fazer uma careta. "Então.. Gledr? Ele era o dragão de Oromis! O meu favorito ele..." Novamente o dragão reprovou o nome e soltou fumaça pela boca "Fogo... E você é verde-água! Parece o mar! Mar... Fogo.. Mar de fogo! Marfhir! Que tal Marfhir?" O dragão estufou o peito parecendo apreciar o nome mostrando através de sentimentos que havia gostado. "então... seu nome será Marfhir, grandalhão!" E então o dragão passou a tentar repetir o nome várias vezes. E toda vez que conseguia a garota dava ao mesmo novas palavras para aprender mostrando a ele seus significados. Logo, Marfhir conseguia formar pequenas frases e a garota lhe transmitia todo o seu orgulho.
– O elo entre vocês é muito forte. - O garoto ao qual Milena achava lindo a observava há algum tempo da porta de seu quarto enquanto ela brincava com Marfhir.

O dragão então, ao notar a presença do garoto no quarto simplesmente saltou do colo da cavaleira mostrando os dentes afiados emitindo um rosnado que seria o suficiente para assustar um rato.
– Kvetha Fricai - Disse o garoto com uma pronuncia perfeita da língua antiga, e então o mesmo tocou os lábios e fitou a garota como se a estivesse testando - Atra esterní ono theldurin.
– Mor'ranr lífa unin hjarta onr - Respondeu a menina com sua pronuncia pouco ensaiada mas conhecia aquele cumprimento, seu irmão a havia ensinado em sua infância, mesmo que sua pronuncia fosse horrível. O garoto bonito deu uma leve risada.
– Un du evarínya ono varda - O garota sorriu e então passou a canhota sobre os cabelos negros - Seu pai a chama, Cavaleira de dragão.

Então o garoto deu as costas e se retirou do cômodo deixando Milena com as bochechas coradas, e com um pensamento vergonhoso. "A primeira impressão dele sobre nós, Marfhir é que somos descuidados, oh, merda!".

Pouco tempo depois, quando a garota conseguiu finalmente voltar ao normal, desceu as escadas cuidadosamente levando Marfhir consigo. O que o garoto bonito fazia em sua casa? Quem era ele?
"N-na..não se...i!" Respondeu Marfhir descendo atrapalhadamente as escadas.