Wyrda

Desespero


– Se tem uma coisa que eu odeio aqui, é o ódio profundo pelos Urgals. – Comentou o elfo logo após entrarem na cidade de Yuzuac.
– Eles parecem não querer se esquecer do passado. – A garota respirou fundo e tocou a barriga de Felipe.
– É difícil esquecer, e isso vale para você também. – O elfo passou em sua frente correndo tão rápido que levantou poeira o suficiente para embaçar os olhos da cavaleira.
“ Eu notei ciúmes na voz dele”, riu Marfhir.
“Eu notei que fiquei para trás, se bem que... esse lugar, Yuzuac, não é aquela cidadezinha próxima de Therinsford? “, perguntou a menina.
“Não sei, nunca tive o prazer de checar um mapa.”, Resmungou Marfhir.
“Knabben será responsável por meus atos a partir de agora, pode anotar.”, E então, sem esperar uma resposta a cavaleira desceu de Felipe e arrumou um lugar para que ele ficasse, notou que Gyeld , a égua de Knabben, já descansava ali.
– Idiota – Sussurrou a garota antes de sentir um leve toque em seu ombro direito. Ao virar-se, talvez um tanto decepcionada por não ser o elfo ali, a garota deparou-se com uma jovem poucos centímetros mais alta de cabelos curtoscomo os de um garoto em tom acobreado. Olhos pequenos e azuis, sardas alaranjadas cobriam toda sua face, usava um traje de caça composto por um colete comprido, calças de couro escuro e botas de caça. Em outras circunstancias, Milena teria feito de tudo para se tornar amiga dela.
–Quem é idiota? – Perguntou a garota com um sorriso maroto nos lábios.
– Meu irmão! Deixou Gyeld aqui e foi embora, nem mesmo sei onde este estrupício se hospedou, se eu pegá-lo, garanto que... – Ao notar o riso da menina se calou, e então ela estendeu a mão.
– Sou Kym, Gardy filha mais nova do dono daqui – Disse a garota se recompondo.
– Pela escama do dragão, perdão. Me chamo Milena, Milena Loreweaver. – Respondeu a cavaleira cumprimentando Kym.
– Seu irmão está na casa de Ellen, moradora antiga, ela raramente recebe visitas, são parentes?
– Ah, não tenho muita certeza, meu irmão não me conta muito, porém estamos viajando justamente por isso, parentes distantes. – Kym sorriu e então ofereceu o braço.
– Deve ser maravilhoso viajar! Nunca sai de Yuzuac, apenas aquela vez para Therinsford. Papai queria me arranjar um marido e... Ah, que vergonha, estou falando demais!

Nesse momento, o coração da cavaleira se encheu de alegria, sabia que estavam indo para o norte, mas não imaginava que passaria tão perto de seu antigo lar. Ela poderia voar com Marfhir pela noite, sabia que já ouvira este nome antes!
– Acho que são as vestimentas, eles tem medo de ter uma mulher mais capaz! – Milena sorriu e pela primeira vez, Kym pareceu notar em seu vestuário. As botas, com uma blusa pouco mais cumprida e abaixo dela uma calça um pouco grande, a qual havia pegado de Knabben.
– Enfim, aqui. – A garota apontou para uma casinha simples de tom avermelhado, não parecia bem cuidada, não parecia amigável. A grama morta, folhas velhas já de decompondo sob ela, uma árvore grande no centro a qual a garota imaginou ser muito bela algum dia, e ao lado, uma escultura de vários corpos e acima de todos eles a cabeça de um Urgal, sentiu um cheiro horrendo vindo dela. A temperatura pareceu baixar.
– A-a-aqui? – A cavaleira deu um passo para trás – Eu não quero ficar a-aqui!
– Eu também não iria querer, a velha me assusta... Venha comigo, seu irmão voltará para pegar a égua certo? Então quando ele vier, você o surpreende! Ele ficará desesperado! – Não foi necessário que Kym lhe falasse mais nada, pegou a destra da amiga e a puxou para longe, onde o ar parecia mais quente. Suspirou aliviada.
– Espero que aquele estúpido fique. E espero que neste momento aquela velha esteja estrangulando ele por ter me deixado para trás! – As duas riram, e então, com várias idéias de possíveis conversas com aquela garota, afastaram-se daquela casa. Se possível, Milena gostaria de nunca mais precisar vê-la na vida.

...

O sol havia de posto havia quase uma hora, estava escuro, e o elfo amaldiçoou o dono da cocheira onde deixou Gyeld.
– Onde essa estúpida se meteu? – O elfo caminhava apressado pelas ruas de Yuzuac. A cada taberna, a cada casa, a cada esquina, ou loja na qual não encontrava Milena, sentia seu coração apertar cada vez mais.

“Lugares animados! Ela consegue animar o ambiente com suas maluquices! “, sorriu o elfo adentrando uma taberna muito movimentada, a procurou ali, perguntou se havia algum sinal da mesma, mas nada, nada lhe era dito. Ninguém havia visto.

Knabben caminhou apressado para casa do homem ao qual, certamente teria sido o último a ver a jovem. Notou que na casa, todos pareciam dormir. Se ele não tivesse visto a cavaleira, ao menos lhe devolveria seu cavalo.
– Como posso ajudá-lo, senhor? - O homem um tanto gordo vestindo apenas um pijama listrado atendeu.
– Minha irmã, ela apareceu? Baixinha, cabelos castanhos bem escuros, olhos azuis... -
– Oh, está aqui! A pobrezinha ficou com medo da velha casa vermelha e resolveu ficar conosco. Minha filha disse que ela havia lhe avisado e...
– Pode chamá-la? – Knabben estava tão furioso que teve de interromper o homem que continuaria tagarelando.
– Kym! – Gritou o velho – Chame sua amiga!

Algum tempo de aflição depois, Knabben viu pés claros na escada, um vestido longo de dormir, ela com certeza havia emprestado, e por fim, outra garota.
– Ela não está aqui! – A jovem estava incrivelmente pálida – Quando eu dormi ela estava lá, e agora...
– As coisas dela? Mochila, roupas, dinheiro?
– A mochila ficou com o cavalo. – A moça ruiva precisou apoiar-se na escadaria.
– Na cocheira só está a égua do jovem moço. Que é muito bela por sinal.
– Ela comentou algo antes de dormir? – Já aflito, o elfo, mesmo sem ser convidado adentrou a casa e apertou os braços da ruiva.
– Therinsford... Ela disse que havia alguém lá e...
– Carlos! Achei que o que fiz hoje seria o suficiente para ela desistir dele de uma vez!- O elfo entregou oito moedas ao velho e então saiu apressado, tomou as rédeas de Gyeld e a fez correr muito mais do que ela havia corrido estes dias. Já havia passados os portões quando notou que a mente de Milena estava muito distante, mas a de Marfhir, ele conseguiu sentir, derrubou as barreiras do mesmo e ordenou que voltasse, mas o dragão parecia tão assustado quanto ele. Marfhir era um poço de preocupação, estava perturbado, confuso, magoado, triste, estava sozinho. Sobrevoava uma área perto de Yuzuac, na esperança de encontrar sua cavaleira, mas nada. Knabben sentiu pena.
“Continue procurando, cedo ou tarde a gente encontra! Essa garota está me dando muitos problemas!”

...

Milena havia resolvido não levar Marfhir, bloqueou sua mente com muros altos demais para que o dragão passasse por cima, e forte demais para que ele a destruísse. Isso seria útil algum dia, ela tinha certeza.

Felipe cavalgava a toda velocidade, teve muito tempo para descansar.

“Knabben nem mesmo sentiu minha falta por um dia inteiro, não procurou, não fez nada!”, a raiva era um ótimo combustível, e Felipe parecia entender.

Sentia falta de Marfhir, mas o dragão não a deixaria ir assim, haveria uma serie de perguntas as quais ela não estava disposta a responder. Ela estava chegando, dessa vez diria tudo o que estava entalado há anos em sua garganta. Carlos teria de ouvir! Casado ou não, namorando ou não, amando alguém ou não.
Quando o sol nasceu finalmente a cavaleira pode avistar montanhas, o ar ali era úmido e então ouviu o rio Anora.

Parou para se banhar ás margens. Seria horrível chegar em Therinsford fedendo, então a menina despiu-se, deixando o colar dado pelo elfo em seu pescoço, não queria perdê-lo. Entrou nas águas geladas e estremeceu até acostumar-se e como gostava de fazer na infância, nadou por algum tempo, divertindo-se com aquilo.

Antes mesmo de terminar, ouviu vozes ao longe, eram homens, vários deles. Em seguida ouviu cascos sob o chão e Felipe pareceu ficar tenso. A menina saiu da água e secou-se com a camiseta velha, colocando calças e a blusa mais limpa que tinha, repreendeu-se por ter deixado seu único vestido bonito cheirando a cerveja. Finalizou com um colete, as botas e os cabelos amarrados no alto da cabeça. Os cascos se aproximaram, e desesperada, juntou suas coisas e montou em Felipe que sem esperar ordens voltou a correr.

Quando a cavaleira julgou estar afastada daqueles sujeitos, algo saltou sobre ela, primeiro tudo o que sentiu foi o chão sob suas costas, mas logo percebeu que tal “coisa” procurou prender suas mãos, mas ela era mais rápida, e certamente mais forte. Arrancou Wyrda da bainha com violência suficiente para machucar seu pulso, mas não se incomodou muito. Viu então que havia conseguido ferir o que a havia derrubado de Felipe, não muito, mas aquele ferimento parecia doer, já que o homem contorcia-se no chão. Viu sangue na lâmina da espada e por ela, que estava cercada.

Eram seis homens. Cinco se contar os que ainda tinham coragem de atacá-la. Todos eles armados. A cavaleira perdeu as esperanças, não tinha como lutar com todos, mesmo que um de cada vez, acabaria muito cansada.
– Eu não quero problemas! – A garota não demonstrou o medo que sentia, a confiança dela poderia abalá-los um pouco, lhe dando alguma vantagem de viver mais um pouco.

– E nós também não. – Respondeu o mais baixinho deles, o qual parecia ser quase da altura da jovem. Ela teria dado risada em outra situação.
– Matem esta mulher! Olhem o que ela me fez! – O homem o qual Milena havia ferido mostrou o grande corte que ia do canto do olho esquerdo até o final da bochecha direita.
– Não se aborda mulheres assim, Kynsly! – Os cinco riram do comentário do homem alto e gordo, a barba deste se misturava com os cabelos que iam até os ombros.
– Cale sua boca! – Quando Milena viu que estes iniciariam uma discussão, foi calmamente para perto de Felipe, mas não a permitiram montar. Um deles arrancou-a de perto do cavalo e ela novamente sentiu o chão, o gosto metálico do sangue misturando-se ao gosto da terra. A cavaleira levantou-se.

Um homem investiu com um soco, mas ela desviou e lhe fez um corte na mão, o qual foi realmente fundo. Ele cambaleou para trás e se afastou. O homem qual Milena havia ferido no rosto aproximou-se por trás empunhando uma espada. Antes de atacá-la ela girou o corpo e sua espada bloqueou a do mesmo no momento exato. O barulho do metal contra o metal. Ela resistiu, ele forçou, e ela foi obrigada a forçar com o outro braço. Mas foi um erro, com o braço livre o homem socou a barriga da garota, a qual caiu no chão, ofegando.

– Pegue leve com ela, é só uma criança! – Disse uma voz, mas ela não compreendeu. O homem com rosto ferido avançou, e parecia pronto para lhe ferir. Mas ela rolou e se levantou atrapalhada.

Apoiou-se em uma árvore, queria um minuto para recuperar o fôlego, mas isso não lhe foi dado, e quando o homem correu para ela pronto para perfurar seu estômago, a menina se desesperou. Sua espada desviou a dele quando a mesma o degolou.

Ela estava chocada. Suas mãos estavam sujas de sangue. Não se preocupou em olhar para o homem morto, enquanto os amigos do mesmo, o fitavam atônitos a garota agora correu e montou em Felipe, logo o cavalo correu, mas não foi o suficiente, a menina não notou que um deles segurava um arco cumprido junto à uma aljava de flechas, e uma destas flechas, atingiu o ombro direito. Dor. Dor e mais dor, mas Felipe continuou a correr, e a garota segurou-se com força, procurando ignorar a dor. Sentiu suas muralhas caírem e Marfhir a encontrou, não estava longe, tentou convencê-lo a não se meter, ela conseguiria fugir.

– Jierda! – Gritou a menina a tempo. A flecha teria acertado seu crânio e certamente o perfurado, mas ela se partiu no ar, a ponta da flecha arranhou sua coxa direita, mas a coxa esquerda não teve a mesma sorte, a madeira a perfurou e abriu um ferimento realmente grande. Não suportando mais equilibrar-se, jogou-se para o lado esquerdo, não poderia arriscar no direito e fraturar algo, se precisasse lutar novamente teria um braço bom. Logo, o que sentiu foi apenas dor e então sentiu que desmaiaria, mas algo desceu do céu, uma enorme criatura verde, esmagou vários galhos, mas feriu uma das asas. Marfhir estava desesperado.

– Ganga aptr – Um clarão saltou da mão da cavaleira, e o homem que estava prestes a ferir Marfhir com uma espada caiu no chão. A menina tentou se levantar, mas caiu novamente antes mesmo de apoiar seu joelho nas pedras.
– Marfhir... – A garota retirou energia do diamante dado por Knabben.
“ Você é louca? O que tem na cabeça? Como pode me bloquear assim? Como pode vir para cá assim? Eles poderiam tê-la matado! MILENA, FALE COMIGO, O QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA PARA FAZER ALGO ASSIM?”, Esbravejou Marfhir que chutou um homem com tanta força que a garota pôde ouvir seus ossos se partindo. Sabia que nunca mais esqueceria aquele som.
“LOREWEAVER, VOCÊ É UMA IRRESPONSÁVEL, ME PASSE AGORA SUA LOCALIZAÇÃO!”, Aquele era Knabben, parecia estar desesperado também, assim como Marfhir que lhe mostrou o que via, o elfo ficou furioso, mas a garota sentia a preocupação. “A leve para Therinsford. Eu estou à caminho.” Depois disso ele sumiu.
A garota viu que o homem o qual ela ferira a mão aproximava-se de Marfhir enquanto ele ocupava-se com os últimos três homens. Apoiou-se sob Wyrda e ergueu um joelho, o direito, depois o esquerdo, ajoelhada, tomou impulso e conseguiu ficar em pé.
– EI, COVARDE, PORQUE NÃO ATACA ENQUANTO ELE ESTÁ OLHANDO? – A garota gritou ficando em pé, erguendo a espada enquanto sentia as pernas tremerem, não agüentaria por muito tempo.
“Eu mato esse desgraçado”, disse a garota para Marfhir.
“VOCÊ É LOUCA? OLHE SUAS CONDIÇÕES, NEM CONSEGUE FICAR DE PÉ!”
“Eu não vou desistir de lutar só porque fui ferida. Eu nunca vou parar até que eu esteja inconsciente!”

O homem correu até a garota cheio de raiva e investiu com a espada, a mesma bloqueou, e o homem chutou seus joelhos. A garota caiu.
– Fraca! Você não consegue lutar! – O homem apontou a espada para o pescoço da menina que com raiva cuspiu no rosto do mesmo. A mesma sentiu a lâmina fria sob sua garganta, mas o mesmo caiu para trás antes de que o corte fosse profundo o suficiente para matá-la. Wyrda estava enterrada sob seu peito.

– Quem é a fraca aqui? – Sussurrou a garota, sentindo a visão escurecer. Quando preparou-se para levantar ouviu Marfhir rugir alto. Seus inimigos estavam no chão, mas suas asas estavam feridas, suas patas arranhadas e sangrando. Sugou mais um pouco da energia do diamante, quando viu, ela estava vazia. Tudo o que fez antes de desmaiar foi tocar uma das asas de Marfhir lhe passando a localização de Carlos e ouvir a voz suave de Knabben ao fundo, gritando seu nome até que desapareceu e tudo o que viu foi o nada.

...

Não parecia muito longe, o dragão sobrevoou a área com a garota em suas costas. Estava fraco, cansado e perdendo altitude. Não conseguiria por mais de dez minutos. Ele não poderia se apressar, sua visão escurecia, ele então notou que não tinha nem mesmo dez minutos. Desesperado, procurou pelo campo-verde-do-garoto-da-lavoura, nada, nenhum campo, nenhuma construção parecida. Ele falhou e agora, voava a menos de dez metros do chão. Ele precisava pousar suavemente. Quando começou a baixar mais e mais, avistou uma casinha, parecida com a que Milena o havia mostrado. Círculo-amarelo-e-quente resolveu aparecer com maior intensidade, ou talvez sua visão estivesse falhando. Viu de longe a sombra de um garoto-com-poucos-músculos parecido com Carlos-amor-do-passado e então resolveu arriscar.

Marfhir se arrependeu pouco tempo depois quando sua visão falhou, ele então perdeu o controle de suas asas e tudo o que conseguiu fazer foi encolher as asas e com as garras abraçar Milena, a qual fez um barulho-de-quebrado, Marfhir então implorou para que o barulho tenha sido uma perna ou um braço.

“Pequenina...”, tentou achar a mente dela que agora parecia fraca e cansada. Ele então fechou os olhos e como sua cavaleira, tudo o que viu foi a escuridão.

...

Knabben corria como nunca, não poderia chegar tarde. Mas algo lhe dizia que não deveria chegar.
“ Carlos vai estar lá... Ela fez tudo isso por ele, garota idiota, por que não me esperou? Garota estúpida poderia ter morrido, e eu não estaria lá para... Eu não consigo protegê-la.”, então Knabben parou a égua e suspirou ao ver os corpos no chão, as manchas de sangue e um cavalo atordoado.

O cavalo de Milena. Ele não acreditou que ela tivesse concordado em deixá-lo para trás a não ser que estivesse muito debilitada para discutir.

“Com certeza desmaiada, ela não o deixaria.”, o elfo então acalmou o animal e o amarrou junto a Gyeld, e em seguida pediu à ela que cuidasse do cavalo.

Knabben então correu, não conseguia chegar a mente de Marfhir, ele parecia esgotado e com medo, muito medo, estava aflito, mas fraco demais para abrir os olhos e checar sua cavaleira, a qual Knabben não conseguiu alcançar a mente.

Então ele correu muito mais do que acho que um dia agüentaria, ela não podia deixá-lo. Não daquela forma, não naquele momento, ela havia se tornado sua amiga, uma grande amiga, havia tempo que não se divertia tanto. Por ser um elfo, ele teria que ter um semblante responsável, elegante, maduro, mas perto da cavaleira, ele não precisava ser nada disso. E ele não poderia, não queria perder isso