Vanellope não pode deixar de sentir alívio quando a passagem se fechou, mas também não pode deixar de se preocupar. Ela estava presa ali, e o que teria acontecido com o verdadeiro James? Ainda estaria perdido no labirinto? Teria sido devorado?

O pensamento causou-lhe um arrepio gelado e ela logo tratou de bani-lo. Tinha que ser otimista. Tinha que ter fé que seus amigos ainda estavam vivos e estavam bem. Mas ela não estaria se não saísse dali logo.

Ela ouviu o som de vidro sendo golpeado e os espelhos a sua volta vibraram. A criatura estava lutando para quebrar os espelhos e alcançá-la.

Vanellope tentou tiltar para fora dali mas não conseguiu, era como se os espelhos bloqueassem sua passagem. Tentou quebrar os espelhos com a espada, mas não conseguiu sequer um arranhão.

"Socorro!" Ela gritou desesperada. Já não sabia mais o que fazer, só queria que tudo aquilo acabasse.

A cada golpe os espelhos vibravam mais e mais forte, não aguentariam muito tempo. Ela chamou por ajuda novamente, quem sabe alguém estaria por perto e conseguiria tirá-la dali.

Mas ao invés disso ela ouviu outro golpe, dessa vez no teto, enquanto a poeira caía sobre ela. Assustada, Vanellope saltou para um canto onde o teto não parecia querer desabar e se encolheu ali. Não queria morrer ali sozinha.

James ficou confuso quando perdeu Vanellope de vista, mas tinha outra tarefa em mãos, recuperar seu corpo, antes de ir atrás de qualquer um. Se os Pesadelos assumiam medos para assumir um corpo humano, ele ia usar aquilo à seu favor.

O falso James desistiu de tentar alcançar Vanellope quando percebeu o teto tremendo. Era uma batalha lá em cima ou os outros tinham ouvido os gritos da menina e tentavam chegar até ela?

De qualquer forma, se conseguisse sair dali ainda poderia usar sua nova forma à seu favor para pegar os outros intrusos que estavam no labirinto.

Virou-se para concentrar seus esforços nos espelhos que bloqueavam a saída da sala, foi quando viu os reflexos, criaturas que lembravam insetos mecânicos preenchiam cada espelho. Alguma coisa lhe dizia que aquelas coisas eram chamadas Cy-Bugs e, por algum motivo ele sentiu um arrepio gelado.

Não era possível! Ele tinha sim, possuído outros corpos antes, sabia que absorver um medo era necessário para o controle total, mas era sua rainha quem controlava o labirinto, ela jamais usara os medos absorvidos contra eles, então por que aquilo estava acontecendo?

Então os insetos começaram a atacar, suas garras atravessavam o vidro para chegar até ele, iam matá-lo se ele não fizesse alguma coisa.

Mas só havia uma coisa que ele pudesse fazer, rapidamente viu uma brecha, encostou-se em um dos espelhos e fechou os olhos.

James sentiu uma tontura repentina e fechou os olhos. Quando os abriu novamente estava de volta ao se corpo, nas sala rodeada de espelhos e de Cy-Bugs.

Ele rapidamente tocou o espelho mais próximo e concentrou-se em fazê-los desaparecer. Assim que a sala estava calma novamente ele notou algo.

Não eram só os espelhos do salão dos espelhos que mostravam o que acontecia no labirinto, lá estavam as imagens novamente. Então ele teve uma ideia. Invocou uma cadeira e sentou-se, ia ajudar seus amigos dali, os encontraria perto da saída.

Ralph e Trinity não tinham tido mais sorte que as crianças em seu caminho. Estavam ambos feridos e cansados das muitas batalhas que tinham tido que enfrentar até chegarem ali.

Eles finalmente tinham achado um baú de tesouros, com uma poção recuperadora que os dois dividiram.

Estavam descansando um pouco quando ouviram uma voz pedindo socorro. Soava baixa e parecia vir de muito longe.

"Ouviu isso?" Ralph perguntou.

"Ouvi sim. Não acha que seja..."

"As mesmas vozes que Clarion e Roxane ouvem? Acho que não. Soa familiar."

Ouviram novamente, Trinity encostou um ouvido no chão.

"Parece que vem daqui de baixo."

Ralph a imitou, eles esperaram por aluns segundos até que ouviram, uma pancada e outro grito.

"Vanellope!" Ralph exclamou, reconhecendo a voz da amiga.

Sem pensar duas vezes, ele reuniu toda a força que ainda lhe restava e golpeou o chão com força. Não cedeu na primeira tentativa, ele precisou de três socos para conseguir por o chão à baixo, abrindo um buraco.

Os dois olharam para baixo e viram que lá havia uma sala circular, espelhada. Vanellope estava lá, encolhida em um canto, longe da zona de desabamento.

"Vanellope!" Ele chamou. Não sabia se ficava feliz por vê-la em segurança, ou se ficava zangado por ela não ter obedecido e ter voltado para o labirinto.

A garotinha ergueu a cabeça um pouco e um sorriso iluminou seu rosto.

"Ralphie!" Ela exclamou, saltando em pé animada.

Ele estendeu uma mão para ajudá-la a subir.

"O que está fazendo aqui, Vanellope? Pensei que tínhamos te mandado pra casa!" Ele repreendeu.

"Eu estou em casa, Ralph. Minha casa é onde vocês estão." Ela murmurou, abraçando-o.

"Veio aqui sozinha?!" Trinity perguntou, Vanellope negou com um aceno de cabeça.

"Com James e Link, mas acabamos separados e fiquei trancada. Estava com tanto medo."

"Tudo bem, está segura agora." Ele a assegurou, então voltou-se para Trinity. "Acha que consegue tirá-la daqui?"

"Não vou deixar você!" As duas protestaram.

"Você vai sim, Vanellope. Vai pra casa e dessa vez vai ficar lá. E Trinity, sabe que ficar aqui vai ser perigoso."

"É. E se não fosse por mim você estaria morto agora. Não vou embora e ponto final!" Trinity respondeu.

Ralph tentou pensar em algo para convencê-la, quando os três notaram algo, um zumbido forte que enchia o ar. Em meio a isso veio-lhes o som de lâminas se chocando, uma batalha acontecia próxima.

Roxane parou para descansar. Não ouvia mais as vozes então não tinha mais como se guiar pelo labirinto. Talvez devesse voltar enquanto seu mapa eletrônico ainda tinha sinal, porque quanto mais ela se aproximasse do centro, mais forte a magia ficaria e poderia atrapalhar seu sinal. Ficar completamente perdida não estava nos seus planos.

Ela lutou para ficar acordada, dormir ali poderia ser fatal. Mas era difícil manter a mente clara e focada, principalmente quando ela estava cansada e faminta.

Ela preferia estar em qualquer lugar que não fosse ali. Até mesmo na selva, com todos os seus animais perigosos e insetos irritantes.

Insetos... A segunda coisa que ela mais detestava, depois dos Pesadelos, e a primeira com a qual ela mais tivera que lidar sua vida inteira.

Ela não acreditava que tinha chegado tão longe, mas de certa forma fazia sentido, eles eram muitos, espalhados por várias salas, aquilo espalhava bastante as forças malignas do labirinto, ainda mais que ela imaginava que o foco deles era a pequena mas corajosa Clarion, provavelmente de Trinity, que sempre fora a única deles que lidava bem com aquele lugar e provavelmente a Sargento também, ela parecia o tipo que não tinha medo de nada.

Aquele silêncio estava ganhando de sua vontade de se manter acordada. Ela não se lembrava de já ter estado em outro lugar tão silencioso, sempre havia ao menos um som mínimo, mas ela não podia ouvir nem mesmo os ruídos Pesadelos. Quem quer que controlasse aquele lugar estava fazendo o possível para pegá-la.

Tentou se levantar, mas sentia-se fraca e atordoada. Ela precisava sair dali o quanto antes. Foi quando um zumbido começou a encher o ar e de repente um bando de vespas gigantes invadiu a sala.

Vespas... A única coisa que ela realmente temia depois do labirinto. Elas eram pequenas, velozes e era impossível lidar com elas.

Roxane imediatamente puxou sua espada e rebateu o ataque da primeira vespa, que avançava com o ferrão apontado para ela.

Eram cinco vespas, contra apenas ela, a batalha nem um pouco justa. O espaço para qualquer movimento era limitado, ela mal desviava de um ataque já estava no caminho de outro.

Ela nem viu quando acabou com um corte profundo em seu braço esquerdo, por sorte o braço da espada ainda estava bom, mesmo assim não parecia o bastante. Ela lutava para chegar até a porta, mas seus inimigos pareciam dispostos a impedí-la.

Foi quando ela ouviu vozes e logo Trinity, Ralph e Vanellope entraram na sala.

Ela nem estranhou o fato de Vanellope estar ali, apenas ficou feliz em vê-los e em obter ajuda. Os três adultos, agora juntos, rapidamente destruíram todas as vespas na sala. Uma vez mortos, os pesadelos retomavam suas formas originais.

Roxane tirou um frasco com um líquido roxo do bolso e entregou a Trinity, que rapidamente derramou sobre o ferimento para curá-lo.

Um raio de esperança agora brilhava entre o grupo. Esperança de que logo, todos eles estariam deixando aquele lugar juntos e vivos.

Link correu, o mais rápido que pode, mas seu caminho foi novamente interrompido quando ele avistou um grupo de zumbis. Estavam curvados sobre o que parecia um corpo, cheio de sangue.

Link não pode deixar de se sentir um pouco enjoado. Nunca vira zumbis se comportarem daquela maneira.

Mas não teve muito tempo para pensar naquilo, os zumbis tinham ouvido seus passos e ergueram a cabeça em sua direção. Ele ouviu os gritos e nem mesmo tentou se mover, sabia que seria inútil.

Sentiu certo desespero quando as criaturas começaram a andar em sua direção, sem nenhuma pressa, sabendo que ele não poderia correr. Então ele viu um brilho, como um raio de esperança, quando uma espada cortou o ar e os zumbis, que caíram no chão se transformando em criaturas de escamas negras.

A pessoa que carregava aquela espada era ninguém menos que a própria Clarion, que imediatamente embainhou a arma e correu para abraçá-lo.

"Você está bem?" Ela perguntou docemente.

"Bem, considerando que você acabou de salvar a minha vida, estou bem." Ele murmurou de volta. Ele sentia que dessa vez era verdade. "Como foi que me encontrou?"

"Não sei. A pedra, me trouxe até aqui. Acho que tem alguém nesse labirinto que ainda gosta da gente."

"Vamos sair daqui então." Ele chamou.

"Não. Tenho uma missão aqui, preciso chegar ao centro. Vem comigo?" Ela peguntou.

"Até o fim do mundo se você quiser, Clar."