Link acordou em uma sala escura. Ainda estava vivo, percebeu aliviado. Sentou-se atordoado, não devia fazer muito tempo que estava ali, porque ainda estava molhado do mergulho no lago. Nem sinal do Dead Hand, o que era uma sorte. Mas o cenário não tinha mudado muito.

Ainda atordoado ele se levantou. O lugar parecia o ninho de algum tipo de criatura, mesmo assim ele continuou, tinha amigos para encontrar.

Ele ouvia sussurros perdidos no vento por todo lugar. O sussurro dos espíritos, como diria Navi. Bem que ele gostaria que ela estivesse ali agora, ao menos ele não estaria sozinho.

Andou mais alguns metros quando sentiu, pela terceira vez, revirou os olhos e saiu do caminho quando outra Wallmaster caiu do teto. Essa tinha mais ou menos o dobro do seu tamanho, sua pele seca, normalmente arroxeada,era completamente negra, suas unhas desgastadas mas normalmente afiadas pareciam garras de algum tipo de animal selvagem e o toco decepado de onde deveria haver um braço ainda pingava sangue.

Ele estaria mentindo se dissesse que não ficara com nem um pouco de medo naquele momento, mas coragem não significava a ausência do medo e sim a força para enfrentar os medos e foi o que ele fez. Reunindo toda sua força e coragem ele puxou a espada para enfrentar o monstro.

Foi o primeiro a atacar, sua espada não parecia surtir efeito no Wallmaster, não que aquilo fosse fazê-lo desistir. Não era por ele que estava lutando, não só por sua vida.

Mas a cada novo golpe que parecia não surtir efeito, os que ele recebia de volta estavam acabando com ele. Cada vez mais ele sentia-se atordoado, fraco e dolorido. O fato de que a muito não comia nada não ajudava, a espada começava a parecer pesada em sua mão e cada movimento era como tentar lutar debaixo d'água.

Mesmo assim continuava firme na batalha, até que, numa ideia louca e desesperada, subiu em um pilar quebrado no fundo da sala e pulou, cravando sua espada no Wallmaster, um golpe certeiro, que o desfez, mas não em sombras ou o que quer que devesse ser, mas em dezenas, talvez centenas de pequenos Floormasters.

As pequenas mãos começaram a correr desnorteadas pela sala, Link subiu novamente no pilar, dessa vez buscando proteção. Mas elas logo se viraram, de alguma estranha forma percebendo o menino e começaram a avançar sobre ele.

Link lutou bravamente como pode, mas elas o sobrepujavam em número e não demoraram a dominá-lo. Suas garras afiadas machucavam conforme eles se amontoavam cada vez mais e mais sobre o jovem Hillyan.

Ele estava quase desistindo de lutar, não conseguia nem se mover, quando sentiu uma forte energia emanando de algo em seu bolso e uma onda de calor se espalhar pela sala, assustando os Floormasters, que correram por refúgio.

Ele tirou tudo de dentro do bolso, mas a única coisa lá era um pequeno fragmento de rupee azul que Clarion encontrara e lhe dera.

Podia sentir, através da pedra, como se a amiga ainda estivesse ali e era como se aquele sentimento lhe desse nova força. A escuridão pareci ficar mais densa a sua volta, mas já não importava. Já que os monstros não eram mais um problema, Link recolheu sua espada e correu para a porta.

De certa forma ele tinha certeza que era verdade, Clarion não estava muito longe, os outros também não deviam estar.

Vanellope entrou pela única porta que havia do lado onde ficara presa. Uma escada levava a algum lugar mais para o fundo do labirinto, não era muito convidativo, mas era o único caminho se quisesse reunir-se novamente com seus amigos. A escada levou-a a um corredor espelhado, era estranho ver seu reflexo acompanhando-a pra cada lado que olhava, mas mais estranho eram os sussurros inteligíveis que pareciam vir de dentro deles, era assustador.

Quando achou que estava ficando totalmente perdida, foi que viu seu primeiro sinal de esperança. James estava parado a alguns metros dali, encarando um dos espelhos. Animada ela correu para lá.

"Jay! Ainda bem que te encontrei!" Ela exclamou animada, atirando os braços em volta do pescoço dele. Então recuou, não sabia o que era, mas sentia que havia algo errado ali. "Você está bem?" Perguntou preocupada.

"Claro." O menino respondeu suavemente. "Com você aqui, por que eu não estaria?"

Comentário estranho para James, mas Vanellope sabia o quanto aquele lugar estava deixando todo mundo meio estranho, então resolveu deixar passar.

"Algum sinal de Link ou dos outros?"

"Nem sinal de ninguém, apenas eu, você e nossos reflexos. Mas tem monstros por perto, melhor sairmos logo daqui."

Ele a pegou pela mão e os dois juntos continuaram seu caminho.

James estudou os espelhos. Não tinha encontrado uma saída ainda, mas tinha que encontrar uma maneira de deter o espírito que roubara seu corpo antes que ele deixasse a sala dos espelhos, mas de alguma forma que Vanellope não saísse machucada.

Também precisava ajudar Link, a batalha não estava saindo muito bem para o lado do amigo, mas como fazer duas coisas ao mesmo tempo se ele não conseguia nem mesmo sair daquela sala?

Ele segurou seu medalhão com força, tentando buscar uma resposta. Talvez o que sobrara de Robin ali tivesse a resposta. Mas nada veio, exceto aquela familiar corrente de magia.

Magia... seria essa a resposta então? O poder com o qual fora abençoado quando nascera e a única linha que separava seu lado élfico de seu lado humano.

Mas ele nunca usara aquele poder, ao menos não intencionalmente, não sabia o que podia fazer com ele, como usá-lo direito ou qual eram os limites daquele tipo de magia e se ela podia alcançar seus amigos.

Mas então ele viu, Link caído e Vanellope e o falso James estavam quase na porta de saída. Ele reagiu sem pensar. Deixou-se ligar ao fluxo de magia e tocou ambos os espelhos, os dois vibraram, então ele deslizou a mão do de Link para o de Clarion, que começou a vibrar também.

"Pesadelos, enquanto em corpos humanos, tem medo de alguma coisa?" James perguntou ao fantasma, que o observava atentamente.

"Medo faz parte dos corações humanos. Acredito que eles assumam algum, do contrário não poderiam alcançar uma substituição de alma completa."

O menino sorriu maroto.

"Então hora de nos divertirmos um pouco."

Clarion fazia seu caminho ao centro do labirinto sem maiores problemas. Acreditava que a fonte de todos os problemas que ameaçavam a ela e provavelmente seus amigos, vinha do centro.

Mas ela parou quando sentiu a pedra em eu bolso esquentar. Era um pedaço de um rupee azul, partido que ela e Link tinham encontrado durante aquela última semana.

Ela não imaginava que aquilo fosse possível, muito menos sabia como era, mas de alguma forma aquilo a fazia ter certeza de duas coisa: Link estava perto, e estava com problemas.

"Eu estou indo." Ela sussurrou para a pedra, antes de coloca-la de volta no bolso e correr de volta. Precisava encontrá-lo e rápido.

Vanellope deixou que James a guiasse pelo labirinto de espelhos, mas não podia deixar de pensar que havia algo errado com seu amigo.

Finalmente avistaram a porta, ela decidiu que assim que saíssem dali, não iria a lugar nenhum sem respostas, mas antes que pudessem chegar lá, um espelho bloqueou o caminho.

Vanellope notou como James olhou para o espelho, confuso e depois irritado.

"Vamos, tem outro caminho por aqui!" Ele chamou.

Mas Vanellope não queria ir. Aquela não era uma atitude normal de James, perturbado ou não. Por sorte não precisou ir a lugar algum, quando outro espelho bloqueou o caminho por onde tinham vindo.

"Aquele moleque estúpido deve estar interferindo no labirinto." Ele rosnou, soltando Vanellope, então voltando-se para ela com um sorriso assustador, inumano. "Mas não vai conseguir salvar você dessa maneira." Ele avançou ameaçadoramente em direção a menina.

Mas antes que ele pudesse alcançá-la, mais espelhos separaram os dois por completo.

"Agora é hora do show!" O verdadeiro James murmurou.