Essa história começa na noite seguinte ao último capítulo de Family, uma semana depois de A Maldição do Crepúsculo. Esse primeiro capítulo pode ter ficado um pouco aleatório, mas já recuperei a linha da história. Classificação pode mudar mais para o final.

Quando Calhoun deixou Hero's Duty naquela noite Clarion estava sentada em um banco na Central, com um caderno de desenhos. Mas a menina não estava com suas roupas do Sugar Rush, nem suas roupas normais, apesar delas terem ficado bastante manchadas na noite anterior. Ela estava vestida com uma blusa preta com capuz, jeans preto, aparentemente novo, meias brancas e tênis cor de areia.

Ela parou na frente da menina e esperou que ela a notasse, o que levou algum tempo. A menina só olhou para ela e sorriu, sem dizer uma palavra.

Calhoun arqueou uma sobrancelha para ela, a menina só voltou para o desenho, sem dizer uma palavra. O que Havia de errado com ela?

Finalmente a menina guardou o caderno e se levantou, era visível agora que ela estava um pouco nervosa por alguma coisa.

"Problemas!?" Clarion perguntou, sem certeza de como agir em torno de Calhoun depois do que acontecera na noite anterior. Ela não tinha tomado uma posição à respeito de tudo o que acontecera, levaria um tempo para ela se decidir.

"Onde você conseguiu essa roupa?"

"Oh, isso? Só uma coisinha que eu comprei. As antigas não estavam muito em condições de uso."

"O que nós já conversamos sobre sair do Arcade?"

"Nada ainda. Acho que não tivemos tempo para isso. E eu estava entediada." Clarion justificou. "Era melhor do que destruir alguma coisa, como fiz com o meu quarto noite passada."

"Certo, mas temos que estabelecer algumas regras aqui, a primeira é, nada de deixar o Arcade, a não ser em emergências. Isso tudo é para ser mantido em segredo."

"Certo. Algo mais?"

"Eu aviso quando pensar em alguma coisa."

Então eles estavam todos reunidos para o jantar quando a menina decidiu que, mais uma vez, aquela paz não era suficiente para ela.

"Então... Algum de vocês viu o novo jogo que chegou hoje?"

"Não." Todos responderam.

"Bem, correm boatos um pouco misteriosos. Queria saber se vocês vão comigo dar uma olhada?"

"Misteriosos como?" James perguntou um pouco preocupado.

"O suficiente para assustar os jogadores, ao que parece."

"Eu nunca vi um jogo assustar jogadores." Falou Ralph.

"Também não. É por isso que fiquei tão curiosa."

"Honestamente não acho que é uma boa ideia." Respondeu James.

"Eu vou!" Vanellope anunciou, animada.

"Por que não." Ralph deu de ombros. "Deve ser só coisa das crianças. Não pode ser mesmo tão ruim, pode?"

"Não. O que de ruim pode acontecer?" Perguntou Clarion.

"Podemos acabar mortos." Felix respondeu.

"Vocês vão estar comigo e eu vou estar com vocês."

"É isso que me preocupa." James murmurou.

"Por favor!" Vanellope pediu, com seu melhor sorriso. Clarion sorriu também.

Felix se perguntou por que elas faziam isso. Talvez porque sabiam que não podia resistir.

"Estamos todos muito bem preparados para qualquer eventualidade." Clarion garantiu. "Nós sobrevivemos às maiores guerras que esse Arcade já viu. Outros nos consideram grandes heróis, ícones de proteção, que eles podem confiar para manter a paz e a ordem." Pelo meno aquilo era o que ela tinha ouvido pelos amigos. "Porque deveríamos ter medo?"

"Quando o problema chega até nós é diferente." Tamora disse. "Não é nada inteligente correr atrás do perigo."

"Quem se importa?" A menina ruiva perguntou.

"Eu me importo."

"Adultos." a menina rosnou. "Tudo bem. Se vocês não vão, eu estou indo."

"Não. Você não vai..."

"Eu não estou pedindo permissão, Sargento. Eu vou, e nada do que você possa dizer ou fazer vai me fazer mudar de ideia."

Todo mundo sabia que tudo ia dar errado se eles simplesmente deixassem Clarion ir lá sozinha, de modo que a seguiram. Talvez, apenas talvez, ela estava certa e tudo ia sair bem.

Mas a chance era bem pequena.

"Labirinto dos Pesadelos?" James parecia nem um pouco satisfeito com a irmã.

Eles estavam fora do jogo, que não parecia nada convidativo para uma visita. Tudo, desde o nome à escuridão que vinha de dentro parecia dizer: Fique longe!

"Talvez você esteja exagerando um pouco Clarion." Tamora falou.

"Desde quando você tem medo?"

"Eu só estou sendo prática."

"Eu vou. Se vocês vem comigo ou não, não é problema meu."

Clarion era completamente impossível. Um espírito sem limites, para quem a palavra medo não tinha sentido e era geralmente substituída pela palavra diversão. Ela era um perigo para si mesma e aos outros ao seu redor, se você não tomasse cuidado.

Estavam com ela, a menina não deixava outra escolha. Tamora já puxou sua arma, apenas por segurança. Tudo estava escuro e silencioso ao redor, o lugar lembrava um pouco Hero's Duty, mas em vez de uma torre, Havia um grande edifício circular com uma placa brilhante na frente.

"Labirinto dos Pesadelos: Entre por sua conta e risco, e aproveite a estadia, se puder." Ralph leu. "Muito acolhedor." Comentou sarcasticamente.

"Isso é para assustar trouxas. Não deve ter nada lá, apenas alguns truques que pode assustar crianças. Nada com que se preocupar." Clarion garantiu, entrando.

A verdade é que Clarion estava sim um pouco insegura sobre o jogo, mas ela simplesmente precisava de algo que a impedisse de pensar. E a razão dela querer os amigos por perto? Clarion não fazia a menor ideia, mas sentia que era assim que devia ser.

O lugar era um tanto sombrio. A sal tinha a forma de um prisma, o chão ladrilhado em preto e branco, as paredes tinham escritos em uma língua que nenhum deles conhecia, mas pareciam estranhamente familiares à James, e a pintura no teto não parecia lisa, fixa, parecia se mover lentamente e era como se uma tempestade estivesse prestes a cair sobre eles.

Não Havia luz em qualquer lugar à vista, mas alguma coisa parecia impedir que a sala ficasse em completa escuridão. Havia portas nas três paredes ao fundo.

O grupo andou até o centro da sala, enquanto examinavam o local, foi quando a porta bateu atrás deles.

"Viu, eu disse que alguma coisa ruim ia acontecer." Comentou James assustado.

"Esse é o truque mais velho do mundo." Clarion riu. "Deve ter algum mecanismo para abrir a porta em algum lugar por aqui. Se não tiver, a gente dá um jeito. Sempre fui boa em arrombar portas. Se precisar derrubá-la também não é um problema. Não sei porque se preocupam tanto."

"Eu tô com ela." Vanellope disse.

"Será que passou pela cabeça de vocês que esse lugar se chama labirinto por algum motivo?" Perguntou Tamora.

"Relaxa tia Cal! Tenho um senso de direção perfeito, raramente me perco." Garantiu Clarion, um pouco marota.

"Tá exagerando, pestinha."

"Tá legal. Mas mesmo assim, ainda estou certa." A menina continuou firme.

"Nem tanto." Ralph respondeu. "Você certamente tem um ótimo senso de orientação, mas só em lugares abertos e se não percebeu, estamos fechados aqui."

"Quer fazer uma aposta?" Ela perguntou em tom de desafio. "Mas deixa eu avisar uma coisa, nunca perdi uma aposta antes."

"Tem alguma coisa que faria você mudar de ideia?" Felix perguntou.

"Eu disse que não precisam vir."

Ela abriu a porta do meio e entrou, sem esperar por uma resposta dos amigos. Era aquela curiosidade que sempre a colocava em problemas, mas era algo que ela não descansaria enquanto não descobrisse. Ela não podia evitar.

Olhou para trás, só para ter certeza que os outros a seguiam. Com us sorriso para si mesma ela se permitiu olhar em volta, mas a sala parecia idêntica à primeira, só que Haviam mais portas.

"Por que tenho a impressão de que esse lugar está vazio?" Clarion perguntou em voz alta.

"Porque está. Satisfeita? Podemos ir?" James perguntou.

"Acho que sim." Ela finalmente deu de ombros. "Eu..."

Ela parou. Tinha a impressão de ter ouvido alguma coisa.

"O que..." James começou a perguntar, mas Clarion lhe fez sinal, pedindo silêncio.

Então ela ouviu.

"Socorro!"

O som era baixo, não mais do que um sussurro, mas ainda assim era claro.

"Ouviram isso?" Ela perguntou aos amigos.

"O que exatamente a gente deveria ouvir?" Vanellope perguntou confusa.

"Tem alguém em perigo." Clarion avisou, correndo na direção que ela imaginara ter ouvido o som.

Passou por mais algumas salas exatamente iguais as anteriores antes de parar para ouvir. Tudo voltara ao silêncio de antes.

"Clar, tem certeza de que ouviu mesmo alguma coisa?" Ralph perguntou desconfiado, enquanto o grupo alcançava a ruiva.

"Absoluta." Ela respondeu com convicção.

"Tem certeza que isso tudo não tá só na sua cabeça?" Vanellope perguntou. "Não seria a primeira vez."

Clarion virou-se para ela.

"Do que está falando?"

"As meninas me contaram sobre a sombra."

"Ela era de verdade!" A ruiva protestou. "Isso também foi."

"Clar, só estamos nós aqui." Ralph retrucou. "Não sei o que você ouviu, mas deve ser só sua imaginação."

A menina suspirou.

"Okay. Vocês venceram. Vamos embora." Ela finalmente se rendeu. Se tinha algo que ela não queria era discutir sobre a sombra e as vozes.

Mas não tinham nem deixado a sala quando ela ouviu de novo.

"Por favor... Ajude!"

Clarion olhou para os amigos, mas eles não deram qualquer sinal de terem ouvido. Olhou para trás, depois paraos amigos novamente e tomou uma decisão.

O grupo já estava de volta à Central. Clarion tinha estado calada durante toda a volta, mas isso era provavelmente alguma coisa que tinham dito, talvez a mesma razão que a fizera voltar. Mas então James não pode resistir a perguntar:

"Então, satisfeita com o passeio?"

Silêncio.

"Clar, imaginei que você ficaria chateada, mas não precisa ignorar todo mundo."

Nenhuma resposta.

"Clar?" Ele voltou-se, mas para sua surpresa a irmã não estava lá. "Clar!" Ele gritou.

"Deve estar se escondendo." Vanellope resmungou. "Pode ter ficado chateada com a gente."

"Espera, quem a viu por último?" Ralph perguntou.

"Ela estava bem atrás da gente quando saímos do labirinto. Depois que cruzamos a porta... Não a vi mais." Vanellope explicou.

"Nem eu." James concordou. "Mas sabe como a Clar é, achei que seria melhor deixá-la em paz, só pra não piorar a situação."

"Também achei. Eu não devia ter dito nada sobre a sombra, sabia que isso poderia provocá-la, só não pude me conter. Mas não se preocupe, ela deve ter..."

"Ela ficou no labirinto." Tamora o cortou. "Ela tinha decidido que Havia algo lá. Eu devia ter imaginado que ela não desistiria tão fácil."

"Temos que voltar e buscá-la!" Exclamou James. "Antes que ela se machuque, ou pior."

"Ela vai ficar bem. Mas você está certa, é melhor encontrarmos ela. E da próxima vez que ela inventar algo do tipo trancamos ela em casa."

"Tá pra ser criado um lugar de onde Clrion não possa escapar." James respondeu. "Mas vamos logo ou não vamos encontrá-la."

Mas assim que se viraram para entrar de volta no jogo ouviram vozes às suas costas.

"Esperem aí! Onde pensam que estão indo?"

Eles voltaram-se para encarar dois jovens que vinham correndo em sua direção.

"Não estavam pensando em estrar no labirinto, estavam?" Perguntou o que parecia ser o mais velho.

"Temos que buscar minha irmã!" James protestou.

"O que sua irmã está fazendo lá?" O mais novo perguntou.

"Ela disse ter ouvido alguém pedindo ajuda, quando percebemos ela tinha ficado lá." Felix explicou.

"Ouvindo vozes? Só um minuto. Roxy!"

Uma moça se aproximou correndo.

"Algum problema, Josh?"

"Bem, parece que você não é a única maluca nesse Arcade." O outro riu.

"Do que está falando, Derick?" Ela perguntou, então olhou para o grupo. "E quem são vocês?"

"Sem tempo pra isso." Josh a cortou. "Temos uma garota perdida no labirinto."

"E por que isso é problema meu? Vocês são os homens do grupo, podem ir buscá-la." Roxy cruzou os braços.

"Ela também ouve as vozes."

"O que?!"

"Clarion disse que havia alguém em perigo no labirinto, antes da gente perder ela." James respondeu.

"Também ouço. Ninguém nunca acreditou em mim." Roxy olhou feio para os amigos.

"Não temos culpa que só você ouve isso." Derick protestou.

"Você, agora outra maluca." Josh acrescentou.

"Não sou maluca!" Roxy protestou.

"Meninos, não briguem com ela!" Outra mulher se aproximou. "Quanto a vocês, fiquem fora do labirinto, vamos procurar sua a miga perdida e a mandamos direto pra casa se a encontrarmos, não se preocupem. Só vão piorar as coisas se forem lá. O labirinto pode estar quieto agora, mas nunca se sabe quando ele pode despertar, e vocês que são de fora, certamente não vão querer estar lá quando isso acontecer. Juro que vamos encontrá-la."

"Se os monstros não a devorarem antes." Comentou Josh, enquanto corria para o jogo com Derick e Roxane, a outra logo os seguiu.