— Não pode ser verdade... Isso não... – eu não termino minha frase, não consigo, entro em prantos e não posso mais conter nenhuma lagrima se quer.

— É a mais pura verdade...

— Mas eles, eram primos e Parabatai, isso é...

— Errado? – Jonathan pergunta – Porque a clave diz que é?

— Mas Juliano...?

— É irmão do seu pai, Adam Lovelace. Quando você nasceu e sua mãe morreu, Adam sentiu e veio até mim, seu tio o seguiu e ouviu a conversa, eu quase o matei, mas Adam implorou pela vida do irmão, então teve todo um drama chato e seu tio concordou em guardar segredo sobre você, mas ele voltou a clave e nos traiu, contou o que sabia e o que Adam havia contado a ele e em troca pediu para que não descontassem em você, para que a poupassem. – ele faz uma pausa – Eu obviamente descobri e matei Adam por ser tão linguarudo e quando fui até seu berço pega-la para levar você comigo, você não estava lá, Juliano a havia levado.

— Você... o matou?

Ele fez que sim com a cabeça.

— Minha mãe?

— Nunca quis que ela morresse, mas ela era fraca demais e você sugava muito dela.

Eu me levanto abraçando a mim mesma, minha cabeça gira e meu estomago se agita. Corro para a primeira porta que encontro e graças ao anjo ela da pra rua, mal cruzo a porta antes de me apoiar no na parede e começar a vomitar.

Seco a boca e sinto a presença dos dois monstros perto de mim.

— Saia de perto de mim Sebastian, ou Jonathan, ou como quer que seja seu maldito nome.

— Jonathan, meu nome de batismo, Sebastian é um empréstimo.

Eu estou prestes a perguntar se ele matou para conseguir esse nome, mas antes que consiga entro em crise e começo a convulsionar tossindo sangue nas paredes de madeira do velho chalé. Jonathan me apoia e eu o empurro cambaleando para trás e tossindo cada vez mais.

— Outra crise? – ele pergunta se aproximando mais de mim insistentemente me apoiando – Respire – ele fala e me pega no colo – Que timming pra ter uma dessas ein.

— O que é isso Jonathan?

— Ela tem crises, fraquezas, vive doente. – ele olha para o pai – Tentou fazer experiências com ela também?

Eu volto a tossir enquanto Valentim me observa e Jonathan faz a runa que eu costumo fazer em mim mesma.

— Não... Não está adiantando. – mas ele continua – Pare! Não está mais funcionando! – Grito.

— Porque?

— Não sei... pararam de funcionar desde que vim para esse maldito lugar. Eu não sei porque, mas vir para cá intensificou a doença, eu estou morrendo mais rápido aqui.

— Mas, havia dias em que você estava bem... depois de...- ele não termina a frase porque Valentim o puxa para longe de mim me deixando deitada no sofá.

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P.O.V. Jonathan

— Jonathan, você está dormindo com essa garota?

— Deu pra perceber é? Foi pelo jeito que eu tirei a blusa dela?

— Se afaste dela, você vai voltar para Alicante e atrair Aquele idiota do tio dela para cá. Eu e ele temos que bater um papinho.

— Mas e Valentina?

— Ela ficará aqui comigo. Nenhum de vocês ficou doente... não entendo porque ela ficaria.

— Mas...

— FAÇA JONATHAN!

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— Pai, diz que não é verdade... – Valentina choraminga sentada no chão aos pés do suposto pai dela.

— Desculpa, mas... é a verdade. Você é minha sobrinha e não minha filha.

Ela começa a chorar. Chorar de verdade e ele se cala. Me aproximo de Valentina mas ela me afasta e corre para fora. Corro atrás dela floresta a dentro até alcança-la o que não é difícil nem demorado, ela se debate em meus braços mas a arrasto de quarquer jeito de volta ao chalé.

— Talvez, ela precise dormir Jonathan... – assobia Valentim e eu então pressiono o pescoço dela sufocando-a até que ela apague. – Agora... Juliano, meu caro traidor, pode me explicar porque Valentina está doente?

— Ela é doente desde criança, foi um acidente que a deixou assim?

— Conte-me mais. – Meu pai fala apertando mais as cordas que amarram o homem. – CONTE – ele grita.

— Valentina não é minha sobrinha, ela é uma Lovelace somente por parte de Laura, o demônio maior cedeu a vida a Valentina.

— Então é verdade? A menina cresceu abençoada por Asmodeus?

— O que? – Não podia ser verdade, Asmodeus era um dos nove príncipes do inferno.

— Calado Jonathan... Continue Juliano

— Ele não só a abençoou ou deu seu sangue, em uma das missões que você mandou Laura, ela conheceu o demônio e se deitou com ele, consciente do que estava fazendo, quando voltou, estava perturbada, culpada e estranha, mas só contou sobre a gravidez e foi até você, quando a menina nasceu, ela contou para Adam. – ele para por um segundo toma folego e continua – Ele perdeu a cabeça, Laura não morreu no parto, Adam a matou, por ciúmes. Ele implorou para que eu cuidasse da criança, se sentia culpado e sabia que você o mataria antes que a clave reagisse contra você. Asmodeus por sua vez, voltou quando ela ainda era apenas um bebê. Enfeitiçou algumas de nossas mundanas com a visão que trabalhavam no instituto e durante só deus sabe quanto tempo a impregnou com seu sangue venenoso. Mas com as experiências que você fez a ela, o sangue do anjo, ela começou a entrar em combustão, seu corpo estava em guerra, ela estava morrendo. Os irmãos do silencio foram chamados e um dos irmãos se afeiçoou pela história dela e achou uma maneira de ajuda-la a pelo menos sobreviver. Mas nos últimos dias ela tem piorado, acho que a doença está ficando mais forte.

— Ela disse que esse jeito foi o único aceitável, o único que a clave permitiu, a mais alguma coisa não há? Vocês sabem no fundo como deixa-la boa. – interrompo-os.

— Sangue do demônio... Continuar tomando sangue do demônio a ajuda.

— Foi testado? – Meu pai pergunta curioso.

— Ele deu a ela por anos sem que soubéssemos e a doença, os sintomas nunca se manifestaram, quando ele foi expulso e afastado dela, ela começou a piorar.

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P.O.V. Valentina

Acordo ao lado de Jonathan em minha cama e salto ofegante.

— O que foi? – pergunta ele.

— Você... é filho... você é um... – me atrapalho.

— Você deve ter tido um pesadelo Val, volte a dormir.

— NÃO! – grito – Você é do mal!

Ele me puxa para seus braços de volta e me acalma e eu acabo adormecendo depois de sua insistência.

No dia seguinte acordo cedo, mas Jonathan já não está mais na cama, saio para caminhar pela manhã na intenção de procurar pelo meu pai, porém, não o encontro então acabo voltando para casa e fico em meu quarto até que o fim da tarde chega e as coisas se agitam, escuto conversas e desço, todos estão na sala de estar.

— O que está acontecendo?

— Valentim, está acontecendo. – fala Izzy para mim.

— Vocês fiquem em casa, não queremos os menores de idade envolvidos nisso, Izzy cuide de seu irmão, Sebastian, você pode ficar com eles?

— Claro.

— Vamos Alec.

— Espera, alguém viu... – par eles fecham a porta e saem.

— O que aconteceu Valentina? – Pergunta Izzy.

— Meu pai, sumiu!

— Ele deve estar envolvido com a clave, não se preocupe com ele.

— Não. Vou procurar por ele.

— Não, são as ordens, nós temos que ficar aqui.

— Estou nem ai para as ordens, vou procurar meu pai.

Ele se aproxima lentamente, mas posso ver que está irritado – vamos lá em cima. – e sem me deixar responder, me puxa escada acima.

— Você não vai sair de casa hoje! – fala assim que fecha a porta atrás dele.

— Você não manda em mim, vou sair sim.

— Escuta aqui, tem um guerra prestes a acontecer lá fora e você está mais fraca hoje, então vá se deitar e fiquei na sua.

— Você só pode estar ficando louco, eu estou muito bem obrigada, agora saia da frente da porta.

— NÃO, VOCÊ NÃO VAI SAIR HOJE VALENTINA! – ele grita, como em meu sonho.

— Sebs...- sussurro me encolhendo – O que há com você?

— Você tem que ficar em segurança.

— Então venha comigo, mas por favor, é meu pai que está sumido, preciso dele, é a única família que eu tenho.

Ele se vira, passa a mão nervosa pelos cabelos e depois limpa na roupa e volta seu olhar a mim.

— Val, seu pai, está morto.

— O que? – digo tentando lembrar como respirar.

— Seu sonho, não era um sonho, tudo aconteceu. Eu sou Jonathan Morgenstern.

Eu não me afasto dele quando ele se aproxima de mim, sinto a gravidade se afastar e me deixo cair de joelhos no chão, Sebastian é claro me ampara e me leva a cama mas eu não me movo, nem falo, nem ao menos choro. Eu só fico lá parada.

— Preciso fazer uma coisa. – ele diz finalmente se levantando.

— Você mentiu pra mim! – grito.

— Eu tive que... no inicio eu me interessei pela sua aparência e sua fragilidade, só isso me atraia, mas depois de alguns dias juntos e no dia em que você acordou antes de mim e ficou me observando pelo espelho do banheiro eu percebi que eu queria te proteger.

— Proteger mentindo para mim?

— Você teria me amado se soubesse desde o inicio que eu sou um monstro? Você teria me amado se eu tivesse te machucado, mesmo que sem querer? Você ainda continuaria me amando?

Fico em silencio.

— Aqui. Ele aponta para minha bolsa, deixei uma coisa para você, caso acorde antes de eu voltar, isso explicará muita coisa a você.

Não respondo por um longo tempo. Jonathan me encara com os olhos negros penetrantes.

— Desculpa, mas tenho que fazer isso. – ele diz, da dois passos largos em minha direção e bate em minha nuca com objeto grande e duro e eu encontro uma escuridão sem fim.