Meu corpo tinha hematomas por toda parte e marcas de chupões e mordidas, Sebastian não estava no quarto e o sol já parecia alto. A primeira parte da noite não parecia estranha em minha memória, uma noite deliciosa e excitante, já a segunda... Toda ela parecia fragmentada, com partes em branco, como se tivesse sido um sonho. Eu lembrava de Sebastian me empurrando para a cama de maneira brusca e prendendo mês braços junto ao corpo sentado em cima de mim. Me lembro dele me machucar e me lembro de gostar. Mas isto estava errado não estava?

Naquele dia eu permaneci no quarto, Sebastian não apareceu, nem mais ninguém, nem mesmo meu pai que aliás eu não via a uns três dias. Mais dias se passaram e eu mal saia do quarto, Sebastian voltou a me ver no dia seguinte, aparecia em meu quarto pela noite e quando eu acordava pela manhã ele já não estava mais lá. As únicas duas vezes que sai nos últimos dois dias foi quando Aline me arrastou para comprar roupas, já que eu estava usando as delas e em um outro final de tarde agitado na casa dos Penhallow.

Flashback On

— Ninguém pode ficar feliz em me ver e dizer “Oi Clary, que bom ver você”? – Gritou Clary Morgenstern no quarto ao lado.

— Oi Clary, é bom ver você, Isabelle disse que chegou aqui sozinha de alguma forma, estou impress... – Alec fala mas é cortado por Jace.

— Pode, por favor, não incentiva-la?

A discussão continuou na sala ao lado e todos estavam tão distraídos que nenhum deles me viu saindo, nem mesmo Sebastian. Tirei o fim de tarde para caminhar naquele dia e aproveitei para conhecer Alicante. Me distrai olhando as lojas de antiguidades das famílias caçadoras de sombras. Em uma delas havia um colar, em bronze e um desenho de um nó de sangue, o símbolo da família Lovelace.

— Com licença senhor, mas poderia me dizer a quem pertenceu esse objeto?

O homem analisou e então disse obviamente:

— É da família Lovelace, veja, um nó de sangue.

— Sim eu... – estava prestes a discutir e ser rude com ele mas disse por fim – Qual o valor? Eu gostaria de adquirir essa peça.

— Mas... – ele começa e eu explico antes que termine.

— Eu sou uma Lovelace, por isso quero a peça.

— Há, você é a filha encrenqueira...

— Conhece meu pai?

— Sim, crescemos juntos até... bom. Você não parece tão encrenqueira, é até muito bem educada para uma mulher que cresceu só com um figura paterna.

— Estou em um bom dia, já o senhor... não é muito sutil não é?

— Perdão senhorita.

Flashback Off

Pego o colar na mesinha ao lado e o enrolo em minha mão apertando-o. Um pequeno Clack estala nele e eu o observo procurando pelo som, procurando por onde eu possa tê-lo danificado, mas não parece haver nada até que consigo abrir o medalhão em dois. Dentro dele há uma inscrição...

“Por toda eternidade, A.L.&L.L”

Provavelmente aquilo era uma relíquia de casamento, um presente para a noiva. Deixei a relíquia de lado e fui para o banho, quando retornei ao quarto Sebastian estava deitado em minha cama.

— Oi... – disse meio seca.

Ele me puxou para a cama bruscamente e eu cai ao seu lado de joelhos na cama.

— Não. – disse antes de ele tentasse me beijar e me levantei me afastando dele.

— O que aconteceu ein? – perguntou impaciente.

— Não quero.

— Quer sim... Você sempre quer. – Sebastian fala convencido.

— Não. – me afasto e piso em alguma coisa.

Levanto o pé e a um papel colado nele, pego-o. O papel é minúsculo e está dobrado em quatro partes, abro-o e dentro dele em letras minúsculas está escrito.

“Adam, ele vai cuidar de mim, eu sabia que se pedíssemos a Valentim ele cuidaria de mim e de nosso bebê. Eu te amo, nos encontraremos em breve. L. Lovelace”

— O que é isso? No verso do papel? – Sebatian pergunta tentando pegar o papel da minha mão, porem eu sou mais rápida e recuo. – Anda me deixa ler.

“Minha querida Laura, em breve o plano de Valentim estará finalizado, a Clave não nos impedirá mais, espero que esteja segura, vocês dois. Com amor, A. Lovelace”

— O que? – eu não consigo falar, Sebastian puxa o papel da minha mão.

— ONDE VOCÊ CONSEGUIU ISSO? – Ele fala alto para mim. – ONDE?

— Eu não sei... Eu- o colar.

— Que colar?

Eu não respondo, mas meu olhos me traem e eu olho em direção a ele na mesinha. Ele inspeciona o objeto e então o guarda no bolso.

— Ei...

— Calada. – Ele diz e começa a me puxar pelo braço – Você vem comigo, agora.

— Não! – digo tentando me soltar.

— Não dificulta Valentina.

— Me larga Sebastian, eu não vou com você.

— Ah, mas vai sim... – e então ele me pressiona contra a parede. – Se você não fizer exatamente o que eu mandar, vou cortar essa sua língua habilidosa, o que confesso que seria um desperdício.

— Sebs...?

— Calada! Me siga e concorde comigo, pareça feliz.

Ele me pegou pela mão e me puxou corredor abaixo, não passamos por ninguém e logo estávamos nos estábulos. Ele pegou somente um cavalo e me fez montar montando atrás de mim e assim partimos.

— O que está fazendo Sebastian? O que aconteceu?

— Você aconteceu... Um imprevisto.

— Eu não fiz nada, achei o colar em uma loja, pertence a minha família, porque ficou irritado?

— Cala a boca Valentina.

Galopamos por quase uma hora até chegarmos a uma cabana.

— Por que me trouxe aqui?

— Pra cuidar de você.

— Você... Sebastian, você está me assustando...

— Você deveria ter se assustado a muito tempo comigo...

— Mas... E-eu achei... Achei que voc...

— Te amava? Que estávamos nos acertando e seriamos felizes para sempre? Juro??? Você é tão ingênua assim, tão inocente? – ele joga os braços para o alto e depois me pega pelo pulso me levando para dentro da casa – Porque eu não acredito que seja, não depois das ultimas noites que passamos juntos. – ele sussurra por fim assim que passamos pela porta.

— Jonathan? – disse uma voz masculina – Você está atrasado. Como sempre.

O homem surge a minha frente. Um olhar rígido e frio como gelo.

— Valentim...

— O que isso significa Jonathan? – ele pergunta olhando para Sebastian.

— Eu que pergunto pai... O que ela significa?

Ele então me encarou e eu me senti reprimir em meu próprio ser, me recolhendo para meu interior, para o local mais escuro e escondido em mim mesma, eu estava em pé, em frente a Valentim, olhando no olhos dele.

— Srta. Lovelace, que prazer em revê-la.