Wicked game.

O universo de um...espera,de dois!?


Tempo. Essa era a única coisa que ainda restará à Stephen Vincent Strange, em uma outra época isso teria sido ótimo e até um alívio já que sua vida costumava ser tão agitada. Agora, no entanto, de que serviria "tempo" em um universo morto?! Não é como se ele tivesse lugares para ir ou pessoas para conversar, sua única companhia era a minúscula dimensão compacta, que aprisionava Killmonger e Zola, que o mago prometerá manter sob sua vigilância. Fora isso, Doutor Strange não tinha ideia de como gastar seus infinitos dias, horas e minutos naquele imenso vazio, e Deus, não foi por falta de tentativas. O homem até recriará uma cópia perfeita do Sanctum Sanctorum de Nova York para que pudesse de alguma forma anestesiar quaisquer resquícios de solidão que ele viesse a sentir, e surpreendentemente aos poucos fora tornando-se quase insensível às suas necessidades humanas de socialização.

Talvez seja por isso que a presença de vida em sua própria dimensão compacta gigante, que um dia ele chamará de universo, o deixou completamente transtornado...chocado, para dizer o mínimo. Inicialmente o feiticeiro pensou ser algum movimento do Vigia, talvez necessitando de sua ajuda novamente? Não, era muito improvável, Vigia era inflexível sobre quebrar seu juramento de não interferir na ordem natural das coisas, poderia se considerar um milagre que ele o tivesse feito uma vez.

Stephen intrigado não demorou muito para encontrar a fonte de vida...era uma...mulher?! O mago ficou extremamente confuso e cauteloso, com sua magia era capaz de sentir que a mulher inconsciente não era uma ameaça ou pelo menos não tinha habilidades ofensivas que poderiam prejudicá-lo. Com cuidado, ele a levou para o Sanctum, era melhor tê-la por perto quando a desconhecida acordasse, ele tinha muitos questionamentos e ela o responderia quer fosse de boa vontade ou não.

Haviam muitas salas no Sanctum Sanctorum, já que ele era uma cópia do original, Stephen fez questão de deixá-lo idêntico nos mínimos detalhes que sua mente poderia se recordar. É claro que ele escolheu um dos muitos quartos no andar de cima para hospedar a mulher misteriosa. O quarto era simples e prático, com uma cama de solteiro, um guarda-roupa pequeno de duas portas, uma escrivaninha em frente a cama e um espelho minimalista e sem nenhum adorno diferente ou enfeitado. Strange achou que era adequado, quer dizer, não é como se ela fosse ficar ali e por favor, era melhor do que deixá-la dormir no chão.

Com sua magia envolvendo o corpo inconsciente, Strange a colocou sobre a cama, ele se recusava a tocar na mulher. Agora com calma, ele passou a observá-la mais detalhadamente...Ela parecia jovem, de certa forma, seus pensamentos chutavam uns 28 anos ou talvez uns 30 e poucos?! Não tinha certeza. Ele notou principalmente o rosto arredondado dela e a pele um tanto rosada, parecia uma pele macia... os cabelos dela estavam na altura dos ombros e tinham uma coloração em um preto azulado, claramente tingido muitas vezes, nariz pequeno e proporcional ao rosto e lábios igualmente pequenos.

Stephen avaliou em seguida as vestimentas da desconhecida, na esperança de que pudesse identificar alguma coisa sobre ela e sua possível origem. A mulher trajava uma camiseta branca de mangas estampada com algum tipo de espiral colorida, calças jeans preta com alguns rasgos pouco reveladores na região dos joelhos e em seus pés, um par de tênis terrivelmente coloridos que Strange evitou de olhar por muito tempo, pois a visão incomodava seus olhos.

Talvez tenha se passado alguns minutos ou horas, Stephen não saberia dizer, o tempo agora era irrelevante de se contabilizar naquele lugar, quando a desconhecida parecia estar despertando. O mago observou cauteloso a mulher franzir a testa e ainda de olhos fechados ir erguendo seu corpo até uma posição em que estivesse sentada com seu cabelo caindo sobre o rosto enquanto levava sua mão a cabeça e soltava um gemido de desconforto ou talvez dor.

— Ah, cara...Minha cabeça. — Ela esfregava a lateral de sua cabeça como se tentasse aliviar a dor. Eventualmente a mulher ainda sem identidade abriu os olhos e piscou algumas vezes de forma repetitiva, claramente se ajustando ao ambiente iluminado por algumas lâmpadas. Strange viu como a confusão tomava conta de toda a expressão da estranha e como seus olhos percorriam pelo quarto até alcançarem a presença do mago corrompido, fazendo-a tremer brevemente em um susto. E de alguma forma o olhar dela parecia reconhecê-lo...Aquilo tudo era tão inesperado e intrigante.

— Quem é você? E como chegou aqui? — Stephen indagou seriamente, havendo aquele ar ameaçador em seu tom de voz. Na verdade, a própria figura de Stephen era intimidadora, ele sabia disso, sua aparência tinha mudado muito, adquirido um aspecto mais sombrio e sinistro, um tanto perigoso, até seu olhar não era mais o mesmo e as olheiras também não ajudavam. A mulher se encolheu assustada, o que deixou Strange satisfeito. — Eu vou repetir só mais uma vez...Quem é você? E como chegou aqui?

— Meu nome é Dahlia...E-u não sei como cheguei aqui. — A mulher gaguejou nervosamente e a expressão de Stephen foi ganhando um aspecto ainda mais sombrio e sua magia envolveu o pescoço de Dahlia, como ela dizia se chamar. Ele não apertou o suficiente para matá-la, mas com certeza a deixaria desesperada.

— Eu quero a verdade...Como você invadiu esta dimensão?

— N-ão estou mentindo...Por favor...Do-utor Strange...— Ela tentava falar com dificuldade pela restrição em seu pescoço. Stephen ficou um pouco surpreso, "Então ela sabe quem eu sou. Interessante."

— E por que eu deveria acreditar em você? — Ele apertou um pouco mais as restrições ao redor do pescoço frágil da mulher que rapidamente arregalou os olhos em desespero tentando se libertar com as mãos inutilmente.

— P-or favor... — Stephen observou algumas lágrimas descerem pelo rosto de Dahlia e ela o fitava com pura súplica em seu olhar, normalmente esse tipo de coisa não afetava Strange, mas..."Ela não me apresenta ameaça alguma, matá-la não me seria útil em nada". Ele relutantemente a soltou das restrições mágicas e não se comoveu com as marcas formadas no pescoço da mulher que agora tossia violentamente e arfava tentando recuperar o fôlego. Sephen Strange a encarou intensamente como se fosse esmagá-la a qualquer momento.

— Agora você vai me contar exatamente tudo que se lembrar de antes de vir parar aqui...Cada detalhe.