Wicked game.

Teus olhos não me veem...


Dahlia normalmente não tinha problemas para lidar com América, pelo contrário, ela se dava muito bem com a adolescente e viajante multiversal. No entanto, hoje em particular, América estava em puro êxtase e isso graças as novas técnicas de magia que ela vinha treinando arduamente em Kamar-Taj para dominar.


Desde o incidente com Wanda Maximoff, Kamar-Taj havia se tornado o lar de América Chavez e com seu carisma, ela não demorou muito para conquistar a simpatia de todos os magos residentes. Dahlia conheceu a garota que abria portais multiversais, algumas semanas depois de todo o caos envolvendo a chegada da jovem.


E é claro que as duas rapidamente se aproximaram. Dahlia diria que elas tinham um espírito curioso e energético parecido, mesmo com uma grande diferença de idades. A feiticeira passou a ser uma espécie de mentora para América, ensinando-a na prática de magia, no controle de seus portais e até mesmo na adaptação ao mundo em que estavam.

— Vamos, Lia. Por favor, só mais uma vez. É a última, eu juro. — América ergueu a mão esquerda com os olhos suplicantes e ansiosos.


— América, por favor. Essa técnica é perigosa e você ainda não a dominou totalmente.


— Mais uma razão para eu praticar mais, não é? Você mesma quem disse que se eu me dedicasse, logo teria total controle.


Dahlia suspirou visivelmente cansada da insistência da garota, mas não era como se ela pudesse culpa-lá, todos em Kamar-Taj já haviam passado pela experiência de êxtase ao dominarem alguma técnica avançada.


— Aposto que essa empolgação toda é porque Stephen está vindo pra cá hoje. — A feiticeira sorriu notando o sutil rubor nas bochechas de América.


Não era nenhum segredo, para quem observasse bem, que a adolescente amava exibir tudo que aprendia para Stephen Strange quando ele a visitava, definitivamente o mago exercia uma certa imagem de figura paterna sobre ela.


E isso não era algo impressionante, na verdade, era um tanto previsível. Dahlia conhecia Stephen Vicent Strange tempo suficiente para saber que ele tinha um jeito de lidar com crianças, mesmo que alegasse veementemente que seria um péssimo pai e por isso nunca havia tido filhos.


— Eu nem lembrava que Stephen viria hoje, é você quem está dizendo. — América fingiu desinteresse e apenas deu de ombros.— Enfim, vamos treinar ou não? Aposto que eu posso te vencer com uma mão.


— Sua pirralha, é o que veremos.—
Dahlia e América riram juntas e caminharam para a área de treinamento, a céu aberto, de Kamar-Taj.


O local ainda estava em processo de reconstrução desde a batalha contra a Feiticeira Escarlate. "Precisamos reforçar a segurança" fora o que Wong disserá antes de começaram a organizar toda a destruição, agora haviam selos e feitiços de proteção em quase toda área de Kamar-Taj, Daliah tinha certeza que tudo isso havia se estendido aos Sanctum's Sanctorum's ao redor do mundo também e isso explicaria em partes a ausência maior das visitas de Stephen.

E por que ela reparava nas visitas do mago? Simples, América Chavez não era a única que sentia falta do Doutor Strange. Dahlia era um pouco mais sutil, ou pelo menos ela acreditava ser, mas a presença de Stephen era inebriante para a mulher. Ela se recordava de como eles haviam se conhecido pela primeira vez quando ele chegará completamente perdido e desesperado pela cura de suas mãos em Kamar-Taj.


Inicialmente Dahlia sentiu pena do homem quebrado que implorou para que a Anciã o aceitasse nas artes místicas. Depois que ele se juntou aos alunos, a mulher passou a observá-lo com curiosidade e aos poucos foi se aproximando através de pequenas interações diárias que foram transformando-se em conversas longas acompanhadas de um pouco de chá e sorrisos genuínos.


Mas não foi até Stephen salvar o mundo da destruição de Dormammu que Dahlia percebeu que seus sentimentos pelo mago talvez estivessem caminhando para algo além da amizade. A mulher demorou quase seis meses para admitir que estava oficialmente apaixonada pelo outrora neurocirurgião arrogante e mesmo assim, ela quase não fizera muitos movimentos para tornar seu amor conhecido nos próximos meses. Isso tudo porque no dia em que ela pretendia se declarar, Dahlia fora olhar a hora no relógio de pulso de Stephen que estava na escrivaninha de seu escritório, já que ele havia tirado para não danificar durante um experimento novo que iria testar, ela sentiu a gravação atrás do relógio, foi quando ela descobriu sobre...Christine Palmer.


A feiticeira realmente tentou controlar a sensação de ter o estômago revirando ou o coração acelerado de angústia. Claro que o homem por quem ela se apaixonará seria apaixonado por outra mulher, nunca tendo sorte no amor e não era agora que começaria a ter.


As coisas então tomaram outro rumo quando Thanos apareceu e dizimou metade do universo no processo. Dahlia e Stephen haviam sido blipados e depois disso foi quase natural que os dois se aproximassem sendo que ambos compreendiam os sentimentos um do outro e principalmente o desajuste que sentiam pela perca de cinco anos em suas vidas.


Obviamente isso não ajudou na redução dos sentimentos românticos de Dahlia, pelo contrário. E então América aconteceu e as esperanças da feiticeira foram aos poucos morrendo quanto mais a garota contava sobre a experiência dela e Stephen pelo multiverso, principalmente sobre a variante de Christine Palmer em outro universo. Ficou claro como água cristalina para a mulher..."Ele ainda a ama. Vai ser sempre ela."

— Eu vou começar agora, ok? — América ofereceu um sorriso fácil para Dahlia.


— Venha com tudo, Pirralha. — A mulher zombou com um sorriso desafiador.

As duas se enfretaram e Dahlia era extremamente cuidadosa para não machucar América. Começaram em um combate físico simples até escudos mágicos começaram a ser conjurados e tudo caminhava para apenas mais um treinamento comum até que América começou a ganhar confiança e Dahlia não tinha certeza de como aconteceu, mas a garota acabou abrindo um portal ao acertar um único soco na mulher e foi quando ela sentiu ser sugada pela energia aberta em formato de estrela.


— Lia!

O grito de América fora a última coisa que Dahlia ouviu antes de ser praticamente sugada pelo portal e suas vistas escurecerem completamente.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.