Billie Joe Pov

Me debrucei contra a parede e fechei os olhos. O que diabos aconteceu? O que eu estava pensando?

Por um segundo, deixei minha mente totalmente vazia e assim, tive um flashback. Hanna gritava comigo e tudo o que eu fazia era ignorar. Depois disso, eu fiz a pior coisa que poderia ter feito. Por que eu fiz isso? Por que eu não a convidei pra conversar ou qualquer merda naquele dia que nos encontramos na praça? Por que eu não conseguia ficar longe dela? Por que eu duvidava do seu ódio por mim? Eu realmente queria saber o que ela estava pensando agora. Será que seus pensamentos estão gritando tanto quanto os meus?

Eu respirei fundo e tentei me acalmar. Eu me lembro de quando a vi pela primeira vez na escola, no seu primeiro ano em Oakland. Hanna estava apavorada, caminhava pelos corredores como se estivesse perdida, parecendo tão inocente. E... linda. Em 4 anos, nunca pensei nela assim... por que isso me vem a mente agora? Eu nunca a tratei muito bem, digamos. E também, as coisas que os outros falam de mim a Hanna nunca foram muito legais. Mas, eu me apaixonei por ela. Eu não tenho coragem de dizer-la. E o pior de tudo, era que eu não conseguia admitir isso pra mim mesmo. É como se tivesse tornado impossível estar longe dela. Eu estraguei tudo, eu deveria ter confessado antes. Eu acho que tudo o que me resta é a memória de hoje. Hanna em meus braços. Eu pude sentir a sua respiração, e o gosto de seus lábios.

Agora o sonho acabou e estou de volta à realidade. De volta a esse mundo vazio, eu poderia muito bem morrer e ir para o inferno. Não pode ser pior do que conviver com esse erro.

Eu ainda estava debruçado na parede do banheiro do backstage, olhando para o chão. Mike me 'acordou' com gritos. "Cara, onde você estava esse tempo todo? Tínhamos que estar tocando há uma hora atrás! Droga!" "Desculpa, eu só... que se foda, vamos começar esse show." Provavelmente ia ser péssimo, pois não iria me concentrar, isso eu tinha certeza. Ela deve ter ido embora, seria uma distração a menos. Corri atrás de Mike e peguei Blue. Eu cantei e toquei a primeira música e realmente aquilo não estava saindo como eu queria. Mas, então, eu a vi. Ela ainda estava lá, no meio da multidão. Desde o segundo que eu a vi, não conseguia olhar para qualquer outro lugar, mesmo que eu tentasse. Era como se ela fosse a única pessoa assistindo. Era a única que eu realmente queria que me ouvisse. Eu olhava pro seus olhos, e sempre que acontecia, nossos olhares se encontravam. E Hanna não desviava. Nós basicamente nos encaramos a música inteira. O único problema era que eu não conseguia ver nada em seus olhos. O que estava sentindo?

Nós terminamos e voltamos ao backstage. Eu me atirei contra o sofá, ainda me sentindo um lixo total. "Bem, não foi totalmente ruim." Mike disse, sempre tentando ser otimista. "Cara, quem era aquela garota que você não tirava os olhos?" Tré sentou do meu lado e começou a me encarar, só pra provocar. "Ninguém do seu interesse, idiota. Eu realmente não quero conversar." Eu não estava no clima pra responder aquele interrogatório. "Tudo bem. Eu acho, só acho, que você deveria tentar conversar com ela" Eu revirei os olhos. "Obrigado pela ajuda, mas, não. A 'garota' me odeia e além disso, tem namorado." "Cerveja? Pode ser a resposta dos seus problemas." Mike ofereceu. Mas por incrível que pareça, álcool não era uma boa ideia agora. Provavelmente iria fazer eu me sentir pior. "Não, valeu Mike. Vou a pé pra casa. Pegue meu carro quando sairem, ok?" Mike parecia surpreso. "Claro, aonde você vai?" Ele sempre foi o único a se preocupar comigo e com Tré. O psiquiatra da casa em vários modos. "Eu não sei ainda. Mas não espere por mim. Não sei quando vou voltar."

Com isso, eu peguei minha guitarra e a coloquei nas costas, e então eu sai do Rod's. Eu não olhei pra trás, mas provavelmente Mike estava preocupado e Tré estava começando a ficar bebâdo. Agora eu só precisava ficar sozinho com meus próprios pensamentos por um tempo.