When I Saw You.

Aquele em que Sesshoumaru coloca tudo a perder.


— Eu não posso cantar na frente dessas pessoas todas, sua mãe me mata e já tem gente demais tentando fazer isso!

— Você nunca cantou essa música pra mim, é importante. – Digo manhoso tentando convence-la.

— E a de ontem? É tão mais significativa nesse momento Kouga! – Ela bate o pé revirando os olhos – Mas bem construída, tem mais haver com o que estamos passando. – Ela me encara duramente – Se quer uma homenagem, não tem musica melhor.

— Eu vou embora. – Ao me ouvir dizer ela desarma focando seu olhar no chão – Não me deixaria ter essa lembrança? Ou está com medo do Sesshoumaru?

Ela fecha os olhos dando um riso sem graça.

— Porque eu teria medo dele em cantar um pedido seu no seu aniversário? – A morena não me olha e isso me deixa desconfiado de que eu realmente tenha razão.

— Então você topa? Mas vai me desejar feliz aniversário direito. Não só cantar.

— Sim. – Kagome diz suspirando rendida.

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Kagome sobe ao palco acompanhada de Sango com um violão. Elas conversam com a banda e em seguida tomam o lugar dela.

Eu estou bem no centro da pista de dança esperando sua dedicatória mas ela começa a cantar, chamando a atenção de todos ao notarem uma convidada assumir o violão.

“ Ilusão imaginar você pra mim

Você jamais me olhou

Sequer pensou que meu olhar fosse de amor

Meu coração dispara sempre que te vê

Eu mal posso entender

Como é bom te querer

Como é que eu posso ter

Coragem pra falar dessa paixão

Pois sei que vou morrer

Se você disser não

Então fico a sonhar com teu olhar

E você dizendo sim

E o primeiro beijo de amor sem fim”

Sua voz ressoa docemente ao microfone e todos param para vê-la cantar. Ela me olha com um sorriso triste no rosto como se estivesse interpretando estar de coração de partido.

“ Te amo tanto e não sei mais

Como é que eu vou viver em paz

Se tudo que eu preciso

É respirar teu ar

Te amo tanto e sem querer

Mas sei que posso te perder

Pra alguém sem tanto amor

Mas sem temer falar

Ilusão ”

Só de pensar que ela escreveu isso pra mim eu me sinto um idiota completo. Tudo poderia ter sido diferente se eu não tivesse aquele medo idiota, se eu não tivesse sido um completo covarde.

— Kouga-kun, parabéns. Você merece tudo de melhor que possa existir nesse mundo. Nós amamos você e por favor, nunca nos esqueça. – A voz da minha melhor amiga sai embargada. Os convidados batem palmas, mas eu escuto como se estivesse bem longe daqui. Tudo que eu consigo focar é nas garotas no palco me olhando com intensidade.

— Bom, tem outra música não é Kagome-chan? – Sango diz a cutucando a morena.

— AH sim, vocês conhecem a música favorita do Kouga desde pequeno? – Ela diz divertida e eu vejo que vai se vingar de mim agora – Nos cantávamos o tempo todo quando éramos crianças e acho que seria divertido fazer ele passar essa vergonha agora . – Ela pisca pra mim enquanto o pianista começa a tocar as primeiras notas – Sango me ajuda! – Ela diz divertida e os convidados me olham curiosos.

Sango deixa o violão no canto do palco e desce junto com a Kagome que começa a cantar.

“ O presente já já é passado

E envelheço ao seu lado

Essa brisa vai soprar as nuvens para trás

Mas eu sei que certas coisas são iguais

E nada vai mudar

Como eu pego na sua mão

Isso vai durar

Você mora em meu coração

Como um muro antigo que segue em pé

Somos eu e você

Nada vai mudar

E eu prometo não te perder”

Elas param na minha frente com um microfone estendido pra mim, eu balanço a cabeça negando e minha amiga sorri me desafiando.

Olho em volta e vejo que todos estão nos encarando surpresos. Eu respiro fundo e pego o microfone cantando junto.

“ Eu vejo as folhas caindo

Parece até que o futuro vem vindo

Eu nunca fui um mestre em planejamento

E quase sempre estrago o momento

Eu reviro meus olhos cantando zombeteiro e elas riem. Eu puxo a mão da Kagome lhe dando um giro.

“ É, nada vai mudar

O que ela me faz sentir

Eu não vou negar

Com você eu sei como agir

Mas se eu tentar e me arriscar

Eu faço acontecer

Né?

Nada vai mudar

O meu futuro tá com você”

Parece que estamos sozinhos e zoando, como fazíamos como fazíamos como éramos crianças. O que diriam nossas pequenas versões ao ver essa cena.

Entrego o microfone para a Sango que pega sem graça.

“ O vento urge

Estou confusa

Quero a vida que eu tenho aqui

Eu tenho amigos

Não quero mais partir

Não congelo o tempo

Mas eu ainda sei me divertir

O presente já já é passado

E você envelhece ao meu lado”

Kagome a abraça enquanto cantamos os três juntos.

Nada vai mudar, não importa o que acontecer

E o que virar, é o futuro que vai dizer

E o que já passou e nos transformou

Não vamos esquecer

Nada vai mudar

E eu prometo não te perder

Prometo não te perder”

POV KAGOME

Uma lágrima escapa quando canto a ultima frase. Kouga me encarando com aqueles olhos azuis intensos, o abraço da minha melhor amiga.

Eu simplesmente não sei o que vou fazer sem eles aqui.

Kouga se aproxima abraçando nós duas e ouvimos os aplausos dos convidados chiques que devem ter achado a cena mega piegas.

— Obrigada, eu precisava disso também. – Kouga sussurra pra nós duas enquanto estamos abraçados.

— Nós sabíamos disso, idiota.

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Quando estou indo embora da festa passo novamente pela família Hasegawa para me despedir, pra variar, Sesshoumaru sumiu depois da música.

— Eu já estou indo, felicidades. – Faço um cumprimento em respeito a família do meu amigo e quando estou saindo pela porta principal ele vem correndo até mim me chamando.

— Kagome! – Quando eu me viro ele me abraça forte. Muito forte.

— Quando você vai? – Pergunto.

— Antes do festival de primavera. – Ele diz sem me soltar. Porque tão rápido? Não me atrevo a perguntar – Nossa vida inteira foi entre idas e vindas. – Ele me solta colocando uma coisa na minha mão e a mantendo fechada – Eu não sei o que o futuro nos reserva mas como eu já disse, ele nunca pertenceria a outra pessoa.

Eu sei que é o anel de sua avó sem nem olhar. Seguro o choro com todas as minhas forças, Kouga é minha alma gêmea, aquela com a qual eu nunca seria destinada a ficar.

— Eu te vejo amanhã. – Ele sorri docemente me dando um beijo na testa.

Eu fico vendo ele voltar pro salão com um aperto no peito. Como se fosse a ultima vez que eu o estivesse vendo.

— Sango – Minha amiga está encarando o telefone no estacionamento – Está tudo bem?

— O mesmo de sempre. Horaku, deixou papai sozinho – Ela aperta o espaço entre os olhos cansada.

— Você vai ter que ir.

Ela balança a cabeça concordando.

— Eu já estava preparada. – Nesse momento Miroku aparece em seu carro. Ele para bem na nossa frente – Trouxe o que eu pedi? – Ela diz amarrando o cabelo em um rabo de cavalo alto.

— Sim. Kagome-chan, está sozinha? – Ele olha em volta.

— Parece que sim. – Dou de ombros.

— Eu te dou uma carona. Entra aí.

— Não não, podem ir. Eu sei que é importante. Eu pego um táxi. – Sango coloca a mão sobre o meu ombro me chamando a atenção, preocupada com a hora, com certeza – Está tudo bem. Vão! – Eu a empurro para dentro do carro. E vou seguindo pela rua esperando por um taxi.

— Bu! – Alguém me empurra me desequilibrando e me fazendo me agarrar com a parede dando um berro – Quanta coragem Kagome.

Inuyasha diz zombeteiro e eu respiro um pouco aliviada.

— O que está fazendo aqui? – O encaro me abraçando subitamente arrepiada pelo frio.

— O que você fez pra irritar tanto o Sesshoumaru? – Eu engulo seco. Não pode ser que aquilo feriu seu grande ego.

Volto a andar ignorando sua pergunta.

— Pode voltar pra onde estava, esse perfume é bem reconhecível. – Queria poder falar puta conhecida sem me sentir culpada – Eu posso muito bem ir embora sozinha.

— Vamos lá, eu adorei vê-lo tão irritado, Kagura-sama estava tentando acalma-lo até! – O garoto diz rindo.

— Kagura?

— Eles são amigos, lembra disso né? – Ele passa a caminhar do meu lado mas com os braços cruzados atrás do pescoço – Vamos lá, eu vim até aqui pra saber.

— Porque mais você deixaria o grande amor da sua vida né? Quanta raiva você tem do seu irmão?! – Digo irritada por VÁRIOS motivos.

— Primeiro: Eu não tenho raiva de alguém insignificante, Segundo: Está com ciúmes de quem Kagome Higurashi? – Eu paro o olhando feio e acho que travo com tanta força que um dos meus saltos quebra me fazendo cair sentada – Não vai chorar né?

— Não! – Eu tiro os sapatos puta da vida e levanto deixando o vestido arrastar, tento levantar mais como ele é justo é muito difícil e fica ainda mais difícil andar. Paro encostando a testa na parede sinal de completa depressão – Não passa um taxi nessa merda de lugar! – Grito comigo mesma!

— Porque não me conta? – Ele encosta na parede ao meu lado olhando para o céu.

— Posso contar o que eu penso que foi, mas não é possível que tenha sido – O olho de lado e vejo que agora ele me encara com seus olhos dourados de gato – Hmm ... Kouga decidiu estudar, ele vai embora antes do festival e me pediu pra cantar uma música que eu fiz pra ele a anos atrás ... Eu comecei a cantar ele estava lá, eu terminei de cantar ele havia sumido. – Dou de ombros voltando a fitar a parede - É isso.

— Que música?

— Você não sabe, não estava na audição pro baile. Foi a mesma.

— O que?! Você fez aquela música pra ele?! - Inuyasha me olha boquiaberto – Eu nunca desconfiei disso, você já gostou daquele babaca?! – Ele diz chocado.

— É, parece que tenho um fraco por babacas! – Viro irritada o encarando – Como você sabe qual é a música?!

Ele não responde. Ficamos um momento nos encarando até ele se abaixar e levantar o meu vestido o máximo possível.

O garoto se abaixa na minha frente para eu subir em suas costas e eu fico o encarando novamente.

— Olha, eu não tenho a noite toda. - Ele me olha de lado emburrado e eu agarro seu pescoço e ele segura minhas pernas me carregando em suas costas – Agora eu sei porque seu salto quebrou, você engordou demais.

— INUYASHA, IMBECIL, IDIOTA, BABACA! – Eu aperto seu pescoço com força o sufocando e ele ri entre os sufocos.

Eu me sinto muito bem com ele. Isso nunca muda, eu paro de apertá-lo e apoio minha cabeça em seu ombro.

— Já que você está aceitando pedidos – Ele hesita – Tem uma musica que sempre fica me confundindo ...

— Hmm ... Como assim? – Digo o olhando de lado.

— Aquela música que você cantou no baile. – Ele mantem seu olhar virado na rua mas parece um pouco nervoso – Pode ...

'O amor que aos poucos se aproxima de mim, me preenche só pela metade.

Com o meu coração saltitante, eu observo você.

Os meus olhos, silenciosamente, te desejam.'

Eu canto baixinho em seu ouvido, um pouco até pausadamente. Quase como se fosse uma poesia.

'Mesmo que o seu outro 'eu' não diga,É possível que eu sinta, pelo fato de ser você?

Desde o começo eu estive te amando, e é só você o meu único desejo.

O seu toque em meus dedos é como flocos de neve me encharcando.'

O silencio da noite nos envolve. Inuyasha parece andar cada vez mais devagar.

'O seu cheiro derretendo na ponta do meu nariz, faz desabrochar o amor

E quando ele preencher você, você verá a mim repleta de brilho?

Espero que não me veja parcialmente.'

Chegamos ao portão da mansão mal assombrada. Mas ele não entra. Quer que eu continue?

Inuyasha me solta, se virando, olhando fixamente pra mim. Poucas vezes ele olhou assim pra mim.

'Só vejo você e o seu outro 'eu'.

Estou apaixonada por você.

Chegue um pouco mais perto.

Você ficará ao meu lado para sempre?Segure as minhas mãos.

Amo você.'

Ele me encara até os seguranças perceberem a nossa presença e abrir o portão.

— Obrigada, por me carregar até aqui. – Ele finalmente desvia seus olhos dourados de mim.

Eu sei que eu sempre disse que ele não me enxerga, mas o fato dele me enxergar, é muito assustador.

Estou saindo em direção ao casarão quando o escuto dizer.

— Eu já sabia que era você. O tempo todo era você. – Eu não me viro, apenas sigo e entro em casa.

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Sesshoumaru não fala comigo a uma semana. Eu montei o quarto a Rin praticamente sozinha, só falta pintar. Mas isso só vai acontecer quando ela chegar.

Já fui em duas visitas agendadas no calendário da Sra. Yamashi, sozinha. Não tenho mais desculpas, desse jeito, ela vai encrencar com a liberação.

Saio da escola e vou direto pra casa me arrumar. Vou passar no escritório dele, precisamos conversar.

Coloco uma calça Jeans rasgada e uma blusa de alça amarela com um detalhe de babados no lugar dos botões, completo com um allstar branco e e uma bag lateral prateada. Mantenho meu cabelo solto e ondulado, faço uma make leve e “saudável”.

Não vou me arrumar do jeito que ele quer. Foda-se se ficar com vergonha da garotinha que casou.

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— Oi – Falo com a secretaria perfeitinha e loirinha do Sesshoumaru – Sesshoumaru está na sala?

Ela nem mesmo levanta a cabeça pra me olhar.

— O Sr. Taisho saiu mais cedo. Não vai voltar mais hoje. – Ela diz seca.

Ótimo. Era tudo que eu precisava.

— Okaay. – Quando estou virando em direção ao elevador escuto vozes na sala do Sr. Iceberg – Com licença, tenho certeza que você não vai se importar. – Digo já passando pela secretaria.

— Srt. Espere! – Ela grita mas eu já estou abrindo a porta.

Uma mulher morena está sentada na mesa dele, pernas cruzas em cima da mesa enquanto ele está sentado em sua cadeira.

— Para, se você me sujar de sorvete eu derrubo essa tigela na sua cabeça. – Pela voz eu reconheço na hora. Sesshoumaru esta rindo apontando uma colher cheia de sorvete para a morena.

— Você sabe que eu adoro um desafio e grande parte dessa culpa é sua. – Ele se inclina na cadeira fazendo ela rir.

Eu pensei que ele odiasse se sujar.

— Kagura-sempai. – Murmuro e ela se vira pra mim um tanto surpresa.

— Kagome-chan! – Minha antiga instrutora apenas vira de lado pra que possa me ver – Ta calor, quer sorvete? – Ela oferece sua própria tigela.

— Obrigada – Nego com um gesto de cabeça, me aproximo da mesa me mantendo o mais firme possível – Você faltou em duas visitas com a Sra. Yamashi.

— Eu andei ocupado. – Seus olhos amarelos me olham friamente – Você não ia passar uns dias na casa dos seus pais?

Kagura belisca ele com força.

— Ta expulsando a garota? – Ela murmura zombeteira – Relaxa Kagome, ele sempre foi assim, maturidade zero. – Ela me olha com pena.

Em cima da mesa dele eu vejo uma copia do nosso contrato de casamento. Ele percebe que eu notei e tenta pegar mais eu pego primeiro.

— Tudo bem.– Tiro o cordão com a aliança e coloco em cima da mesa e volto para o casarão para pegar as minhas coisas, levo o contrato comigo.

Não vou deixar ele brincar com os sentimentos da Rin por capricho. Vou adota-la com ou sem ele.

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Pego apenas o necessário, ao abrir o arquivo vejo que é o original, não uma copia. Nele também está toda papelada sobre a Rin, já assinada. Ou seja, eu só tenho que tira-la de lá.

Ligo para o Kouga. Mas ele não atende. Na verdade, ele me está me evitando já tem uns dias tambem. Homens e suas TPM'S.

Vou até o quarto do Inuyasha. Bato na porta até ele abrir pra mim.

— Preciso da sua ajuda.

— O que houve? - Ele me olha preocupado ao notar as mochilas.

— Nada demais. Pode me levar em um lugar? - Ele concorda com um gesto de cabeça.

POV INUYASHA

— Kagome, isso é loucura. - Já saímos da cidade e estamos indo em direção ao orfanato.

— Inuyasha, você não entende? Essa menininha vai sofrer tanto por culpa de um capricho do babaca do seu irmão! - A garota diz irritada - Eu não vou deixar ele causar um estrago desses na vida dela. Depois eu tiro o nome dele da certidão.

— Meio irmão. - Acelero para chegarmos o mais rápido possível.

— Ele quer o divorcio. Tudo bem, eu fico com ela, depois, tiro o nome dele da certidão. - Ela se encosta na janela como um cachorro faria. Esta magoada.

Eu vou dar um soco na cara daquele imbecil quando isso acabar.

— Se ele quebrar o contrato perde muita coisa. Não vai pedir o divorcio.

— Por isso, eu vou pedir. - Por um instante eu a olho diretamente - Vamos lá, temos que enrolar a Sra. Yamashi.