When I Saw You.

Aquele em que Julieta morre.


Sra. Yamashi está encarando meu balançar de pernas a dez minutos.

— Pode me dar uma resposta? Vou ter um treco aqui. – Ela respira fundo cruzando as mãos sobre a mesa.

— Srt. Higurashi, naquele dia eu pensei que estava errada. Que havia algo entre vocês, e agora sei que era verdade.

— Você estava certa em tudo. A vida deles é complicada e eu não vou mentir. Quando tudo acabar eu vou estar lá por ela. Ao contrário do Sesshoumaru eu tive uma família, tenho uma família que vai amar e cuidar da Rin comigo. – A mulher coloca a mão sobre a minha, mas precisamente sobre o anel de noivado que eu não devolvi porque pensei que iria precisar para buscar a menina – Por favor, já estou com os papéis assinados.

Ela parece pensar em por um instante.

— Kagome, a Rin tem uma ligação com o Sesshoumaru, não com você. Não acha que ela deveria saber que vai viver com você e não com os dois?

— Ela me disse que ele conta tudo pra ela, já sabia que iríamos ter um casamento arranjado. – A velha senhora me encara diretamente – Eu acho que vou sofrer mais do que ela não é?

— Eu vou busca-la.

Ela sai da sala me deixando em um conflito interno. Ela tem razão. Eles queriam ser uma família, eu era só o meio de conseguir isso.

Pensando bem, Kagura pode fazer isso agora.

— Kagome!

A menina corre pela porta pulando em cima de mim. Eu me apeguei a ela sem nem a conhece-la.

— Vocês vieram me buscar? Onde está o Sr. Sesshoumaru? – Ela me fita com seus olhos escuros cheio de esperança e eu respiro fundo.

— Rin, você sabe de tudo não é? Sobre o casamento ... – Ela balança a cabeça concordando – Então, eu estou com os papeis assinados para a sua adoção mas, Sesshoumaru e eu, vamos nos separar um dia. Você ficaria bem vivendo comigo?

— Porque eu teria que escolher?

— Porque lá você ficaria sozinha naquele casarão mal assombrado, comigo, teria a minha família.

Ela se afasta, sentando na cadeira ao meu lado.

— Não podemos falar disso quando chegar a hora?

— A separação pode ser muito, muito em breve. Você ficaria comigo e eu sei o quanto você gosta dele. – Ela sorri suavemente.

— Não é que eu goste dele mais do que gosto de você, ele me salvou entende? – Ela coloca a mão sobre o meu braço – Vocês brigaram, mas vão se acertar. Tenho certeza que não vou precisar escolher.

— Eu já vou morar na minha casa Rin, eu vou consultar um advogado. Mas eu queria te tirar daqui, queria te dar uma vida lá fora, uma família ... Você o conhece melhor que eu mas ...

— Ele gosta de você. Eu sei, eu tenho certeza.

Nesse momento a senhora Yamashi entra junto com o Sesshoumaru.

— Rin. – Ele a chama e ela corre como um bichinho o abraçando – Eu preciso falar com a Kagome.

— Venha. – A Sra. Yamashi carrega a menina emburrada para fora da sala fechando a porta.

— O que você veio fazer aqui? – Ele pergunta ainda parado ao lado da porta.

Eu levanto, tiro o anel de noivado e me viro entregando para ele.

— Adeus. – Digo colocando o anel no bolso de sua camisa branca desalinhada. Paro tempo demais o analisando porque ele me segura sem me olhar.

— Devia ter me dito que vinha aqui.

— EU DISSE! ME SOLTA OU EU VOU GRITAR. – Tento me desvencilhar mas ele me segura firme, sua camisa está suja de sorvete. Subitamente eu perco a paciência e piso com toda força em seu pé o forçando a se afastar de mim.

— Você é maluca! – Ele me diz perplexo.

— E você não gosta de se sujar não é? – Sesshoumaru me olha tentando entender o que eu disse.

Eu e minha boca, porque disse isso?!!!!!!!

Saio correndo da sala. Quando saio do prédio vejo a Kagura esperando Sesshoumaru encostada no carro dele. Por um instante penso em falar com ela.

— Calma Kagome-chan, você e meio desastrada, pode cair desse jeito. – Paro no meio da escada voltando e indo ate ela.

Ofegante de irritação.

— Kagura. – Ela me encara com sua pele pálida e seus olhos alaranjados. Eu não vejo maldade ou qualquer outra coisa ...

A cheia de amargura aqui sou eu.

— Você adotaria uma criança? – Pergunto pra ela que sorri levemente pensativa.

— Talvez, quem sabe um dia.

POV INUYASHA

Ao parar na porta da casa da Kagome ela pega apenas uma mochila e sai.

— Ei! Você esqueceu uma! – Corro atras dela com a outra, ela foi direto para os fundos.

A casa está completamente no escuro.

— Kagome ... – Ela já está sentada aos pés da arvore sagrada. Sento ao lado dela que me olha emburrada.

— Essa é da Rin. Leva de volta pro seu irmão.

— Desistiu de adota-la? – Eu me encosto na arvore, assim lhe dou privacidade mas a garota vem e deita em meu colo – Você ... quer que eu chame alguém?

Ela balança a cabeça negando. É estranho vê-la quietinha.

— Parece que vamos nos ver bem menos daqui pra frente, Romeu. – Seu cabelo negro esta espalhado pela minha perna e na luz do fim da tarde seus olhos ficam cor de mel – Essa arvore, ela nos purifica sabia? – Kagome fita o balançar das folhas – Eu me sinto tranquila aqui. Você não?

Me sinto. Me sinto sim.

POV SESSHOUMARU

Rin torce minha orelha como se eu tivesse a mesa idade que ela.

— Ai garota, quer parar?! – Eu me abaixo pra ficar mais próximo e diminuir a dor – Vocês duas são identicas!

— O que fez pra Kagome-chan? Quem é essa ai fora? – A garotinha me interroga como se fosse policial.

— Eu não fiz nada. – Estreito meus olhos a encarando.

— Ela está magoada! Vá resolver isso. Eu sei que você está apaixonado por ela onii-chan.

— Você se acha muito esperta. – Aperto o nariz dela a fazendo rir – Aquela garota é maluca. – Se declarou pra outro na frente de um monte de gente. Respiro fundo apertando o espaço entre os olhos.

— E você gosta dela, não dessa ai fora! Estou decepcionada Sempai. – Ela me solta sentando com carinha de triste. Em seu cabelo está a presilha da Kagome.

“Adeus.”

Sua voz não tremeu ou hesitou. Ela está decidida. Isso é sentir medo?

—-

— Sesshoumaru, pra onde está indo? – Kagura pergunta quando pego o caminho da casa dela – Pensei que íamos jantar.

— Eu preciso conversar com a Kagome. Acho que ela falou sério com a parte do divorcio.

— E eu pensei que era o que você queria. – A voz da morena se torna mais séria. E sinto sua mão no meu bolso da camisa.

Ela tira o anel de noivado.

— O que está fazendo? – Pergunto a olhando atravessado.

— Deixa ela pedir o divorcio. – Ela guarda o anel no bolso da própria calça quando eu estaciono na frente da sua casa.

— Me devolve. – Eu estendo a mão pra ela que a segura suavemente – Kagura ... – Ela me puxa para um beijo e eu fico sem reação, totalmente surpreso e hipnotizados por seus olhos vermelhos.

— O que tínhamos era real, lembra? – Ela me encara intensamente.

— Kagura, você foi embora. A decisão foi sua. – Eu engulo seco a empurrando para sua cadeira. – Me devolva o anel.

— Eu te conheço melhor do que qualquer pessoa nesse mundo. Eu não vou pedir desculpas por ir embora, eu tive que ir, mas não foi porque eu quis ... - Ela sai do carro batendo a porta. Agora eu tenho duas mulheres irritadas comigo.

Argh.

Quando eu chego na casa da Kagome, vejo que está tudo escuro.

— Ela ainda não chegou? - O carro do Inuyasha está estacionado bem na frente. O que me faz parar na frente fechando o dele o proposito – O que ele ainda está fazendo ai?

Saio do carro já entrando portão.

Dou a volta na casa e quando chego na arvore sagrada encontro Inuyasha sentado e a garota deitada no colo dele. Ele percebe a minha presença instantaneamente.

Eu dou um passo em direção a eles e o Inuyasha balança a cabeça negativamente.

— O que? – Quando me aproximo vejo que ela chorando.

Inuyasha suspira irritado, por minha causa provavelmente.

— Kagome. Levanta, precisa levantar ... – Ela olha meio sonolenta e se vira ao me ver.

— Inuyasha, vai no meu carro. – Meu meio irmão ajuda a garota a se levantar e me olha feio.

— Porque?

— Você não precisa ir embora. – Ela diz pro garoto irritado que a surpreende dando um beijo em sua testa – Inuyasha ...

Eu tenho ciumes deles ainda mais agora. Como se aproximaram tanto?

— Eu vou esperar lá fora. Precisam definir o que seja que vocês tem. – O moleque diz, ao passar por mim ele para por um instante – Não diga que eu não te dei uma chance.

Maldito.

Maldito!

Engulo seco tentando manter meu auto controle. Esse desgraçado está me desafiando.

— O que foi Sesshoumaru? 2° roud? – A garota cruza os braços encostando na grande arvore.

Ela parece cansada. Esgotada na verdade.

— Porque está aqui?

— Aqui é a minha casa.

— Não é mais. – Eu tiro do bolso sua aliança. Me aproximo o suficiente para entrega-la mas ela nem se mexe.

— Não se preocupe, eu sei que pra você tem muito mais em jogo. Quem vai dar entrada em tudo sou eu. – Ela se esforça pra sorrir pra mim. Parece estar com dor – A Kagura, ela sempre me pareceu legal, fico feliz que esteja feliz.

— Kagome, está dizendo tolices.

— Você poderia uma vez, me deixar falar? – Ela escorrega, sentando no chão – Você é um idiota. Idiota. Muito idiota, combinamos em ser verdadeiros um com o outro, se você gosta de Kagura-sempai era só ter ... me dito. Eu teria, eu teria, ido embora. – Ela parece adormecer – Não precisava me ... maltratar. – Eu corro até ela e vejo que está pegando fogo. Ela se encolhe na minha frente, desmaiando – Idiota. Doi, porque eu gosto de você.

Eu a pego no colo e a levo pra casa.

—-

— Isso é culpa sua. – Inuyasha está parado na minha porta.

— Me acuse do que quer e vá embora.

— Eu sempre soube que a estava usando, mas ela decidiu pedir o divorcio. Não a impeça, isso não vai te fazer perder nada nesse maldito contrato! – Ele está cada vez mais perto da minha cama.

— O que você tem a ver com isso?

— Eu não vou deixar você brincar com a Kagome. - Ele cresceu bastante. Esta me lembrando nosso pai. Eu não consigo conter um riso. – O que é? Não acredita em mim! – Ele se aproxima com os punhos cerrados.

— Eu acredito e não vou brincar com ela. Vou casar com ela e adotar uma criança. – Inuyasha me olha surpreso – Estou apaixonado pela Kagome e agora que sei que ela gosta de mim, não vou desistir dela.

Meu meio irmão parece nocauteado. Isso faz bem demais pro meu Ego. Não consigo tirar um sorriso idiota do meu rosto.

POV KOUGA

— Você não vai vê-la? – Sango me diz pela milésima vez esperando a chamada do meu voo.

— Não posso. Você deveria entender mais do que qualquer outra! – Digo cansado.

— Sango, isso é perda de tempo – Escuto Miroku dizer impaciente – Apenas deixe ele ir.

Ela me encara fixamente.

— Ele não quer ir. – O garoto me olha de lado, sério ao ouvir a namorada dizer que eu não quero ir embora para Londres.

— Mas precisa ir. – Ele vem até mim ficando entre nós. Miroku nunca me olhou dessa forma, como se eu fosse um completo imbecil – Vai logo. E não olha pra trás.

Eu o conheço o suficiente para entender que ele a está protegendo. É a segunda vez que estou magoando a garota por quem ele é apaixonado. Não posso julgar.

Eu apenas dou um soquinho em seu ombro o empurrando levemente. Me aproximo da minha amiga que me olha incrédula.

— Me desculpe. Eu preciso ir, cuide dela. Eu amo vocês. – Seus olhos escuros estão fixos nos meus. Sango me abraça forte – Diz pra mim que ela vai entender. Como você.

— Quem disse que eu entendo? – Ela murmura em meu ouvido e me abraça apertado ao ouvirmos a chamada do meu voo.

POV SANGO

— Como você está? – Kagome está deitada, quieta – Eu sei que não devia ter dito, mas ...

— Se eu te dizer que prefiro saber que ele está longe, vai me achar uma pessoa horrível? – Kagome me olha e percebo que está muito triste.

Muito mesmo.

— Você quer que ele esteja seguro.

— Quero que vocês estejam seguros! Quero que vá pra longe também, mas Sango, você é minha melhor amiga, a única pessoa que eu posso confiar. O que eu vou fazer sem vocês dois?

— Eu não vou embora. Eu sou durona, sabe disso. – Eu a cutuco e ela revira na cama.

— Eu te odeio e quero que vá embora.

— Não vai funcionar. Nem começa. O festival de outono é em 15 dias. Você precisa melhorar Julieta/Guarda da Rainha! – Digo fazendo cocegas na garota que faz bico tentando segurar a risada. Ela ainda está quente – Seria bom ir em um medico.

— É só um resfriado, logo estou ótima! – Ela pisca se agarrando ao meu braço como um gato.

POV KAGOME

*15 DIAS DEPOIS – BAILE DE OUTONO*

“ JULIETA:

— Oh! Romeu, bebeste todo líquido desde frasco e não deixaste nada para acalentar minha dor. Vou beijar esses lábios, é possível que algum veneno ainda se ache neles, para me dar alento e dar a morte.

Beijo levemente os lábios do garoto por um instante e ao abrir os olhos tem lágrimas neles. Seus olhos dourados me encaram fixamente.

— Ainda estão quentes. – Logo escuto o barulho de um uns guardas vindos e tudo que avisto é um punhal em sua cintura - Ouço barulho. Preciso andar depressa. Oh! sê bem-vindo, punhal.Tua bainha é aqui. Repousa ai bem quieto e deixa-me morrer. Eu irei te encontrar meu amor. “

Enfio o punhal com todo afinco em meu peito sentindo uma dor lacerante. Minha respiração para e minha visão embaça me fazendo cair sobre o meu parceiro.

— Kagome? – Eu o escuto dizer bem de longe – Kagome?

— O punhal ... – As palavras saem pausadas e eu tento puxar o ar com força mas minha visão escurece por completo.

POV INUYASHA

— Não não não não não, você não pode morrer, não pode. – Eu grito chamando ajuda. Seu vestido verde começa a escurecer envolta do peito, sua boca começa a sangrar e quando ela perde a consciência eu estou gritando feito um louco.

A cortina fecha e eu escuto os aplausos lá fora.

— LIGUEM PRA EMERGÊNCIA! ELA VAI MORRER! SANGO! MIROKU! – A seguro suavemente tentando movê-la o mínimo possível – Kagome, você não vai morrer ... – As lágrimas caem conforme eu vejo o sangue tomar conta de sua roupa. Arranco o punhal o jogando longe.

- Meu Deus! – Sango chega em choque ao meu lado com a fantasia pela metade. Ela está no telefone chamando a ambulância.

Todos da equipe de apoio se aproximam e nos encaram chocados. Como o meu punhal foi trocado? Eu passo a mão pelo rosto pálido da garota desfalecida em meus braços. Minha camisa branca absorveu boa parte de seu sangue.

— Inuyasha. – Sango se abaixa hesitante segurando a mão da garota, sentindo seu pulso ou pelo visto a ausência dele.

Em seguida ela segura minha mão com força.

— Não pode ser. - Eu a abraço involuntariamente, vendo que está cada vez mais pálida - Kagome ... Não ...

Sango chora compulsivamente.

— NÃO! NÃO ... - Sango cobre a boca com as mãos.

Tudo que eu consigo perceber escutar é o som das sirenes da ambulância fora do auditório.