Aquele do baile.

— Eu estou sendo ingrata ou eles estão abusando do poder sobre mim? - Digo para vovó Kaede que está prendendo a parte de trás do meu vestido de gala.

— Sinceramente, eu não sei Kagome-chan. Acredito que tudo que acontece, tem um motivo ... O Sesshoumaru, pode te surpreender - A velha senhora me entrega um par de luvas brancas que vão alem dos cotovelos.

— Eu acho que nem você acredita nisso - Dou de ombros enquanto coloco as luvas.

O vestido é lindo, em um tecido que lembra veludo azul escuro. O modelo tomara que caia é justo no busto e se adapta as minhas poucas curvas. Um véu completa a parte de trás do vestido, quase como uma capa feita em Glitter azul e prata, lembra um céu cheio de estrelas. Meu cabelo preso em um coque alto me dá um ar sofisticado. A maquiagem bem feita me faz parecer mais velha.

— Kagome-chan, você parece até mais velha. - Ela dá um sorriso doce.

— Isso é um elogio? - Dou um riso sem graça.

— Com certeza é um elogio menina! - Ela dá um tapinha no meu ombro - Parece muito com a sua mãe.

— Está faltando alguma coisa ... Hmmm - Vou até meu porta joias e procuro um cordão que combine com meus brincos de pedras azuis.

Toc Toc Toc, escutamos alguém bater na porta.

— Quem é vovó Kaede? - Ao me virar me surpreendo ao vê-lo, Sesshoumaru está vestindo um smoking preto perfeito, seu cabelo sedoso solto realça ainda mais a pele alva e os olhos amarelo-dourado. Ficamos em silencio uns segundo - O que quer aqui?

— Eu vim trazer isso. - Ele desvia os olhos dourados ao deixar uma caixa em cima da penteadeira - Estou te esperando lá embaixo - Ele sai pela porta sem dirigir um olhar a mim e eu suspiro. Quando a velha senhora se aproxima de mim com a caixa, posso entender o que esta pensando.

— Não, definitivamente não. Não é o que você está pensando. - Reviro o olhos bufando.

— Eu não disse nada - Ela da de ombros e eu pego a caixa de veludo de sua mão, ao abrir vejo uma gargantilha de brilhantes - Acho que era o que faltava. - Ela coloca no meu pescoço e eu tenho que concordar, realmente era o que faltava.

Coloco um sobretudo de pele artificial preto e respiro fundo descendo a escada sabendo que ele estaria me esperando.

— Você está linda - Sua expressão não muda absolutamente nada e eu prendo um riso e acabo tossindo.

Ao entrarmos no carro ele me entrega uma caixinha bem parecida com aquela que eu tinha em meu quarto no dia da chuva, que por sinal desapareceu desde aquele dia.

— Fiquei sabendo que seu anel foi roubado. - Pego e abro a caixinha, esse anel é realmente bonito. Base em ouro branco com três pedras compondo, um diamante central lapidado brilhante, com duas pedras circulares rosa claro nas laterais. Colocar esse anel é assumir mesmo esse compromisso - Você precisa usa-lo Srt. Higurashi.

— Não combina, com os brincos. - Fecho a caixinha e a ponho na minha bolsa clutch.

— Você sabe que é nosso noivado. Esse evento, é pra oficializar. - Eu dirijo meu olhar pra ele que mantem os olhos na tela do celular.

— E eu tenho que parecer a noiva mais feliz do mundo? Com você? - Não dá pra esconder a amargura.

— Não. Só preciso que coloque o anel. - Ele finalmente me fita com sua expressão seria de sempre - Ou terei que fazer uma cena e te pedir em casamento na frente de todas essas pessoas. - Ele sai do carro, vejo-o dando a volta e abrindo a minha porta, ao me estender a mão ele sussurra - A escolha é sua.

PQP. Eu pego o anel e o coloco, jogando a caixinha no chão do carro com força total pra tentar demostrar a minha raiva. Pego a mão dele com sangue nos olhos mas um belo sorriso no rosto para satisfazer os flashes. Ele solta minha mão assim que eu saio do carro, isso me surpreende. Ele também não queria isso, com certeza. Respiro fundo e entro no salão. Assim que entramos o fabuloso Sesshoumaru some. Isso mesmo, some. Olho uma vez, ele está lá. Olho de novo e não está mais.

— O que é esse cara? - Penso em voz alta. Vejo uma escada imensa na minha frente e olho pro meu salto fino - Ai ai. Vamos nessa.

Ao chegar no topo da escada tiro meu sobretudo e entrego na chapelaria. Ao olhar pra baixo vejo Inuyasha ao pé da escada, seus olhos estão fixos em mim mas, tem alguma coisa diferente... A forma como me olha ... Ele me confundiu com a Kikyou? Nesse momento Kikyou aparece o abraçando por trás, roubando sua atenção de mim. Balanço a cabeça tentando me livrar desses pensamentos e me dirijo a porta de entrada do salão. Entro sozinha mesmo, com a cabeça erguida. Pra minha surpresa meu noivo já está lá para me receber.

— Você está linda. - Ele me diz ao segurar minha mão e depositar um leve beijo sobre ela me fazendo corar instantaneamente.

— Obrigada - Murmuro bem baixinho - Preciso beber alguma coisa, com licença. - Corro o mais rápido possível para o banheiro.

— Ta tudo bem? - Escuto a voz da Sango ao entrar no banheiro. Eu apenas respiro fundo tentando me acalmar - Amiga, você está vermelha demais - A morena ri e eu dou um tapa em seu braço - Ta, calma calma!

— Não quero mais fazer isso Sango! Não quero! - Prendo o choro e ela me abraça.

— Eu sei, eu sei - Seco algumas lagrimas fujonas com a luva sem me importar em suja-las com a maquiagem - Ta vazio, entra - Escuto Sango dizer e ao sentir seu perfume minhas lagrimas caem como chuva. Meu melhor amigo me envolve em um abraço carinhoso sem dizer uma palavra - Eu vou buscar um copo com água, já volto.

— Eu não posso ficar aqui - Kouga sussurra.

— Entrem em um box, ela não está em condições de sair daqui agora - Ela nos empurra para um box e fecha a porta - Vou bater três vezes quando voltar!

Kouga me segura até eu conseguir parar de chorar. Quando eu me afasto ele acaricia meu rosto, seus olhos muito azuis fixos nos meus.

— Se eu pudesse, eu faria qualquer coisa pra te ajudar.

— Eu sei disso. Obrigada por estar comigo aqui, trancafiado em um box com uma garota emocionalmente desequilibrada. - Dou um riso sem graça.

— Não importa onde estamos, mas sim, que estamos juntos. Não é? - Ele da um riso triste colocando uma mecha fujona de meu cabelo atras da minha orelha.

Eu o abraço novamente, enterrando meu rosto em seu peito., tendo uns segundos de paz até escutamos as batidas na porta. Nos afastamos para abrir a porta. Escutamos um click e quando eu olho quem é meus segundos de paz, acabam.

— Ora, ora, ora - Kikyou sorri com o celular na mão.

— Kikyou! O que você está fazendo?! - O moreno diz saindo do box a encarando.

— Eu?! Vocês que deviam tomar vergonha na cara. Esse é o seu noivado Kagome, como pode estar trancada em um banheiro com outro homem?! - O deboche em suas palavras me enche de raiva - E você Kouga?! Seus pais ficariam tão decepcionados. Talvez nem te deixem cursar a faculdade fora do país como havia programado! - O QUE?! Acho que meu coração acabou de partir mais um pouco.

— Vai lá, conta pra todo mundo. Foi pra isso que tirou essa foto não é?! - Eu a encaro sem me importar com a maquiagem borrada ou como pareço estar, me aproximo dela como um caçador de uma presa - O que está esperando?!

— Não - Seus olhos azuis encaram os meus castanhos - Essa foto, vai ser usada quando você menos esperar. - Ela sai rebolando e jogando aquele cabelo chapado de um lado pro outro. Ao ver meu reflexo no espelho fico me assusto comigo mesma.

— Kagome, eu ia te contar ... Nada está definido ainda! Eu só ... - Pego um lenço e vou limpando toda maquiagem borrada sem dizer nada - Kagome... - Ele me puxa pelo braço, me fazendo encara-lo.

— Acho melhor você sair daqui. Obrigada por me ajudar, de verdade - Seguro minhas lágrimas com toda minha força - Eu nunca quis te prejudicar. Eu amo você, demais.

Ele apenas me fita. Pela sua expressão parece que eu acabei de lhe dar um soco na boca do estomago.

— Desculpa a demora, eu fiquei presa com aquele gostoso amigo do ... - Sango diminui seu ritmo conforme se aproxima de nós - O que aconteceu aqui?

— Nada. - Kouga sai do banheiro sem dizer mais nada.

— O que - Eu a corto.

— Você sabia que ele estava indo pra fora do país cursar a faculdade? - Ela me entrega um copo com água.

— Ah ... isso. - Ela engole seco - Kagome-chan, eu não podia contar. Espero que você entenda.

— Sim, eu entendo. Obrigada por me ajudar. - Termino de limpar a maquiagem e saio do banheiro, eu me sinto quebrada. Se alguém pudesse ouvir meus pensamentos, saberia que eu estou gritando aqui dentro.

O resto da noite permaneço ao lado dos meus pais, aceito os cumprimentos dos convidados sozinha. Os pais do Kouga se aproximam de mim com um sorriso de um canto a outro, ele vem logo atras como se estivesse com medo de mim.

— Kagome, ficamos muito felizes por você! O Sr. Taisho é parceiro a anos de nossa empresa, desejamos toda felicidade do mundo a vocês dois! - Por mais que eles estejam sorrindo, seus olhos não expressam nada. São azuis como o do Kouga, mas parecem gelo sabe? Não sinto nenhuma emoção.

— Obrigada. - Meu pai me corta.

— Ficamos sabendo do noivado do Kouga, quanta coincidência! - Meu pai dá um gole em seu Whisky e um sorriso debochado. A Sra. Hasegawa franze a testa antes de responder.

— Sim, muita coincidência. - Kouga se aproxima de mim e sussurra em meu ouvido "Quer fugir daqui?" , vejo Inuyasha passando e vou até leve e o arrasto

para a pista de dança.

— Você é louca - A musica é lenta, então levo meus braços ao seu pescoço enquanto o garoto permanece me segurando pela cintura.

— Eu não vou nem discordar de você - Ele ri, e eu acabo rindo também. Quando Kouga some do meu campo de visão eu me despeço - Pronto. Obrigada e até mais - Ele não me solta - O que?

— A música não acabou. - Seus olhos amarelos oscilam entre preto e dourado.

— Se a Kikyou ver, você vai apanhar.

— Eu não, você que me arrastou até aqui - Ele pisca pra mim e eu rio de novo, mesmo com vontade de chorar.

—-

— Chega de bailes! Por favor! - Grito para o vovô - Onde você estava?

— Eu não lhe devo satisfação, sem mim, você nem existiria - Ele ri e eu o abraço - Bela gargantilha.

— É do Sesshoumaru. Vou jogar fora.

— Se não a quer, devolva!

— Vovô, to cansada de chorar ... - Encaro seus olhos castanhos como uma criança.

— Então levanta a cabeça. O que mais querem ver é você chorar.

— Porque não resolveram casar a Kikyou e o Inuyasha? Eles são namorados! - Sento ao seu lado no sofá.

— Sesshoumaru vai ser o responsável pela empresa, Kikyou namora o irmão dele, ela não foi uma opção.

— É. Na unica vez da vida que ela não é uma opção, eu me lasco da mesma forma. Que felicidade! - Dou um riso sem graça.

— Minha menina, você é tão formidável ... Mas acredita tão pouco em si mesma. - As palavras dele me apunhalam como uma faca. Já está mais do que na hora de mudar isso.