When I Saw You.

Aquele da loja de lingerie.


POV KAGOME

Sabe de uma coisa? Não vou pra casa. Não to afim de encarar mais um sermão, a essa hora, o Sesshoumaru já deve ter contado para meu pai. Já que o anel de noivado sumiu de novo.

Encaro minha mão sem o anel.

— Quem era aquele cara? – Penso alto – Vou assistir um filme. Isso me ajuda na maioria das vezes – Digo pra mim mesma e rumo para o Shopping.

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Compro pipoca e refrigerante e sento bem no meio da sala praticamente vazia, escolhi um filme aleatoriamente e o da vez foi um suspense. Tem alguém sentado bem atrás de mim, mas não me viro. Com certeza, minha paranóia cresce a cada dia.

Desligo o celular e foco no filme, tomo alguns sustos e rio de algumas cenas afinal, esse tipo de filme sempre me fez rir. Definitivamente saio do cinema me sentindo melhor.

Quando estou na fila para comprar um milkshake vejo um cabelo platinado familiar ao me virar, ele tenta disfarçar mas está lá.

Saio da fila e entro em uma loja de roupas, compro uma saia xadrez preto e vermelha e uma blusa branca básica, meias até o joelho pretas e um coturno pra finalizar. Compro ate uma mochilinha preta diferente. Saio da loja outra, deixo meu cabelo solto que agora está com ondas bem marcadas.

— Vou ver agora se você está me seguindo seu idiota! – Digo pra mim mesma.

Sigo andando pelo shopping, tentando ver se ele está me seguindo e nada. Dou duas voltas no shopping e nada então decido tomar meu milkshake, quando estou esperando ser feito vejo de relance o garoto pelo espelho, agora de óculos escuro fingindo falar no celular. Não agüento, pego meu milkshake e vou até ele.

— Vem cá, porque você ta me seguindo? - Pergunto irritada.

— Ninguém te contou? Eu virei seu segurança - Ele diz e parece insatisfeito com isso e fico mais irritada ainda.

— Não é possível, porque eu precisaria de segurança? – Quero jogar essa bebida nele – E logo você? Please.

— Sesshoumaru! – Ele parece pensar - Ele queria ter alguma certeza de que estaria segura. - Ele diz cruzando os braços.

— Você acha que sou muito idiota né? O que vai ganhar com isso? – Puxo seus óculos escuros que não me deixavam ver sua reação.

— Olha garota, se você não fosse tão idiota e ficasse fazendo besteira a cada passo isso aqui – Ele aponta pra nos dois – Não estaria acontecendo! Você é uma mimada inconsequente que se coloca em perigo constantemente! Nem percebeu que roubaram sua aliança, DE NOVO – Ele praticamente grita a ultima parte chamando a atenção pra nós dois.

— Coitado do Sesshoumaru, vai ter que gastar comigo de novo mandando fazer outra anel imbecil que mais parece um ringue de patinação para ratos! – Grito com ele já perdendo toda minha paciência – Vou ligar agora para o seu irmão e acabar com isso! – Pego meu celular o ligando.
— Espera! – Inuyasha pega o meu celular da minha mão – Eu meio que ainda não disse pra ele que aceitei, esse ... trabalho. – Ele desvia os olhos apertando meu celular.

— Trabalho? Se eu não me engano você me disse várias vezes que sou trabalho do seu irmão, não seu! – Tento pegar meu celular mas o garoto levanta o braço e me faz ficar pulando igual uma idiota tentando pegar - Inuyasha, você quer é me irritar!!!! – Arggggh!

— Também! – Ele dá um sorriso que manda toda minha raiva embora em segundos.

— Eu te odeio. - Mostro a língua pra ele que começa a rir.

— Eu te odeio mais, acredite. – Ele revira os olhos – Olha, isso é só um ... teste. Não sei se posso fazer isso, você me irrita demais sendo tão idiota – Ele me encara com seus olhos dourados.

— Então ta, vamos ver se aguenta cuidar de uma mimada inconsequente. – Dou um sorriso desafiador.

Tento fazer as compras como sempre mas a presença a do Inuyasha me irrita a cada passo, me faz eu me sentir muito desconfortável. Ele parece uma sombra me seguindo onde eu vou. Por fim, decisão entrar em uma loja de lingeries, ele não vai aguentar isso. Inuyasha hesita ainda na porta da loja.

— Ue, algum problema ? - Digo provocante mente.

— Te espero aqui. - Ele afirma voltando a me entregar meu celular.

— Mas e se eu fugir? Ou acontecer alguma coisa? – Mordo o canto do meu lábio inferior.

— Confio em você. - Ele desvia o olhar.

— Confia em mim ou acha que posso te constranger? - Ele não responde então eu continuo - Entra ou eu ligo pro Sesshu-kun e digo queesta aqui e me largou sozinha, que estou apavorada e acho que estou passando mal porque me sinto desprotegida - Coloco minha mao na testa e finjo ficar tonta.

— Você não presta Kagome Higurashi. - Ele diz e posso sentir a raiva na sua voz. Entramos na loja e eu começo a procurar uns modelos de lingerie completo. Pego alguns e vou pro provador.

— Você não vai vir ? - Digo dando um sorriso debochado – Pode ser divertido. – Até aonde tenho que ir pra espantar esse cara?

— Engraçadinha. - Ele revira os olhos.

— Não achou nada pra Kikyou ?!

— Acho que nada aqui faz o tipo dela.

— Verdade, essa loja não e pra piranhas como ela. - Não dou tempo pra ver a reação dele, vou direto pro provador mas, antes de entrar escuto ele dizer “ Talvez para piranhas como você. “

Por um minuto eu fico quieta com meus olhos fechados com força, tentando fingir que isso é um pesadelo. Eu só tomo péssimas decisões. Socorro!

Ao pegar meu celular, vejo mensagens da Sango e ligações do Kouga. E uma do Sesshoumaru. Oi? Esqueci completamente dele.

Quando experimento o primeiro conjunto uma vendedora bate na porta.

— Oi - digo segurando minha blusa na frente.

— Eu trouxe um modelo que vi seu namorado interessado - Ela da um risinho e me estende um conjunto de espartilho e meias 7/8 branco. Não penso duas vezes. Ele não acha que sou uma piranha? Vai ver a piranha que eu sou então. Coloco o conjunto e peço pra vendedora chamá-lo. Dou uma última olhada no espelho antes de abrir a cortina, meu cabelo está com as ondas bem marcadas e agora um pouco bagunçado, estou quase sem maquiagem e a cor branca da lingerie me faz parecer mais nova do que sou. Eu diria que não estou nem um pouco sexy, vermelho seria mais “hot”. Dou de ombros e espero a vendedora o trazer.

— Ele está aqui - A morena pisca pra mim. E eu abro a cortina de uma vez. Os olhos dourados dele passaram por todo meu corpo, ele tenta dizer algo mas pensa duas vezes antes.

— O que acha? Meu amor - Dou uma voltinha demorada - Se você gostou, eu levo - Me aproximo dele o suficiente para sentir sua respiração - Só pra v-o-c-ê! My Love - Posso ver confusão em seu olhar, confusão e raiva. Ele está ficando vermelho como um pimentão pouco a pouco.

— Vou deixar-los a sós um instante. - A vendedora sai e Inuyasha finalmente diz algo.

— Ficaria muito melhor na Kikyou - Como eu não me abalo ele mantém os olhos nos meus - Você nunca será como ela. N-u-n-c-a! Por mais que tente e eu nunca, vou te achar interessante Kagome.

Isso me magoa. Porque me magoa? Isso não era pra atrair-lo e sim, afastá-lo. Parece que ele que não entendeu nada.

— Porque você acha que eu quero te seduzir Inuyasha? Não ta se achando demais fofo? – Faço biquinho dando uns passos pra trás – E só pra constar, eu NUNCA vou querer ser como ela e muito menos ter o que ela não quer mais. Só pra você ficar ciente – Levanto as mãos em sinal de rendição.

Compro os conjuntos que eu tinha escolhido e saio da loja, já estou cheia de bolsas. Melhor ir pra casa. Inuyasha me deixa em casa, não fala nem mais um pio depois da cena na loja de lingerie.

— Desistiu certo? – Digo antes de sair. Ele não me responde então eu entendo como um sim.

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Abro a porta de casa e já dou de cara com meus pais.

— O que houve? – Pergunto pra eles que me encaram.

— Como pode não nos contar que roubaram seu anel de novo? – Eles me dizem juntos.

— Eu ia dizer, só fui fazer umas comprinhas, ver um filme ... me distrair.

— Vou colocar uns seguranças com você filha, é melhor. – Meu pai diz já pegando o celular.

— Não! Por favor, vai chamar muita atenção papai. Não, por favor. – Estou praticamente implorando pra ele quando Sesshoumaru surge da sala de estar.

— Está tudo bem, eu já providenciei. O Inuyasha vai cuidar da srt. Higurashi. – Ele diz sério. Seu cabelo está trançado de lado e suas roupas não são social. Isso é estranho pra mim.

— Aquele garoto não pode proteger minha filha! – Meu pai dispara pra ele que o encara friamente.

— Inuyasha é ótimo em varias artes marcial, tem um senso muito bom para estranhos e sei que posso confiar totalmente nele. Fora que não vai chamar atenção já que os dois freqüentam o mesmo colégio e estão sempre juntos. – Que mentira! Bufo revirando os olhos.

Não digo nada. Sesshoumaru se aproxima de mim e pega minhas bolsas.

— Vou ajudá-la a subir. – Eu só concordo com um aceno de cabeça. Minha mãe me dá um beijinho na bochecha antes que eu possa subir e sussurra em meu ouvido: “Deixe a porta aberta”.

Ao entrarmos ele fecha a porta do quarto, vai até a cama e deixa as bolsas. Quando estou indo abrir a porta ele segura meu braço.

— Precisamos conversar, sério. – Lembro do beijo e automaticamente fico quente de vergonha e solto meu braço.

— O que foi? – Fico a um metro de distancia dele.

— Quem estava com você ontem? Consegue se lembrar? – Suspiro aliviada.

— Não, mas era alguém que te conhece. Ele me disse que você soube escolher uma mulher. – Dou de ombros.

Sesshoumaru respira fundo.

— Seu anel sumiu de novo e vou te contar, ele era falso – O que??! - Eu queria saber se não foi um acidente da primeira vez.

— Eu não me importo. Pode ser falso, tanto faz. – Mentira. Estou indignada pelo fato de ser falso, poderia ser uma pedra que não fosse valiosa. Mas ainda assim real.

— O Anel da família Taisho é feito com uma pedra rara e especial Kagome, ela não pode ser perdida. Não me leve a mal, eu não posso te entregar sem saber que estará bem cuidada. – Eu apenas o encaro.

— Nosso casamento não é de verdade. Não seria certo me entregar algo de valor sentimental certo? – Me sento na cama.

— Isso não importa. O primeiro a casar tem que estar com o anel. Então ele irá ser seu, pelo menos por um tempo. – Ele senta na poltrona ao lado da cama e me encara – Você precisa ser mais cuidadosa, tem muita gente que não gosta de mim e vai querer me atingir através de você. Não posso estar preocupado com você 24 horas por dia, então Inuyasha estará sempre por perto.

— Como se você ligasse pra mim né? grande Sesshoumaru-sama. – Dou um sorriso fraco o encarando.

— Isso não importa, prometi que cuidaria de você para o seu pai. – Ele tira outro anel do bolso. Esse é menor que o outro com apenas uma pedra central cor de rosa, envolta é cravejado do que parece ser diamantes – Esse não é falso, são diamantes. Mas não é o oficial ainda.

Encaro o anel. É muito bonito, no tamanho certo. Delicado.

— Cuide dele, é importante pra mim – Ele coloca em meu dedo e eu não consigo olhar em seus olhos – Poderia fazer isso?

Eu balanço a cabeça afirmando. Os dois não ligam pra mim, estou realmente ferrada. Antes eu não ligava para o que o Sesshoumaru falava ou como falava, mas dessa vez parece machucar ... Eu sou só um joguete.

— Isso é uma isca pra você pegar quem está te roubando ou para se assegurar que não sou eu que estou perdendo de propósito? – Murmuro as palavras com a coragem que me resta.

— Você está perdendo de propósito? – Ele pergunta.

— Não. Deveria, mas não.

— Então você não é uma isca. – Levanto minha cabeça o encarando – Acredite em mim e eu acredito em você – Cuide dele e pare de agir como uma tola como fez ontem a noite.

Ai. Respiro fundo.

— Você alguma vez tentou pensar em como estou? Você acha que eu quero te acompanhar como um bibelô pra todo lado com cara de paisagem? – Eu fixo meus olhos escuros nos seus – Eu tenho 17 anos e estou sendo obrigada a jogar anos da minha vida fora por causa de um acordo de vocês! O mínimo que você tinha que fazer era ser atencioso e gentil comigo, porque você teve uma escolha e eu não.

Nenhuma mudança em seu semblante. NENHUMA. Eu rio e continuo.

— É esperar demais de alguém como você. Esqueça. Vou fazer meu papel. E quando eu quiser dar uma de mimada inconseqüente vou garantir estar bem longe de você e da sua família! Agora saia daqui!

Ele levanta e da uns passos antes de se voltar pra mim.

— Não foi escolha minha também, eu estou apenas fazendo o que tenho que fazer.

— Claro que foi, você poderia não se casar ou então escolher outra pessoa. Você é mais velho, faz o que quer. Aposto que hoje não foi trabalhar e sinceramente? Não me importa. Só, vá embora. – E eu queria que ele entendesse que esse embora, é embora da minha vida.

Ele sai sem nem olhar pra mim e eu me sinto miserável por me importar com isso. Não é como se eu gostasse dele, mas a forma como estou sendo usada está começando a me afetar. Eu nem sei mais quem eu sou, eles me ofendem tanto que fica difícil saber se a verdade é deles ou minha.

Mando uma mensagem para o Kouga. Preciso vê-lo.