When I Saw You.

Aquele com a promessa dela & o acordo dele.


POV SESSHOUMARU

Kagome está vermelha demais e eu não consigo segurar uma risada.

— Eu achei que você não tinha senso de humor. – Ela diz emburrada.

— Só porque estou rindo não estou falando sério?

— Você não ri, pelo que eu sei. – Eu respiro fundo me recostando na poltrona.

— Hmm – Isso talvez seja verdade. A morena pega a caixa do celular e abre o tirando.

— Que bom que causar o meu constrangimento te faz feliz, vai ter uns anos pra rir as minhas custas. – Ela diz tentando ligar o aparelho.

— 6 anos pra ser exato.

Kagome volta sua atenção pra mim. Por alguns segundos ela parece prender a respiração, está tentando ver de qual forma me magoaria menos perguntando o que esta pensando.

— Está pronto, quando quiser olhar ... – Levanto a encarando – Eu sei que é um momento delicado e não precisamos fazer isso agora ...

Subitamente ela parece mais pálida e sua respiração acelera. Parece estar tendo um ataque de panico.

— Kagome, se acalme. Está tudo bem. – Ela me olha com seus olhos escuros arregalados e eu a seguro pelos ombros – Não tem pressa ... Respire.

— É por isso que mudou comigo? Está com pena de mim? – Ela diz com seus olhos fixos nos meus.

— Vamos fazer mais um acordo.

— Qual?

— Você vai parar de se menosprezar. – Ela começa a tossir compulsivamente e quando estou apertando o botão para chamar a enfermeira ela segura meu pulso.

— Menosprezar? – Agora ela parece furiosa.

— Não estou com pena de você, estou tentando deixar as coisas mais leves. – Dou de ombros me afastando.

— Não precisa! – Kagome levanta da cama – Eu sei que não é um casamento de verdade. E que você não é acostumado a interagir com pessoas como “eu”. – Ela faz aspas com os dedos para enfatizar – Pra você, isso não vai mudar praticamente nada. Eu quero que seja sincero comigo.

Eu não digo nada e ela hesita em continuar. Consigo ver que está com medo da minha reação.

— O que eu te falei, não era tão brincadeira. Eu não sou idiota, você vai ficar casado com uma mulher que nunca vê, é obvio que vai ter outras e talvez até te ofenda a forma que estou falando mas eu sei que estou sendo usada e você obrigado a tomar essa decisão ... Eu posso ser infantil ou mimada como você acha, mas acho que o que vai tornar isso mais “leve” é sermos amigos.

— Você quer que eu te conte quando estiver com uma mulher? É isso? – A olho incrédulo – Srt. Higurashi, você tem uma ideia errada de mim.

— A questão é, eu não quero ser feita de idiota. Serão 6 anos da minha vida e teremos a Rin, eu não vou abrir mão dela totalmente quando nos divorciarmos então você me verá sempre porque a decisão foi NOSSA em adotá-la!– Ela suspira pesadamente balançando a cabeça – Talvez eu não esteja me expressando direito.

— Você quer tenhamos um vinculo emocional estruturado. Como acha que não será romanticamente, uma amizade.

— Meu Deus! Eu falei tanto e você resumiu em duas frases! - Ela dá um sorriso desesperado.

— Você é peculiar. Estranhamente eu me sinto a vontade ao seu lado.

— Peculiar? Eu sou estranha. Okaay, vai ser difícil assim. - Ela revira os olhos cruzando os braços em defesa.

— Diferente, especial. Como uma margarida em meio ao mar de rosas. Você se destaca srt. Higurashi. – Sua postura relaxa mas ainda parece desconfortável – Eu te deixo desconfortável e não julgo porque, como você disse, minha vida não vai mudar em nada. Entanto a sua, já mudou.

— Eu to cansada, no geral. Eu quero confiar em você.

— Você quer confiar em alguém, está desesperada e eu sou a única pessoa que consegue enxergar. Mas isso é temporário, essa cegueira facial foi por conta do acidente.

— Você não quer ser meu amigo. Eu já esperava isso, vamos só, continuar com o que temos que fazer então. – Seus olhos fixam o chão como criança repreendida.

— Eu gostaria que você me ajudasse a criar a Rin. Eu me sinto responsável por ela, é como se fosse minha filha e acho que você seria uma ótima influencia pra ela em alguns pontos.

— Como assim em alguns pontos? – Ela estreita os olhos emburrada.

— Você é determinada, espirituosa e divertida. Consegue passar segurança para as pessoas com uma facilidade incrível. É carinhosa, atenciosa ... Porém não é muito inteligente e consegue passar de amorosa a agressiva em menos de um minuto, então temos controvérsias ai que temos que trabalhar.

Eu penso que ela vai me bater mais começa a rir.

— Quando eu disse menosprezar, eu quis dizer que deveria ter mais fé em si mesma. Como eu disse, é peculiar a seu modo. Eu não tinha a intenção nenhuma de me aproximar de você, na verdade. – A morena se aproxima me mostrando o dedo mindinho – O que?

— A verdade. – Ela diz e eu fito seu dedo estendido pra mim – Você desperta minha curiosidade. Não sou apenas eu a ter uma personalidade contraditória.

Enrolo meu dedo no dela me sentindo um completo idiota. Ela está gelada, por isso está tão pálida.

— Pra mim é uma promessa. Pra você um acordo, já que é um homem de palavra. – Ela murmura me encarando e como eu já pensava antes, ela não parece agir com alguém que tem a sua idade.

A porta abre e a amiga dela entra correndo.

— Kagome! Ele acordou ... – A garota está chorando alegremente e Kagome me olha dando um sorriso aliviada. No mesmo instante ela ganha toda cor que pareceu sumir esses 2 dias.

POV KAGOME

Entro no quarto do Kouga, tem mais três pessoas aqui.

— Sr. E Sra Hasegawa. – Sango diz fazendo um leve cumprimento – Ayame. – Tenho certeza que ela diz os nomes pra mim – Kouga ... – Ela começa a choramingar indo até ele na cama.

— Ai, pra quê isso? Estou bem, só precisava dormir. – Ele diz zombeteiro e ao ouvir sua voz meu coração transborda um mix de emoções e eu coloco a mão na boca evitando chorar alto – Sango, sua amiga parece não estar muito bem ...

Eu o olho fixamente e consigo ver seu rosto. Não tenho certeza se consigo enxergá-lo ou se ele está gravado em minha mente. Olho em volta e vejo que consigo ver o rosto de todos nitidamente.

— Para de brincadeira, você já fez ela sofrer demais. – Sango diz entre soluços – Venha cá! – Ela me chama e eu me aproximo.

— Eu deveria conhecer você? – Ele diz confuso e seus olhos azuis me dizem que ele não está mentindo. Me sinto gelada e minha mão começa a suar.

— Espera, você não me reconhece? – Digo o encarando.

— Não. – Ayame tenta esconder um sorriso e isso me deixa irritada.

— Kouga, você lembra de todos aqui – Sango diz o observando com atenção – Menos da Kagome ... ?

— Ela causou seu acidente. – A sra. Hasegawa diz – Não é ninguém importante.

— Isso é – Eu seguro o pulso da Sango e ela entende.

— Fico feliz que esteja bem. – Tento manter a minha voz o mais estável possível – Eu sinto muito. – Mantenho minha postura mas as lágrimas caem em cascata – Com licença.

Saio do quarto cambaleando. Sango tenta me acompanhar mais o Kouga não a deixa sair a segurando pelo braço.

— Não vá. – Eu o escuto dizer para minha amiga que fica dividida sem saber o que fazer. Eu a olho pela janela balançando a cabeça concordando com ele para que fique e volto para o meu quarto bem devagar, consigo enxergar todos. Como isso é possível de uma hora pra outra?

Assim que eu entro Sesshoumaru me olha preocupado.

— O que houve?! – Ele está sentado na poltrona lendo, eu acho que cambaleio porque ele joga o livro de lado se levantando em sobressalto – Kagome! – Tudo está girando e minha cabeça dói.

— É a segunda vez hoje que você diz o meu nome ... – É o que consigo dizer antes de apagar completamente.

POV INUYASHA

— O QUE? – Digo para Sango no corredor do hospital mais alto do que pensei já que todos me olham atravessado.

— Ele não lembra dela. – A morena fala com pesar – O que é estranho, porque lembra de todo mundo! – Ela levanta as mãos confusa.

— Tem que ter uma explicação. – Miroku diz pensativo e eu entro no quarto desse idiota sem bater.

— É ai amigo, como você está? – Dou meu melhor sorriso e a namoradinha dele me olha com a cara de besta de sempre.

— Porque está me chamando de amigo? – Kouga diz me olhando cético.

— Ha! de mim você lembra? – Digo irritado e Miroku chega colocando a mão em meu ombro.

— Inuyasha ... – Ele diz em tom de reprovação e eu o olho feio.

— Não, talvez ele precise ser atropelado de novo. Posso fazer isso! – Sango belisca meu braço com uma força absurda para uma mulher me fazendo gemer de dor.

— Porque não tenta, Inuyasha. – Kouga diz tentando se levantar mas Ayame o segura. Ele não me chamou de cãozinho.

— Não liga pra ele, só está tentando te provocar como sempre. – Ela diz carinhosamente e ele sorri pra ela como costumava sorrir pra Kagome.

— Ah por favor! – Eu digo pra Sango que olha preocupada de seu amigo pra mim – É serio isso? Qual era o motivo de nos provocarmos Kouga? – Eu pergunto e ele parece não ter uma resposta. Ele não lembra o motivo.

— Você sempre foi um babaca Inuyasha e babacas não precisam de um motivo. – A ruiva levanta irritada e eu dou um sorriso desafiador a olhando atentamente.

— Você é uma fuinha garota, não quer que ele se lembre dela não é? Se sente ameaçada. – Pelo modo como me olha, se ela pudesse me matar aqui e agora, talvez fizesse.

— Se falar assim com ela de novo, eu acabo com você. – Kouga diz já sentado na cama e Sango bate no ombro do Miroku que me arrasta quarto afora pelo braço.

— Você vai dizer que isso é normal? – Eu me solto bruscamente.

— Ameaça-lo na frente daquela garota vai te fazer um alvo. – Ele diz sério.

— Então você também acha que isso foi coisa dela. – Cerro meus punhos com força – Eu vou matar essa garota.

— Vamos investigar e conseguir provas.

— Sesshoumaru deve saber alguma coisa, eu o vi conversando com o assistente dele ontem no telefone. – Digo pensativo – Ele deve estar aqui.

Vamos até o quarto da Kagome.

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Kagome dorme profundamente. Está tomando soro e suas batidas cardíacas estão abaixo de 60.

— Como ela ficou assim? – Digo para meu meio irmão em pé ao meu lado.

— Dias sem comer, cansaço excessivo e uma concussão devido ao acidente.

— O que descobriu sobre o carro ? – Digo sem rodeios.

— Eu já estou resolvendo, fique fora disso. – Sua voz soa baixa – Perdeu a sua chance de ajudar quando a deixou sozinha para ser atropelada.

— Não me provoque. Eu acho que sei quem pode ter feito isso, se ela não fosse importante pra mim, eu não estaria aqui do seu lado desde ontem a noite a esperando acordar! – Uso todo meu auto controle para não levantar a voz.

Sesshoumaru se vira saindo quarto e eu o acompanho a contra-gosto.

— Você deveria estar na escola. Se quer sair com a desculpa de estudar fora com a sua namorada. – Ele diz apertando o espaço entre os olhos. Eu nunca o vi tão cansado como agora. Definitivamente, algo está acontecendo com ele.

— E você no trabalho. Desde quando se preocupa tanto com a Kagome?

— Eu identifiquei o motorista do carro naquela noite. O que você sabe? – Ele me encara retomando sua postura habitual e mudando de assunto.

— Era uma garota do meu colégio, Ayame ... – Olho fixamente pra ele que balança a cabeça dando um riso cansado.

— Não, era o motorista da mãe dele. Jakotsu.

— Então foi ela que mandou. Estava com ciúme do relacionamento entre o namorado e a Kagome.

— Porque acha isso?

— Ela manipulou as lembranças dele desde que acordou. Nem sequer a menciona, está nítido que é isso! – Ele para pensativo.

— Qual é o nome dessa garota? - Sesshoumaru pega o celular e imagino que está colocando alguém pra caçar informações.

— Ayame Watabbe. Eu vou encontrar o motorista e faze-lo falar!

— Calma vingador, você sabe quem é a família dela? – Ele me olha de lado indicando a placa do hospital – Tudo tem que ser feito por baixo dos panos.

— Essa fuinha desgraçada. – Murmuro irritado.

— Ela não deve estar sozinha nessa. Fique fora disso. Se eu precisar, falo com você. – Ele abre a porta e antes de entrar se vira pra mim – Kagome, vai morar comigo em alguns dias. Fique longe dela. – Ele diz e eu escuto o barulho da porta se fechando atrás dele.

Ela vai morar lá também. Qual é a razão?

— “Fique longe dela” ? – Imito sua voz bufando – Há, como se ele mandasse em mim.

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— Imaginei que você não tinha comido nada desde ontem. – Miroku senta ao meu lado no refeitório do hospital.

— Fiquei a noite toda esperando ela acordar e até agora, nada. – Digo comendo o mais rápido que consigo – Falou com Sango? Sobre a Ayame. Ela conhece bem aquela garota estranha.

— Eu tentei. Quase não consegui vê-la hoje no colégio. Ela está por aqui ou deve vir ainda hoje. Disse que ia passar na casa do Kouga e tentar achar algumas coisas que ativassem a memória dele.

— Ele lembra de tudo que aconteceu? – Pergunto lembrando da conversa que tivemos antes de eu sair do colégio.

— Aparentemente não. Não sabe como entrou na frente do carro ou o por que entrou. O que é estranho, é que ele se lembra de todos. É como se só as memórias sobre a Kagome tivessem sido apagadas. Como isso é possível? – Ele diz pensativo – Será que ...

Ele levanta em um salto colocando as mãos sobre a mesa falando baixo.

— Esse hospital é da família da Ayame certo? – Ele dá aquele sorriso convencido como se tivesse descoberto alguma coisa – Tenho uma possível teoria do que possa estar acontecendo.

POV SANGO

Entro no quarto do Kouga e vejo que foi recém arrumado. Na mesa de estudos tinha um porta retrato com três fotos em sequencia dele com a Kagome quando eram crianças, e uma nossa do primeiro ano. Todas sumiram. Estão tentando apaga-la da vida dele.

Vejo que trocaram alguns moveis também. Na ultima vez que eu estive aqui, ele me disse onde deixava algumas coisas importantes. Entro embaixo da mesa e rosqueio a tubulação de saída de ar.

— Ainda está aqui ... – Pego tudo,. As cartas, os desenhos, uma pequena caixinha de música, um ursinho de pelúcia que parece ter sido feito a mão bem velho e um caixa de papel com um colar dentro. Guardo tudo dentro da mochila. Devolvo a armação pro lugar e vou até o piano pegando as músicas rascunhadas.

A ultima que está incompleta é a mesma que ele estava escrevendo na noite que vim aqui.

— Essa música, era para Kagome. – No canto da página tem um K ao lado de um sol desenhado. Qualquer pessoa que visse acharia que é de seu próprio nome, mas aquele sol – Sunshine.