When I Saw You.

Aquele com a mudança.


POV KAGOME

— O que você quer? – Eu a olho por um instante antes de voltar os olhos para o piano na minha frente.

— Kagome-san. – Ayame diz me fazendo querer vomitar.

Eu apenas me levanto e tento sair da sala de música, ao passar por ela, sinto sua mão em meu braço.

— Me escute.

— Eu não quero ter mais nada a ver com você. Não quero falar com você e muito menos escutar suas desculpas doentias pra fazer o que fez. – Eu me mantenho de costas pra ruiva que aperta meu braço me puxando para dentro da sala, fechando a porta. Ficando entre mim e a porta.

— Eu só posso dizer que sinto muito. – Ela me encara com seus olhos verdes expressivos.

Eu sempre gostei da Ayame. Sempre a acolhi mesmo meus amigos não gostando dela. Eles tinham razão no fim das contas.

Noto que o anel da avó dele está em seu dedo. Ele pegou as coisas na árvore sagrada e lhe deu o anel.

— Você conseguiu o que queria. Porque lamentar? – Murmuro baixinho.

— Seja lá o que eu tenha hoje, não é ele. Não é o meu Kouga.

Eu tento entender o que ela está dizendo.

— Olha, ele mudou. Aquele acidente não foi culpa minha e sim sua! – Ela me afronta e eu nunca quis pular no pescoço de outra pessoa que não fosse a Kikyou até hoje.

— Nossa, antes você sentia muito, agora me acusa? Você fez ele mudar, você e a mãe manipularam sua mente e o fizeram me esquecer. Isso é bizarro. Eu nunca imaginei que você faria algo assim Ayame.

A garota me olha irritada.

— Eu sei que eu errei. Mas eu o amo e ele só tem olhos pra você! – Ela praticamente grita – Eu vi uma oportunidade e aproveitei, não estou dizendo que estou certa mas fiz o que pude para consertar o erro que cometi. Eu não sou idiota.

— Como você pode dizer que ama alguém e faz isso?

— Não venha me dizer que quando se ama alguém você o liberta Kagome, eu sempre te achei sonsa mas agora, queremos a mesma coisa. – Como eu nunca vi esse lado dela?

— Resolva você a bagunça que criou. E na próxima vez que disser que a culpa daquele acidente foi minha, vai sentir o peso da minha mão no seu rostinho sua vadia invejosa.

Chega de ser boazinha.

— Kouga era meu melhor amigo, ele me amava sim, porque eu fazia parte de sua vida e o enxergava como ele era. Se conhecesse 1% dele saberia como ele se comporta quando se sente acuado.

— Então e isso. Você vai deixá-lo do jeito que está?

Eu respiro fundo tentando manter a minha voz o mais calma possível.

— Ayame, não tem nada que eu possa fazer. Você o queria, você me queria fora da vida dele. Você conseguiu tudo. Eu me enganei com você de uma forma absurda, te considerava outra pessoa.

Puxo a porta com força para tirar a ruiva da passagem.

— Aqueles sentimentos quando você gosta de alguém, são sinceros e confusos. Você não pode desistir mesmo que queira, É assim que funciona! - Ela grita para que eu ouça - Eu lamento muito por ele ter acontecido da forma que aconteceu, mas não me arrependo de ter agarrado a minha chance.

Eu volto pra minha sala com a minha cabeça fervilhando. Ontem o Kouga me disse que não queria mas fazer parte da minha vida. Eu não posso fazer nada, eu sei como ele se comporta quando está machucado mas mesmo se eu for tentar conforta-lo vou ser chutada para escanteio.

Paro na porta olhando para ele sentado na carteira ao lado da minha olhando para a janela em seu próprio mundo.

— O que eu faço? O que eu faço? – Digo pra mim mesma.

— Vai lá, seja você mesma. A Kagome irritante, ganhe pelo cansaço. – Inuyasha diz atrás de mim. E a primeira vez que o vejo em meses – Você não é de desistir.

Ele está certo. Eu não sou, mas quem ama liberta não é?

— Se ele é feliz me mantendo longe, seria egoísmo fazê-lo sofrer com a minha presença. – Eu encaro seus olhos dourados e ele engole seco pensando por um momento.

— Eu nunca mais vi aquele cara me olhar da mesma forma desde aquele acidente. Ele tentou até me dar conselhos! Você tem noção disso?! – Ele diz fingindo estar ofendido me fazendo rir. Nossa! Como eu senti falta do Inuyasha.

— E se ele simplesmente mudou? Mexeram com suas memórias e o deixaram inseguro como era quando pequeno. Ele precisa de tempo e de segurança. – Murmuro suavemente para o garoto ao meu lado disputando espaço na pequena porta.

— Quem deu isso a ele quando era pequeno? – Inuyasha sorri suavemente mantendo seus olhos nos meus. Ele está diferente, mais gentil.

— Eu pensei que você me odiasse. – Penso alto o desconcertando. Ele desvia o olhar fazendo seus longos cabelos platinados balançarem ao virar a cabeça para o lado.

— A tristeza dele te mantém triste. Vou te ajudar se for preciso, só não sofra sozinha.

— Okaay. Você e eu, vamos ter que fazer um trabalho junto já que tivemos que nos afastar na mesma época. – Digo colocando os livros de história na frente dele na biblioteca.

— Tudo bem, eu faço e coloco seu nome. – Kouga não levanta nem mesmo os olhos pra me olhar.

— Hasegawa-kun, não me leve a mal, não foi escolha minha, apenas vamos fazer isso. – Ele me ignora completamente então tiro o livro que ele está lendo para chamar sua atenção.

— Você nunca entendeu quando é indesejada. – Ele murmura fixando seus olhos azuis em mim.

— Foda-se que eu sou indesejada. A minha vida inteira lidei com isso, não vou ser reprovada por sua culpa.

Meu tom de voz duro o surpreende. Mas posso ver como ele fica confuso ao me olhar. Tem alguma coisa que ele não me contou ainda.

— Eu não quero ir na sua casa, então vamos fazer tudo aqui. Vou te mandar uma mensagem para falar sobre alguns temas e quando definimos nos encontramos pra fazer tudo. Okaay, Hasegawa-kun?

— Certo.

Dou um sorriso forçado pra ele antes de sair da biblioteca.
Corro pelo corredor com meu coração a mil.

Pego minha bolsa e procuro a Sango pra ir embora. Ela ficou de me ajudar com o quarto novo.

— Ei Kagome-chan, temos que passar em um lugar antes de ir! – Sango me grita na saída do colégio e eu apenas concordo com a cabeça.

POV INUYASHA

O que eu estou fazendo aqui mesmo? Sango está passando cola na parede enquanto Miroku está colocando o papel na parede. Ele é preto com pequenas margaridas brancas.

— Inuyasha, seria otimo se você me ajudasse a desembrulhar esses porta retratos. Sabe, e só uma dica. – Kagome diz me olhando de braço cruzados.

— Você sabe que eu não concordei com isso. – Digo emburrado.

— Você e meu vizinho agora, porque não me ajudaria? – Ela sorri docemente me desarmando. Vou até ela e abro a caixa tirando algumas coisas embrulhadas a contragosto.

— Kagome, eu nunca venho aqui. Não sou bem vindo. – Digo respirando fundo – Não que eu queira ser.

— Bom, eu estou aqui agora. Você é bem vindo e também, eu estava morrendo de saudades de vocês. – Ela respira aliviada.

Eu senti a falta dela. Seu cabelo está curto, como está ondulado, um pouco acima dos ombros. Ela não parece mais tão triste e isso me acalma de certa forma.

Quando se abaixa vejo a aliança em seu peito, escapando da blusa. Acho que meus olhos ficam tempo demais em seu decote porque ela me encara estreitando os olhos escuros pra mim me fazendo tossir nervoso.

Ela tira o cordão de dentro da blusa o levantando para eu ver.

— Sim, essa é a aliança. Estou casada com o Sesshoumaru. – Ela pronuncia as palavras à vontade demais – Mas você lembra, e só sexo.

Eu fecho meus olhos com força sentindo meu sangue ferver.

— Inuyasha, você parece que vai explodir! – Miroku diz perto demais me dando um susto e se vira para a morena na minha frente – E sério que você tá transando com o irmão dele? – Ele pergunta curioso é Kagome cora na hora.

Isso é verdade?! Se fosse porque teriam quartos separados?!

— Seu tarado! – Sango o arrasta de volta para o que estavam fazendo – Que tipo de pergunta é essa?!

Eu continuo esperando uma resposta quando Kagome volta a fazer o que estava fazendo desembrulhando os porta retratos. A maioria deles e dela com a família e o Kouga.

Ela limpa cada um cuidadosamente e um silêncio paira sobre nós.

De repente uma música alta começa a tocar e nos três olhamos para o garoto mexendo no som na estante no outro extremo do quarto.

— O que? Vamos animar essa festa! – Ele diz fazendo uma dancinha improvisada nos fazendo rir.

Elas cantam e dançam enquanto colocam tudo no lugar. A hora passa voando e eu nem percebo que já está de noite até o Sesshoumaru aparecer na porta nos olhando como um homem faria ao encontrar estranhos em sua casa. Seus olhos param em mim e depois na Kagome que canta despreocupada enquanto forra a cama com um lençol preto e branco.

— Boa noite Sesshoumaru! Pode entrar, a casa é sua! – Miroku diz zombeteiro e meu meio irmão não diz nada, apenas entra em seu quarto nos ignorando completamente.

— Meu Deus! Boa sorte. – Meu amigo diz abaixando o som enquanto minha nova cunhadinha fecha a porta do quarto.

— Ele não é tão ruim assim, só demora a interagir. – Ela diz dando de ombros.

— Você está defendendo esse cara? Eu o conheço a 18 anos, sei bem como ele é. – Digo emburrado pegando minha mochila.

— Calma aí Inuyasha, vamos comer alguma coisa ...

— Estamos quase terminando! – Sango diz me olhando como se eu fosse uma criança mimada com seu território invadido.

— Podemos ir pra sua casa. Se não se sente à vontade aqui ... – Kagome diz pegando minha mochila da minha mão.

— Se não me sinto à vontade aqui? – Eu praticamente rio.

— Pode não gostar dessa casa, mas dessa porta pra dentro e outro universo. Você mesmo disse que eu costumo ganhar pelo cansaço, não vai querer lutar né? – Ela me desafia e sei que não tenho escolha.

Nesse momento o celular da Sango toca e ela vai pra sacada atender. Kagome sai do quarto nesse momento e meu amigo se aproxima de mim sério.

— Você não gosta da situação, mas pensei que agiria muito pior. – Ele diz – Você desistiu dela e eu entendo porque, é uma situação, complicada.

— Eu posso não gostar dela estar com o Sesshoumaru. Mas morar aqui é o mais seguro no momento. – Digo baixinho para o garoto que concorda com um gesto de cabeça.

— A Kikyou falou sobre o Naraku? Você sempre me enrola quando eu pergunto.

— Eu preciso mesmo conversar com alguém, volte quando deixar a Sango em casa. Preciso realmente da sua ajuda. – Meu tom sério faz ele suspirar pesadamente. Miroku pode ser um tarado mulherengo mas é mais sensato do que eu na maioria das vezes.

POV KAGOME

— Eu preciso ir, Kohaku teve problemas com meu pai. – Sango diz preocupada – Vamos comer amanhã e terminamos de arrumar tudo. – Ela me abraça demoradamente. Eu não quero soltá-la também.

Quando eles estão indo embora eu seguro Inuyasha.

— Precisa de alguma coisa? – Ele diz me olhando de lado.

— Obrigada.

Ele pisca pra mim se desvencilhando mas eu o seguro.

— Eu não te falei naquela noite mas, eu entendo de verdade. Quando se ama alguém, você só não desiste não é? – Ele me olha atentamente e eu o abraço – Quero ser sua amiga Inuyasha. Acho que você merece alguém de longe muito melhor que a Kikyou, mas se você a ama, eu devo respeitar apenas por gostar de você e querer que seja feliz.

Ele não me abraça.

— Eu tive tanto medo que você me odiasse.

— Idiota. – Ele diz irritado me afastando – Quem disse que eu não te odeio? – Ele desvia o olhar.

— Como assim? - Pergunto fazendo bico.

— Ainda não. Vamos só ignorar o que tivemos e começar de novo. – Ele murmura baixinho. Tão baixinho que eu quase não consigo ouvir – Esqueça tudo que aconteceu, por favor. Até amanhã.

Eu fico vendo ele ir sozinho em direção a sua casa e não consigo entender o que ele quer dizer. Aquela noite, foi um ponto final. Ele voltou com a Kikyou e eu abandonei meus sentimentos pelo irmão errado.

POV SESSHOUMARU

BATIDAS NA PORTA. MALDITAS BATIDAS NA PORTA.

— O que é?! – Abro irritado e encontro a garota com os olhos arregalados pelo meu grito.

— Não vai jantar? – Ela diz baixinho.

— Eu não janto.

— Não sente fome? – Ela cruza os braços encostando na porta.

Silêncio.

— Porque não chama seus amigos? – Ela ri baixinho sem me encarar – Kagome, não me provoque.

— Eu te provoquei porque meus amigos me ajudaram a redecorar o quarto que você me “cedeu” por um tempo? Prometo que vou deixar da mesma forma quando for embora. – A garota levanta a mão jurando e eu a puxo entrando em seu quarto.

Está quase tudo no lugar mas mesmo assim, falta cor aqui.

— Porque tudo e preto e branco?

— Porque eu não queria destoar da sua decoração oh! grande Sesshoumaru-sama – Ela diz debochada.

— E aquela bagunça não destoa de todo resto? – Digo a encarando, ela ri de novo e eu bato a porta nos trancando.

— Meu Deus! Você está parecendo um velho ranzinza! Relaxa oppa, afinal você só tem 29 anos! – Ela pisca pra mim rindo e eu respiro fundo – Que foi? Tá com medo que eu possa acabar com essa sua aparência toda pomposa?

Eu a beijo a pressionando contra a porta do quarto. Demora um instante até ela corresponder passando os braços pelo meu pescoço ficando na ponta do pé.

Kagome morde meu lábio inferior me fazendo gemer e eu me afasto o suficiente para encara-la.

— Mudei de ideia, estou com fome. – Posso ver a confusão em seus olhos escuros