—Quer conversar? — ouvi a voz de Natasha, me despertando dos meus pensamentos.

Ela estava do outro lado do Quinjet, sentada nas poltronas me encarando. Ao seu lado estava Rhodes, também me olhando.

Olhei ao redor vendo que eu atraia a atenção de todos, menos de Sam que pilotava o Quinjet.

Suspirei, soltando o colar que diz eu te amo em 100 idiomas diferentes e os encarando de volta.

—Eu estou bem, se é o que preocupa vocês. — falei. — É só que... eu nunca cheguei a me arrepender de fato por não ter procurado ele durante esses dois anos porque sabia que estava mantendo ele em segurança, longe das mãos do Ross. Mas depois do Tyler falar que ele me procurou, que ele pediu para a Daisy me procurar... ele quase morreu trabalhando como agente, deve ter passado por tanta coisa e eu não... eu não estava do lado dele. —

—Eu acredito que assim que você explicar porque você não o procurou, ele vai entender. — Steve falou, fazendo-me assentir. Mas ainda não estava confiante com isso.

—Eu estou me sentindo meio perdido. — Rhodes comentou. — O que eu perdi nesse dois anos? —

—Eu também. — Bruce falou. — Se Wanda e Visão mantiveram contato, por que você não fez o mesmo com o Tyler? —

—Porque a Wanda não quebrou o nariz do Secretário de Estado duas vezes. — respondi.

—Então foi você? —

—Eu ainda estou perdido. O que você fez? — Bruce comentou, mais confuso ainda.

Então eu expliquei, resumidamente, o que Ross tinha feito comigo na prisão Balsa e sobre nosso pequeno e breve acerto de contas há um ano.

Banner reforçou o quanto Ross era cruel e não mudou nada desde que caçou o Verdão em 2008. E Rhodes estava soltando fogo pelas ventas.

—Eu não consigo acreditar que ele teve coragem de fazer isso com você. Isso se enquadra em tortura psicológica! —

—Eu não podia procurar o Tyler ou a minha família porque Ross tinha que acreditar que eles não tinham ideia do meu paradeiro. Precisava ser convincente, por isso não os procurei nem pra dar um último adeus. — falei. — Não sabia se Ross seria covarde ao ponto de ir atrás de um deles só para me atingir, então não podia arriscar a segurança deles. —

—Tony e eu não tínhamos ideia. Se soubéssemos... —

—Relaxa, Jimmy, está tudo bem. — sorri.

—Nós mantivemos contato com sua família e o Tyler caso eles precisassem de ajuda. Acho que era uma forma de nos desculparmos por ter ajudado a prender você. —

—Eu agradeço pelo carinho, mas nós sabemos que vocês não foram os culpados por eu ter ido parar atrás das grades. Fora que eu estou aqui, não estou? Arrasei na minha fuga improvisada. — sorri convencida. — Nenhuma prisão mantém Melinda Hunters em cárcere por muito tempo. —

Eles riram.

—Agora eu posso perguntar por que a Melinda só disse ao Tyler que era apaixonada por ele minutos antes de entrar no Quinjet que vai direto para uma possível guerra? — a voz do piloto atraiu minha atenção.

—Ah, Sammy. — murmurei, sorrindo. — Eu não disse porque não queria que ele dissesse que sentia o mesmo e depois me pedisse em namoro. — dei de ombros.

—Então o pavor de relacionamento duradouro é real? — Wanda arqueou a sobrancelha.

—Talvez. — suspirei, pressionando os lábios. — Mas era também porque eu não queria começar um relacionamento mentindo para ele, sabe? — a olhei. — Naquela época, só meus pais sabiam dos meus poderes. E se eu for me relacionar sério com alguém quero que a pessoa seja sempre sincera e honesta comigo, mas como eu iria poder cobrar honestidade da pessoa se eu mesma não era 100% sincera? —

—Olha, você tem honra afinal. — Nat brincou, com um sorriso pequeno no canto dos lábios.

—E por que não falou para ele quando contou a verdade para todo mundo? —

—E estragar meu passe livre para ficar com outras pessoas? Nunca. — falei, rindo logo em seguida ao ver as sobrancelhas arqueadas deles. — Brincadeira. Afinal, poliamor existe para isso. O famoso chifre gourmet. — observei o leve franzir de sobrancelhas de Steve. — É meme, ok? É só que... o que Tyler e eu tínhamos era bom, sabe? Sabíamos, lá no fundo, que o que sentíamos era mais que amor de amigos, mas também nunca tocamos na palavra namoro. —

—A gente te conhece a menos tempo que o Tyler, mas sempre ouvimos você dizer que nunca quis um relacionamento sério. — Steve falou. Os outros concordaram.

—Mas se o Tyler quisesse, ele teria falado. Ele não tem medo de meter na conversa temas que eu não quero nem ver a cor. — dei de ombros.

—E se ele tivesse falado você teria pensado a respeito? — não demorei dois segundos para responder.

—Provavelmente não. — Rhodes balançou a cabeça.

—Ainda estou besta por ela ter se apaixonado com 13 anos. Considerando que ela sempre preservava seus sentimentos, achei que seria sei lá, a partir dos 30? — encarei Bruce séria.

—É a faixa etária que praticamente todo mundo tem o primeiro amor. Achou que comigo seria diferente? — coloquei as mãos na cintura.

—E você não se apaixonou por mais ninguém depois dele? —

—Claro que sim, né, Garibaldo. Eu tive umas paixonites, assim como o Tyler também teve. — encarei minhas unhas. — Só que diferente do Tyler, ninguém sequer imagina que eu tive outros interesses porque não quero que ninguém descubra quem são os felizardos. —

—Espera. Você não falou para nenhum deles? —

—Eu não, nunca, não tinha para quê. — encarei minhas unhas. — Nunca cheguei a sequer cogitar contar para algum deles. E o principal: nunca assumi para mim mesma essas paixonites. Por conta disse, nem sofrer por elas eu sofri. — dei de ombros, sorrindo.

—Seu jeito de lidar com suas emoções é impressionante, Melinda. Nunca se esqueça disso. — Romanoff balançou a cabeça.

Coloquei a mão sobre o peito, fingindo estar lisonjeada.

—Obrigada. A propósito, umas das paixonites está aqui presente nesse jato. Vocês que lutem para descobrir quem é. — sorri travessa.

—Ah, qual é, Melinda! Você não pode nos deixar curiosos. — soltei uma risada.

—Com certeza sou eu. — Sam falou e eu conseguia imaginar um sorriso em seus lábios. — Desde a festa na Torre ela nunca me esqueceu. Esse é o fato. —

—Porque você é chato demais para conseguir esquecer. — Rhodes retrucou. — Não duvido nada ser o Capitão. Ela beijou o Thor na festa de aniversário dela na Torre. Talvez goste de mais velhos? — deduziu.

—Ela beijou o Thor? — Bruce perguntou surpreso.

—Cuidado, Bruce bear, você pode entrar na categoria de mais velhos dessa lista. — brinquei.

—Me deixem fora disso. Já disse que a considero como uma filha e não estou a fim de ser acusado de praticar um incesto. — se defendeu rapidamente causando-me uma risada.

—Acredito que há grandes chances de ser o Sam. — Visão entrou na brincadeira. — Creio eu que tirando a Wanda, Wilson foi o único com quem ela se envolveu dos presentes aqui no jato. —

—Isso não é verdade. — murmurei, sorrindo travessa.

—O que? Não me diga que você conseguiu pegar o Steve? — Rhodes questionou incrédulo.

O Capitão arregalou os olhos, me encarando.

—Isso aconteceu mesmo? Por que eu não soube de nada? — Sam indagou virando a cabeça na direção do amigo que estava tão surpreso que nem conseguia negar.

—O que leva vocês a pensarem que é um homem? Pode muito bem ser a Natasha ou a Wanda. Ou quem sabe as duas de uma vez. — logo depois de dizer isso tampei a boca com a mão.

—Melinda! — elas me repreenderam.

—Ih, caralho. É hoje que eu morro. — falei, recebendo olhares atônitos do homens e olhares mortais das duas.

—Eu estou confuso. — Visão comentou e Wanda tentou impedir o que quer que ele fosse falar, mas não conseguiu. — Vocês ficaram juntas? As três? Isso é possível? — soltei uma risada.

—E como é possível. Você devia dar uma pesquisada sobre ménage, meu caro amigo. — sorri.

—Melinda! — dessa vez foram todos que me repreenderam.

—Pelo amor de Deus, cala a boca. — Natasha pediu.

—Eu hein, gente. Como vocês são caretas. — cruzei os braços. — E não, não teve nós três juntas. As duas chatas recusaram até mesmo um beijo triplo. Sem graças. — resmunguei.

E então eu só vi um objeto não identificado voando na minha direção. Rapidamente me abaixei, fazendo com que o objeto acertasse a parede do Quinjet atrás de mim e caísse no chão.

Encarei um dos bastões de Natasha.

—Romanoff! — a repreendi, voltando a me sentar normal na cadeira enquanto a encarava.

—Só cala a boca. — falou entredentes.

Cruzei os braços, emburrada.

—Eu ainda estou em choque com tudo, mas... senti muita falta disso. — Bruce comentou, fazendo um pequeno sorriso querer brotar nos meus lábios.

***

—Desça a 2.600 e vá para 030. — Steve pediu indo até Sam.

E eu, que estava em alerta desde que ele disse que estávamos perto de chegar, fui atrás dele. Precisava ver como Wakanda era, ver se era do jeitinho que eu imaginei.

—Eu espero que esteja certo sobre isso ou vamos chegar no chão mais rápido do esperávamos. — Sam falou, colocando o jato na direção que o Capitão disse.

Franzi as sobrancelhas olhando lá fora.

Só tinha árvores e mais árvores altíssimas.

E foi aí que algo aconteceu.

O Quinjet atravessou as árvores, passou por elas como se fossem uma espécie de portal para outro mundo. E quando a paisagem mudou para um grande rio, montanhas altas e imensos prédios eu tive a total certeza de aquilo era mesmo um portal para outro mundo.

—Cara... — engoli o palavrão quando notei Steve me encarando. — Eu acho que vou desmaiar. — ele sorriu.

Continuei olhando para tudo com uma cara de retardada até Sam pousar a banheira voadora. Era tudo muito lindo. Como que faz para conseguir um visto de residência para cá?

A rampa desceu e ficando um pouco na ponta dos pés para ver sobre o ombro de Steve, notei T'Challa logo a frente com mulheres de uniforme na cores predominante marrom e um vermelho puxado para o laranja, segurando lanças que com certeza eram feitas de Vibranium.

Mais atrás, estavam um pequeno grupo de homens com lanças e também uniformizados, mas nas cores roxo e marrom.

Um exército só de mulheres e com certeza é o exército mais forte. Wakanda está pisando no meu coração sem bondade alguma.

Steve saiu na frente com Natasha, eu e Sam estávamos logo atrás seguidos por Bruce e Rhodes e o casal no fim da filinha.

—Devemos nos curvar? — ouvi Bruce perguntar a Rhodes.

—Claro, ele é um rei. — olhei o Coronel sobre o ombro com as sobrancelhas franzidas. Ele me respondeu com um sorriso brincalhão.

Senti Sam passar seu braço na frente do meu corpo me obrigando a parar, quando o olhei com a cara feia notei ele indicando Steve com a cabeça.

O Capitão tinha parado de andar e eu ia acabar dando um encontrão nele se não fosse pelo Garibaldo.

—Valeu. — sussurrei, quando ele puxou seu braço de volta.

—Parece que sempre tenho que lhe agradecer por alguma coisa. — Steve e T'Challa se cumprimentaram com um aperto de mão.

Bruce limpou a garganta.

—Vossa Majestade. — Bruce começou a se curvar, mas T'Challa o interrompeu dizendo que eles não faziam isso por aqui.

Rhodes e eu soltamos uma risada com a cara de tacho do Bruce.

—Se me permite dizer Wakanda é simplesmente incrível. Mais que incrível, na verdade. — falei sorrindo. — Não que seja algo que você já não tivesse conhecimento, não é, Baguera? — ele sorriu, agradecendo.

Notei um certo olhar mortal da mulher a sua direita. O uniforme dela era um pouco diferente das outras. Seria ela a comandante da tropa?

—Ela está me olhando como se fosse me matar. Devia me preocupar? — indaguei, encarando a mulher que não desviou o olhar.

—Okoye não é muito ligada a cultura pop. Não se preocupe se ela lhe encarar quando você fizer uma referência e ela não entender. — T'Challa falou e instantâneamente abri um sorriso.

—Zero preocupações. Na real, acho que isso pode ser resolvido com uma mega maratona de filmes depois que tudo isso acabar. Todos vocês da rodinha precisam. — falei. Okoye encarou o Baguera séria. — Acho que ela não gostou de mim. — sussurrei para Sam.

—Você tem que maneirar nas conversas, Melinda. — repreendeu de leve também sussurrando.

—Eu sei, eu sei. Desculpa. É que eu tô, eu tô nervosa. — confessei ainda em um sussurro. — Estou com medo da gente não conseguir. — ele colocou a mão sobre meu ombro, dando um leve aperto.

—Relaxa. A gente dá conta. — ele sorriu, tranquilando. E instantâneamente fiquei tranquila.

Quando voltei a focar no restante do pessoal, vi que eles estavam caminhando para sabe-se lá onde.

—Eles nos deixaram para trás. Tu achas? — coloquei as mãos na cintura indignada. Sam riu.

—Vamos logo. — ele segurou meu pulso, me puxando e só soltando quando estávamos perto de todo mundo de novo.

Me senti um criança num parque de diversões com o pai.

—Vocês terão a minha guarda, a Tribo da Fronteira, as Dora Milaje e... —

—Um homem semi estável de 100 anos. —

Observei com um imenso sorriso Bucky se aproximar e abraçar Steve.

Senti alguém segurar meu braço.

—Com calma, lembra? — Sam sussurrou.

—Ok, ok. Eu vou esperar um tempinho para falar e abraçar meu amiguinho. Eu deixo Steve ir na frente porque ele é mais velho, né? Idosos tem prioridades. — Sam sorriu, me soltando. — Quero que a Okoye goste de mim. Ela é uma mulher tão linda e empoderada que o coração chega a falhar. — falei baixinho, olhando para a comandante. Sam arqueou a sobrancelha. — Como amiga, seu palhaço. — bati no braço dele de leve. — Mas se ela quiser, eu quero. — murmurei e Sam teve que tampar a boca com a mão para não deixar a risada escapar.

Eles falaram alguma coisa sobre encontrar Shuri no laboratório dela, aparentemente Wanda e Visão já estavam lá.

Bucky, Sam e Rhodes disseram que ficariam aqui fora e eu acabei ficando também para evitar mais olhares tortos do pessoal por estar falando pelos cotovelos.

—Dory! — abracei Bucky com força, ouvindo a risada dele no meu ouvido. Era tão gostosa de ouvir que estava com vontade de colocar como toque do meu celular. — Eu senti tanta, mas tanta, mas tanta a sua falta. Achei que você seria um fugitivo ao nosso lado, mas nem aparecer para dar um tchau você apareceu. — me separei dele. — Porém, eu entendo perfeitamente. Você estava cuidando da sua saúde mental. Tem nem argumento para rebater isso. —

—Eu sei, Mérida. Queria ter me despedido direito de você, mas não foi possível. — falou. — Mas que bom que você está aqui. As circunstâncias não são boas, mas fico feliz por ver mais um rosto amigo. — sorri.

—Ah! Você me considera como amiga, que fofo! — apertei as bochechas dele. — Agora que eu notei. Você ganhou um braço novo! Além do uniforme também. É totalmente feito de Vibranium? — perguntei, passando meus dedos pelo braço de metal.

—Ao que parece sim. — respondeu. — Acho que eles manterão conversa por mais tempo, então alguma novidade? —

—Nada muito importante. Lembra do Tyler? O amigo que eu falei para você quando estávamos a caminho do aeroporto? — Bucky assentiu. — Eu encontrei ele antes de vir para cá e disse que estava apaixonada por ele. Não usei exatamente essas palavras, mas... —

—Espera. O que? — murmurou confuso. — Achei que tivesse dito que você não se apaixonava. —

—E eu não costumo me apaixonar. De verdade verdadeira, foi só com ele. Teve algumas paixonites, mas nada como o que eu sinto por ele. — dei de ombros.

—Ei, você. — olhei para o lado, encontrando a comandante que mantinha um olhar sério. — O que está fazendo aqui? —

—Ué, decidi esperar o pessoal aqui. — respondi.

—Devia ter avisado a algum dos seus amigos. Eles acharam que você tinha se perdido. —

—É, as vezes eu tenho esse costume. — murmurei. — Algum problema? —

—Seus amigos também disseram que você queria conhecer a princesa Shuri. —

—Eu tenho que chamá-la de princesa? —

Okoye deu mais alguns passos para frente, parando a alguns metros de mim e batendo a lança no chão.

—Algum problema em chamá-la assim? —

Juro que, por um momento, eu senti minhas pernas quererem cederem depois dela falar tão firme após fazer aquela pose de comandante.

—Nenhum. Eu precisava mesmo de um apelido para ela. — a sobrancelha dela arqueou.

—Você vai ficar aqui ou vai subir comigo? —

—Ah, eu prefiro ficar aqui. Eu não consigo ficar calada, sem fazer comentários com um toque de humor essas coisas. Ainda mais quando a situação é ansiedade pura. — expliquei.

—Pois eu acho que você consegue muito bem manter essa sua língua grande quieta. — ela falou antes de dar as costas e começar a caminhar em direção ao prédio. — Acho bom vir logo. Shuri não vai ter tempo para um bate papo quando começar a extrair aquela jóia. —

Sorri, começando a segui-la, mas corri na direção de Bucky quando lembrei da vasilha com ameixas em minhas mãos.

—Ameixas para alegrar seu dia. Não sei se você conseguiu comer alguma desde a Romênia, mas aqui está. — entreguei a ele. — Divide com o Sammy. O "ódio" que ele tinha por você na verdade era tesão. — falei, antes de dar as costas para eles e correr até Okoye.

Não sei antes ouvir Sam gritar que iria me matar.

Entramos no elevador e logo estávamos subindo.

Vez outra olhava para a comandante ao meu lado, toda séria, para voltar a encarar um ponto qualquer do elevador. E depois de novo, e de novo.

—Se você continuar me encarando, eu vou ter acertar com essa lança. — ela me ameaçou e nem sequer desviou o olhar para mim!

—Foi mal, mas é que... você não sorri? — perguntei a olhando, dessa vez sem desviar para as paredes.

—Você saberá quando falar algo que seja engraçado. Isso se você souber ser mesmo engraçada. —

Franzi as sobrancelhas erguendo o olhar para o teto, tentando processar o que ela acabou de falar. Até que voltei a olhá-la com uma leve pitada de determinação no olhar.

—Espera aí. Isso foi um desafio? —

—Será se você conseguir vencê-lo. — soltei uma risada.

—Pode apostar que eu vou, comandante. Eu sou o próprio Patatá. — diante da encarada que ela me deu eu engoli a risada. — Vocês não... conhecem os... — balancei a cabeça. — Não sei porque ainda tento. —

—A propósito, é General. — ela falou saindo assim que as portas do elevador abriram.

Eu só comecei a caminhar quando as portas ameaçaram fechar.

Passamos por um corredor e logo estávamos e chegamos a uma pequena plataforma. E lá embaixo estava todo mundo.

Descemos a escada lateral e parei próximo a Steve enquanto a General foi para o lado do rei. A minha frente estava uma menina de uns 17, 18 anos com um traje laranja (que ficou perfeito nela) e o cabelo trançado estava dividido ao meio com dois coques altos.

Única definição possível: perfeição.

—Vai demorar, maninho. — e essa voz????

Vou guardar ela num potinho sim.

—Mais quanto? — o Capitão questionou, me tirando do pequeno transe.

—O máximo que puderem me dar. — ela respondeu olhando para Steve, mas logo seu olhar desviou para mim. — Você é a Melinda, certo? — ela sorriu, vindo até mim com a mão estirada.

Que sorriso lindo! Que fofura!

—Eu mesma. Em carne, osso e desastre. — sorri, apertando a mão dela. — Vou logo avisando que eu já amava você antes de te conhecer, agora que eu te conheço, amo mais ainda. A propósito, amei o uniforme, sério. O melhor uniforme que eu já tive na vida. E a capacidade dele de absorver energia solar e servir como fonte de energia para mim? Simplesmente perfeito. — falei tudo muito rápido, gesticulando.

Duvido muito que ela ou alguém tenha entendido alguma coisa.

—Me sinto lisonjeada. E que bom que gostou do uniforme eu queria poder colocar outras coisinhas, mas... —

—Eu super entendo, Shuri, e já amo meu traje do jeito que ele é. Se melhorar estraga. Agora eu vou calar a minha boca e deixar você trabalhar, porque pelo o que eu peguei no ar você precisa de bastante tempo para remover a jóia e isso é um luxo que não temos. — Embora eu já tenha gastado tempo demais falando pelos cotovelos. Bom trabalho e eu vou lá para fora. — sorri, vendo ela dar uma risada.

—Gostei de você. — ela falou, voltando a se aproximar da mesa super tecnológica em que Visão estava deitado. — E olha que eu não costumo gostar de gente branca. — meu sorriso aumentou mais ainda.

—Ah, meu Deus. Não diz isso que a vontade de te guardar num potinho só aumenta. — falei.

—Primeiro teria que tirá-la de mim. — T'Challa falou, cruzando os braços.

Quando estava prestes a retrucá-lo um barulho começou, como se fosse um sinal de alerta.

Okoye esticou um pouco seu braço para a frente e com um gesto uma bolinha do tamanho de uma bola de gude foi para a palma da mão dela, projetando um holograma da Terra.

Incrível.

—Alguma coisa entrou na atmosfera. — informou, fazendo o impulso de ir até as enormes janelas de vidro para curiar tomar conta do meu corpo.

Uma das Dora Milaje que estava parada na frente da janela deu um passo para o lado, me dando mais espaço.

—Capitão, a coisa ficou séria aqui. — a voz de Sam soou pelos comunicadores.

—Que merda é aquilo? — murmurei vendo um objeto descer com tudo na direção de Wakanda.

E então o objeto explodiu antes que atingisse o solo.

Por acaso ele atingiu um escudo invisível?

—Cara, adoro esse país. — Bucky comentou.

—Não comemorem porque tem mais se aproximando fora da redoma. — Rhodes alertou.

E ele estava certo.

Mais daquelas coisas, seja lá o que forem, caia em uma velocidade absurda em direção ao solo. Meu coração começou a bater mais rápido.

Ele estava chegando. O psicopata genocida do Thanos estava chegando.

—É tarde demais. Temos que destruir a jóia agora. — me virei na direção de Visão que estava sentando na mesa com a ajuda de Shuri.

—Visão volta para mesa agora mesmo. — Natasha ordenou indo até ele.

—Vamos segurá-los. — T'Challa falou atravessando o pequeno laboratório.

—Wanda, assim que tirarem a jóia dele você explode ela. — o Capitão mandou.

—Entendido. — a Bruxinha assentiu.

—Evacuem a cidade, acionem as defesas e dêem a esse homem um escudo. — T'Challa ordenou firme, apontando para Steve no final.

Eu teria sorrido e feito algum comentário sobre o quanto o Baguera foi maravilhoso mesmo com poucas palavras, mas eu mal estava conseguido respirar.

—Uma crise de ansiedade agora não. — murmurei, me apoiando na parede.

—O que foi? — Natasha indagou se aproximando.

—Se eu disser... que estou tendo um início de uma crise de ansiedade... você acredita? — soltei uma risada nervosa no final.

—Agora? — assenti.

—Eu tô com medo, Nat. Da gente não... da gente não conseguir. — confessei.

—Ei, olha para mim. — ela segurou meu rosto, obrigando-me a encará-la. — Nós vamos conseguir, ok? É como você disse, não é nada que a gente nunca tenha feito antes. Vamos salvar o mundo e dessa vez temos mais ajuda que quando foi para enfrentar o Ultron. Nós vamos conseguir, Melinda, nós vamos vencer. —

Aos poucos a respiração foi normalizando, os batimentos desacelerando e quando dei por mim já não estava mais apoiada na parede.

—Obrigada, Nat. — sorri.

—Me agradeça quebrando a cara desses alienígenas. — Romanoff sorriu. — Agora vamos. — ela segurou minha mão, levando-me em direção a escada.

—Vocês vão conseguir. Boa sorte. — falei para Shuri e Wanda que deram um pequeno sorriso. — E, Nat, queria pedir desculpas pelo que eu disse no Quinjet. Sei que você preferia que ninguém soubesse que dormimos juntas, mas acabou escapando. Desculpa. — pedi vendo ela suspirar.

—Eu só queria que você calasse a boca em vez de deixar no ar que tinha acontecido um possível ménage entre eu, você e a Wanda. — entramos no elevador com algumas das Dora Milaje.

—Aquilo eu falei sem pensar, admito. — ela balançou a cabeça.

—Agora vamos focar no agora, ok? E nunca duvide dos seus poderes, habilidades ou potencial. Use todas suas armas possíveis, mas cuidado para não exigir demais de si mesma. — assenti. — E como é que você diria agora? Vamos comer o cu do Thanos, é isso? — sorri, assentindo.

—Vamos comer o cu do Thanos. —