Caminhando pelos corredores do Complexo eu tentava não deixar o sorriso pequeno em meus lábios crescer demais com as lembranças invadindo minha cabeça.

Era tão bom estar de volta que por alguns segundos eu ignorava que eram sob péssimas condições. Se bem que somos procurados pelo Governo, então quando voltássemos as circunstâncias não seriam boas mesmo.

Só que ao virar em um corredor eu quase parei no lugar.

—Gente? — Steve me olhou sobre o ombro. — Eu acho que o Ross está aqui. Eu ouvi a voz dele. —

O Capitão olhou para Nat e quando viramos em mais um corredor, fiquei tranquila. Ross não estava aqui, de fato. Era apenas uma vídeo conferência.

—Não estou mais. — ouvi a voz de Rhodes soar firme e então tanto ele como o holograma do Ross nos encarava.

Paramos na porta da sala de reuniões.

—Senhor Secretário. — Steve falou sério.

—Vocês têm coragem. Isso eu reconheço. — ele parou a alguns metros a nossa frente.

—Você deveria também ter essa coragem. — falou Natasha.

—Como vai o nariz? — questionei com um sorriso quando ele me encarou.

—O mundo é atacado e acha que tudo está perdoado? — Ross perguntou diretamente a Steve.

—Não estou aqui atrás de perdão e estou longe de pedir permissão. A Terra está sem o seu melhor defensor. Estamos aqui para lutar. — observei com um sorriso Steve descer os pequenos degraus, ficando cara a cara com o ser de bigode ridículo. — E se você ficar no caminho, vamos enfrentá-lo. —

Ross virou na direção do Coronel.

—Prenda eles. —

—Com certeza. — e erguendo sua mão e fazendo um gesto para o lado, o holograma de Ross e de outros caras engravatados sumiu. — Corte marcial. — olhou para Steve, sorrindo. — É bom te ver, Capitão. —

—Igualmente, Rhodey. — eles apertaram as mãos.

—Oi. — o Coronel sorriu, abraçando Natasha.

Desci os degraus rapidamente, jogando meus braços ao redor de Rhodes, o abraçando com força.

—Eu senti tanto a sua falta. — falei, dando ênfase no tanto.

—Também senti a sua, Melinda. E eu amei o que você fez no cabelo. Achei muito radical vindo de você. — me separei dele, sorrindo.

—Eu também achei e o pior de tudo é que gostei. Pensei na próxima cor ser rosa, o que acha? — questionei pegando uma mecha do meu cabelo e a olhando.

—Roxo, talvez? — sugeriu, rindo. Ele voltou a encarar o resto do pessoal. — Gente, estão com a cara horrorosa. Devem ter sido anos difíceis. —

—É, acontece que os hotéis não eram lá cinco estrelas. — Sam respondeu.

—Eu acho que vocês estão ótimos. —

O sorriso que eu exibia no rosto morreu. Meu coração tinha falhado uma batida, eu tinha certeza.

Observando os olhares surpresos olhando para algo atrás de mim eu tive a confirmação de que eu não estava delirando.

Me virei devagar, encontrando Bruce a alguns metros de distância.

Ele estava bem, aparentemente. Seu cabelo tinha adotado uns fios mais grisalhos, seus olhos estavam um pouco cansados e as pontas das lapelas do blazer dele pareciam chamuscadas.

—É, gente, eu voltei. — falou como se isso fosse suficiente para sanar nossas dúvidas de que ele era real.

—Oi, Bruce. — a voz de Natasha era baixa.

—Nat. — ele assentiu.

Um silêncio constrangedor se instalou pela sala.

—Amei o que fez no cabelo, Melinda. —

E foi aí que meu cérebro processou as coisas direito.

Bruce Banner estava de volta.

Minhas pernas voltaram a funcionar e logo eu estava correndo na direção dele, pulando em cima do mesmo e o abraçando com mais força do que abracei Rhodes.

—Você voltou! Meu Deus, Bruce! Você voltou, você voltou, você voltou! — continuei falando empolgado, ainda presa nele que nem um coala.

—Sim, Melinda, eu estou de volta. — confirmou, retribuindo o abraço.

Soltei uma risada, mas mantive as lágrimas onde era o lugar delas. Mas depois de lembrar da última coisa que o Bruce fez para mim antes de meter o pé na estrada, parei de rir imediatamente e me afastei dele, voltando a pisar no chão.

—Como é que você teve coragem de ir embora e deixar que o Coulson entregasse seu presente de aniversário para mim? Sem contar naquela carta que foi um tremendo de um golpe baixo! — comecei a estapeá-lo. — Onde diabos você estava, Banner? Te procurei pela Terra toda e não te achei. —

—É porque eu estava em outro planeta. — parei, o encarando. Sabia! — A versão resumida do meu paradeiro nesses três anos, ok? Eu acabei indo parar em um outro planeta que idolatrava o Hulk e passei dois anos sendo o Verdão, acabei encontrando o Thor e nos enfrentamos em uma luta estilo gladiador, a qual Thor disse que ele quem ganhou. —

—O que não faz sentido. — murmurei.

—Loki também estava naquele planeta e... — o interrompi.

—O Loki está vivo? — perguntei com um sorriso começando a crescer em meus lábios.

É agora que eu conheço aquele Trapaceiro!

—Bom, não está mais. — meu sorriso morreu. O Thor perdeu o irmão de novo? — Acabou que conseguimos fugir daquele planeta e fomos para Asgard para impedir que Hela, a irmã do Thor e do Loki e a Deusa da Morte, dominasse os Nove Reinos, mas o único jeito de impedi-la era destruindo Asgard. No entanto, os Asgardianos estão salvos. Bom, metade deles. Nós estávamos a caminho da Terra quando Thanos nos encontrou. — franzi as sobrancelhas com as últimas partes da explicação do Bruce.

—Quando tudo isso acabar você vai me explicar essa história de irmã do Thor e do Loki direito junto com o Cachinhos Dourados. — falei. — Você disse que estavam vindo para Terra antes do carinha do mal encontrar vocês. Se você está aqui significa que o Thor também está, não é? — abri novamente um sorriso.

—Melinda, acho que você não entendeu. — ele segurou meus ombros, me olhando nos olhos. — O Thor, assim como o Loki, está morto. — dei um passo para trás, me soltando dele.

—Do que você está falando, Bruce? — Steve indagou.

—O Hulk não conseguiu derrotar o Thanos. Heimdall me mandou para Terra para avisá-los que eles estavam vindo. — respondeu.

Caminhei pela sala um pouco atordoada, tentando regular minha respiração e meus batimentos cardíacos. Thor não podia estar morto, simplesmente não podia.

E então parei, me concentrando no Deus do Trovão e na energia que seu corpo produzia.

Que ele esteja vivo, por favor, que ele esteja vivo.

—Os olhos dela estão brilhando. O que ela está fazendo? — Rhodes questionou.

—Durante esses dois anos, Melinda continuou apresentando novas habilidades. — Natasha respondeu. — Uma delas envolve localizar qualquer pessoa, desde que ela conheça, através da energia que o corpo da pessoa produz. —

—Isso é incrível. Realmente incrível. — Bruce murmurou.

—Ok. — sussurrei, fazendo meus olhos voltarem ao normal. — A boa notícia é que o Thor não está morto, a ruim é que eu não faço a mínima ideia de onde ele está. É igual o Tony, está muito fora do meu radar. — os encarei.

—Pode encontrar o Tony? —

—Se ele estivesse na Terra, sim. — respondi a Rhodes.

—Certo. Então nos resta cogitar que ele se enfiou naquela nave com o Homem-Aranha para pegar o Mago e a jóia do Tempo de volta. — o Coronel suspirou.

—Espera aí. O Homem-Aranha? O Peter foi para o espaço primeiro do que eu? — perguntei incrédula. — Eu não acredito que aquele pirralho foi para o espaço primeiro do que eu! E ele nem é um Vingador de fato! O que me deixa com mais raiva porque depois da Alemanha o Tony devia ter oferecido uma vaga para ele no time. —

—E ofereceu, mas ele recusou. — encarei Rhodes novamente com a expressão incrédula. — Pois é, longa história. Vamos nos atentar ao Thanos, ok? — assenti.

—Bruce, você o conheceu. Pode nos contar o que sabe? — o Capitão pediu.

—Eu não sei muita coisa, mas posso sim. Até ontem nem sabia que esse tal de Thanos existia. —

***

—Temos que presumir que eles voltarão, é isso? — Rhodes indagou.

—E que podem nos encontrar. — Wanda falou, analisando o pequeno holograma dos dois alienígenas que a atacou na Escócia sobre uma mesa.

—Vamos precisar de toda ajuda possível aqui. Cadê o Clint? — Bruce, que estava andando para lá e para cá, questionou, parando no lugar.

—Depois de toda situação do Tratado ele e o Scott aceitaram um acordo para poupar as famílias. Prisão domiciliar. — Natasha respondeu com os braços cruzados.

—Quem é Scott? —

—O Homem-Formiga. — o Capitão respondeu.

—Tem um Homem-Aranha e um Homem-Formiga? — Bruce estava atônito. Rhodes assentiu, cruzando os braços. — Olha só, o Thanos tem a maior armada do universo. E ele não vai descansar até que ele consiga... a jóia do Visão. — ele encarou o Relâmpago McQueen de pernas.

—Então temos que pretegê-la, não é? — falei, desencostando da mesa em que estava apoiada. — Nada que nunca fizemos antes. —

—Não, temos que destruí-la. — disse Visão, atraindo nossa atenção. — Eu tenho pensado bastante sobre essa entidade na minha cabeça, sobre sua natureza, mas também sobre sua composição. — ele se virou na direção de Wanda. — Acredito que se ela fosse exposta a uma fonte de energia suficientemente poderosa, algo bem similar a sua própria assinatura, pode ser que as moléculas em sua integridade romperiam. — ele parou na frente dela, olhando-a nós olhos.

Ele estava sugerindo o que eu acho que está sugerindo?

—É, e você com elas. Não quero ter essa conversa. — encarei o restante do pessoal.

Todos eles estavam quietos, observando a cena e pensando nas possibilidades. Mas um olhar me chamou mais a atenção. O de Steve.

Será que ele estava lembrando de quando ele abriu mão da sua vida, e também do amor da sua vida, para salvar o mundo em 1945?

—Eliminar a jóia é a única maneira de garantir que o Thanos não a pegue. — desviei meu olhar de volta para Visão que agora segurava o rosto de Wanda entre as mãos.

—O custo é alto demais. — sussurrou.

—Só você tem o poder de pagar. —

Wanda se afastou dele, caminhando até a mesa próxima de mim, ficando de costas para todos.

—Thanos ameaça metade do universo. Uma vida não pode impedir que ele seja derrotado. — Visão falou, virando-se na direção dos demais.

—Mas devia. — Steve falou, encarando o chão antes de balançar a cabeça negativamente e erguer o olhar para Visão. — Não negociamos vidas. —

—Capitão, há 70 anos atrás você deu a sua vida para salvar quantos milhões de pessoas? — o andróide se aproximou. — Diga-me, por que agora seria diferente? —

—Porque estamos no século 21, não? — soltei uma risada nervosa com essa situação de sacrifício. Eles me encararam. — Qual é, galera. É 2018, tem que ter um jeito da gente conseguir salvar o Visão e impedir que o Thanos pegue a jóia. — falei. — A tecnologia está aí para que? A cada dia que passa, uma coisa nova surge, não? —

—A Melinda está certa. Talvez o Visão tenha uma escolha. — Bruce falou, se aproximando de Visão. — A sua mente é feita de um complexo construto de camadas. Jarvis, Ultron, Tony, eu, a jóia. Todos eles misturados, todos aprendendo uns com os outros. —

—Está dizendo que o Visão não é só a jóia? — Wanda perguntou, encarando o dr. Banner.

—Estou dizendo que se tirarmos a jóia, ainda vai restar muito do Visão. Talvez as melhores partes. — explicou.

—Podemos fazer isso? — Nat indagou.

—Eu não posso. Não aqui. —

—Acho bom achar alguém e algum lugar rápido. Ross não irá deixar vocês terem seus quartos de volta. — Rhodes falou, fazendo-nos encarar um ao outro.

—Eu conheço um lugar. — Steve falou depois de alguns segundos.

—Onde? — perguntei curiosa.

—Acho que finalmente você vai poder conhecer quem fez seu novo uniforme.[1] — sorriu e automaticamente sorri também.

—Eu não acredito! Eu vou conhecer a Shuri? — o Capitão assentiu. — Steve, eu te amo, sério. —

—Não estou entendendo. Para onde vamos? Quem é Shuri? — Bruce estava perdido.

—Irmã de T'Challa, rei de Wakanda. — respondi, ainda sorrindo.

—Peguem o que precisarem. —

—Eu preciso de comida. Rhodey, vou atacar a geladeira, ok? —

—Sem problemas. A gente tem chocolate no armário. — meus olhos brilharam e eu não hesitei em sair correndo até a cozinha.

***

Eu já tinha me entupido de chocolate, torrada e algumas bolachas salgadas. Também tinha tomado uma generosa dose de café na minha xícara do Darth Vader que permanecia no mesmo lugar do armário junta com as outras xícaras personalizadas.

Nada como estar em casa.

Eu também tinha encontrado ameixas na geladeira e não pensei duas vezes antes de pegar algumas e guardar numa vasilha, para a pequena viagem.

Quando Rhodes me chamou dizendo que todos já estavam prontos para partir eu peguei a vasilha com as ameixas e o segui até o Quinjet.

—Para que as ameixas? Achei que estivesse com energia suficiente depois de todo aqueles lanches. — falou, olhando para trás como se esperasse alguma coisa.

Olhei sobre o ombro, não encontrando nada e voltando a olhar para a frente.

—E estou. As ameixas não são para mim, são para o Bucky. Steve o deixou em Wakanda para que ele ficasse livre de vez da programação que a HYDRA fez com ele. — dei de ombros.

—Ameixas? — arqueou a sobrancelha.

—Quando o perseguiram na Romênia por acharem que ele tinha explodido a bomba em Viena, ele me disse, antes da batalha no aeroporto, que estava comprando ameixas antes de ser pego. — respondi. — Então eu, como boa amiga, estou levando algumas ameixas para... —

—Melinda? —

Meus pés travaram no lugar.

A vasilha em minhas mãos quase foi parar no chão se não fosse por Rhodes que a segurou em um reflexo rápido.

Vendo o sorriso em seus lábios eu soube que era isso que ele estava esperando quando dava algumas olhadas para trás enquanto caminhávamos.

Vagarosamente, ainda sem acreditar que aquela era, de fato, a voz era dele, me virei. E ao encontrá-lo ali, parado a alguns metros e com o peito subindo e descendo rapidamente como se tivesse corrido para chegar até aqui, eu soube que era real e não um holograma ou coisa do tipo.

Sabe-se lá quanto tempo eu passei parada no lugar, sem conseguir raciocinar direito o que estava acontecendo ou o que falar. Mas aí, ele falou de novo.

—Eu não estou acreditando. Se tornar uma fugitiva fez você pintar o cabelo? — e então soltou uma risada.

A risada que eu não ouvia a dois anos.

—Não podemos perder tempo, Melinda. — ouvi Rhodes sussurrar no meu ouvido e após ele me dar um leve empurrão nas minhas costas, eu coloquei as pernas para funcionar.

Primeiro foram passos curtos, ainda incertos, mas logo eu estava correndo e quando dei por mim, já estava me jogando em seus braços novamente.

—Achei que nunca mais fosse te ver. — sussurrei, sentindo as lágrimas começarem a cair pelo rosto enquanto os braços de Tyler me apertavam cada vez mais.

—Eu achei que nunca mais fosse te ver. — ele falou. — Te procurei várias vezes e nada. Nem a Daisy conseguiu te encontrar. —

—Agradeça ao Ryan, por isso. — me afastei dele. — Eu quase surtei quando não tive nenhuma noção de onde diabos você estava seis meses atrás. —

—Se eu disse que estava no futuro você acredita? —

—Claro, o futuro. Por que não? — sorri.

—Depois de quase morrer várias vezes e de impedir que o planeta fosse partido ao meio semana passada, pedi uma folga para o Diretor para te procurar. Eu precisava ver você nem que fosse uma única vez. — explicou.

—Não sabia que o Coulson dava folga para agentes procurarem pelas amigas que estão sendo caçadas pelo Governo. — sorri. Algo no olhar dele me fez franzir as sobrancelhas. — O que foi? —

—Nada, é só que ele também queria saber se você estava bem, estava preocupado. — Tyler tirou uma mecha do meu cabelo do rosto. — Estou xingando todos os deuses por só conseguir te encontrar quando você está a caminho de uma batalha para salvar o mundo. —

—Está mais para o universo. — corrigi.

—Eu amei o seu cabelo, sério. E combina com seu novo uniforme irado. — sorriu. — Mas agora vá lá ajudar a salvar o universo. Estarei aqui no Complexo esperando por você para colocarmos o papo em dia. —

—Vê se não dá a louca e vai para o futuro de novo. — sorri.

—Não vou a lugar nenhum. — Tyler segurou meu rosto entre as mãos, beijando minha testa. — E vê se você não morre. —

—Jamais deixaria isso acontecer sem antes saber dessa sua aventura no futuro. — o abracei novamente. — Tem chocolate no armário. — depositei um beijo em sua bochecha antes de me afastar e dar as costas para ele, caminhando em direção ao jato.

O pessoal já estavam na banheira, nos encarando.

A cada passo que eu dava, me perguntava se eu devia ou não contar para Tyler algo que tenho pensado desde que ele sumiu do meu radar quando foi para o futuro (como diabos isso era possível?)

E quando eu estava um pouco mais da metade do caminho, parei e me virei na sua direção. Observando um leve franzir de sobrancelhas dele, apenas respirei fundo e falei o que tinha que falar de uma vez.

—Foi você, Tyler, sempre foi você. —

—Fui eu, o que? — questionou confuso.

—No verão de 2010, fomos para um acampamento pela escola. Na última noite resolvemos jogar verdade ou desafio. Eu já tinha gastado meus dois desafios seguidos e fui obrigada a escolher verdade pelas regras do jogo. — falei, sem desviar meu olhar do dele. E algo me dizia que ele já tinha se ligado do que se tratava essa confissão. — Me perguntaram se eu já tinha me apaixonado e eu respondi que sim, perguntaram por quem e eu disse que se quisessem saber teriam que esperar a próxima rodada para perguntarem. E quando perguntaram, eu enrolei todo mundo e não respondi. Você e o restante dos meninos ficaram insistindo o resto do ano para saber quem era, mas eu nunca contei e logo acharam que eu tinha dito aquilo só para zoar com a cara de vocês, mais uma pegadinha da Melinda. Só que não era pegadinha, nunca foi. —

Tyler manteve a expressão neutra por alguns segundos. Até que ele se colocou em movimento e parado na minha frente, ele sorriu.

—Sabe que eu quero te matar por você só estar dizendo isso minutos antes de ir enfrentar um cara do mal que quer fazer sabe-se lá o que com o universo, não sabe? —

—Sei sim, e agradeça, de certa forma, a esse cara do mal porque se não fosse por ele você nunca saberia disso. — falei, sorrindo após pressionar os lábios.

—Eu acho que todo mundo, inclusive nós dois, sabia sobre isso. Lá no fundo, sabe? —

—Tem razão, eu sei, mas ouvir também é bom, sabia? — cruzei os braços.

—Salve o universo, volte viva e eu falo o que você quer ouvir. — sorriu.

—Eu te odeio. — falei, sorrindo.

Tyler levou as mãos até sua nuca. Observei ele retirar o colar que eu dei para ele de presente de aniversário em 2016, antes de todo o furacão chamado Tratado de Sokovia acontecer.

Ele colocou o colar no meu pescoço, segurando meu rosto e depositando um beijo em meus lábios.

—Leve isso como garantia dos meus sentimentos. Me devolva quando retornar. Prometo que vamos conversar sobre isso, mas precisa ir. — falou, se afastando. — Já tivemos mais tempo do que imaginei que teríamos. — assenti, pressionando os lábios.

Beijei o nó dos seus dedos, sorrindo e dando as costas para ele.

Não arrisquei olhar para trás uma última vez porque eu sabia que se eu olhasse, não conseguiria mais sair do lado dele.