Quando sai do quarto, notei o quanto o hospital de Wakanda estava cheio. Muitos guerreiros wakandanos tinham se machucado e alguns estavam piores do que eu. No entanto, eu confiava na tecnologia de Wakanda e que logo eles estariam bem, fisicamente falando, claro.

O psicológico de todo mundo estava abalado. O meu então nem se fala. Talvez eu devesse voltar com as consultas com o dr. Palmer. Se ele tiver sobrevivido ao estalar.

E então, enquanto Steve e Nala me levavam até a saída do hospital, aproveitei para saber quem tinha sobrevivido. Naquela hora só pensei em Tyler, na minha família, nos meus amigos.

E acredite, se eu soubesse que eu iria me decepcionar demais e ter meu psicológico mais abalado ainda ao obter os resultados da minha busca, eu jamais teria inventado de fazer isso. Tentei limpar as lágrimas discretamente, sem que Steve visse, mas acho que falhei. Entretanto, ele não falou ou perguntou nada.

Na saída, estavam Bruce e Natasha. Eles, assim como o Capitão, tinham tomado banho, trocado de roupa e cuidado dos seus machucados.

—Oi. — Nat sorriu minimamente. — Como se sente? Eu queria estar lá quando você acordasse, mas precisei acertar umas últimas coisas com a Okoye. —

—Sem problemas, Dona Aranha. Eu me sinto invalidada, mas grata por você ter acertado no meu modelito. — sorri. — Obrigada por não me deixar usar esse vestido com uma rasteirinha. —

—Ainda bem que você não perde esse seu espírito nem quando está toda machucada. — Bruce falou, se aproximando. — Que bom que está bem. — pousou sua mão sobre minha mão direita. Virei ela, entrelaçando meus dedos nos dele.

—Obrigada por estar lá comigo. Vocês dois. — encarei Natasha. — Eu abraçaria vocês, mas me disseram que só permitiram minhas botinhas com saltinho se eu não ficasse em pé. E eu quero ganhar meu pirulito por bom comportamento. —

Eles soltaram uma risada curta, mas não chegava a ser aquelas risadas de criar rugas ao redor dos olhos. Então eu decidi que poderia acontecer qualquer coisa, poderia demorar o tempo que fosse para trazermos todo mundo de volta, eu estaria ali, do lado deles, conversando e apoiando todos eles.

Os Vingadores me deram um propósito para viver, ajudar a fazer da Terra um lugar melhor a protegendo todos os dias; me deram uma segunda família muito melhor do que eu poderia imaginar. Eu seria o alicerce para manter eles em pé, custe o que custar.

—Pirulito por bom comportamento? Você? — Natasha arqueou a sobrancelha.

—Achei vocês! — Zaki falou, correndo até onde estávamos. — Rodei o hospital inteiro atrás de você. Aqui está seu pirulito, Melinda. Você foi muito corajosa. — peguei o pirulito de framboesa, arqueando a sobrancelha.

—Mas é evidente que eu fui corajosa, afinal eu sou a Valente. — abri os braços, fazendo Zaki me encarando feio.

—Acho que terei que tomar o pirulito de volta. Eu disse repouso ou você já esqueceu? — ele colocou meus braços de volta para dentro da cadeira.

—Como eu vou me apresentar de um jeito magnífico sem poder gesticular? —

—Repouso absoluto também significa nada de visitas. — revirei os olhos com a resposta de Nala.

—Dois irmãos chatos. — resmunguei.

—Somos mesmo. Agora antes de dar alta a você, recite as recomendações que eu fiz para você. — Zaki cruzou os braços.

—Cuma? — ele fez um gesto com a mão para eu falar logo. — Ok, ok. — revirei os olhos. — Algo sobre poder desenhar assim que tirar a tala, fazer esforço na perna direita... é brincadeira, eu hein. — falei quando vi as caras feias dele e da irmã. — Repouso, não fazer nenhum esforço físico, vou ter sessões de fisioterapia quando retirar os pontos da perna e a tala do pulso, nada de voar, tomar os analgésicos para ver se surtem algum efeito, sempre que quiser ir ao banheiro pedir ajuda, trocar os curativos diariamente e a Nala também disse para não usar roupas justas enquanto estivesse me recuperando das fraturas nas costelas. — citei tudo direitinho. — E aí, estou liberada? —

—Esqueceu do mais importante. — foi Steve quem falou. — Nada de vôos. —

—É, isso daí também. Jesus! Minha vida vai ser um completo tédio pelas próximas semanas. — constatei. — Com o pulso imobilizado não vou poder jogar videogame, com a perna lascada não vou poder correr quando tiver precisando relaxar, não vou poder desenhar, nem tocar violino nem nada. Vou ficar fazendo o que esse tempo todinho? — os olhei.

—Exercitar seu cérebro lendo. — tombei a cabeça para o lado, pensando na possibilidade.

—Hum, a ideia é boa, mas vou precisar comprar mais livros. — falei.

—Bom, acho que terminamos, Melinda. — Zaki suspirou, descruzando os braços. — Avisarei a General que você recebeu alta. E lembre-se: não se fruste caso seus ferimentos demorarem para curarem totalmente. Faça tudo no seu próprio tempo, ok? —

—Certo, dr. House. — sorri, vendo ele estender a mão para cumprimentá-lo. — Obrigada por não coletar meu DNA sem minha permissão. — apertei sua mão.

—Obrigado por me fazer ir até a máquina de doces do hospital apenas para pegar um pirulito. — ele sorriu, soltando minha mão.

—Qual minha porcentagem de confiança, srta. Hunters? — ela arqueou a sobrancelha.

—75%, mas posso arredondar para 90 se me chamar apenas de Melinda. —

—Feito. — ela apertou minha mão com delicadeza. — Lembre-se das minha palavras, tudo bem? — assenti. — Foi um prazer conhecê-la, Melinda. —

—Digo o mesmo, Nala. — soltamos as mãos. — Obrigada, vocês dois. — encarei os irmãos que fizeram um x com os braços encostado no peito.

O cumprimento wakandano.

—Foi um prazer conhecer todos vocês. — Nala falou, encarando o pessoal. — Só lamento pelas circunstâncias não serem melhores. —

—Igualmente. —

Capitão apertou a mão dos irmãos, logo após Natasha e Bruce fizeram o mesmo. Então eu estava movimentando minha cadeira motorizada super tecnológica até o Quinjet.

Okoye estava nos esperando do lado de fora do jato na sua pose de General, mas algo na sua postura dizia o quanto ela estava sobrecarregada. Acho que como T'Challa, Okoye e a rainha Ramonda viraram pó, o dever de líder da nação acabou caindo sobre ela.

—Como se sente, Patatá? — sorri com a referência a conversa que tivemos no elevador antes de toda a pancadaria.

—Bem, comandante. Frustrada porque terei que passar as próximas semanas de molho, mas bem, na medida do possível. — respondi.

—Fico feliz por ouvir isso. — ela encarou Steve. — Já está tudo certo para a volta de vocês a New York. Agradeço pela ajuda prestada após a batalha. —

—Nós que agradecemos, General. Reforço ao dizer que vamos procurar um jeito de trazer todos de volta. — Steve falou firme.

—E eu acredito. Qualquer coisa, Natasha pode me contatar. Se por algum acaso acabarmos descobrindo uma forma de reverter tudo daqui, avisaremos. — assentimos, concordando. — E, Patatá, a cadeira irá com você, mas saiba de antemão que eu mandei retirarem algumas funções dela. —

—Espera. Você não confia em mim com uma cadeira de rodas motorizada super tecnológica de Wakanda? — arqueei a sobrancelha.

—Não. — ela foi direta. Soltei uma risada curta.

—E com razão, nem eu confiaria em mim uma cadeira dessas. — sorri. — Obrigada, comandante. —

—Espero que dá próxima vez que nos vermos, seja em condições melhores. Quem sabe assim você consegue cumprir seu desafio. — antes que eu pudesse ver se aquilo no canto dos lábios dela era um sorriso discreto, Okoye deu as costas.

—Que desafio? — Bruce questionou.

—Eu perguntei se ela não sorria e ela respondeu que eu saberia quando dissesse algo engraçado. — disse, tentando virar a cadeira para subir a rampa do Quinjet. — E eu levei no desafio, é claro. Mas que merda de cadeira. — resmunguei.

—Eu te ajudo. — Steve segurou a guia da cadeira, a empurrando para dentro do jato.

—Se for para passar raiva tentando me movimentar nessa droga eu nem quero. — eu teria cruzado os braços se da última vez que eu tivesse tentado não tivesse doído.

Ao entrar no Quinjet encontrei Thor sentado em uma das poltronas e o guaxinim sentado no chão. Então não foi alucinação!

—Baixinha. — o Deus sorriu, vendo eu me aproximar.

—Oi, Grandão. — sorri de volta.

Steve parou a cadeira no espaço vazio ao lado das poltronas. Observei o Capitão prender o cinto de segurança na cadeira mesmo após travar as rodas. Uh, aquilo seria um freio de mão?

—Isso é mesmo necessário? — perguntei, vendo ele prender outro cinto de segurança atravessando meu tronco.

—Você não vai ter seus pés para se manter firme quando sairmos do chão. — explicou, folgando mais o cinto na parte de cima.

—Ah, é. — murmurei. — Eu não sirvo para ficar doente, acabei de crer. Felizmente ganhei poderes e me livrei da saúde frágil. — observei a porta do jato fechar, olhei ao redor notando alguém faltando. — Espera, Nat. Cadê o Rhodey? —

—Em New York. — Steve respondeu, levantando após checar se o cinto estava firme. — Ele precisou buscar alguém e levar para o Complexo. —

—Quem? Não me diga que Tony já está de volta? — perguntei, o sorriso começando a brotar nos lábios.

Todos me encararam.

—Espera. O Tony está vivo? — assenti para o Picolé.

—Eu... aproveitei o tempo "livre" quando estava saindo do hospital para checar se mais alguém conhecido... evaporou. — encarei minhas mãos por um momento. — Procurei primeiro pelo Tony, ele ainda estava no meio do espaço. E ele deve estar arrasado porque eu não senti a energia do Peter. —

Natasha começou a colocar a banheira para voar.

—Quem é Peter? — Thor indagou confuso.

—Peter Parker, o Homem-Aranha. Ele é um herói conhecido mais pelo Queens, lutou ao lado do Tony quando toda aquela história do Tratado aconteceu. — expliquei. — O pirralho acabou indo para o espaço junto com Tony e o doutor Estranho. —

—O mago. — murmurou. Diante do meu olhar confuso ele explicou: — Eu o conheci quando voltei a Terra para procurar Odin. —

—Odin na Terra? Achei que o rei magnífico odiasse Midgard. — eu devia ter notado os sinais de Bruce para calar a boca mais cedo.

—Odiar é uma palavra muito forte, mas o mago ajudou eu e meu irmão a encontrarmos nosso pai minutos antes dele se juntar a nossa mãe em Valhalla. — arregalei levemente os olhos. Thor perdeu o pai, o irmão e o planeta em curto período de tempo? — Eu sei, Baixinha, mas isso é história para outra hora, ok? Continue falando sobre nosso amigo Stark. — forçou um sorriso.

Aquilo partiu meu coração em pedaços.

Engoli em seco, voltando a falar após um suspiro.

—Procurei depois pelo Coulson e os agentes, nada. Amy, Mack, Daisy, Fitz-Simmons, May... a única energia que senti foi a da mãe da Amy, Reginna. — respirei fundo, tentando não derramar nenhuma lágrima. — Dos irmãos do Tyler, apenas a Dani. Procurei pelo Clint e a família dele, mas... —

—O que? — a voz de Natasha falhou.

—Só a energia dele. Laura e os meninos... eles... — não consegui terminar a frase.

O pequeno Nate tinha a mesma idade que Theo.

—E o Scott? — Capitão cruzou os braços.

—E quem é esse daí? —

—Homem-Formiga. Ele não é um herói muito conhecido, lutou ao nosso lado contra o Tratado. — Steve explicou rapidamente.

—Eu não sei. — respondi sincera.

—Como assim? — Bruce soou confuso.

Não o julgo, eu mesma estava confusa.

—Eu não sei. Quando eu tentei encontrá-lo, senti algo estranho. Não sei se ele está vivo ou morto. É confuso e estranho. Nunca senti algo assim, com ninguém. — encolhi os ombros.

—E o Fury? Você o procurou? — Natasha voltou a falar.

—Não senti nada. Nem com ele, nem com a Hill. — suspirei. — Mas a Pepper sobreviveu, ela está no Complexo provavelmente atrás de notícias do Tony. Foi ela quem o Rhodey foi buscar? —

—Você saberá quando chegarmos. — Steve respondeu, dando as costas.

—Como assim? O que vocês estão escondendo de mim? — encarei um a um, nenhum me olhou nos olhos com exceção do guaxinim, mas duvido que ele saiba quem era. — Gente? —

—É melhor você ver com seus próprios olhos, Melinda. — foi Bruce quem falou.

Bufei, virando o rosto para o lado.

O resto da viagem foi silenciosa.

***

Eu tentei descobrir quem estava no Complexo, mas não consegui. Quem quer que fosse, eu não conhecia.

Por um momento achei que fosse o Ross, mas depois de procurar onde diabos ele estava, não o achei. Aparentemente ele não sobreviveu ao estalar.

Assim que Natasha pousou o Quinjet, Steve veio me soltar das amarras que ele fez. A ansiedade em meu peito crescia a cada minuto.

Quem diabos estava no Complexo? Para que todo esse suspense?

O Capitão começou a empurrar a cadeira em direção ao Complexo, mas assim que passamos pelas portas enfrentamos um probleminha: as escadas.

Steve teve que me carregar nos braços até o primeiro andar, onde ficavam as salas e cozinha. Eu não teria reclamado por estar sendo carregada pelo Capitão se não fosse pelas pequenas fisgadas de dor nas costelas.

Nota metal: assim que Tony voltar para a Terra eu vou estapeá-lo por não ter feito um design para o Complexo com mais acessibilidade.

O elevador ficava do outro lado do hall de entrada e tinha que descer os pequenos degraus da entrada.

Não consegui conter o pequeno gemido de dor quando Steve me colocou sentada no sofá.

—Te coloquei com muita força? —

—Não, foi só uma pontada nas costelas. Não foi você, Picolé. Relaxa. — sorri, para aliviar a preocupação dele.

Olhei ao redor, procurando pelo Coronel e a pessoa misteriosa.

—E aí? Cadê a pessoa que o Rhodey trouxe para cá? Eu sou uma pessoa ansio... — fui interrompida.

—Tia Mel? —

Olhei na direção do corredor que dava para a cozinha. De lá vinham Rhodes e uma figura pequena segurando a mão dele.

Eu não pude evitar que as lágrimas caíssem quando vi o garotinho soltar a mão do Coronel e correr na minha direção.

Apenas quando ele pulou em cima do sofá, passou seus braços pelo meu pescoço e seu joelho acidentalmente bateu na minhas costelas me fazendo soltar um gemido de dor consideravelmente alto, a ficha caiu.

Theo estava vivo. Meu sobrinho estava bem.

Ele se afastou antes que eu pudesse retribuir o abraço dele.

—Eu machuquei você, tia. Desculpa. — pediu, com os olhos marejados. — Tio Rhodes disse que você estava machucada, que era para eu ter cuidado, mas eu tava com tanto medo. —

Puxei ele para um abraço sem me importar com a dor. A dor que se lasque, Theo estava aqui comigo. Isso era a única coisa que importava.

—Eu achei que tinha perdido você também, meu pequeno. — sussurrei, apertando mais o abraço. — Eu ainda não acredito que você está aqui. —

—Eu fiquei com tanto medo, tia. — ele se afastou. Seu rosto já estava todo molhado pelas lágrimas. — A gente estava assistindo um filme e do nada a mamãe começou a virar pó. E depois o papai. —

E novamente meu coração estava se partindo em mil pedaços. Uma criança de 3 anos viu seus pais virarem pó bem na sua frente.

—Antes dele sumir... o papai disse para procurar por você, disse que você ia trazer todo mundo de volta. — puxei ele novamente para um abraço, beijando sua cabeça sentindo as lágrimas quente escorrerem.

—E eu vou, meu pequeno. Eu prometo que vou fazer o possível para trazer todos de volta. — ergui o olhar para Rhodes que mantia um sorriso no rosto. — Obrigada. — sorri.

—Não precisa agradecer. Ele pode não ser meu sobrinho de sangue, mas é como se fosse. — o Coronel cruzou os braços. — Recebi uma ligação do Adam enquanto você estava na cirurgia, mas quando atendi era o Theo. Ele contou o que aconteceu com os pais e perguntou se o mesmo tinha acontecido com você. Eu disse que você estava bem, apenas cuidando de alguns machucados e perguntei onde ele estava, dizendo que iria buscá-lo. —

—Aposto que ficou confuso porque eu disse que não sentia a energia dele. — falei, limpando o rosto com a ponta dos dedos da mão esquerda já que meu braço direito abraçava meu sobrinho.

—É, mas quando contei ao Capitão ele explicou que, para você, sentir a energia de crianças sempre foi mais complicado que sentir a energia de adultos. —

—Eu liguei para todo mundo, tia. Para a vovó e o vovô, para o tio Will. Ninguém atendeu. —

—Ainda bem que você é um garoto inteligente e ligou para o Jimmy logo depois. — sorri, apertando o nariz dele.

—Ele disse que o tio Tyler virou pó também. É verdade? — mordi o interior da minha bochecha, segurando o choro.

—É, assim como seu tio Charlie e a tia Amy. —

—Vocês não vão virar pó também e me deixar sozinho, vão? — ele encarou cada um dos presentes na sala.

—Não. — Natasha respondeu. — O único evento desse porte que irá acontecer de novo será para trazer todo mundo de volta. —

—Estamos contando com isso. — uma voz feminina soou próxima a escada. — É bom ver vocês. — Pepper sorriu.

—Oi. Como você está? — Natasha a abraçou.

—Ainda um pouco confusa com tudo isso, mesmo com o Rhodes tendo me explicado o que aconteceu. — ela suspirou.

Thor, Bruce e Steve a abraçaram também.

—Sei como vocês estão se sentindo, mas precisam dar uma coletiva para as pessoas. Elas estão com medo, confusas, não sabem o que aconteceu. — falou, guardando seu celular no bolso. — Todo mundo está apavorado. —

—Nós sabemos. — Natasha suspirou. — Vamos resolver isso com calma. Precisamos ter cuidado com o que vamos falar, não podemos deixar as pessoas mais assustadas do que estão. —

—Concordo. — Pepper me encarou. — Parece que você foi atropelada por um caminhão. —

—O caminhão tinha mais de dois metros de altura, era feio, roxo e parecia uma berinjela seca. — sorri. — Posso falar com você? —

—Claro. —

—Vamos deixar vocês sozinhas. — Capitão falou. — Você já comeu, Theo? — perguntou para o garotinho que negou com a cabeça.

—Eu não estava com fome quando tio Rhodes me buscou. — respondeu. — Mas estou agora. —

—Eu também estou. O que acha de prepararmos algo para comer, hum? — ele estendeu a mão para Theo que desceu do sofá e a segurou, começando a caminhar em direção a cozinha.

—Eu posso comer a sobremesa antes do jantar? — indagou como quem não queria nada.

—Óbvio que não. — Natasha negou, os acompanhando.

Sorri, observando a cena.

Bruce, Thor, Rhodes e o guaxinim - que eu ainda não sabia o nome - foram para a cozinha também.

—Como você está? — Pepper perguntou sentando ao meu lado no sofá.

—Com dor, coisa que eu não costumava sentir por muito tempo após uma batalha. — respondi, virando um pouco o corpo para ficar de frente para ela. — Acredito que o Rhodes tenha dito sobre a nova habilidade que eu ganhei, não é? —

—Sim, e eu queria perguntar sobre o Tony assim que te vi, mas não queria que você fizesse qualquer esforço que prejudicasse sua saúde e... — a interrompi.

—Ele está vivo, Peps. —

—Ah, meu Deus. Sério? — assenti, segurando sua mão quando as lágrimas começaram a cair pelo rosto dela.

—Eu procurei saber quem tinha sobrevivido após o estalar quando ainda estava em Wakanda. Os números foram bem decepcionantes, mas o Toninho está vivo. — apertei sua mão. — Mas como eu acho que o Rhodey também te falou, eu não sei onde ele está. O espaço é um lugar que eu ainda não explorei. —

—Eu entendo, e agradeço por você me tranquilizar um pouco. Só o fato de saber que ele está vivo já é muito bom. — ela sorriu. — Obrigada. —

—Não por isso. E não vamos esquecer que o Tony é um cara muito inteligente e que saiu daqui em uma nave. Ele vai saber voltar para a Terra. — sorri. — Agora me diz: é menino ou menina? —

Ela franziu as sobrancelhas.

—O que? —

—Ora, Peps, não tente me enganar. Eu já sei de tudo, menos isso. É menina ou menino? — a expressão no rosto dela gritava confusão. — Oh. Eu já sei de tudo, mas você não. —

—Ah, meu Deus. —

—É, você não sabia mesmo. — murmurei.

—Eu estou grávida? —

—Yep. — sorri. — Quando eu estava procurando pelo pessoal que sobreviveu, eu senti algo diferente quando te encontrei. Não chegava a ser que nem a energia do Scott que eu não sei se está vivo ou morto, mas tinha algo diferente. Esperei te ver pessoalmente e tirar a dúvida. — expliquei.

—Meu Deus. — sussurrou ainda surpresa. — E o Tony tinha sonhado ontem a noite que tínhamos um filho. Demos o nome de Morgan. — ela sorriu, as lágrimas descendo novamente.

—Morgan serve tanto para menino como menina. Poxa, nenhuma dica, Tony Stark. — murmurei. — Você está bem? Estou sentindo sua mão gelar. —

—Estou surpresa. Não tínhamos planejado nenhum filho ainda, ainda estávamos no casamento. —

—Espero que tenham reservado meu convite. — brinquei. — Ele vai ficar feliz por ser recebido com uma notícia dessa. — sorrimos.

—Posso pedir para você manter isso entre nós? — perguntou depois de um tempo.

—Não só pode como já estou mantendo. — fiz um gesto com com a mão fechando minha boca como se tivesse um zíper.