2009 - Miami

Soltou um grito mais alto quando sentiu a dor dos dentes dele pressionando sua pele, feito sem dó. Ele sabia que ela não gostava de ser marcada daquela forma, gostava de deixar marcas por isso foi sua vez castigar. Cravou levemente as unhas grandes e as desceu sem rumo deixando seu rastro vermelho.

Como resposta imediata ele desacelerou e se afastou para ver o efeito da última provocação nela, que nem conseguiu protestar porque estavam no caminho da total liberdade, o literal gozo da entrega dos corpos masculino e feminino, do reencontro de duas almas, aquela noite que não poderia terminar de outra forma. Quando ele abaixou o olhar para os corpos suados entrelaçados e que ainda se movimentavam devagar sentiu o arrepio magnífico do que estava por vir por isso buscou a mão dela e entrelaçou bem forte seus dedos, chegou a machucar, mas nenhum pareceu se importar.

Anahí presenciava e especialmente sentia tudo o que ele lhe proporcionava, queria conseguir ficar com os olhos fixos no dele, ver o resultado de tudo. Entretanto não conseguiu conter o que estava sentindo foi diferente, em uma careta desceu a mão livre para uma das nádegas dele e apertou na mesma medida que os olhos fecharam e ergueu as costas para sentir e sentiu...

Sentiu que estava ali e ao mesmo tempo não, ainda de olhos fechados parecia enxergar tudo. Sentiu que junto a ele flutuava entre as estrelas que podia ver aos outros planetas; que estavam juntos em meio ao mar entrelaçados e envolvidos; sentiu uma brisa suave bater contra a pele suada lhe dando alívio e frescor que só se sente nas montanhas; o que sentiu foi tamanho que lhe assustou por ser tão forte, apertou o que parecia ser o corpo que sentia de Christopher em matéria e não o que estava só em sua mente em busca de proteção e tudo aquilo que lhe envolvia foi enfraquecendo e ela voltando a si. Uma lágrima bem fina e quase imperceptível escorreu de um dos olhos e ela deu uma inspirada profunda em busca de ar.

Estava confusa e tinha a visão turva e quando se tornou nítida tinha em sua frente o olhar castanho exausto, mas feliz dele. Então tudo o que acabou de viver foi preenchido por esta visão e logo a mente tornaria o vivido numa lembrança esquecida.

— Eu acho que estou apaixonado! – Ele soltou um riso torto depois de soltar as primeiras palavras.

— Tonto! – ela soltou respirando mais calma enquanto ele cortava o contato físico dele, com o olhar ela viu ele se deitar ao seu lado ainda sorrindo. Não pode deixar de sorrir também porque foi tão especial para ela. Talvez uma das mais especiais. Depois de um tempo disse aérea pensando no dia que teve. – Foi mágico o que vivemos.

— Prefiro usar a palavra... gostoso! – Ele deu risada e foi acompanhado por ela. – Como se sente?

— Feliz! – Logo respondeu. - E você?

— Eu penso que felicidade é contagiosa e eu estou num caso crítico dessa doença. – De modo que ele colocava a mão livre atrás da cabeça, recebeu um tapa dela leve, por zombar. Ela observou as mãos de ambos que ainda estavam entrelaçadas deu um sorriso de lado leve, era algo simples, porém muito simbólico ainda mais por tudo que viveram hoje.

— Sendo assim acho que para o seu caso, não deve ter cura! – Ao contrário dele o tom que ela usou não foi brincalhão, ele se voltou para ela e viu que ela encarava suas mãos, quando o olhar de ambos se encontraram, ela mordeu os lábios. Girou o corpo para se deitar sobre ele, mas antes que pudesse tomar qualquer atitude, escutaram um barulho eletrônico.

O suspiro de frustração dele foi alto já que estava cheio de expectativa para o que eles voltariam a fazer, e ela para descontar deu uma mordida leve no queixo dele.

— Será que é o meu ou o seu? – Ele já procurava com o olhar o objeto pelo quarto.

— Não tenho ideia. – Ela falou confusa, enquanto girava o corpo para deitar novamente na cama, Christopher já estava em pé procurando. – A última vez que vi o seu estava na cozinha quando jantamos.

No caminho para a cozinha Christopher pegou a primeira peça de roupa que o livrasse da nudez. Sua cueca e depois de achar sua camisa jogou para a cama, porque ela gostava de dormir com suas camisas.

Ela estava certa, o celular dele estava na mesa, mas ao apertar algum botão a tela iluminada indicou que não era o seu que havia tocado. Coçou a cabeça confuso e ao olhar para ela da cama, estava colocando sua camisa.

— Não é o meu. – Voltou a andar para onde ela estava.

— Acho que o meu deve estar no banheiro, quando eu terminei de tomar banho e estava tirando o resto da maquiagem, respondi algumas mensagens e então você terminou seu banho e me abraçou por trás e... – soltou um riso. Por ambos lembrarem onde tudo começou.

Ainda com um sorriso na boca ele foi até o banheiro e lá estava o celular dela, apertando qualquer botão havia lá uma mensagem de Pedro. Antes que ele pudesse ter reação o celular começou a vibrar e tocar na sua mão, institivamente o atendeu.

— Christopher? Pensei que tivesse ligado no celular de Anahi. – Pedro tinha a voz confusa. Anahi olhou da cama com curiosidade para ele, que ficou sem reação por um momento.

— É que estamos juntos. – Ele optou pela verdade, teve maus exemplos no passado quando mentiu pelos os dois e não teve boas consequências.

— Hm. – Foi o que Pedro disse pensativo, não dava para identificar se estava com raiva ou não. – Onde esta Anahi? Queria falar com os dois.

Christopher caminhou até a cama sentou em cima de uma perna dobrada e colocou a chamada no alto falante, para que ambos pudessem escutar.

— Pronto, Pedro, ela já pode te ouvir. – Christopher deixou o aparelho entre os dois, despreocupada Anahi abriu um sorriso. – Hola Pedro!! – disse e mesmo que ele não visse deu até um sorriso bonito, isso fez com ele relaxasse mais.

— Como vai Anahi? Eu estou ligando para perguntar como aconteceu tudo. – A animação de Anahi foi contagiosa porque o tom de voz de Pedro havia mudado ou aquilo era coisa da cabeça de Christopher.

— Fui um dia realmente mágico, de verdade, Pedro estou nas nuvens até agora. Tudo saiu como queríamos, a apresentação foi incrível e todos se portaram muito bem, não sei como posso descrever estou plena. Ah e também ganhamos um premio. – Ela sorriu mais aberto agora para Christopher.

— Sério? Que bom. Eu fico muito feliz pela banda como já sabem, mas em especial por você Anahi, afinal foi a sua estreia e mesmo que não tenha estado de corpo presente, sabe que desde aqui estava mandando boas energias. – Pedro usou seu tom babão, o que não era muito difícil especialmente com os seus pupilos.

— Obrigada. De verdade, sabe a dimensão de tudo, dos meus sonhos do quanto eu estava nervosa por algumas decisões e agora o quanto me sinto agradecida. Até porque tive um apoio e tanto de Guillermo, minha mãe veio de última hora e claro de Christopher. – Ela lançou seu olhar azul sobre ele que escutava tudo atento, que apenas negou com a cabeça.

— Ele estava aí a trabalho também. – Pedro deu risada sem nem perceber do clima que estava no quarto de hotel americano. – Eu já tenho que desligar porque tenho trabalho para fazer, queria mesmo saber como foram as últimas notícias de vocês já que falei com os outros.

— Como foi com os outros? - Christopher perguntou. A banda estava dividida para que pudessem cumprir com a agenda, então foi decidido que Poncho e Christian iriam para Argentina acompanhados de Palomo, Maite e Dulce para Espanha junto a Pedro e Guillermo estaria com Anahí e Christopher nos Premios Juventud, ela estrearia o seu projeto solo paralelo à banda aí.

— Foi tudo muito bem, Poncho e Christian estavam no evento da gravadora e foram na premiação argentina, Poncho aproveitou para divulgar seu filme por lá, e as meninas aqui comigo ocorreu as mil maravilhas também, Dulce e Maite estavam fazendo promoções de rádios por aqui de suas novelas. – Pedro ficou em silêncio uns segundos, dava para escutar andando em qualquer lugar que estivesse, quando voltou a falar tinha a voz um tanto mais séria. – Eu queria apenas dar um último recado antes de desligar.

— Pode nos dizer Pedro. – Christopher assentiu mesmo sem ele ver pela distância em que estavam.

— Eu só quero pedir que sejam discretos com a relação de vocês, o máximo que conseguirem. Estou quebrando minha cabeça para dar o melhor que posso de liberdade e que isso não afete a banda, mas esta cada vez mais complicado. Teremos uma reunião na próxima semana no México e decidiremos mais algumas questões da banda, temos que assinar o contrato da última tour, enfim burocracias a parte, queria que tomassem esse cuidado, por favor.

Após todas as palavras de Pedro Damián, tanto Christopher como Anahi ficaram calados e pensativos por alguns segundos, pensaram em todo o tempo em que passaram juntos desde que chegaram há três dias, um antes do previsto na cidade americana.

— Não se preocupe com isso Pedro. – foi a Anahi com uma segurança que nasceu do nada falou, antes de todo o momento em que estavam vivendo como casal e como banda não queria que nenhum assunto chato como aquele estragasse aquele dia. Não permitiria, pensaria nisso quando acordasse amanhã.

— Pois é, não tem nada que não tenhamos feito que seja tão exposto para a banda, sei controlar a wera. – Christopher fez careta quando Anahi o beliscou e ainda por cima arrancou uma breve risada de Pedro.

— É isso eu preciso ir agora e creio que vocês precisam descansar, pelo horário dessa ligação e então nos vemos em breve. Cuidem-se! – passada as despedidas quando a ligação finalmente terminou o olhar castanho procurou o dela.

— Talvez esse não seja o momento adequado, mas é a primeira vez que estou pensando no que vai acontecer quando a verdade vier a tona. – Ele falou pensativo e só então ela o encarou, estava lindo ver a sua expressão e entendia bem ao que ele se referia.

— Que? - Ela lhe roubou a atenção. – Acaso esta arrependido? - Disse soltando um sorriso e deitando-se na cama.

— Claro que não. Mas, vai ser divertido ver a cara de todos quando nos reunirmos e descobrirem que simplesmente além de um prêmio novo, nos casamos em Vegas. – Ele deitou sobre ela e os dois soltaram sorrisos por imaginar a cena de espanto de todos.

— Só que esse era o nosso combinado. – passou a mão no rosto dele tranquilamente que fechou os olhos. – Olha bebê, isso é para ser nosso. Eles não precisam saber.

— Talvez só nossa família e os meninos da banda. – Ele deixou no ar, pensando na reação deles, essas sim seriam as pessoas em que eles confiavam e poderiam saber desse segredo.

— Não quero pensar nisso agora, nem em como isso pode influenciar na banda negativamente eu apenas estou vivendo a minha vida. E que agora é nossa. – Ela tirou a mão que estava no rosto dele, com a aliança que lhe foi dada, a mesma mão que estava entrelaçada com a dele no instante em que faziam amor. A ligação de ambos agora era mais profunda.

— Manteremos em segredo, quem precisa saber, já sabe. – Ele sorriu. – Nós dois. – Ele deu dois beijos breves na boca dela, se afastou para voltar a lhe falar. – E agora temos que ir para algo mais importante.

— Sim? E o que seria?

Christopher lhe lançou um olhar penetrante e um sorriso safado para completar, suas mãos foi em buscas das dela as cruzou prendendo no alto de sua cabeça, para lhe dizer num sussurro uma das melhores propostas que Anahi escutou naquela noite.

— Comemorar nossa Lua de Mel. – para complementar suas palavras ele beijou-lhe os lábios fervorosamente e apaixonadamente começando tudo de novo. Aquela foi uma noite mágica, ambos estavam no auge do reconhecimento pelo olhar transbordavam de uma cumplicidade gigante, no quarto estava uma das roupas usadas, o vestido num tom violeta dela que junto com acessórios formavam parte do look que representava uma fada e o terno azul com desenhos loucos em um tom mais claro dele. Ali foi o firmamento não de um colega de banda indo apoiar sua companheira, nem de amigos, menos e irmãos como enxiam a boca para falar para os outros, ali estava um homem que foi apoiar e aplaudir agora sua esposa.