Steve Rogers

A única coisa com que me importei no momento em que a parede da sala explodiu foi em achar Natasha. Assim que olhei para o lado, vi a mesma caída, um ferimento na perna. Esquecendo-me do mundo ao meu redor, fui até ela e a ergui em meus braços, tirando-a da zona de mira de Ultron. Tive a impressão de ter visto Barton e Sam indo na direção de Ward, que estava inconsciente, para acudi-lo, mas não me prendi a esse fato. Apenas me permiti sentir o alívio imenso que inundou meu corpo ao ver o rosto de Natasha, ao vê-la viva, sua respiração ofegante em meu pescoço. Enquanto a levava para o canto da sala, passei a mão pelos seus cabelos e beijei sua testa. Normalmente eu me preocuparia com sua perna, mas depois do desespero que senti ao saber que ela estava sozinha com Ultron, alívio e gratidão eram as únicas coisas que eu era capaz de sentir. Ela estava viva.

Quando a deixei delicadamente no chão, em seu rosto só havia consolação. Depois de ter uma mecha de cabelo tirada do rosto por mim, ela fechou os olhos com força, um sinal de alívio.

– Sério, eu nunca fiquei tão feliz em te ver. – Ela disse, ainda arfando – Mas eu não reclamaria se você tivesse chegado um pouco mais cedo. – Eu ri.

– Fique bem. – Eu falei, vendo Ward ser trazido para perto por Barton e Sam – Deixe-o aqui. Mantenham-nos longe da batalha. – Mandei. Thor e Stark avançavam na direção de Ultron agora.

– O que?! – Protestou Natasha, como eu esperava – Não, não mesmo! Não aceito! Que loucura é essa, Steve?!

– Natasha, isso já está decidido. – Falei, com uma firmeza na voz que nunca tinha usado antes com ela. Ela se calou, mas com um bico emburrado – Você vai ficar encarregada de cuidar para que Ward não saia ferido. Eu vou...

Fui interrompido ao ouvir um estrondo e, ao olhar para trás, ver que Stark foi lançado para longe por Ultron, batendo na parede oposta; quando ele sai do muro com dificuldade, notei que havia um amassado no ombro de sua armadura. Thor ergue o Mjölnir e o afunda na cabeça de Ultron, que atravessa o solo, sem sofrer nenhum arranhão. O robô, então, ergue o braço e lança um raio que bate de raspão no ombro do deus. Ele sai do buraco e chuta Thor com uma força imensa, lançando-o na parede oposta. O Hulk atinge um murro em Ultron, que é jogado contra o muro na outra extremidade, mas liga as turbinas dando impulso para frente, diminuindo o impacto. Nessa hora, pelo buraco que Tony tinha aberto na parede, vários agentes da H.Y.D.R.A. entram, armas poderosas nas mãos. Quando miram em nós, Ultron os impede:

– NÃO! PAREM! – Grita ele – Essa luta é minha! Essa batalha é minha! Eu posso lidar com eles! Eles são meus! – Os agentes recuam.

Eu troco olhares com Natasha e vejo em seus olhos que ela estava pensando o mesmo que eu:

O robô enlouquecera.

Pietro Maximoff

Eu tinha certeza que Wanda estava se sentindo do mesmo jeito que eu, pensando o mesmo que eu. Era a primeira vez em que nós éramos deixados sozinhos na Torre e sabíamos que era porque os Vingadores e a equipe de ex-agentes da S.H.I.E.L.D. estavam na Itália, enfrentando a H.Y.D.R.A. Claro que existiam chances extremamente remotas deles vencerem a batalha, mas ainda assim eu me incomodava. Sabia que Wanda pensava o mesmo. Qual é, eles estavam lutando contra Ultron. Eles não tinham chances.

Não é?

Espera um minuto. Estávamos sozinhos. Pela primeira vez, completamente sozinhos.

– Wanda. – Falei, me virando animado para ela – Wanda nós estamos sozinhos. Sozinhos. – Dei ênfase na última palavra e a olhei com expectativa. Ela me fitou confusa até que entendeu o que eu quis dizer.

– Pietro, nós precisamos fazer alguma coisa. E rápido. – Ela disse.

Wanda Maximoff

O plano que tínhamos bolado era ridículo e estupidamente improvisado, mas não estávamos com cabeça para bolar mais nada. Só nos restava torcer para que Einstein e sua Teoria da Relatividade estivessem certos (n/a: assistam para entender melhor o motivo para o plano ter dado certo; é opcional, não precisam se não quiserem https://www.youtube.com/watch?v=iItfqDViLcg#t=316).

Pietro começou a correr muito, mas muito rápido mesmo dentro da cela, em círculos. Eu sabia que sua velocidade podia ultrapassar a da luz, portanto havia grandes chances de funcionar. Também sabia que suas moléculas foram alteradas pela H.Y.D.R.A., então era bem provável que ele saísse bem dessa invenção.

Quando ele estava correndo tão rápido como eu só o vira correr umas três vezes na vida, ele pula e dá uma voadora na grade da cela, a sua força aumentando devido à sua velocidade, quebrando-a com tanta brutalidade que a lançou contra a parede oposta, rachando a mesma. Ele chega ao chão com violência, abrindo rachaduras no solo. Quando ele se vira para mim, está ofegante e um pouco desnorteado. Depois de um tempinho, dá um sorrisinho por causa da minha expressão, que era de total surpresa. Meu irmão podia fazer mais do que eu imaginava.

– Vamos, está na hora de irmos. – Ele disse. Nós saímos da cela, o alarme soando por toda a Torre. Corremos pelos corredores em direção ao hall. Mas, antes de irmos embora, paramos na oficina. Depois de vasculhar um pouco, encontramos uma ferramentinha que parecia uma chave estrela, mas as pontas eram diferentes. Com um pouquinho de dificuldade, Pietro consegue abrir a algema e se livrar dela. Então ele me pega no braço e corre rápido o bastante para nos dar vantagem, mas devagar o bastante para que eu não me desintegrasse no caminho. Ele parou quando estávamos numa espécie de convés, então entrou num Quinjet e me enfiou lá dentro. Foi aos controles do jato e zarpou para fora dali.

Steve Rogers

Eu me preparo para me separar de Natasha, jogando o escudo na direção de Ultron, que joga de volta. Enquanto minha arma de defesa volta em minha direção, Stark vem para o meu lado e me lança para o alto. Eu miro em cima do robô e caio em sua corcunda, o escudo ricocheteando pelas paredes até ir parar na minha mão, então eu o enterro com toda a força no pescoço de Ultron, cortando sua cabeça, que cai no chão com violência. O seu corpo sob mim se desativa e cai.

Não era possível. Eu olhei para os outros e vi que eles estavam tão surpresos quanto eu. Acabara. Realmente acabara. Estávamos livres. O psicorrobô não estava mais entre nós.

Automaticamente procurei os olhos de Natasha e quando os encontrei, vi surpresa e alívio misturados. Ao vê-los, não pude segurar uma risadinha aliviada que escapa pelos meus lábios. Nat sorri em resposta. Eu me viro para os meus companheiros, prontos para levá-los para casa, cada um com sua própria vida.

Então começo a ouvir um barulho que não me agrada em nada. Era metálico. Fico com medo de me virar, realmente fico. Mas respiro fundo, reunindo coragem e olho para trás.

A cabeça de Ultron estava se unindo automaticamente ao seu corpo, ambos com o brilho vermelho que tinham antes de desligarem. A cabeça do robô estava girando no mesmo lugar, fixando-se no restante do corpo. Quando ela enfim se aquieta, os olhos dela voltam a brilhar mais do que nunca.

– Agora... – Disse ele, a voz metálica sem mudar em nada – Onde estávamos? – Ele ergue os braços e leva os polegares para as palmas das mãos, apertando um botão. Quando o faz, vários e vários robôs surgem na sala por todos os lados, invadindo o lugar. Ultron aponta os raios para nós, sorrindo de leve, os robôs que lhe obedeciam apontando diferentes armas para nós.

Era nosso fim. Não via como sairmos dali.

Olhei para Natasha e seu rosto mostrava terror, mas ao mesmo tempo estampava redenção. Pareceu sentir o meu olhar sobre ela, e me fitou de volta. Vi que ela ergueu o meio das sobrancelhas, um sinal de tristeza. Eu fiz o mesmo, mas com um sorriso acompanhado. Era assim que eu queria que ela me guardasse. Sorrindo. E era assim que eu queria guardá-la na mente, até o fim. Como que ouvindo meus pensamentos, ela respondeu ao meu sorriso espalhando um pelos lábios também. Sabia que era o fim, sabia que não iria mais vê-la, então esperava fazer com que tudo tivesse um acabamento definitivo. “Eu te amo”, formei as silenciosas palavras com os lábios. Ela comprimiu os lábios, ainda sorrindo, em um sinal de comoção. Só o que nos restava agora era esperar. Não iria tirar os olhos dela. Se fosse para acontecer, que acontecesse comigo olhando para Natasha. Peggy... Me espere. Eu irei até aí com ela. Farei minha melhor garota conhecer a minha mais nova garota. E tudo seria perfeito.

Porém, antes de qualquer coisa acontecer, ouvimos mais uma explosão. Só que dessa vez, um Quinjet inteiro invadiu a sala, atirando sem parar, derrubando robôs e mais robôs. Todos nós nos entreolhamos confusos, mas com certeza nós não ficamos menos atordoados ao vermos quem saiu do jato que metia bala nos nossos inimigos.

Eram Pietro e Wanda Maximoff.