Welcome To The Coven - Hiatus

Capítulo 9 - Aparentemente Sou Uma Bruxa


O silêncio pairava ali, dentro do carro. Caleb atento ao caminho e Violet com seu olhar voltado para a janela. A garota ainda usava seu vestido branco e agora alternava seus olhos cor de avelã entre o verde das árvores que cercavam os dois lados da estrada e o retrovisor direito.

O rosto da Green ainda apresentava vestígios de choro. E por mais que ela quisesse disfarçar tal coisa, mais do contrário ocorria já que lágrimas insistiam em brotar de seus olhos. Ela engole em seco, forçando-se a não cair em prantos ali.

Violet estava confusa. Suas emoções pareciam estar á flor da pele e a garota não gostava nem um pouco disso. A ideia de se sentir exposta, de ter seus sentimentos expostos não a agradava.

Uma brisa breve e agradável entra pela janela direita fazendo a menina fechar os olhos para apenas aproveitar o momento. Ela só queria se sentir bem novamente. Sem coisas estranhas acontecendo, sem choros, sem aquela dor no peito que vez ou outra martelava em seu coração, sinalizando que ainda estava ali. Violet sabia que mesmo que ela risse ou abrisse sorrisos, mesmo que as pessoas á sua volta se preocupassem com seu bem-estar e até com sua felicidade, como sua avó, fazendo o melhor para animá-la, a dor ainda estava lá. A Green desejava que aquele sentimento tão incômodo fosse embora. E o mais importante, ela desejava que sua mãe estivesse ali. Viva, bem e com ela.

Olívia a abraçaria e diria que tudo ficaria bem. E mesmo que não fosse verdade, Violet se sentiria tranquila e segura só por estar envolvida nos braços da mulher da sua vida.

Um suspiro pesaroso sai dos lábios da garota. A Green abre os olhos e volta a encarar a paisagem.

Caleb sentindo-se na obrigação de fazer algo para animar a adolescente, pronuncia-se.

— Estamos quase chegando. — A voz de Danvers faz Violet olhar para ele. O rapaz tinha um simples e fechado sorriso enquanto alternava seu olhar entre ela e o caminho.

Violet procura retribuir o gesto, voltando a encarar a vista por mais alguns segundos.

— Para onde estamos indo?

Danvers se mantêm em silêncio, encarando a sua frente, um tanto pensativo.

— Nós estamos perto e quando chegarmos lá as coisas farão mais sentido. — O adolescente lança seu olhar para a Green mais uma vez e ela o encara por um breve momento antes de anuir.

Em outras circunstâncias Violet acharia aquilo estranho e provavelmente nem estaria com Caleb dentro daquele carro, no meio de uma estrada praticamente deserta. Mas sua vó havia insistido para que ela fosse com ele.

“Tudo ficará mais claro, querida.” Essas foram suas palavras. A jovem confiava em sua avó e isso foi o suficiente para que ela entrasse no carro. Fora a necessidade de saber e compreender o que eram todas aquelas coisas que estavam acontecendo com ela, causando toda aquela preocupação e temor durante aquela semana.

O carro para.

A menina procura se situar, olhando para o ambiente que os cercava. O veículo se encontrava parado no canto direito da estrada, a vegetação ainda em volta.

— Vamos andar um pouco até chegar ao nosso destino. — Diz Caleb. A expressão de dúvida na face de Violet fez o garoto pronunciar tal coisa.

O rapaz sai do carro. A Green sobe o vidro da janela ao seu lado antes de sair do veículo. O som dos pequenos animais como insetos e pássaros parecia cercar a garota enquanto ela ainda prosseguia em sua observação. Danvers se põe a andar e com um olhar convida Violet a fazer o mesmo.

A caminhada durou alguns minutos. E seguindo o seu guia, a menina faz uma curva na estrada, até que Caleb muda o percurso, indo para a direita, entrando na floresta.

Violet para.

— Caleb, para onde estamos indo? — Pergunta ela mais uma vez.

Ele para alguns passos á frente, suspirando brevemente antes de encarar a garota que o lançava um olhar um tanto questionador e desconfiado.

— Mais á frente há uma casa, — Começa ele. — nós estamos indo para lá. — Danvers podia entender o porquê daquela desconfiança. Violet estava certa em questionar o fato de um cara que ela mal conhecia a está levando para o meio da floresta. — Prometo que as coisas farão mais sentido quando chegarmos ela. — Diz ele meio que repetindo a frase dita no carro.

O rapaz deixa que seu olhar permaneça sobre os olhos de Violet, procurando a tranquilizar enquanto aguardava sua resposta. Ela o encara de volta e ambos permanecem assim por um breve momento antes de Violet decidir assentir. Danvers lança um sorriso fechado como agradecimento antes que prosseguissem.

Cerca de três ou cinco minutos foram necessários para que Violet avistasse a tal casa. O imóvel era simples em seu exterior e quando a Green se aproximou pôde perceber que a pintura estava um tanto desgastada em certos pontos. As cores branco e bege que tingiam as paredes externas da casa estavam gastas pelo tempo.

Danvers dá alguns passos á frente, indo até a porta principal para abri-la e deixar que Violet entrasse primeiro. Como de costume, a menina analisa o ambiente em que se encontrava agora.

Os dois estavam em uma sala de estar não muito mobilhada. Apenas dois sofás existiam ali, assim como uma mesinha de centro. O local era iluminado por uma janela mais á esquerda e as paredes possuíam uma tonalidade marrom um escuro.

— Por aqui, Violet. — Orienta Caleb já começando a subir uma escada localizada no canto da direita.

Ela o segue e ambos chegam ao primeiro andar. Assim que alcançam o começo da escada, a garota se depara com um corredor pequeno á sua esquerda. Algumas portas fechadas ao longo dele.

Á frente dela e de Danvers, uma faixa de luz saía de uma porta entreaberta. O rapaz estende a mão e toca a maçaneta, abrindo a porta em seguida. Ele deixa que a Green entre primeiro antes dele fazer tal coisa também.

— Finalmente. — Diz Chase ao notar a presença dos dois. Ele não demora seu olhar sobre ambos e logo fecha o livro que lia, afastando-se da janela responsável pela iluminação do cômodo.

A fala de Collins faz Pogue tirar sua atenção do seu celular e levantar o olhar até Caleb e Violet. Com um gesto de cabeça, ele cumprimenta os dois, guardando o aparelho telefônico em um dos bolsos da bermuda. O movimento de Chase até uma estante presente mais ao fundo faz a Green perceber o tamanho do local. O rapaz guarda o livro que estava lendo antes de se sentar no sofá localizado no final da sala. A garota então vê Tyler e Reid ao lado esquerdo do móvel.

— Hey Violet. — Cumprimenta Tyler após acenar brevemente. Ele ainda tinha o mesmo sorriso de sempre, porém parecia um pouco mais sério.

— E aí Violet. — Reid lança um sorriso breve e discreto para ela.

A menina olha para Caleb. O rapaz a encarava por alguns segundos antes de começar a andar para aproxima-se dos demais garotos. Pogue o segue e ela também.

Danvers para á direita do sofá, Parry ao lado direito enquanto Chase permanecia sentado ao lado oposto. Violet para de caminhar e fica de frente aos cinco garotos. Deixando seu olhar percorrer os rostos da cada um ali mais uma vez, Violet se pronuncia, falando o que queria falar desde que chegou a sala e viu os rapazes.

— Ok. — A garota franze os cenhos, ainda os encarando. — O que está acontecendo? Por que todos estão aqui?

— Queremos explicar. — Responde Simms, fazendo a jovem depositar sua atenção sobre ele.

— Eu não queria contar tudo desse jeito. — Inicia Caleb. — Mas eu não estou tendo escolha.

— Ela tem o direito de saber. — Fala Collins. Ele olha para Danvers com uma expressão um tanto séria.

— Tenho o direito de saber o quê? — Todo aquele suspense já estava a incomodando.

Chase direciona seu olhar, agora um pouco cínico e característico dele, para Violet por alguns segundos antes de voltar-se para Caleb.

— Você tem o direito de saber o que você é Violet. – O olhar de Danvers continha cautela, um pouco de preocupação, mas ao mesmo tempo procurava transmitir calma a ela.

— Isso... — A Green arqueia um pouco suas sobrancelhas e dá dois passos para trás. — Isso está soando muito estranho. — Violet solta um riso curto e nervoso e deixa seus pés darem mais dois passos para trás.

— Não precisa se assustar. — Diz Reid, dando dois passos até ela. Garwin não tinha seu típico sorriso no rosto.

— Então me digam o que está acontecendo. — A adolescente deixa seus olhos sobre Reid por menos de um minuto antes de levá-los até Caleb. Afinal, ele havia dito que as coisas fariam mais sentido ao chegarem lá.

— Violet, sei que está passando por um momento difícil e tudo isso — Ele faz um gesto expansivo, indicando a sala assim como a presença dele e dos demais. — pode soar como uma loucura. — Ele ainda tinha cautela nas palavras e no olhar. — Mas o que aconteceu hoje mais cedo, o carro pegando fogo... — O rapaz para. Talvez ele devesse ir com mais calma e esperar que ela digerisse cada sentença sua. — O que está acontecendo com você nesses últimos dias... – Outra pausa. Danvers parecia está procurando a melhor maneira de revelar a verdade.

Pelo canto do olho, Violet podia ver Chase revirar os olhos. Seu olhar contendo certa impaciência.

— Nós somos diferentes. Você é diferente. E...

— Ah, por favor, Caleb! Fale de uma vez. — Exclama Collins, levantando-se do sofá com um único movimento. Ele vai até Violet á passos apressados, parando de frente para ela. — Violet, você é uma bruxa. Todos nós somos. — Suas palavras foram simples e diretas. Chase vira o torso para encarar os demais, que não curtiam nada sua atitude, enquanto a Green deixava sua boca levemente entreaberta ainda tentando absorver tudo aquilo. — Pronto. — Ele volta-se para ela. — Está feito.

A jovem deixa que suas sobrancelhas levantem-se levemente enquanto ela encarava Collins e seus olhos azuis que agora estavam sobre ela.

— isso é mais que loucura. — Diz ela após um intervalo de segundos em silêncio.

Chase inclina-se um pouco para frente, seu olhar ainda sobre a garota.

— A verdade tem esse efeito.

A verdade.

Então era sobre isso que se tratava? Aquela era a verdade que o rapaz tanto queria que ela soubesse? O seu “eu” curioso já começava a incomodar mais uma vez. O adolescente deixa seus olhos percorrerem pelo rosto da Green por mais algum tempo, um modo de ler suas reações perante aquilo tudo. Ele endireita sua postura momentos depois e segue para a esquerda.

— Sabemos como isso soa Violet. — Fala Pogue, pronunciando-se pela primeira vez ali. — Mas nós podemos ajudar. Caleb poderá explicar tudo á você.

Parry mantinha sua postura característica. Calma, séria, reservada. Ele olha para o amigo após suas palavras. Pogue acreditava em Caleb e em como ele poderia ajudar a Green.

— Vocês estão dizendo que eu sou uma bruxa. Isso é... — Ela não completa a frase. Não precisava, eles entendiam.

— Sei que isso é doideira, mas estamos falando sério. — Diz Garwin a fazendo o encara mais uma vez.

— É. A senhora Green pode confirmar isso. — Afirma Tyler.

O olhar surpreso e um pouco espantado da menina faz Danvers adiantar-se.

— Violet, — Ele se aproxima dela. — nossas famílias compõem um legado muito importante para esta cidade. Sua vó desempenha um papel relevante nisso tudo. Aos poucos você aprenderá sobre tudo isso. — Lá estava ele, sempre procurando transmitir calmaria para aquela situação.

— Esse é nosso futuro líder, sempre cuidando dos seus. — Chase se apóia em uma das paredes presentes no cômodo. Seu tom sarcástico pairava pelo ambiente.

— Será que dá para calar a boca? — Reid vira o torso, olhando para Collins com aborrecimento.

Chase o ignora.

— Sei que tem passado por coisas estranhas desde que nos conheceu. — Diz Danvers, relevando o atrito entre seus dois amigos. — Isso são seus poderes surgindo. Geralmente eles se manifestam em feitiços pequenos como velas se acendendo, objetos se movendo...

— Béqueres pegando fogo e explodindo. — Completa ela, olhando automaticamente para Chase.

O adolescente sorri fechado, aproximando-se em seguida.

— Eu já me desculpei por isso. E como disse antes, não fiz tudo sozinho. — Ele para ao lado esquerdo dela. Violet olha para o garoto de relance.

— Caleb...

A Green ainda estava confusa. Não foi isso que Danvers havia prometido e muito menos sua vó. Bruxaria? Aquilo era sério? Apesar de certas coisas se encaixarem, ela não podia simplesmente acreditar cegamente naquilo tudo.

— Não finja que não acredita. Pare de se enganar. — Violet olha para o dono daquelas palavras. Sua testa já franzida e olhar um tanto chateado. — Pare de mentir para si mesma. — Chase tinha um semblante sério.

Ambos permanecem se encarando por um tempo. A garota já estava cansada das provocações dele.

— Chase pare com isso. Já basta o que você fez na aula de química. Pare de atormentar a garota. — Fala Pogue.

O jovem leva seus olhos até Parry. Seu olhar era uma mistura de desdém e tédio.

— Atormentar? Eu estou ajudando a Violet. Não é esse o objetivo dessa nossa querida reunião? — Collins dá uma rápida olhada nos demais antes de firmar seu olhar para a Green mais uma vez — Eu só quero que ela encare a verdade.

A menina podia escutar os resmungos de Reid enquanto ainda mantinha o rosto focado no de Chase.

— Ok. Já chega. — Danvers olha para o amigo como se pedisse para que ele encerrasse aquilo antes de se voltar para a jovem. — Violet? — Ela olha para ele. — Sei que muitas dúvidas rondam sua mente, principalmente agora. Mas peço que dê pelo menos um voto de confiança e acredite no que estamos te contando.

— Queremos te ajudar. — Diz Tyler.

A garota encara os quatro garotos á sua frente como se tentasse ver suas intenções. Descobrir se tudo que foi dito era real, era verdadeiro. Ela vira o rosto para Collins. O rapaz arqueia sua sobrancelha esquerda e lança um olhar cínico e questionador para a menina. Ele também queria uma resposta.

Violet suspira, tentando colocar sua mente em ordem.

— Ok. Acho que posso dar uma chance para suas explicações.

~♢~

Violet acomoda-se melhor no sofá presente no cômodo onde se encontrava agora. Assim como a sala de estar lá embaixo, poucas coisas localizavam-se ali. Fora o sofá, uma mesinha de centro com um simples jarro branco com algumas flores sobre ela e duas estantes, uma de cada lado, compunham o ambiente.

Caleb senta ao lado da garota. O rapaz a tinha chamado para conversar em particular após a Green aceitar ouvir o que ele tinha a dizer. Á princípio ambos permanecem calados. Danvers formando as palavras certas dentro de sua cabeça e Violet preparando-se para ouvir mais sobre tudo aquilo. Toda aquela loucura. Loucura que talvez fosse a resposta para o que ela estava passando.

— Eu não queria que você soubesse sobre tudo isso agora. — Inicia ele. Caleb tinha os antebraços apoiados em suas coxas e o olhar direcionado para ela. — Mas com seus poderes surgindo e você cada vez mais confusa, não tive escolha.

A menina permanece calada, incerta sobre o que falar. Ele parecia saber disso, pois prossegue em seguida.

— Inicialmente a senhora Green contaria tudo á você, mas eu achei que precisava fazer isso...

— Por ser o futuro líder? — Violet não queria tocar naquele ponto, mas o comportamento de Caleb, suas palavras e o comentário de Chase geravam dúvida na garota.

O rapaz responde com movimentos positivos de cabeça. Ele estava pensativo. A jovem sabia que talvez não devesse mais mencionar sobre aquele assunto. Aquele não era o momento, levando em consideração a expressão um tanto distante de Caleb. O que ela precisava agora era focar em seus próprios problemas.

— Então, — Começa ela. — o que as pessoas falavam sobre as lendas de Ipswich são verdade?

Quando ainda era criança, Violet vez ou outra ouvia sobre as lendas que cercavam a cidade. Ela nunca deu muita atenção para tais coisas. Mas aquela situação fazia menina lembrar-se como sua mãe mudava de assunto quando Violet mencionava algo sobre os velhos boatos que envolviam a cidade ou quando a mantinha longe de certos livros de sua vó.

Caleb solta um riso curto, fazendo a jovem sair de seus pensamentos.

— Nem tudo que elas falam é real. — Responde ele agora um pouco mais relaxado. — E devemos agradecer por isso. — A Green assenti, até se sentindo satisfeita por ter feito Danvers rir um pouco. Ele parecia tenso e preocupado com aquela situação.

O adolescente fica em silêncio, olhando para Violet como se pensasse um pouco antes de voltar a falar.

— Só quero poder ajudar você, Violet.

As palavras dele são absorvidas pela garota. Ela podia sentir a sinceridade naquela sentença.

~♢~

— Para onde está indo? — Questiona Pogue quando Chase se levanta do sofá e anda até a porta.

Ele vira-se, encarando o outro.

— Não sei se percebeu, mas Caleb não terminará sua conversa com Violet tão cedo. Não vou perder meu tempo aqui.

— Claro. Seu tempo é muito precioso. — Comenta Reid sarcasticamente enquanto deitava-se no sofá.

— Se quer saber Garwin, sim meu tempo é bastante precioso para ser desperdiçado aqui. — Diz Chase agora o encarando.

— Ajudar a Violet agora é desperdício de tempo? — Pergunta Tyler fazendo Collins levar seu olhar para ele. O rapaz já estava perdendo a paciência.

— Se me lembro bem, fui o único a fazer algo enquanto todos vocês ainda aguardavam alguma atitude de Caleb.

— Chase fique aqui. Caleb precisa do nosso apoio e Violet também. — Fala Parry.

Collins vira o rosto para ele. Se dependesse de Pogue, Chase poderia ir embora. Porém, o rapaz sabia o quanto era importante estarem juntos agora, apesar de todas as desavenças. Chase caminha um pouco para frente na direção de Parry.

— Eu estou cansado de esperar pelo Caleb. Também estou ciente de que Violet precisa de apoio. — Fala ele, não desviando o olhar do outro. Chase tinha firmeza em suas palavras. — Mas não preciso ficar aqui perdendo meu tempo. Ajudarei Violet do meu jeito.

Os olhos azuis de Collins são direcionados para todos ali uma ultima vez antes dele virar seu corpo e se dirigir até a porta.

— Deixa ele ir Pogue. Chase só gosta de encher nosso saco. — Diz Reid ao notar a cara de aborrecimento do amigo.

— Reid tá certo. — Tyler empurra as pernas de Garwin para poder sentar-se também.

— O que está havendo? — Questiona Caleb ao passar pela porta. — Para onde o Chase foi? — Danvers tinha visto Collins descer as escadas quando saiu do cômodo onde estava.

— Você sabe Caleb. O idiota do Chase nunca nos ouve. — Responde Parry.

O moreno suspira. Seu amigo estava certo. Desde criança Collins sempre possuía opiniões opostas aos demais do grupo. Por que seria diferente agora? Mesmo assim, Caleb insistia em dar chances para o amigo.

— Então, acabou de conversar com a Violet? — Indaga Tyler.

— Sim, por enquanto. São muitas informações, não quero a sobrecarregar. — Danvers passa a mão direita sobre os cabelos negros.

— Então já que acabou, — Reid levanta-se do sofá. — eu vou até lá falar com ela.

Caleb apenas anui e os outros o seguem na ação enquanto Garwin caminha até a porta para atravessá-la. Não foram necessários muitos passos para que ele chegasse até a porta aberta do cômodo onde a garota se encontrava.

A Green estava com a cabeça direcionada para a janela localizada atrás do sofá. Ela tinha visto Chase sair da casa e passou a acompanhar seus passos até onde podia. Quando o garoto sumiu de sua vista, a garota decidiu apreciar a vista da natureza que cercava a casa.

— Violet? — A voz de Reid faz a menina volver seu olhar até ele.

— Ah, oi. — Ela esboça um sorriso para ele.

O adolescente anda até o sofá, sentando ao lado dela. Reid deixa seu corpo um corpo largado no sofá, como sempre fazia quando se sentava.

— E aí? O Caleb te encheu muito com todo esse papo de ser uma bruxa?

Violet ri um pouco, ele não estava mais sério como antes. Reid abre um sorriso após a breve risada dela.

— Não muito. — Ela responde. — Ele só me disse que todas as famílias fundadoras, assim como nossos ancestrais, possuem habilidades mágicas. Também se justificou por não ter contado a verdade antes. — Violet levanta um pouco as pernas para dobrá-las e colocá-las sobre o sofá enquanto endireitava seu corpo para se sentar de lado. Assim ela poderia observar a paisagem e olhar para Reid com mais facilidade. — Acho que ele não quer me bombardear com muitas informações agora. Ele disse que minha vó também tem muito o que dizer.

— É. Isso é muito a cara do Caleb. — Garwin posiciona seu corpo para ficar de frente a Violet. — Mas ele meio que está certo.

— Eu sei.

Os dois ficam em silêncio, alternando os olhares entre o lado de fora da janela e o interior do cômodo.

— A tia Emily... — Inicia ela, um pouco incerta sobre prosseguir. — Ela também é... uma bruxa?

— É. Ela é sim.

— E minha mãe... — Ela para. E antes dela de prosseguir, Reid confirma sua frase inacabada.

A garota respira fundo, expirando vagarosamente enquanto levava seu olhar até seus dedos que agora tocavam o tecido da barra do seu vestido. Por que sua mãe nunca lhe contou nada sobre isso? Por que todas aquelas coisas, os tais poderes, surgiram agora? Essas e outras perguntas ainda permaneciam sem respostas.

— Esse lance de família é complicado. — Garwin percebendo o estado dela, diz aquelas palavras na intenção de querer ajudar.

Assim como ela, o garoto e os demais ainda vestiam as mesmas peças de roupas que usavam mais cedo.

— Ainda mais se envolver bruxaria no meio.

— É. Parece que sim. — Violet levanta o olhar e o leva até a paisagem. Já passava das duas horas da tarde e o clima estava agradável, ensolarado. — Eu só queria entender certas coisas.

Reid deixa seus olhos sobre o rosto da garota. Era visível o fato dela está confusa e abalada. A vontade de querer melhorar o ânimo dela e fazer Violet sorrir brota no peito de Garwin. O jovem olha em volta, encontrando no jarro da mesinha de centro uma possível resposta.

Ele levanta-se, indo até o móvel. Violet vê quando o rapaz pega uma das flores já praticamente sem vida, assim como a maioria presente no jarro, e trás consigo ate o sofá.

— Ser bruxo pode ser bem legal, Violet. — Reid olha para a flor já morta e sem a cor vermelho vivo característico de uma rosa. A garota acompanha o olhar do jovem.

Segurando o caule da planta, Garwin começa a pronunciar tais palavras:

Belle la vie a cette fleur.

Violet olha para o garoto assim que ele começa a falar. Os cenhos dela já franzidos, atenta a ação dele. Reid, por sua vez, não tirava os olhos sobre a flor.

Belle la vie a cette fleur.

A menina volta a encarar a rosa quando percebe que, em movimentos leves e discretos, o botão caído da flor move-se enquanto a tonalidade escura e sem vida aos poucos dar lugar ao vermelho vivo. A Green não deixa de arregalar um pouco os olhos ao presenciar aquilo.

Belle la vie a cette fleur, maintenant.

A rosa, agora com seu botão firme, desabrocha enquanto o vermelho toma por completo cada pétala após as últimas palavras de Reid. Satisfeito com o resultado, Garwin estende a bela flor para a garota.

— Tenho muitos outros feitiços legais pra te mostrar.

Ainda admirando o feito, ela pega a rosa.

— Como você... Você acabou de falar francês? — Indaga a Green.

Sua expressão era uma mistura de surpresa e dúvida. Violet não era fluente na língua, mas não precisava ser para saber que Reid Garwin tinha falado em francês minutos atrás.

Ele apenas dá de ombros, abrindo um sorriso cínico característico em seguida.

— Como eu disse antes, ser bruxo pode ser bem legal. — O menino agora sorrir um pouco convencido. No entanto, seu sorriso some e dá lugar á uma expressão de dúvida quando ele olha para o jarro.

— O que foi? — Viole segue seu olhar.

As flores dentro do recipiente estavam vivas e belas mais uma vez, assim como a rosa presente nas mãos de Violet.

— Era para acontecer isso? — Ela indaga, volvendo seu olhar para ele.

— Para falar a verdade, não. — Reid ainda observava as flores presentes no jarro. Seu olhar ainda mostrando dúvida. — Nunca aconteceu isso antes.

— Isso é ruim? — Violet não entendia nada sobre feitiços, era a novata ali. Ela precisava perguntar.

Garwin vira seu rosto para encarar a garota.

— Não. Por que seria? Você gostou do feitiço, não foi? — O rapaz sorrir fechado e de canto, mudando seu ar de dúvida mostrado momentos antes. E como quisesse reforçar tal mudança, Reid relaxa mais seu corpo no sofá.

— É. Eu gostei. — Ela direciona seus olhos para a rosa, olhando de soslaio para o adolescente á sua frente, o vendo sorrir satisfeito.

Violet abre um sorriso simples para ele e Reid volta seu olhar para frente segundos depois. A Green resolve lançar sua atenção para a flor, levando os dedos da mão esquerda para tocar as suaves pétalas vermelhas.

— Eu queria que você soubesse antes, Vy — Ele inicia, ainda sem a encarar. — Mas a gente meio que escolheu esperar pelo Caleb e por sua vó. — Reid leva seus olhos até ela. — E agora que você sabe, eu estou feliz por isso.

A menina baixa um pouco a flor, deixando-a próxima da suas pernas, permitindo-se sorrir para Reid mais uma vez. Um sorriso mais aberto. Sim, ela tinha muitas questões para serem respondidas, muito que aprender, feridas para fechar. Tudo ainda estava lá, nada tinha sumido. Mas agora, olhando para o sorriso de Garwin, ouvindo as palavras da sua última sentença, Violet não podia negar a pontada de bem-estar que aquilo causava.

Talvez ela pudesse passar por isso. Sim, talvez ela conseguisse. Não precisava ser algo repentino, ela poderia levar seu tempo. Essas coisas levam tempo, certo?

— Violet? — Caleb aparece na porta, sua voz fazendo os dois jovens direcionarem seus olhares para ele. — Hora de ir para casa.